sexta-feira, março 30, 2012

O problema é o Governo

Continuação da recessão, agravamento do desemprego, quebra dos salários, abrandamento acentuado das exportações, mais austeridade, são as últimas previsões do Banco de Portugal, ontem publicadas. Ao fim e ao cabo, nada que não fosse já esperado por todos os que têm denunciado e enfrentado as políticas de destruição económica e de agressão social que têm sido levadas a cabo. Porém, a situação é de tal forma desastrosa e preocupante que até o patronato vem agora defender que é preciso parar com a austeridade e promover o crescimento.


Não há dúvida, estamos, portanto, num caminho errado que pode conduzir-nos a uma queda de consequências irreparáveis no abismo, todos o reconhecem. Todos menos o Governo, que se recusa a ver a dramática realidade em que nos encontramos, o Governo, que nunca teve uma solução para a crise porque faz parte do problema.

quarta-feira, março 28, 2012

O Álvaro é um inadaptado

Não há dúvidas, o Ministro da Economia é um inadaptado e, como tal, num país decente, deveria ser imediatamente despedido!


Acontece que dá muito jeito ao patronato ter um ministro, um governo, uma maioria, que lhes aprove um código do trabalho que facilite os despedimentos, de forma subjectiva e discricionária, à sua vontade!
Enfim, parece que os trabalhadores ainda têm alguns direitos (como este e este) e garantias. Mas só na Constituição!… É, cada vez mais, tudo a fazer de conta…

A sangria dos porcos

Os preços da electricidade e do gás podem aumentar de três em três meses, já a partir de Junho. O objectivo do governo é acelerar o processo para o mercado liberalizado de energia e cumprir assim mais uma exigência da 'troika'. RTP Notícias

O ministro das Finanças "actualizou" as regras dos auxílios estatais aos bancos, tornando as ajudas mais baratas e alargando o período em que os contribuintes são chamados a apoiar os bancos através destas medidas. DN Economia


Estão a sangrar-nos. Impiedosamente. Como se fôssemos porcos.
Para eles, que juraram matar-nos com austeridade e impostos, não seremos mais do que isso mesmo!...

segunda-feira, março 26, 2012

Ronda dos mafarricos

José Afonso, o Zeca, como sempre foi tratado pelos amigos, companheiros e camaradas, para além de figura cimeira da música popular portuguesa, foi um cidadão profundamente empenhado na luta pela liberdade, contra a ditadura e, até ao último dia da sua vida, no combate por uma sociedade justa e solidária.
Ideológicamente de Esquerda, nunca aderiu a qualquer partido político, tendo preferido militar em organizações populares de base e participar ao lado do povo nas suas lutas concretas. Não admira, por isso que, por sua expressa vontade, no seu funeral, a urna fosse coberta com um simples pano vermelho sem qualquer símbolo ou inscrição.
É, portanto, legítima, justa e compreensível — e só pode merecer de todos nós a mais sentida e profunda solidariedade — a indignação de Zélia Afonso, viúva do Zeca, pelo uso abusivo e insultuoso de versos da autoria do cantor, no congresso do PSD, um partido cujos princípios e ideologia sempre foram e são (hoje mais do que nunca) contrários aos que José Afonso sempre defendeu.


O poder está nas mãos de neo-liberais e neo-fascistas sem o mínimo decoro, pudor, vergonha, que não olham a meios para atingir os seus fins. Inclusive, usarem a mais refinada impostura e manipularem a memória de José Afonso para efeitos de maquiavélica propaganda.
Os bruxos estiveram reunidos durante o fim de semana. Eram mais de quatrocentos, na ronda dos mafarricos.

sexta-feira, março 23, 2012

Suspensão da democracia

Há muito que José Saramago nos avisara que "a democracia em que vivemos é uma democracia sequestrada, condicionada, amputada", uma democracia refém do capital e dos mercados, na qual "a liberdade de eleição nos permite apenas escolher o molho com o qual seremos devorados", como nos diz Eduardo Galeano.


