quinta-feira, dezembro 27, 2012

O fascismo com pezinhos de lã

"Na realidade o muito que se fez pôs talvez mais em evidência o que não foi possível fazer, se realizou imperfeitamente ou se deixou perder depois de praticamente realizado. E na nossa mente deve ter-se sempre a necessidade de fomentar constantemente e por todos os meios o aumento do nível de vida geral do povo português, de resolver, em todos os escalões, o problema ainda premente da habitação e de levar a educação e a instrução a todos os lares portugueses. Continua a haver, infelizmente, muita gente que vive mal e com dificuldades imensas: façamos tudo, mas tudo, para que a sua vida não continue a ser apenas um martírio. Com este apelo, que vem do mais intimo da minha alma , chego ao fim desta mensagem. Mas não quero terminá-la sem que antes exprima, mais uma vez, toda a minha fé e toda a minha esperança nos destinos de Portugal." (Américo Tomás, último Presidente da República da ditadura, 1 de Janeiro de 1966)

 

"Este não foi o Natal que merecíamos. Muitas famílias não tiveram na Consoada os pratos [a] que se habituaram. Muitos não conseguiram ter a família toda à mesma mesa. E muitos não puderam dar aos filhos um simples presente. Já aqui estivemos antes. Já nos sentámos em mesas em que a comida esticava para chegar a todos, já demos aos nossos filhos presentes menores porque não tínhamos como dar outros. Mas a verdade é que para muitos, este foi apenas mais um dia num ano cheio de sacrifícios, e penso muitas vezes neles e no que estão a sofrer.
A eles, e a todos vós, no fim deste ano tão difícil em que tanto já nos foi pedido, peço apenas que procurem a força para, quando olharem os vossos filhos e netos, o façam não com pesar mas com o orgulho de quem sabe que os sacrifícios que fazemos hoje, as difíceis decisões que estamos a tomar, fazemo-lo para que os nossos filhos tenham no futuro um Natal melhor." (Pedro Passos Coelho, actual Primeiro-ministro, 26 de Dezembro de 2012)

Passados 46 anos, 38 dos quais em regime supostamente democrático, e descontada a diferença de idade e de cargo dos protagonistas, o que existe de verdadeiramente diferente nestas duas mensagens?
NADA!
Ambas são perfeitos exercícios de reles propaganda política, cinismo e hipocrisia.
Ambas exalam o mofo pestilento do salazarismo.

"O fascismo é uma minhoca
Que se infiltra na maçã
Ou vem com botas cardadas
Ou com pezinhos de lã"

Não há dúvida. Paulatinamente, ele está aí outra vez… Não tarda nada!

O Dia das Mentiras

Este ano, o Dia de Natal foi o Dia das Mentiras, tal a incomensurável distância entre o discurso televisivo de Passos Coelho e a realidade a que a sua política conduziu este desgraçado país.
O homem — se assim lhe podemos chamar — que fala de "um futuro próspero", de "vitória sobre a crise", de "uma sociedade mais justa", e de outras miragens, por incrível que pareça, é o mesmo Primeiro-ministro que, como nenhum outro, tem empobrecido e humilhado os portugueses, destruído a economia nacional, endividado Portugal e vendido o que dele resta, e se prepara para aprofundar esta catástrofe em 2013. 


Excerto da tanga de Passos Coelho (clicar)




É um charlatão, um impostor, um mentiroso sem escrúpulos que devia ter vergonha de conspurcar "a Bandeira Nacional, símbolo da soberania da República, da independência, unidade e integridade de Portugal", usando o seu pin na lapela.

sexta-feira, dezembro 14, 2012

Palavras!


Na sua "Mensagem de Boas Festas", Cavaco Silva tem o desplante de nos dizer que "não podemos perder a esperança", que, "Se caminharmos unidos, ultrapassaremos as dificuldades" e "de mãos dadas, conquistaremos um futuro melhor".

Palavras de circunstância, ocas, ofensivas até, vindas de quem tem sido conivente com um governo e uma política que nos têm infernizado a vida, que nos têm conduzido para um caminho sem saída, liquidando sonhos e expectativas de um futuro digno.


Mensagem que termina com a ironia de nos desejar "um ano de 2013 tão bom quanto possível", quando o seu autor bem sabe que isso será completamente impossível e, de resto, nada fará para o contrariar, a começar por ir promulgar sem pestanejar o OE2013, o maior roubo de que há memória, e assobiar para o lado aos 4 mil milhões de cortes previstos nas prestações sociais e nas despesas com a educação e a saúde.

