terça-feira, junho 30, 2009

Fundamentalismo católico "socialista"

O artigo 43.º da Constituição da República Portuguesa garante "a liberdade de aprender e ensinar" e afirma que "o ensino público não será confessional".
Porém, a realidade é bem diferente do laicismo defendido pela constituição, uma vez que a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica, ainda que com carácter facultativo, nunca deixou de fazer parte dos currículos do ensino básico e secundário.
Mas, para a cedência do Estado à Igreja Católica ser ainda maior, um governo supostamente socialista e laico, acaba de assinar um despacho que garante aos catequistas professores de "religião e moral", que entram nas escolas por nomeação do episcopado, sem concurso público, o privilégio de poderem leccionar outras disciplinas e exercerem cargos pedagógicos ou de gestão.
Para regressarmos ao "fundamentalismo católico" do salazarismo, já só falta recuperarem a Concordata que deu cabo da vida a milhares de portuguesas e portugueses!

segunda-feira, junho 29, 2009

Rasgar a "alternância"

Depois de um longo período em que fez voto de silêncio, Manuela Ferreira Leite, embalada pela queda vertiginosa do P"S" nas eleições europeias, surge-nos agora numa atitude mais rasgativa, tentando fazer-nos crer que, se ganhar as eleições, irá não apenas "rasgar" o essencial do programa de obras públicas, mas também inverter prioridades no sector da educação, através de uma reforma curricular profunda e do aumento da exigência na aprendizagem.
Pra começar, não está mau, mas seria bom saber o que pensa a senhora, do Estatuto da Carreira Docente, da divisão da carreira docente em categorias e do novo modelo de gestão das escolas, por exemplo. E já agora, da avaliação do desempenho docente. Eu por mim não alimento grandes expectativas. Ferreira Leite já foi ministra da Educação (e das Finanças) e não deixou propriamente grandes saudades.
O que é preciso é rasgar a alternância. Está na hora de procurarmos verdadeiras alternativas. À Esquerda, de preferência.

Mentirosos compulsivos

Coitado do mentiroso
Mente uma vez, mente sempre
Mesmo que fale verdade
Todos lhe dizem que mente

António Aleixo


"O gabinete de comunicação [do Ministério da Educação] não mente". Equivoca-se! Pois…
Mas, será isto para admirar num governo cujo chefe é um mentiroso compulsivo?

Avaliação terceiro-mundista

Um estudo comparativo dos modelos de avaliação dos docentes em Portugal, França, Inglaterra, Holanda e Polónia, encomendado pelo Ministério da Trapalhada Educação à consultora Deloitte, revela algumas conclusões particularmente interessantes:
Deste modo, se dúvidas houvesse, comprova-se agora que a sanha avaliadora do governo Sócrates não visa uma verdadeira melhoria das práticas docentes mas antes um corte drástico nos gastos com o pessoal docente, tratando-se, portanto, de um modelo economicista.
Com o mesmo objectivo, ao contrário das boas práticas dos países mais desenvolvidos, é um modelo persecutório e discriminatório, que promove o divisionismo e a competição cega em detrimento da cooperação e da dinâmica grupal.
É um modelo terceiro-mundista, decalcado do modelo chileno, há muito o sabíamos.

A questão que agora se coloca é a seguinte: que vai Lurdes Rodrigues fazer com este estudo, que arrasa por completo a monstruosidade que ela urdiu para avaliar os docentes? Não sei, mas, com as eleições a proximarem-se, admito que esta gente seja capaz de qualquer operação de cosmética para levar os professores à certa!…
Quanto a mim, sei bem o que vou fazer em 27 de Setembro: chumbar a pior equipa que alguma vez passou pelo Ministério da Educação!…

domingo, junho 28, 2009

Pobreza de espírito

Numa casa portuguesa fica bem
pão e vinho sobre a mesa.
Quando à porta humildemente bate alguém,
senta-se à mesa co'a gente.
Fica bem essa franqueza, fica bem,
que o povo nunca a desmente.
A alegria da pobreza
está nesta grande riqueza
de dar, e ficar contente.

