domingo, janeiro 31, 2010

Os haitianos não têm presidente

Um presidente que não passa de um títere do governo americano, que nada faz pelo seu martirizado povo e que o abandona à sua sorte, está à espera de quê? De ser recebido com aplausos?
Este tipo não existe. Ou melhor, tal como o terramoto, René Préval é um pesadelo para os haitianos.


Os fantoches de Kissinger, Com as minhas tamanquinhas, José Afonso, (arquivo AJA)

Extraordinário! Nunca imaginei…

"A política de colonização de Israel é um erro", afirmou o primeiro-ministro italiano ao diário iaraelita Haaretz.
Extraordinário! Nunca imaginei poder vir a concordar com Berlusconi!…


Nefretite não Tinha Papeira, Venham Mais Cinco, José Afonso (arquivo AJA)

Pela santa Liberdade

Faz hoje 119 anos que a monarquia chegou a ser suspensa durante nove horas, na sequência da revolta militar de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, contra as cedências da Coroa portuguesa ao Ultimato Inglês, que acabaria por ditar a humilhante transferência de grande parte dos territórios ultramarinos portugueses para a posse da Inglaterra.
Num momento em que há quem advogue o regresso à monarquia, convirá lembrar que a sua queda posterior, em 1910, ficou a dever-se a uma insanável crise económica, social e moral, não fazendo hoje sentido, portanto, ficar à espera de um qualquer D. Sebastião que supostamente nos viesse tirar da crise. Será sempre no quadro de um regime e de um sistema que garantam a completa liberdade e participação política — como são a república e a democracia — que os cidadãos poderão escolher plenamente e construir a sociedade em que querem viver. Assim queiram fazer por isso!
Como reza o Hino da Maria da Fonte, "Pela santa Liberdade, triunfar ou perecer."

>> As Sete Mulheres do Minho, Fura Fura, José Afonso (interpretação das Faltriqueira)

O colonialismo não acabou

O petróleo do Haiti já era fruto da cobiça dos americanos. Agora parece que são as crianças haitianas.
Afinal o colonialismo não acabou no séc. XIX, como era suposto.


Lá no Xepangara, Coro dos Tribunais, José Afonso (arquivo AJA)

sexta-feira, janeiro 29, 2010

Israelitas não têm moralidade

A libertação de Auschwitz fez anteontem 65 anos tendo a data sido assinalada na Polónia e em Berlim. A perseguição e o genocídio dos judeus pelo regime nazi foi certamente uma das maiores vergonhas da história contemporânea e a humanidade não pode deixar de condená-la com veemência.

Auschwitz

 
Gaza

Mas, sejamos claros, sessenta e cinco anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial e dos Julgamentos de Nuremberga, que condenaram os principais responsáveis pelas atrocidades cometidas pelos nazis, os actuais dirigentes políticos israelitas não têm qualquer autoridade moral para reclamarem mais julgamentos quando, além da fundação unilateral e abusiva do Estado de Israel, em 1948, a partir de 1967 mais não têm feito senão roubar quase por completo o restante território da Palestina, bombardear e massacrar cruelmente os palestinianos e obrigar os que têm tido a sorte de escapar a sobreviverem em verdadeiros campos de concentração, como é o caso da Faixa de Gaza. Como autoridade moral também não têm quando, possuindo um dos maiores arsenais de armas nucleares do mundo, exigem que o Irão ponha fim ao seu projecto nuclear.
Não, estes "senhores" não aprenderam nada com a história. E é pena.

Recordai, ó irmãos meus (Encomendação das Almas, Beira-Baixa), Eleven Commendation of the Souls, Fernando Lopes-Graça

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Portugal é Lisboa

De acordo com o Orçamento de Estado para 2010 Bragança é a região que mais perde e Lisboa a menos afectada na distribuição distrital das verbas do Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC).
Por esta e outras é que Portugal sempre foi e continua a ser um país macrocéfalo. Como reza o popular ditado, "Portugal é Lisboa e o resto é paisagem".