Diz Cavaco (e nós concordamos) que "O povo português tem dado belos exemplos de solidariedade". 
Lamentavelmente também tem dado péssimos exemplos de consciência cívica e política. Nomeadamente quando reelegeu este Presidente com os votos de apenas 23 por cento de eleitores. E, não contente com isso, deu a maioria a partidos que iriam governar com o programa da troika e matá-lo com uma austeridade cega e estúpida. Caso para dizer que "Quem 'boa' cama faz nela se deita"…

sexta-feira, novembro 16, 2012

Cuidado, este governo mata a democracia!

Estivemos a ver o "Opinião Pública", na SIC Notícias, sobre a "Violência na Manifestação" e, resumidamente, algumas perguntas muito claras se nos impõe fazer e forçosas conclusões retirar.
Assim, dado que o arremesso de pedras e as provocações à "polícia de choque" (eufemisticamente designada por corpo de intervenção) partiram de uma vintena de arruaceiros que se encontravam mesmo nas barbas dos agentes e bem destacados da grande massa de cidadãos que legal, pacífica e legitimamente manifestavam a sua indignação contra o governo, pergunta-se:
1. Por que não foram esses indivíduos imediatamente presos pela Polícia (dita) de Segurança Pública, que, como as fotos (foto 1, foto 2, foto 3, foto 4) documentam, até tinha agentes à paisana infiltrados na manifestação (afinal, com que intenção? prender os provocadores ou colaborar na provocação???)?
2. Por que só passadas duas longas horas o corpo de intervenção se decidiu a intervir, quando se aproximava a hora dos jornais televisivos e da grande "informação", transformando aquele facto na notícia do dia?
3. Por que é que o corpo de intervenção, que supostamente existe para defender o Estado de Direito democrático e as liberdades, direitos e garantias, carregou de forma brutal e indiscriminada (foto 1, foto 2, foto 3) sobre tudo o que mexia e o que não mexia, num perímetro muito para além do largo da Assembleia, incluindo as avenidas e ruas adjacentes, em vez de o fazer apenas no raio de 20/30 metros onde se encontravam os elementos desordeiros?
4. Afinal, a quem interessou esta brutal e mediática carga policial (a maior desde 1990, precisamente quando Cavaco era Primeiro-ministro) que outra coisa não foi senão uma grosseira violação de direitos humanos (cuja explicação a própria Amnistia Internacional já pediu ao governo)?


Tudo isto leva-nos a concluir que esta intervenção policial, tardia, indiscriminada, selvática, não aconteceu por acaso. Fez parte de uma táctica com objectivos que surgem agora com toda a nitidez. A saber:
1. Criar um facto/notícia que desvalorizasse e subalternizasse aquela que deveria ter sido, naturalmente, pela sua dimensão, a notícia do dia: uma das maiores greves gerais desde o 25 de Abril. E a que, por isso, não foi dado o relevo mais que devido.
2. Semear o medo nos cidadãos, em especial naqueles que agora estão a acordar para a participação cívica e para a luta pelos seus direitos, tentando desesperadamente fazê-los regressar ao "bom caminho" do "come e cala".

Esta intervenção e este comportamento da Polícia interessam pois ao Governo. E são da sua inteira e exclusiva responsabilidade.
De um governo que tudo faz para destruir a economia e a vida dos seus cidadãos.
De um governo que tudo faz para destruir o Estado Social e abandonar a esmagadora maioria das pessoas à sua sorte.
De um governo que tudo faz para "sequestrar, condicionar, amputar" o Estado de Direito democrático.

Cuidado, este governo mata a democracia!

sexta-feira, novembro 02, 2012

PORTUGAL, COLÓNIA DO FMI


Quando nas eleições legislativas de 5 de junho de 2011, cerca de 42 por cento dos eleitores se abstiveram e a esmagadora maioria dos restantes 58 por cento deram o seu voto aos partidos que assinaram o memorando da Troika, era sabido que tínhamos o destino traçado: passaríamos a ser um protectorado do FMI & Cia. e a ser “governados” (roubados, humilhados, aniquilados, entenda-se) segundo os seus ditames.
Porém, pouco mais de um ano passado, a realidade revela-se bem mais trágica. Portugal perdeu completamente a sua soberania e não passa agora de uma colónia “governada” por meros gestores de negócios da Troika e do capitalismo mundial.