Quatro paredes caiadas,
um cheirinho á alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!

No conforto pobrezinho do meu lar,
há fartura de carinho.
A cortina da janela e o luar,
mais o sol que gosta dela...
Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar
uma existência singela...
É só amor, pão e vinho
e um caldo verde, verdinho
a fumegar na tigela.

Quatro paredes caiadas,
um cheirinho á alecrim,
um cacho de uvas doiradas,
duas rosas num jardim,
um São José de azulejo
sob um sol de primavera,
uma promessa de beijos
dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!

A maioria dos portugueses, apesar de pobre, considera-se feliz.
De repente, fica claro por que sessenta por cento dos portugueses não votam e, dos que o fazem, mais de setenta por cento se conformam com uma governação que, em trinta anos, melhor não fez do que manter Portugal como um dos países mais pobres e desiguais da Europa.
Hoje, como ontem, na "casa portuguesa", a pobreza de espírito é, lamentavelmente, a maior pobreza, "com certeza"!…

sábado, junho 27, 2009

Pela Esquerda é que vamos

Contra a crise e o seu cortejo de terríveis consequências — o aumento imparável do desemprego, o alastramento da pobreza, o agravamento das desigualdades sociais — só há lugar para uma política económica que aposte no investimento. Não o investimento em obras faraónicas que, além de constituir pasto apetitoso para os grandes grupos económicos, apenas serviria para agravar a dívida pública e a dependência comercial face ao exterior, mas antes, o investimento em sectores como a saúde, a educação, a requalificação urbana e ambiental, as energias renováveis, os bens transaccionáveis, que, seguramente, revitalizaria o tecido empresarial e estimularia a criação de emprego, melhorando o nível de vida da população e o desenvolvimento do país. Uma política económica que aposte mais nas pessoas do que nos números e recuse a extrema desigualdade e a pobreza cada vez maior que nos colocam na cauda da Europa, promovendo não apenas o crescimento, mas também uma maior justiça social na repartição da riqueza criada. Uma política económica de Esquerda, como já aqui tinha defendido. E como também defende agora um grupo de sessenta académicos. Ainda bem. É sempre bom que haja mais, muitos mais, a pensar e a sonhar como nós. Porque pelo sonho e pela Esquerda é que vamos.

sexta-feira, junho 26, 2009

Política de esquerda, precisa-se

Segundo a OCDE, a nossa economia cairá, este ano, 4,5 por cento, o que, se isso nos serve de consolo, será ligeiramente melhor que a contracção de 4,8 por cento da zona euro. Mas em 2010, apesar da recuperação prevista, a situação começará a inverter-se. Com excepção da Irlanda e da Espanha, Portugal terá o pior desempenho da zona euro, com um crescimento ainda negativo de 0,5 por cento. Finalmente, passada (?) a recessão internacional, de 2011 a 2017, voltaremos à nossa triste condição de "lanterna vermelha" do pelotão dos 30 países da OCDE, com um tímido crescimento de 1,5 por cento, aquém dos 2,3 por cento estimados para a zona euro.
Se estas previsões se confirmarem — e infelizmente não se vislumbram razões que nos levem a pensar que será diferente — é forçoso concluir que:
  • contrariamente ao que o Primeiro-ministro tem propagandeado, enfrentamos não apenas uma crise internacional, resultante da voracidade insaciável do neo-liberalismo capitalista, mas também a nossa própria crise, fruto de políticas que têm conduzido ao desmantelamento da produção nacional;
  • a nossa crise não é meramente conjuntural e, como tal, não é imputável apenas ao governo de José Sócrates; trata-se de uma crise estrutural que se arrasta há mais de trinta anos;
  • não se trata da crise do socialismo nem da social-democracia (que tão bons resultados deram e dão nos países nórdicos) mas antes "obra" de partidos que se autoproclamam socialistas e social-democratas, cujas políticas outra coisa não têm feito senão apoiar os grandes grupos financeiros, contribuir para o desmantelamento da produção nacional e, assim, levar ao enriquecimento cada vez maior duma minoria e ao empobrecimento dramático da maioria dos portugueses.
Por tudo isto, é urgentemente precisa uma política que estimule o crescimento da economia real e a recuperação da produção, promova o desenvolvimento e a justiça social. Uma política de esquerda, naturalmente.