Maria, Ao vivo no Pavilhão Atlântico, Xutos & Pontapés

Quando o mar bate na rocha…

Apesar da crítica da maioria da imprensa americana ao primeiro discurso do Estado da União de Barack Obama, classificando as medidas anunciadas de "populistas" e afirmando que fazem parte de uma estratégia de recuperação do desgaste de imagem sofrido durante os primeiros meses no cargo, não podemos deixar de sublinhar que o presidente americano tenha definido a criação de emprego como a sua prioridade número um em 2010, canalizando para o efeito os 30 biliões de dólares já devolvidos pelos grande bancos que receberam ajuda do governo no auge da crise. E tenha afirmado ainda que só a partir de 2011 vá congelar os gastos do governo, por três anos, sem no entanto afectar a segurança nacional, a saúde e a segurança social.
Por cá, os milhões injectados na banca foi como se tivessem caído num poço sem fundo tendo apenas servido para aumentar os lucros do sector. Por isso a economia não cresceu e o desemprego aumentou (e vai continuar a aumentar). Já o défice público atingiu o valor mais elevado em trinta e cinco anos de regime democrático (9,3% do PIB). A receita para a desgraça vai ser a do costume, própria de um governo corajoso e socialista: congelamento dos salários da função pública (e por contágio, dos restantes trabalhadores) e cortes nas pensões dos funcionários públicos (podem os banqueiros e os especuladores ficar descansados que os seus lucros e mais-valias não serão tributados).
Como diz o rifão, "quando o mar bate na rocha, quem se lixa é o mexilhão".

Venho aqui falar, Pano-cru, Sérgio Godinho

terça-feira, janeiro 26, 2010

Capitalismo: a verdadeira pandemia

Pronto. A gripe A foi uma falsa pandemia e um dos maiores escândalos médicos do século. À sua conta foram gastos rios de dinheiro no que constituiu um negócio escandaloso para a indústria farmacêutica e se traduziu na perda de confiança das pessoas na Organização Mundial de Saúde, em virtude do alarmismo com que os governos enfrentaram a situação.



Quem o diz é um insuspeito alto responsável e especialista: Wolfgang Wodarg, presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa e médico especialista em epidemiologia.
Ou seja, a verdadeira pandemia continua a ser o capitalismo sem escrúpulos e sem rédea.

O Elixir da Eterna Juventude, Noites Passadas, Sérgio Godinho

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Petróleo: depois do Iraque, o Haiti

Há prova de que os Estados Unidos descobriram petróleo no Haiti décadas atrás e que, devido a circunstâncias geopolíticas e a interesses do big business, foi tomada a decisão de manter o petróleo haitiano na reserva para quando o do Médio Oriente escasseasse. (1)
Há também evidências de que as grandes companhias petrolíferas americanas, inter-relacionadas com os monopólios da engenharia e da defesa, fizeram planos, décadas atrás, para utilizar portos de águas profundas do Haiti tanto para refinarias de petróleo como para desenvolver parques de tancagem ou reservatórios onde o petróleo bruto pudesse ser armazenado e posteriormente transferido para pequenos petroleiros com destino aos portos dos EUA e do Caribe. (2)



Não será, de resto, por acaso, a não ser por razões económicas e estratégicas, que os EUA construíram a sua quinta maior embaixada do mundo — após as embaixadas na China, no Iraque, no Irão e na Alemanha — no minúsculo Haiti, na sequência da mudança do regime haitiano pela administração Bush. Como por acaso não é o facto de, após a invasão do Haiti em 2004, os EUA terem utilizado tropas da ONU como suas procuradoras militares para esvaziar a acusação de imperialismo e racismo. Nem tampouco a nomeação de Bill Clinton (3) como enviado especial da ONU para o Haiti, que já veio afirmar que as tropas da ONU/ EUA ali permanecerão por um longo período de tempo.
Por tudo isto, um terramoto é, sem dúvida, um excelente pretexto para os objectivos criminosos destas aves de rapina. Mas era a última coisa que um povo desgraçado e impiedosamente explorado precisava.

(1)  Oil in Haiti, Georges Michel
(2) Oil in Haiti – Economic Reasons for the UN/US Occupation, Marguerite Laurent
(3) What UN Special Envoy Bill Clinton May Do to Help Haiti, Ezili Danto

Eu Marchava de Dia e de Noite, Coro dos Tribunais, José Afonso

sábado, janeiro 23, 2010

Haiti - EUA: quem deve a quem?