Isso explica que a chamada “reforma do estado” — que outra coisa não é senão a destruição do que resta do Estado Social e visa, no imediato, cortar 4 mil milhões de euros nas despesas com a Saúde, a Educação e a Segurança Social (cortes que, não tenhamos ilusões, serão para continuar) — seja imposta e executada pelo próprio FMI!…
Portugal está a ser destruído à velocidade da luz. Com a conivência, o silêncio ou a impotência dos seus órgãos de “soberania”, soberania que alienaram ou são incapazes de exercer.
Só o povo, por mais desmoralizado ou distraído que ainda esteja, pode por fim a esta catástrofe. E estamos certos que o fará, quando não conseguir suportar mais austeridade, dor e humilhação.
“Quando o povo acorda é sempre cedo.”

quarta-feira, outubro 24, 2012

Agarrem-me que vou vomitar!

Em Portugal, o subsídio de desemprego é dos mais baixos da Europa, constituindo um grave problema para centenas de milhares de pessoas, grande parte das quais obrigada a sobreviver abaixo do limiar da pobreza.


Mas não para este governo, que há dias, numa jogada de propaganda, admitiu vir a pedir uma autorização legislativa para taxar as transacções financeiras — no dia de S. Nunca, é claro! —, mas agora manifesta a intenção de cortar 10 por cento nas magras prestações que os desempregados recebem. É esta a noção de equidade de uma corja de malfeitores cuja imaginação não tem limites quando se trata de desgraçar a vida não apenas de quem trabalha mas até quem nem sequer essa possibilidade tem. Agarrem-me que vou vomitar!

terça-feira, outubro 23, 2012

O regresso ao salazarismo


Não deixa de ser curioso e paradoxal que o FMI, apesar de ser habitualmente o elemento da Troika mais odiado pelos manifestantes, ao contrário do silêncio da Comissão Europeia e do BCE, dominados pela Alemanha, seja a única organização a reconhecer a dificuldade de aplicação dos "programas de ajustamento", tendo mesmo a sua presidente Christine Lagarde afirmado que é preciso pôr um travão na austeridade.
Cavaco Silva, em quem ninguém tem posto a vista em cima, por ter-se esquecido que ainda é o Presidente da República, ou por medo de enfrentar a contestação popular, lembrou-se  que tem uma conta no Facebook e, aproveitando as palavras de Lagarde, foi lá deixar um recadinho, afirmando "esperar que a orientação do FMI chegue aos ouvidos dos políticos europeus dos chamados países credores e de outras organizações internacionais".


Concluindo, quando tanto precisamos de um Presidente da República que utilizasse todos os poderes que a Constituição lhe confere para confrontar o "governo" com a realidade e responsabilizá-lo pela tragédia que está a incubar, parece que voltámos aos tempos do salazarismo: o Ministro das Finanças (foi por aí que Salazar começou antes de ser Presidente do Conselho) manda e o Presidente da República corta fitas ou (com medo) nem isso.

quinta-feira, outubro 18, 2012

A Lusofonia é uma festa da diversidade cultural

O último dia do III Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, em Natal, foi um forrobodó literário, uma verdadeira festa da diversidade cultural e literária da língua de Camões, com os países da lusofonia unidos numa mesma dança a dar ancas às consoantes e devolver seios às vogais (para usar uma expressão de Mia Couto). 


Curiosamente, muito se falou sobre Literatura Oral e Tradicional, de línguas e dialectos que não conhecem expressão escrita, da pluralidade do português e ninguém se lembrou do Acordo Ortográfico. Ainda bem. A Lusofonia e a Língua Portuguesa dispensam-no perfeitamente.

quarta-feira, outubro 17, 2012

Azar e sorte


É um enorme azar, mas percebe-se, que António Borges, um facínora ultra-liberal, seja consultor  da "corja de salteadores" (ministro extra-numerário, como lhe chamou Louçã) e lidere o processo de liquidação do que resta dos recursos nacionais.
Mas é uma enorme sorte, em tempos de tristeza e depressão, termos um palhaço que não se enxerga ao espelho quando acusa os outros de ignorantes e, sempre que fala, só debita asneiras e piadas (ainda que de mau gosto).