segunda-feira, junho 22, 2009

Sócrates e Lurdes Rodrigues: chumbados!

O Relatório sobre o Acompanhamento e a Monitorização da Avaliação do Desempenho Docente, aprovado por unanimidade pelo Conselho Científico para Avaliação de Professores (CCAP), não podia ser mais devastador para a forma atabalhoada como o Ministério da Educação insistiu na implementação do processo de avaliação e as consequências que o mesmo teve (e continua a ter) na vida das escolas.
Perturbação, semeada por quem tem, em vez disso, o dever de apoiar na busca de soluções, e medo, instilado por um governo supostamente democrático e socialista, dominaram o clima que se instalou no nosso ensino, envenenado também pela deterioração das relações profissionais e afectivas entre os intervenientes no processo, conclui o relatório.
Em vez de construir um processo avaliativo assente no princípio do acompanhamento científico, pedagógico e didáctico, o ME enveredou por uma prática e normativa e prescritiva que haveria de transformar a avaliação num processo burocrático e inexequível, primeiro, improfícuo, depois.
O CCAP vai ao fundo do problema e considera mesmo "que a avaliação do desempenho docente foi afectada pela concomitância de outras medidas de política educativa, nomeadamente o Estatuto da Carreira Docente, o concurso para acesso a categoria da professsor titular, o Estatuto do Aluno e o novo regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos púbicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário".
Perante tal libelo acusatório, que apenas vem confirmar e dar notoriedade ao que todos nós infelizmente já conhecíamos, é forçoso concluir que quem tem de ser avaliado, e de forma profundamente negativa, é esta incompetente equipa ministerial e o Primeiro-ministro que desde sempre a apoiou cegamente. É isso que se espera dos professores, em particular, e dos portugueses, em geral, nas legislativas de Outubro.

quinta-feira, junho 18, 2009

Um fato Armani, apenas

A ancestral sabedoria popular que, entre muitas coisas, ensina que "o hábito não faz o monge", permite hoje concluir que um fato Armani, ainda que comprado em Beverly Hills, não faz um Primeiro-ministro. Mesmo contratando os técnicos de imagem de Obama.
Há coisas muito difíceis, senão impossíveis, de mudar numa pessoa. A falta de carácter, por exemplo.

Livro Negro

LIVRO NEGRO DAS POLÍTICAS EDUCATIVAS DO XVII GOVERNO CONSTITUCIONAL:

Contrariamente ao que alguns pretendem fazer crer, oitenta páginas de razões incontornáveis para que nenhum professor vote Sócrates!

quarta-feira, junho 17, 2009

Narcisista e cínico

1. O Primeiro-ministro, agora em estilo "português suave", mas com o narcisismo que o caracteriza, diz estar muito satisfeito consigo.
Quem, certamente, não pensará da mesma forma são os cerca de 74 por cento de portugueses que não votaram P"S" mais os 63 por cento que se abstiveram nas eleições europeias, ou seja, mais de 90 por cento de eleitores. Ainda mais agora que Sócrates garantiu ir manter o rumo das suas nefastas políticas, incluindo o ruinoso investimento no TGV.