Porque é que os EUA devem milhares de milhões ao Haiti? Colin Powell, antigo secretário de Estado dos EUA, definiu a sua política externa como a "regra do Pottery Barn". Ou seja – "quem parte, paga".
Durante 200 anos os EUA fizeram tudo para "partir" o Haiti. Estamos em dívida para com o Haiti. Não é uma questão de caridade. Estamos em dívida para com o Haiti por uma questão de justiça. Indemnizações. E não apenas os 100 milhões de dólares prometidos pelo presidente Obama – isso são trocos. Os EUA devem ao Haiti milhares de milhões – com Ms maiúsculos.
Há séculos que os EUA têm feito tudo para dar cabo do Haiti. Os EUA usaram o Haiti como uma plantação. Os EUA ajudaram a sangrar o país economicamente desde que ele se tornou independente, invadiu várias vezes o país com forças militarizadas, apoiou ditadores que violentaram a população, utilizaram o país como caixote do lixo para nossa conveniência económica, arruinaram as suas estradas e a sua agricultura, e derrubaram os eleitos pela população. Os EUA até usaram o Haiti como os antigos proprietários de plantações e esgueiravam-se para ali frequentemente para recreação sexual.
Eis [aqui] a história mais resumida de algumas das principais tentativas dos EUA para dar cabo do Haiti.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Muita parra e pouca uva

Cândida Almeida foi reconduzida no cargo de directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, por mais três anos, por proposta do procurador-geral da República, Pinto Monteiro, e decisão do Conselho Superior do Ministério Público.
Caso para concluir que, "a oeste nada de novo". Com estes dois, na justiça portuguesa continuará a haver "muita parra mas pouca (ou nenhuma) uva".

Coro dos Tribunais, Coro dos Tribunais, José Afonso

Estamos fritos

Sócrates recebe hoje Portas, antes de Ferreira Leite. O acordo entre o Governo e o CDS/PP com vista a garantir a aprovação do Orçamento de Estado para 2010 poderá ser fechado já, antes de o primeiro-ministro receber amanhã Ferreira Leite.
De uma forma ou de outra, prossegue afanosamente a santa aliança que nos vai continuar a cozinhar em lume brando. Ou antes, estamos fritos!

Venho Aqui Falar, Pano-cru, Sérgio Godinho

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Os números e a realidade

Sócrates adora números, estatísticas, sucesso encenado. E o FMI — aquela simpática organização que nos esmifra quando temos o azar de ter de lhe bater à porta a pedir dinheiro quando estamos tesos — também. Não admira que ambos tenham ficado embevecidos com os supostos resultados do Simplex: no âmbito dos três programas concluídos (2006, 2007 e 2008), foram implementadas 630 medidas, 46 por cento das quais com impactos na redução de encargos para as empresas. O que admira é que tanta simplificação de processos e redução de encargos não tenha evitado a falências de tantas empresas, com as consequências económicas e sociais que todos conhecemos.

O Charlatão, Os Sobreviventes, Sérgio Godinho

Tomem nota

Com a abstenção do PSD, PS e CDS chumbaram hoje o projecto de lei do PCP que pretendia impedir a possibilidade de aumentar os horários de trabalho até 12 horas diárias e 60 horas semanais. Tomem nota. Para que não digam que não vos avisei.

O que faz falta, Coro dos Tribunais, José Afonso

O galego não é castelhano

Em opiniom do Conselho da Associaçom Galega da Língua (AGAL), a legislaçom estabelece dous factos: que há duas línguas oficiais na Galiza e que umha delas, a própria, "ocupa um lugar periférico a respeito da outra, a castelhana". Ainda, a mesma legislaçom marca como objectivos que a administraçom altere esse estado de cousas promovendo a língua mais periférica e de menos presença social e que o sistema educativo garanta a mesma competência nas duas línguas oficiais. Porém, para alcançar estes objectivos, a Junta pretende que um terço das horas semanais tenham o galego como língua veicular, um outro terço o castelhano e o restante prevê-se para ser leccionado "em língua(s) estrangeira(s)". De um ponto de vista técnico, a AGAL considera que o procedimento nem ajuda a alterar o estado periférico da língua própria da Galiza nem garante a igualdade de competência lingüística nos dous idiomas oficiais. "Alunos e alunas aprendem as línguas no seu ambiente social. A escola deve servir para compensar a língua menos presente socialmente". Neste ponto a associaçom lembra que nos ambientes urbanos da maioria das cidades galegas, a presença ambiental do galego é "muito reduzida, quando nom inexistente", polo que marcar a mesma quota horária para galego e castelhano "nom vai permitir a mesma competência" em ambas as línguas. Por estes motivos, o Conselho da AGAL deu o seu apoio à jornada de greve e à manifestaçom em defesa do uso do galego no ensino que terám lugar no dia 21 de janeiro.