É que é mesmo um enorme azar termos um ministro das finanças que tudo tem feito, de forma consciente e ideológica — não, o homem não é louco! — para destruir o país, a economia e a vida da esmagadora maioria dos portugueses, com doses massivas de austeridade e orçamentos impossíveis de executar, porque não passam de gigantescos assaltos à mão armada a quem já pouco mais tem que se lhe roube!
Mas, apesar de tudo, é uma enorme sorte para todos nós que a obsessão do homem consiga pôr todo o país contra ele e leve ao desmoronamento da coligação governamental, à queda do governo e ao chumbo do "arrastão fiscal" para 2013. Já falta pouco…

PS — Coincidência (ou talvez não): António Borges é o único a vir a público defender Vítor Gaspar; e Alexandre Soares dos Santos, dono do Pingo Doce e o homem mais rico de Portugal, o único a defender o seu "inteligente" administrador!

terça-feira, outubro 16, 2012

Bem-vindos ao neo-fascismo!…

Trabalhadores e pensionistas vão pagar 70 por cento do défice. Carga fiscal vai atingir 36,8 por cento do PIB e será a mais elevada dos últimos 35 anos. 80 por cento da chamada consolidação orçamental (que no fim não acontecerá) vai ser feita do lado da receita. O Governo abre a corrida às reformas até ao final do ano. Protestos em São Bento acabam com carga policial em frente à residência do primeiro-ministro.



O que é que tudo isto tem a ver com a democracia?… Rigorosamente nada!…
Sejam bem-vindos ao neo-fascismo!…




segunda-feira, outubro 15, 2012

A arte de furtar

OE2013: menos 2,7 mil ME na despesa, mais 4 mil ME na receita: Maioria da consolidação é conseguida do lado da receita, ao contrário do que a troika queria.


Sentimos demais na pele, na carne, e até na alma, os efeitos da maldita e inútil austeridade. O caminho não pode ser este!
Mas não deixa de ser "curioso" que a troika defenda que a "consolidação" orçamental se faça sobretudo pelo redução da despesa pública, em particular as gorduras e mama do Estado, e os "salteadores", pelo contrário, prefiram ir sempre e mais à carteira do povo.
O Orçamento é uma obra de arte: a arte de furtar!…

quinta-feira, outubro 11, 2012

Marx estava certo

A agressão dirigida a pessoas no poder pode aumentar, tal como os suicídios, revela a psiquiatria.
O segundo aspecto cremos que é uma dramática consequência da competição, da pressão e do stress a que a vida moderna e o sistema em que a mesma se insere submetem os indivíduos.
Já o primeiro não é senão fruto do sentimento de revolta que se apodera da maioria da sociedade, quando finalmente descobre que o poder estabelecido defende os interesses de uma minoria, em vez de prosseguir o bem comum, como propagandeia.


Ou seja, a luta de classes está viva. Porque este sistema iníquo e imoral enriquece cada vez mais uma minoria de exploradores à custa do empobrecimento cada vez maior e mais generalizado da população. Porque a maioria da sociedade já não acredita (ou tem imensas dificuldades de acreditar) num sistema em que "a liberdade de eleição permite apenas escolher o molho com que seremos devorados."  Porque a minoria que detém o poder e os privilégios nunca deles abdicará, voluntária e pacificamente, em prol duma sociedade mais justa e igualitária. Há 150 anos, Marx estava certo.

segunda-feira, outubro 01, 2012

O ministro extraordinário


Quando um irresponsável é encarregado pelo governo, no âmbito do Memorando da Troika, de vender a pataco o que resta do sector empresarial do Estado, de fazer de conta que anda a renegociar as parcerias público-privado deixando o sorvedouro continuar, de estruturar a Banca (que continua a fechar a torneira do crédito às (pequenas e médias) empresas… Quando tem a obsessão de cortar nos salários (que são já dos mais baixos da União Europeia) para aumentar a competitividade das empresas, estando provado que esse está longe de ser o factor mais importante para o conseguir, além de agravar a recessão da economia pela diminuição do poder de compra das famílias e a destruição do mercado interno… Quando consegue a crítica (quase) unânime da esquerda à direita, dos sindicatos às confederações patronais, da esmagadora maioria dos economistas… 
E, no entanto, do alto da sua presunção, acha que todos os outros não passam de uma cambada de ignorantes, poderíamos pensar que a luminária não é senão uma anedota. 


Acontece porém que a coisa é muito mais grave. O energúmeno, milionariamente pago pelos contribuintes, é conselheiro de Passos Coelho. Uma espécie de ministro extraordinário cuja doutrina económica ultra-liberal pode conduzir este país a um abismo sem retorno.

sexta-feira, setembro 28, 2012

Enquanto é tempo. Enquanto há força.