2. Depois da guerra que declarou aos docentes e da instabilidade que semeou nas escolas, o Primeiro-ministro, agora que a sua avaliação se aproxima, afirma que gostaria de não ter apresentado uma proposta (?) de avaliação de professores tão exigente, tão complexa, tão burocrática. É preciso ter muita lata. É preciso ser-se muito cínico…

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Listening to: Sérgio Godinho - O charlatão
via FoxyTunes

Afinal a escravatura não morreu

Quando concebeu o materialismo histórico, Marx estava, certamente, longe de imaginar que, mil e quinhentos anos após o desaparecimento do modo de produção esclavagista, viéssemos a assistir, em plena vigência do capitalismo, à ressurreição da escravatura mais ignóbil, como a que acontece na África e na Ásia, onde até as crianças são obrigadas a trabalhar para sobreviver, ou neste caso, em que se pede trabalho em troca de nada.

Sócrates e Lurdes Rodrigues ao contrário da OCDE

A maioria dos pais não educa os filhos. Porque não tem tempo, por incapacidade ou, pura e simplesmente, porque não está para se maçar com isso.
O ministério dito da Educação maltrata e desautoriza os professores, borrifando-se nas consequências desastrosas dessa atitude.
Os professores, ainda que tenham a sorte de não ser insultados ou agredidos por algum aluno ou pelo respectivo papá, são obrigados a perder a maior parte do tempo a manter a disciplina na aula.
A conclusão é da OCDE, que defende que os ministérios têm que prever incentivos mais eficazes para os professores, recompensando-os e reconhecendo o seu trabalho.

Aposto que Sócrates e Lurdes Rodrigues não lêem estas coisas!…

terça-feira, junho 16, 2009

TGV, jamé!

Como aqui ontem previ, o receio de novo desaire eleitoral do P"S" levou ao adiamento da decisão final sobre o TGV para a próxima legislatura. Pena é que não tenha sido para o dia de S. Nunca! Teremos de ser nós, em Outubro, a decidir definitivamente: TGV, jamé! Viva o Alfa!…

Com que então, ingénuo?!…

Vítor Constâncio, declarou à comissão parlamentar de inquérito à alegada roubalheira do BPN que não houve falhas de supervisão nem negligência por parte da entidade supervisora, mas admitiu ter havido alguma ingenuidade na sua actuação.
Embora haja más línguas que afirmam que o BPN já custou ao erário público dois mil e quinhentos milhões de euros, segundo Constâncio, as perdas para o contribuinte resultantes da ingenuidade do Banco de Portugal naquele caso não deverão ultrapassar a bagatela de mil milhões de euros!
Ficamos, portanto, a saber que o governador do Banco de Portugal, que é apenas o terceiro mais bem pago do mundo, ganha um salário astronómico para ser… ingénuo. E fazer de nós parvos, pelos vistos.

segunda-feira, junho 15, 2009

É difícil entender isto?

Ainda o TGV…
A prioridade da futura rede portuguesa de alta velocidade deve ser a ligação entre Lisboa e Madrid e tudo o resto deve ser adiado, explica quem sabe.
Senhor Primeiro-ministro, senhor Ministro Mário Lino, desculpar-me-ão mas é preciso ser-se muito burro para não entender isto! Ou, entendendo, ser-se absolutamente irresponsável.

A alta velocidade

Mário Lino, que ficará no anedotário nacional por ter afirmado que "a margem esquerda é um deserto" e que "aeroporto em Alcochete, jamé!", diz que não vê razões para o Presidente da República não promulgar a lei de bases do contrato de concessão do projecto de alta velocidade.
O maior cego é o que não quer ver e, infelizmente, a cegueira tem sido um dos piores males deste governo.
Mas Lino e Sócrates, receosos do impacto que a decisão da adjudicação da faraónica obra possa ter no resultado das legislativas, preparam-se para adiá-la para depois das eleições. Deve ser a isto que o Primeiro-ministro chama "manter o rumo" (desviando a atenção dos cidadãos, acrescento eu).
Se eu fosse PR, o único projecto que eu assinava seria o que afastasse esta cambada de incompetentes da governação. A alta velocidade.