Percebemos facilmente este texto da AGAL, não é verdade? Porque o galego e o português actuais evoluíram da mesma origem, o galaico-português.
Por esse facto, apoiamos a greve no ensino e a manifestação que hoje decorrem na Galiza, pela defesa da língua galega, contra a sua castelhanização.

O meu amor se te fores, Leilía


Chega de porrada!

Depois da invasão do Iraque, da guerra do Afeganistão e do crescente número de bases militares nas Caraíbas, os Estados Unidos reforçam dia para dia a presença militar no Haiti. Começaram pelo controlo do aeroporto e agora, a pretexto dos protestos e da violência geradas pela desorganização e atraso da assistência à martirizada população, prosseguem com o aumento do número de tropas no país.
Ora, o  que os haitianos precisam é de assistência médica, alimentação, alojamento, amizade. Urgentemente. Como disse um militar brasileiro, para manter a ordem, o lema é "braço forte, mão amiga". De porrada, 200 anos já chegaram.

Sair (ou não sair) do morro

Lula quer acabar com as favelas até 2016, ano dos Jogos Olímpicos. O plano prevê a construção de bairros habitacionais para erradicar 109 favelas e mais de 12 mil habitações até 2014. É simples, dizem, as autoridades vão tomar de assalto os bairros considerados mais violentos, implementando a ordem policial como "poder único" e deitando abaixo a liderança das guerrilhas da droga.
Não sei se é assim tão simples… Para mais, com o mentor do projecto a deixar a presidência em 2011. E receio que muitos desgraçados inocentes sejam apanhados na linha de fogo do poder único. Não seria a primeira vez que tal aconteceria.

Opinião, álbum "Sertão e Favelas", Zélia Barbosa


terça-feira, janeiro 19, 2010

Os pecados do Haiti

A história do assédio contra o Haiti, que nos nossos dias tem dimensões de tragédia, é também uma história do racismo na civilização ocidental.



Melhor do que ninguém é Eduardo Galeano quem o explica com toda a clareza. Aqui.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Quem fechou as portas que Abril abriu?

Faz hoje 26 anos que faleceu José Carlos Ary dos Santos.
Mas a sua memória permanece viva nas palavras que escreveu e disse.
Porque era poeta, mas castrado, NÃO!
Porque descreveu, com um coração do tamanho deste país,'as portas que Abril abriu':
da liberdade, da dignidade, da solidariedade,
mas também do sonho e até da utopia.

Faz hoje 26 anos que faleceu José Carlos Ary dos Santos.
E há uma pergunta que não me larga,
Que certamente ele faria se cá estivesse:
Quem fechou as portas que Abril abriu?

Evocar 18 de Janeiro de 1934

Chegado ao poder em 5 de Julho de 1932, Salazar cuidou de preparar a base constitucional e legislativa do chamado Estado Novo, regime autoritário que se caracterizaria pela extinção dos mais elementares direitos e liberdades dos cidadãos e pela completa negação do pluralismo partidário. Com a aprovação da Constituição de 1933, decreta a proibição da greve e do lock-out e institui o princípio do sindicato único com o objectivo de acabar com os sindicatos livres e em seu lugar criar sindicatos nacionais corporativos controlados pelo Estado.
E é contra este edifício legislativo fazcizante e a ilegalização das organizações existentes, que se prepara, para o dia 18 de Janeiro de1934, uma "greve geral revolucionária" onde teriam influência marcante a Confederação Geral dos Trabalhadores, de inspiração anarquista, e o Partido Comunista Português, com forte implantação no Sindicato Nacional dos Vidreiros.