A bem dizer, trata-se de um neo-fascismo mascarado de democracia que procura controlar a opinião pública através do domínio dos meios de comunicação, mas não hesita em reprimir a indignação e a contestação social de forma selvática e brutal, como ainda ontem ficou bem demonstrado nas cargas policiais do Corpo de Intervenção, a fazer lembrar a Polícia de Choque de triste memória.
Os métodos pidescos, repressivos, fascistas, parecem estar de regresso. E com eles, a suspensão da democracia. Não duvidem que é isso que acontecerá se não nos insurgirmos.

terça-feira, março 20, 2012

A meio da ponte

Já há 10 meses atrás, aquando da campanha eleitoral para as eleições legislativas, a Esquerda não se cansava de alertar para as consequências do programa da 'troika'. Foi claramente explicado que a austeridade levaria à recessão económica, ao agravamento do desemprego, ao aumento da pobreza social, e impossibilitaria o pagamento de qualquer dívida. Mas a maioria dos portugueses não quis saber do alerta e votou nos partidos que assinaram o 'Pacto de Agressão' (PSD/ PS/CDS) ou absteve-se.
A verdade é que não faltou muito para que a realidade viesse demonstrar cruelmente a pertinência do aviso. A tal ponto que, finalmente, até o presidente da Eurolândia vem agora admitir que a receita está errada.

Augusto Cid, 2.º prémio PORTOCARTOON XI
No entanto, apesar desta trágica evidência, no seu imperturbável autismo político, o ministro Vítor Gaspar insiste que "[…] foi muito importante […], após termos tido três exames regulares da ‘troika', ter os resultados de 2011 para mostrar que a estratégia por trás do programa de ajustamento está a resultar como previsto", pouco lhe importando se deixa para trás um rasto de destruição económica, desemprego e pobreza. E esclarece que "estamos a aproximar-nos do meio da ponte", uma ponte a ameaçar desmoronar-se, cuja teimosa e irresponsável travessia nos pode levar ao afogamento colectivo.

domingo, março 18, 2012

Afastem de mim esse cálice!

Salazar foi politicamente responsável por milhares de mortos numa sangrenta guerra colonial que durou 13 anos! Salazar foi politicamente responsável pelo assassinato de dezenas de opositores a uma férrea ditadura que durou quase meio século!


Estudar e assumir a nossa história, mesmo no que teve de mais trágico, é uma coisa; reabilitar um criminoso ditador, mesmo se através de uma operação de marketing comercial, outra bem diferente.
Vinho "Memórias de Salazar"???... Por favor, senhor Presidente da Câmara de Santa Comba Dão, afaste de mim esse cálice de vinho tinto de sangue!...

Turismo cavaquista

Cavaco Silva aproveitou o fim de semana para fazer mais uma passeata pelo Portugal profundo. Paga por todos nós, obviamente, ao contrário da sua lamentável reeleição para a Presidência da República, que aconteceu com os votos de apenas 23 por cento dos eleitores (nunca será demais relembrá-lo!).


E podem crer que, agora que a popularidade de Cavaco nunca foi tão baixa, o "turismo cavaquista" vai continuar. E a hipocrisia, também. De quem, quando foi Primeiro-ministro, destruiu a agricultura e agravou a desertificação rural e vem agora defender o desenvolvimento e repovoamento agrário do interior. De quem fala de cuidados de saúde, de escolaridade, de emprego, de confiança, e nada tem feito para contrariar as políticas que têm desgraçado o país e minado a confiança dos portugueses.

***

O código de conduta e ética aprovado pelo Governo no passado dia 1 de Março deixou de se aplicar à Presidência da República. Ao ficar excluído deste código de conduta, o Presidente da República não fica, na prática, obrigado a declarar que prendas recebe.
Ainda bem… Assim já não teremos de aturar as pieguices de Cavaco a queixar-se de que as pensões que recebe não lhe chegam para pagar as despesas!…




sexta-feira, março 16, 2012

O povo

Depois do governo da direita lhes cortar salários, pensões, subsídios, lhes destruir a economia e o emprego empurrando-os para a emigração e a pobreza, lhes dificultar o acesso a bens e serviços tão essenciais como a alimentação, os cuidados de saúde, a energia, os transportes, os massacrar com impostos e contribuições, ao mesmo tempo que fomenta os lucros obscenos dos grupos financeiros, avaliza as remunerações milionárias de gestores e administradores, distribui mordomias e prebendas às suas clientelas, depois de tudo isto, os portugueses continuam a preferir os partidos da direita para governar. Como que a confirmar que somos, afinal, um povo com uma "morosa paciência de boi manso", um "povo de brandos costumes".


Acreditamos (acreditaremos sempre) que o socialismo e a democracia são o caminho para uma sociedade livre, justa e solidária. Mas isso só será possível, "o povo vencerá", se acreditar que "o povo unido jamais será vencido". Se assim não for, terá apenas o que merece!

quinta-feira, março 15, 2012

Coveiros

O comissário europeu Olli Rehn diz que "o Governo está a cumprir as reformas da Troika" (não é novidade, está até a ir mais longe, como sabemos). E afirma que "Portugal está no bom caminho".
Mas o Eurostat é como o algodão, não engana!…
Segundo o gabinete de estatísticas da UE, no último trimestre de 2011, Portugal foi o Estado-membro que registou a maior queda do PIB e aquele onde se verificou a segunda maior extinção de postos de trabalho, de nada valendo ser, a par da Irlanda, o país onde os custos da mão-de-obra (já de si baixos) mais baixaram. E a tudo isto junta-se uma taxa de inflação que, em Fevereiro, era já a terceira mais elevada da zona euro. Ou seja, estamos sempre nos lugares do pódio das desgraças!


