Num exercício de perfeita contradição, Mário Soares afirma que "as manifestações não resolvem nada, que não é na rua que há soluções para os problemas, mas a manifestação de sexta-feira foi um sinal de grande descontentamento". Ora, se assim foi, não acha que bastaria apenas que o Primeiro-ministro tivesse os olhos e os ouvidos bem abertos e a cabeça bem limpa de preconceitos para que a manifestação tivesse contribuído para resolver alguma coisa?
Defende Mário Soares que José Sócrates "faria bem em dialogar e ouvir, em vez de entrar em polémicas sobre uma manifestação" e acrescenta que "ele pode ganhar a maioria absoluta se houver diálogo com os sindicatos, com os partidos e com as pessoas."
Ou seja, Soares acha que, depois de três anos e meio de políticas antipopulares e lesivas das condições de vida da população e de desprezo pelos sindicatos e pelos partidos da oposição, bastariam ao P"S" seis meses de simulacro de diálogo democrático para convencer os portugueses a dar-lhe nova maioria absoluta. É o que se chama de eleitoralismo puro: com papas e bolos se enganam os tolos. Ele lá sabe da eficácia da receita. Nós é que já temos idade para não gostar dela.
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