Na véspera, no entanto, a polícia política (PVDE) prende alguns dos principais dirigentes sindicais e outros activistas ligados ao movimento. Ainda assim, em Lisboa, na noite de 17, explode uma bomba no Poço do Bispo e o caminho de ferro é cortado em Xabregas, enquanto que, em Coimbra, explodem duas bombas na central eléctrica. Há ainda movimentações em diversos outros pontos do país, como Leiria, Barreiro, Almada, Sines e Silves, sendo a mais forte, no entanto, na Marinha Grande, onde grupos de operários ocupam o posto da GNR e os edifícios da Câmara Municipal e dos CTT.
A repressão não se faria esperar. Diversos participantes do 18 de Janeiro estão entre os prisioneiros que inaugurarão, dois anos depois, a colónia penal do Tarrafal, uma das odiosas prisões da ditadura salazarista.
A revolta operária e greve geral de 18 de Janeiro de 1934 foi há 76 anos. Evocá-la hoje, 36 anos depois de Abril, mais do que uma celebração, deve constituir uma inequívoca manifestação de vontade de continuar a lutar por um país mais justo onde todos, sem excepção, vejam reconhecidos não apenas os direitos cívicos e políticos mas também os direitos humanos e sociais. Será essa a melhor homenagem que prestaremos aos revolucionários de 1934.

Liberdade, À Queima-Roupa, Sérgio Godinho

Ai do Haiti!

A "ajuda" deles

O director-geral do FMI acaba de anunciar a sua intenção de mobilizar uma "ajuda" de 100 milhões de dólares para o Haiti. Diz ele que isso será feito através de uma "facilidade ampliada de crédito". Ou seja, os haitianos terão de devolver tal ajuda, mesmo que estejam debaixo de escombros. E devolver com juros. Com ajudas assim, os haitianos ficam ainda mais desgraçados do que já estavam!
Por outro lado, o controle do aeroporto de Port-au-Prince pela U.S. Air Force já está a prejudicar severamente o Haiti. Os militares americanos proibiram a aterragem de um avião francês que transportava um hospital de campanha e dez equipes de cirurgiões. A ocupação militar do país pelo imperialismo, sob o pretexto da "ajuda humanitária", já é uma situação de facto. Os EUA, que não souberam ajudar o seu próprio povo quando o furacão Katrina devastou Nova Orleães, arrogam-se agora ao direito de enviar porta-aviões como "ajuda" às vítimas no Haiti. Após um terramoto, uma ocupação militar. (*)



Pacto com o Diabo

O racismo acaba de atingir profundidades nunca imaginadas pelo conde Gobineau. O reverendo Pat Robertson, um fanático da extrema-direita estado-unidense, acaba de dar a sua "explicação" para o terramoto que assolou o Haiti. Diz ele que se trata de um castigo divino pelo facto de 200 anos atrás os escravos haitianos terem-se rebelado e libertado dos seus amos franceses. (O vídeo com a entrevista deste "teólogo" encontra-se aqui).
Mas a estupidez é contagiosa. O bispo espanhol José Ignacio Munilla minimiza a catástrofe, asseverando ele "há males maiores que o do Haiti, como a nossa situação espiritual" (sic). (A notícia encontra-se aqui). (*)

Uma coisa é indubitavelmente certa: como se vê, 127 anos depois da sua morte, Marx continua a ter razão — a religião é o ópio povo.

Fim do bloqueio a Gaza!

A Amnistia Internacional pediu a Israel o levantamento imediato do bloqueio imposto à Faixa de Gaza, considerando injusta esta "punição" que atinge em cerca de 1,5 milhões de habitantes.



Mas os terroristas sionistas, que têm o apoio daqueles que há quase 50 anos fazem o mesmo a Cuba, vão seguramente ignorar o pedido da AI, como sempre fizeram com os pedidos de outras organizações e com os protestos da opinião pública mundial.
Como os Estados Unidos, Israel não respeita o Direito Internacional. E o Tribunal Penal Internacional é para os outros.

Nefretite não tinha papeira, Venham Mais Cinco, José Afonso

Má sina estar desempregado

Na Banca foram esbanjados milhões de euros mas o Estado gasta cada vez menos com os desempregados.
Má sina estar no desemprego. Especialmente em Portugal.

sexta-feira, janeiro 15, 2010

O P"S" à frente, o país atrás!