Desgraças que, a continuarmos no "bom caminho", não ficarão certamente por aqui: o risco e os juros da dívida continuam a subir e não estamos livres de novo resgate ainda este ano!
Este governo é o coveiro de Portugal!

quarta-feira, março 14, 2012

Governo do capital

Se dúvidas ainda existissem sobre quem e que interesses defende o actual governo (se "governo" podemos chamar a uma trupe que outra coisa não tem feito senão destruir a economia nacional e submeter a maioria dos portugueses à mais desumana austeridade e pobreza), elas ficam agora definitivamente desfeitas.


Um "governo" que aceita a demissão (ou demite) um secretário de Estado que teve a "ousadia" de enfrentar os produtores de energia eléctrica e os seus interesses financeiros, e de querer moralizar os preços escandalosos por eles cobrados à famílias e às empresas, e pelo contrário nada fez em relação ao pagamento indevido de milhões de euros de compensações à Lusoponte (que já tinha cobrado portagens) e de dividendos a investidores estrangeiros, quando ainda nem sequer eram titulares das acções da REN e da EDP, um "governo" que, em vez disso, não defende o interesse nacional nem os cidadãos, não é o Governo de Portugal. É, isso sim, o governo do capital.

terça-feira, março 13, 2012

Delegação

Aí está, a Espanha vai beneficiar de um défice de 5,3 por cento, inferior aos 5,8 que o Governo espanhol pretendia, é verdade, mas bem mais confortável que os 4,4 por cento que o Eurogrupo estabeleceu para este ano e o denominado "Governo português" vai obedientemente, como sempre, cumprir.
É cedo para se saber se os nossos vizinhos vão conseguir articular a estabilização orçamental com a urgente necessidade de relançar o crescimento e o emprego. Mas pelo menos afirmaram a sua soberania. E vão tentar.


Nós, pelo contrário, pelo caminho da obediência cega e invertebrada aos ditames do fundamentalismo orçamental e da política de austeridade, já temos uma certeza: neste momento estamos em primeiro lugar no "clube da bancarrota". E com a mais que certa continuação da destruição da economia, da multiplicação do desemprego, do agravamento da pobreza, não faltará muito para lá cairmos.
Portugal não tem governo. Somos governados (leia-se 'massacrados') por uma "delegação da troika para Portugal". 

sábado, março 10, 2012

Novela

Na Assembleia da República, Bloco de Esquerda e PCP demonstraram, uma vez mais, de forma crua e contundente, que Portugal não tem um verdadeiro Governo, nem sequer um Primeiro-ministro que saiba e coordene o que a sua equipa anda a fazer: o país está a saque dos interesses instalados e os portugueses pagam, porventura com a vida, os desmandos desta política.
Os economistas Francisco Louçã e Mariana Mortágua publicaram o livro "A Dividadura — Portugal na Crise do Euro", no qual demonstram como em nome da crise e da austeridade "estamos a ser enganados e explorados pela ditadura da dívida".

foto WEHAVEKAOSINTHEGARDENBLOGSPOT.COM
Mas tudo isso foi ontem. E "ontem" é muito tempo, já não interessa à comunicação social (mesmo se interessa ao país que somos nós…).
Hoje a "notícia" é a novela de Aníbal Cavaco Silva, um ajuste de contas com o passado através do qual acusa Sócrates de "falta de lealdade institucional" mas esquece convenientemente que nada fez para contrariar as suas desastrosas políticas, as quais, de resto, têm sido continuadas e agravadas, no presente, por Passos Coelho e pelo governo da direita, sempre com a sua aquiescência.

O desemprego atinge já cerca de um milhão e duzentos mil portugueses, a economia continua em queda livre, a austeridade depena a esmagadora maioria das pessoas e pode até matar as mais desprotegidas, mas isso que interessa verdadeiramente a um Presidente (ressabiado) reeleito com os votos de pouco mais de 20 por cento dos eleitores??…

segunda-feira, março 05, 2012

Riscos

“Calendário eleitoral mundial é um risco para os mercados”???...


Não... Quem está em risco de sobrevivência, com a ganância e as malfeitorias dos "mercados", são as pessoas e a democracia!!!...