O cinismo sionista não tem limites

A Palestina pertence aos palestinos, da mesma forma que a Inglaterra pertence aos ingleses, ou a França aos franceses.
É errado e desumano impor os judeus aos árabes. O que está acontecendo na Palestina não é justificável por nenhuma moralidade ou código de ética. Os mandatos não têm valor. Certamente, seria um crime contra a humanidade reduzir o orgulho árabe para que a Palestina fosse entregue aos judeus parcialmente ou totalmente como o lar nacional judaico.
(Mahatma Gandhi, 1938)

Apesar das palavras sábias de Gandhi, o Estado judaico viria a ser criado na Palestina, em 1948, com base numa vergonhosa resolução da ONU e o apoio das grandes potências mundiais.
A tragédia que daí resultou, passados sessenta anos, está hoje à vista: o esquartejamento e roubo do território palestino com a abusiva implantação de colonatos hebraicos, a transformação da pátria palestina num imenso campo de concentração onde não falta sequer um muro de alta segurança e check-points por todo o lado, o massacre sistemático dos palestinos e a destruição dos seus lares e infraestruturas através de um hediondo terrorismo de Estado (como recentemente aconteceu na Faixa de Gaza). Ou seja, ao povo que ali vive há milhares de anos ainda hoje não é reconhecido — pelo menos pelos sionistas israelitas — o direito elementar a ter uma pátria livre e independente.
Agora, certamente em resposta aos apelos de Obama, o Primeiro-ministro israelita vem dizer que aceita a criação de um Estado palestino se for desmilitarizado e que não serão construídos novos colonatos.
É caso para perguntar: que legitimidade tem um país armado até aos dentes e que ocupa territórios alheios, para fazer este tipo de exigências e declarações?
E ainda, retomando um comentário que li algures: como se defende um Estado desmilitarizado das bárbaras agressões de que frequentemente é vítima???…
O cinismo sionista não tem limites.

sexta-feira, junho 12, 2009

O (mau) exemplo vem de cima

"Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo." (ditado popular)

Um mês antes das eleições, Sócrates admitia que as europeias (também) serviriam para avaliar as políticas do seu governo. Agora, depois da sova mestra que levou, já vem dizer, no seu habitual estilo de dama ofendida, que "é um abuso" retirar ilações sobre a sua (des)governação dos resultados das eleições de domingo passado.
Não é este, seguramente, o tipo de exemplos que António Barreto exortou o poder a dar, no seu esclarecedor discurso do 10 de Junho.
Bem pode o Presidente da República criticar os elevados níveis da abstenção eleitoral. Com comportamentos deste jaez, a participação política dos portugueses e a sua confiança no regime democrático só podem ser cada vez menores. E, obviamente, preocupantes.

domingo, junho 07, 2009

Cá se fazem, cá se pagam!

Eu bem avisei aqui que os professores ajustariam contas com Sócrates. E foi o que aconteceu. A hecatombe foi te tal ordem que, como também aqui antecipei, (provavelmente) nenhum professor terá votado P"S".
Mas isto foi apenas a primeira fase do exame do governo. A fase final será em Outubro, com as legislativas. Aí será o chumbo definitivo de Sócrates, pela defesa da Escola Pública e por uma nova política educativa que qualifique o ensino e dignifique a classe docente.

Vem aí o Bloco Central?