Portugal está de rastos.
Com uma dívida superior ao valor do PIB, um défice incontrolável, um volume de desemprego dramaticamente crescente.
E cada vez mais desigual, com uma minoria mais e mais rica e uma maioria a sobreviver como pode.
Para nos animar, dizem-nos que o pior já passou, que logo mais iremos recomeçar a crescer. O que não esclarecem é que, ainda que isso venha a acontecer, continuaremos a afastar-nos da média europeia. Porque, mesmo que a crise internacional abrande, o que não é de todo seguro, havemos de continuar a carregar com a nossa, a que resulta de 30 anos de "alternância" governativa do P"S" e da Direita.
Mas a maioria do povo, que aguentou docilmente uma ditadura de 48 anos, gosta. Por isso o P"S" continua à frente nas intenções de voto. E o país cada vez mais atrás em matéria de desenvolvimento e justiça social.


Década de Salomé, "Galinhas do Mato", José Afonso

quinta-feira, janeiro 14, 2010

O Haiti (também) é aqui

Ninguém está absolutamente a salvo da fúria da Natureza mas quando ela se abate impiedosamente sobre os mais desgraçados, os mais pobres, os mais deserdados por uma ordem económica internacional iníqua e imoral, como agora aconteceu no Haiti, a tragédia adquire a dimensão de um horrendo holocausto.
É nestas alturas que a selvajaria capitalista mostra bem o que representa para a maioria pobre da humanidade — uma maldição.
Como diz a canção, "O Haiti é aqui".

Antes que seja tarde

As agências de rating, afirmam que "Portugal e Grécia enfrentam risco de morte lenta". Depois da Islândia, elas estão assustadas, não com o nosso futuro ou o dos gregos, mas sim com os especuladores que querem recuperar o seu dinheiro. Mas o descrédito daquelas agências, que não foram sequer capazes de prever o afundamento da Islândia, nem dos países bálticos e nem dos próprios Estados Unidos, é cada vez maior.
Na realidade, a verdadeira morte lenta do nosso país é a progressiva desindustrialização de Portugal, o encerramento de sectores inteiros da economia nacional, o desemprego crescente, a falta de perspectivas para a juventude, a ausência de política energética, os investimentos ruinosos (como o novo aeroporto) programados pelo governo de Sócrates.
Este sombrio panorama foi preparado pelo PS e o PPD com a destruição do Sector Empresarial do Estado e é por isso que só com um novo programa de nacionalizações, a principiar pela banca privada, será possível inverter esta preocupante situação. Antes que seja tarde.

Antes O Poço Da Morte, "O Irmão Do Meio", Sérgio Godinho + Xutos & Pontapés

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Tempos "modernos"

PCP quer pôr fim às 60 horas de trabalho semanal 
O actual Código Laboral, aprovado pela anterior maioria absoluta do P"S", permite que, em determinadas condições, os trabalhadores sejam obrigados a trabalhar 12 horas diárias, até um máximo de 60 horas semanais, sem a correspondente compensação remuneratória.



É a esta exploração abusiva e imoral, verdadeira escravatura da era moderna, atentatória da dignidade humana e da estabilidade familiar, que o PCP quer pôr cobro, indo para o efeito apresentar a debate no plenário da Assembleia da República um projecto de lei que prevê o seu fim.
Perante esta justa iniciativa, veremos como se comportam aqueles partidos que passam a vida a apregoar a defesa da família!…
Foi a trabalhar (Sérgio Godinho, "De pequenino se torce o destino")

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Sem condições prévias

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse hoje trabalhar para um reinício do diálogo entre Israel e os palestinianos "o mais cedo possível e sem condições prévias",  não confirmando a existência de qualquer plano e prevendo um ciclo de negociações em "dois anos" (leia-se interminável).
Depois de lhes roubarem a quase totalidade do território, a água, a segurança, a vida, os palestinianos têm ainda de suportar toda a sorte de hipocrisias.
Mas alguém que não seja completamente ingénuo ou moralmente desonesto acredita que os maiores amigos dos sionistas têm vontade política e são suficientemente imparciais para exigir o reconhecimento da pátria palestina?
Isso sim, devia ser feito já. Para acabar de vez com uma das maiores vergonhas da história contemporânea. Sem condições prévias.