Anedota

De um programa cujo objectivo é a redução drástica e cega da despesa pública e do défice orçamental, através de uma política de austeridade assente na destruição da actividade económica, na pilhagem da esmagadora maioria da população e no brutal agravamento das suas condições de vida, nada de bom há a esperar, como se constata em todos os países onde a receita está a ser aplicada.
De um Governo que não se limitou a assinar e a executar um tal programa, mas insiste em ir mais longe e mais fundo do que as exigências nele contidas, não hesitando em empurrar os seus cidadãos para o desemprego, a emigração, a pobreza, a morte, só podemos esperar as piores malfeitorias e a destruição do que nos resta enquanto país soberano.


De um Ministério da Economia que não passa de "um guichet para registar as falências das empresas e o aumento do desemprego e das dificuldades" num país em que "economia não há", ministério cuja mais brilhante ideia para relançar o crescimento económico é a exportação do pastel de nata, pode dizer-se que é uma completa anedota que, dada a gravidade da situação, não é para rir.

sábado, março 03, 2012

Invertebrado

Passos Coelho, que, como bem sentimos na pele, insiste em ser mais troikista que a troika, em 2011, conseguiu a "proeza" de reduzir o défice orçamental para 4% do Produto Interno Bruto (PIB), quando a redução que nos foi exigida era de 5,9%. Para isso, não hesitou em destruir a economia, multiplicar o desemprego, agravar a pobreza, cortando salários e pensões, retirando subsídios, aumentando impostos, taxas e preços de bens e serviços fundamentais, numa palavra, saqueando a bolsa da esmagadora maioria dos portugueses. Com fidelidade canina e total subserviência à dona da "União" Europeia.
Mariano Rajoy, Primeiro-ministro de Espanha, que tem a maior taxa de desemprego da Europa, no mesmo dia em que, tal como o seu homólogo português, assinou o novo Tratado orçamental da UE que estabelece uma redução do défice para 4,4% do PIB, em 2012, anunciou que, no seu país, tendo em conta as dificuldades por que está a passar, a redução será mais suave e não ultrapassará os 5,8%.


Não sabemos se a soberania espanhola ganhará o braço-de-ferro com os "fundamentalistas orçamentais"; e sabemos, por outro lado, que Passos Coelho e Rajoy, no essencial, perfilham a mesma ideologia e aplicam a mesma receita política, com as quais não nos identificamos. Mas uma coisa fica clara: Rajoy existe, faz-se ouvir, tem coluna vertebral, enquanto Passos Coelho não passa de um invertebrado (para nossa desgraça!). 

quinta-feira, março 01, 2012

Cobaias

Quem tiver um pouco de memória, lembrar-se-á facilmente que, há alguns meses atrás e em particular durante a campanha para as últimas eleições legislativas, os partidos de esquerda (com excepção do PS, que frequentemente não se comporta como tal) denunciaram de forma clara e vigorosa o programa da troika, por assentar numa política de austeridade que tem como único objectivo a redução drástica do défice orçamental e da dívida pública, mas não cuida do necessário crescimento económico e, em vez disso, promove a recessão, avoluma o desemprego e agudiza perigosamente a crise social. Deixando de lado a importante questão da legitimidade da dívida, uma coisa é certa, sem crescimento económico é impossível pagar seja o que for. E já na altura a falência do primeiro resgate grego o demonstrava.


Agora, nove meses depois, parece que os irresponsáveis líderes europeus começam finalmente a perceber a impossibilidade da sua política de desastre evidente. Espero que não seja tarde demais!
Cambada de filhos da puta! Escusavam de nos usar como simples cobaias!…

Encenação

O poder sabe bem que a união faz a força e, por esse facto, uma das suas tácticas favoritas sempre foi dividir para reinar. Isto explica por que, no distante ano de 1978, PS, PSD e CDS (por coincidência os partidos que têm partilhado a governança e subscrevem hoje o programa de liquidação nacional imposto pela troika) apadrinharam a fundação da União Geral de "Trabalhadores". Como aconteceu com os sindicatos corporativos, durante o salazarismo, dá imenso jeito a quem governa contra o povo ter uma "central sindical" sempre disponível para assinar acordos de concertação social (leia-se de agressão social) que só trazem mais despedimentos, desemprego, recessão e pobreza; para elogiar um presidente da República que nada faz para travar esta política de malfeitorias; para declarar até que a troika tem compreensão perante os efeitos da austeridade!!!…


Agora, depois de nada ter feito para se lhe opor, a UG"T" receia uma grave crise social. Aparentemente, é  contraditório, mas faz parte, afinal, da encenação e da mentira a que sempre nos habituou.