Os dois objectivos da política da Troika e do "governo" que a executa zelosamente são a redução do défice orçamental e a redução da dívida pública. A todo o custo. 
Mesmo que para isso tenham de empurrar a economia para a recessão, levando milhares de empresas à falência e agravando imparavelmente o desemprego (que ultrapassa já 1 milhão e 300 mil desempregados). 
Mesmo que para isso tenham de cortar salários e pensões, roubar subsídios, e cortar mais e sempre nas despesas em áreas fundamentais como a saúde, a educação e a segurança social. 
Mesmo que para isso aumentem dramaticamente as contribuições e impostos e não percebam que, desse modo, liquidando a economia e a vida das pessoas, acabam por conseguir menos receitas fiscais.



É este o "bom caminho" de que o "governo" fala: o caminho do empobrecimento generalizado dos portugueses, o caminho da destruição do país, o caminho para o inferno. 
De uma vez por todas: se queremos inverter este caminho e evitar a tragédia,  temos de pôr fim a esta política e correr com os seus executores. Enquanto é tempo. Enquanto há força

quinta-feira, setembro 06, 2012

República de bananas

Portugal já chegou ao limite da carga fiscal. Isso explica que, apesar do aumento de todos os impostos, com uma economia mergulhada na recessão e uma população cada vez mais empobrecida e desempregada, a receita esteja em queda em vez de aumentar.
Pois apesar da dramática evidência de que esta política só nos pode arrastar para um abismo sem fundo, o Primeiro-ministro, eleito com os votos de pouco mais de um quinto dos eleitores, acha que ainda não fodeu completamente o país e a vida dos portugueses e prepara-se para massacra-los novamente com mais uma subida de impostos.


Muito pior que o pior dos ladrões e dos criminosos, Passos Coelho é um completo e perigoso irresponsável. Só o seu afastamento e o fim da sua política liquidatária e suicidária poderiam devolver a esperança ao nosso país. Mas para isso seria preciso que esta república de bananas governada por sacanas tivesse um Presidente. Ou um Povo.

terça-feira, setembro 04, 2012

O flagelo

Mais de 4 mil e trezentas empresas abriram falência desde o início do ano. Quase tantas como no total de 2011. Uma das razões apontadas para o aumento do número de falências é a falta de financiamento da banca que foi recapitalizada directamente com 12 dos 78 mil milhões do empréstimo do resgate e ainda pode refinanciar-se com avales do Estado (ou seja, à nossa custa) até 35 mil milhões!
A destruição do Serviço Nacional de Saúde prossegue, imparável: em 2013, mais um corte de 200 milhões de euros! E a Segurança Social e a Educação também terão menos dinheiro, pois então!
Na Educação, além disso, já este ano passará a haver muito menos professores e, claro, pior escola. Largos milhares de docentes contratados, muitos dos quais com muitos anos de experiência profissional, não obtiveram colocação e, em vez de se apresentarem nas escolas, como seria normal num país decente, apresentaram-se nos centros de emprego, engrossando dramáticamente a lista de desempregados do país.
Enfim, a economia continua a afundar, a esmagadora maioria dos portugueses a empobrecer, e apesar (ou antes, por causa) da austeridade, a dívida aumenta e o défice regista um buraco de mais de 5 mil milhões de euros.


É este o resultado da receita da troika! Que o governo PSD/ CDS não apenas se limitou a cumprir mas a levar ainda mais longe, à espera de compreensão e benevolência, se as coisas não corressem bem.
Mas, com esta política, é óbvio que as coisas só podiam correr mal. E a troika não assume responsabilidades nem revela qualquer flexibilidade. O que significa que podemos levar mais uma dose de austeridade que, desta vez, poderá ser letal.
Sejamos claros, com este governo e com esta política não irá haver qualquer recuperação. Nem em 2013, nem nunca. Eles, mais que os incêndios, são o verdadeiro flagelo do país que urge combater. Em nome da nossa sobrevivência.

domingo, setembro 02, 2012

A corrupção vai acabar!

Em 2005, Portugal estava no 26.º lugar da classificação do Índice de Percepção da Corrupção (IPC), o que já não era propriamente brilhante. Em 2011, afundava para o 32.º lugar, ao lado de países exemplares como o Botswana e Taiwan, o que deixa perceber que a corrupção ter-se-á agravado.
Apesar desta evidência, a Procuradora-geral Adjunta, Cândida Almeida, na Universidade de Verão do PSD, “disse olhos nos olhos que o nosso país não é corrupto, os nossos políticos não são corruptos, os nossos dirigentes não são corruptos”, tendo sido vibrantemente aplaudida pelos presentes no que foi, seguramente, música para os ouvidos de alguns figurões da nossa praça.