Não foi uma grande vitória, a do PSD, cuja percentagem de votos de 31,7%, de resto, foi inferior à de 2004, em que atingiu 33,3%, embora coligado com o CDS.
Grande, estrondosa mesmo, foi a derrota do Partido de Sócrates, que deu um trambolhão caindo fragorosamente dos 44,5% de 2004 para os actuais 26,6%.
E a Esquerda só podia subir e ganhar com esta sangria do P"S": mais o Bloco, que cresceu de 4,9% para 10,7% , duplicando ou, porventura, triplicando o único mandato que tinha, do que a CDU, que passou de 9,1% para 10,7%, mantendo os dois mandatos que já possuía.
A maioria absoluta do P"S" está, portanto, feita em cacos. Ainda bem. Foi no que deu o seu autoritarismo e arrogância desenfreados, a sua falta de humildade democrática e de sensibilidade social.
Vamos agora para as legislativas e, se o actual cenário se mantiver, outro desafio se coloca já à Esquerda: reforçar o apoio ao Bloco e à CDU, de modo a evitar que este P"S" (ou o que dele resta) caia na tentação de reeditar o Bloco Central com o PSD. Apesar do centrão registar a sua mais baixa expressão eleitoral, não estamos completamente livres que um tal golpe possa vir a acontecer…

O voto é um dever cívico

Não me absterei, porque o voto é um dever cívico. Dever que cumprirei, desta vez, com redobrada convicção.
Vou penalizar quem me ofendeu e me humilhou, podem estar certos.

sexta-feira, junho 05, 2009

Com o P"S" é impossível sair da crise

Ao cabo de trinta anos de governança, as políticas de Direita mais não fizeram do que manter-nos entre os países mais pobres e atrasados da Europa e fazer de Portugal o mais injusto e desigual de todos, com uma pobreza endémica, um desemprego galopante, uma corrupção incontrolável, ao mesmo tempo que garantiram proventos abjectos aos políticos que as conduziram e às suas ávidas clientelas.
Com o CDS, o P"SD" e, infelizmente, o P"S", é impossível sair da crise (não apenas da que vem de fora, mas daquela que há muitos anos carregamos às costas e da qual são eles os únicos e exclusivos responsáveis, por acção ou omissão).
É por isso que agora é hora da Esquerda. Porque ontem já era tarde.

Sócrates, deixa-nos em paz!

Miguel Portas afirmou que objectivo do Bloco de Esquerda é que o PS fique "suficientemente longe da maioria absoluta". Pediu, por isso, que ninguém deixe de ir votar no próximo domingo, "para dizer a José Sócrates que se acabou a arrogância da maioria absoluta".
Absolutamente de acordo. O que nós queremos mesmo é que Sócrates nos deixe viver em paz. Maioria absoluta do P"S", jamé!

Mais trabalho e menos passeio

Ora vamos lá conferir a avaliação dos deputados portugueses ao Parlamento Europeu e aproveitemos para comparar o desempenho de Edite Estrela e Ilda Figueiredo:
As conclusões parecem-me óbvias: embora passe menos tempo em Estrasburgo que Edite Estrela, Ilda Figueiredo é a melhor eurodeputada portuguesa e a que mais trabalha.
Jerónimo de Sousa tem portanto toda a razão quando, da forma educada que o caracteriza, recomenda "mais cuidado" à número dois da lista do P"S" às eleições europeias, afirmando que Ilda Figueiredo "trabalhou três vezes mais" que Edite Estrela. Eu, que não sou tão delicado como Jerónimo, ter-lhe-ia recomendado mais trabalho e menos passeio.

P'ra grandes males…

Alguns dirão que isto é um caso de populismo, um atentado à liberdade económica ou o que resta dos genes do regime soviético, sei lá.
Para mim, trata-se apenas da intervenção reguladora do Estado numa economia capitalista onde a liberdade de iniciativa e o mercado não podem justificar tudo. Designadamente, não se pagar os salários a quem trabalha.
Em Portugal sucede o contrário. Os governos (este e os anteriores) são cúmplices, por acção ou omissão, com a injustiça social e até com a roubalheira.

quarta-feira, junho 03, 2009

Estou farto deles!


Não voto P”S”
Não voto na Direita


1. Infelizmente, Portugal é um dos países europeus onde a falta de transparência e a corrupção são mais elevadas e manifestam tendência para aumentar (de 2004 para 2008 passámos do 27.º para o 32.º lugar na lista da Transparency International), o que nos atira para a cauda da Europa em matéria de desenvolvimento e justiça social.

2. O caso é de tal modo grave que o vice-presidente do FMI afirmou em 2005 que, não fora a corrupção e Portugal poderia ser tão desenvolvido como a Finlândia!

3. Talvez se trate também de uma questão cultural. Não é por acaso que somos considerados um povo de brandos costumes: aguentámos pacientemente uma ditadura de 48 anos e agora há 30 que nos comportamos como zombies perante uma alternância democrática que nos leva a lado nenhum (a não ser uma desgraça cada vez maior).

4. Alternância democrática eufemisticamente chamada de centrão ou bloco central mas que, verdadeiramente, não é mais do que a Direita, quer através de coligações, algumas contra-natura, como aconteceu em 1978, entre o PS e o CDS, e em 1983, entre o PSD e o PS, ou de governos partidários do PSD ou do PS (que só é de Esquerda quando está na oposição!).

5. De uma forma ou de outra, o regime democrático está transformado numa vergonhosa cleptocracia em que a Direita (CDS, PSD e P”S” governamental) se tem aproveitado do poder político para distribuir prebendas e mordomias de Estado às suas clientelas e assenhorear-se de cargos milionários nos conselhos de administração das empresas públicas.

6. Como pôr um ponto final neste regabofe? Há quem desabafe dizendo que tal só seria possível com um novo 25 de Abril, desta vez a sério, sem cravos nas espingardas. Mas para isso seria precisa uma conjugação de factores que jamais se repetirá. Os militares e as pessoas estão hoje mais preocupados com as suas vidas. O 25 de Abril “foi um sonho lindo que acabou”, cantou um dia, desencantado, J. M. Branco.

7. Resta-nos, portanto, lutar com as forças que nos sobram e os direitos que a Constituição (ainda) nos garante: manifestarmo-nos, protestarmos, fazermos greve. Porém, com um governo autista e autoritário como é o actual, a vitória não é certa, como se tem visto com a luta gigantesca dos professores!

8. Temos, por isso, que democratizar o Poder, enfraquecendo a Direita e reforçando a Esquerda e para tal, é urgente retirar a maioria absoluta, no mínimo, ao Partido de Sócrates.

9. Nesse sentido, votar CDS, PSD ou P”S” está fora de questão. Seria mais do mesmo, ou seja, a continuação da desgraça.

10. Quanto à abstenção, mesmo que alguns disso não tenham consciência, representa a negação da democracia e a crença num regime autocrático e em salvadores-da-pátria (de que já bastaram 48 anos!).

11. Já o voto branco, embora seja uma escolha democrática, se fosse um voto em larga escala, como aconteceu na ficção de Saramago, Ensaio sobre a Lucidez, talvez provocasse um terramoto político de consequências ainda que imprevisíveis certamente mais interessantes do que o pântano em que estamos atolados. Na realidade, porém, trata-se de um voto residual e, mesmo que desta vez tivesse uma expressão ligeiramente maior, não teria qualquer influência nos resultados da eleição, como esclarece a CNE: “O voto em branco não é válido para efeitos de determinação do número de candidatos eleitos, não tendo influência no apuramento do n.º de votos e da sua conversão em mandatos, nos termos do artigo 16º da Lei nº 14/79. Deste modo, ainda que o número de votos em branco seja maioritário, a eleição é válida, visto que existem votos validamente expressos, só esses contando para efeitos do apuramento.” Na prática, portanto, de nada adianta votar branco.

12. A hipótese de votar em pequenos partidos apenas com o objectivo de diminuir o peso do centrão (o m.q. Direita), a única coisa que faz é enfraquecer a oposição, pela dispersão de votos que provoca.

13. De tudo isto, resulta que, no actual contexto político e social, as duas únicas opções de voto que se  afiguram aconselháveis são o Bloco de Esquerda e a CDU.

14. É entre elas que, no domingo, farei a minha escolha.