Deve ser por isso que, ao fim de tantos anos de supostas investigações e processos (Freeport, Operação Furacão, Caso BCP, Caso BPN, Face Oculta, só para citar os mais mediáticos), ainda ninguém foi posto atrás das grades!…
Uma coisa é certa, se a senhora for nomeada Procuradora-Geral da República, então sim, a corrupção acabará definitivamente neste país, mesmo que Portugal caia para o 50.º lugar do IPC e fique ao lado do Rwanda!…  

terça-feira, agosto 28, 2012

Devíamos fazer alguma coisa

Os homens do fraque estão novamente por cá para avaliarem a linda merda que a receita da troika causou: a continuada recessão da economia, a falência generalizada de empresas, a incessante subida do desemprego, o empobrecimento da população e, apesar de e por causa de todo este sacrifício, o agravamento da dívida externa e um défice orçamental bem acima do limite que impôs, os quais era suposto serem reduzidos! Como se isso fosse possível com esta política (ou antes, este saque escandaloso!).



Ora, para avaliar este crime estamos cá nós, que há mais de um ano, à conta dele, andamos a ser sangrados como se porcos fôssemos!…Estamos pra ver qual será a cosmética que vão utilizar para darem a ideia que solucionam o problema — alargar o prazo de cumprimento do acordo? aceitar que o défice fique acima do que foi exigido? aumentar o montante do resgate? ou ainda mais austeridade? — porque verdadeira solução, que passaria pela restruturação da dívida (que não fizemos e foi agravada pelos mercados e pelos especuladores) e pelo investimento produtivo e a dinamização da economia, com esta súcia, bem podemos esperar sentados. Ou, pensando melhor, devíamos fazer alguma coisa. Mas alguma coisa mesmo. 

domingo, agosto 19, 2012

Português suave

Comparando os resultados da mais recente sondagem (ver imagem abaixo) com os resultados das últimas eleições de há pouco mais de um ano, verifica-se que:

(clicar na imagem para ver em modo ampliado)
Estudo de opinião efectuado por Eurosondagem, S.A. para o Expresso e a SIC
  1. O PSD, apesar das malfeitorias e humilhação a que o seu "governo" tem submetido a maioria da população, mesmo tendo descido cerca de 4,5 pontos, continua à frente!!!
  2. O PS, apesar de, de PEC em PEC, ter conduzido o país à beira do precipício, começa (mais uma vez!) a recuperar a "confiança" (chamemos-lhe ILUSÃO) do eleitorado, subindo cerca de 5 pontos!!!
  3. O CDS consegue fazer crer que não tem nada a ver com o governo de destruição nacional da direita e mantém-se no terceiro lugar!!!
  4. A Esquerda (PCP e BE), por mais que denuncie, clame, lute, estrebuche, não consegue mobilizar a população e o país, e sobe… quase nada!!!
  5. Paulo Portas, depois da colossal vigarice dos submarinos e de ter feito (ou mandado fazer) desaparecer a documentação da negociata, consegue ser o político com mais popularidade!!!
  6. Uma palavra para Francisco Louçã que, apesar de tudo, ainda consegue o 3.º lugar, mas decidiu abandonar a liderança do BE e sair de cena  (para ser franco, seria exactamente o que eu faria! como eu compreendo a sua provável frustração!…).

Podemos queixar-nos da incompetência, da falta de ética, da injustiça, da iniquidade, da corrupção instaladas na governança? Podemos. Podemos queixar-nos que a maioria dos políticos não são melhores? Podemos.

Mas este povo (falo da maioria) deseducado, sem memória, sem consciência cívica e política, este "povo de brandos costumes" com "paciência de boi manso", autêntico "Português Suave", não está isento de culpas. Pelo contrário! É conivente, por acção ou omissão, com os bandalhos que estão a destruir o nosso país e a nossa vida!…

sexta-feira, agosto 17, 2012

Continua a 'coboiada'!

Não sei se ainda compensa ir fazer compras a Espanha mas não acho que seja essa a questão que se deve colocar. O que sei é que, embora o governo espanhol vá subir o IVA — para 21%, enquanto nós já pagamos 23%! — não vai agravar o preço dos combustíveis com mais impostos, ao contrário do que se passa por cá, como bem sabemos.
Por seu lado, na Itália, Mário Monti pondera reduzir impostos antes do final do mandato.
 

Por cá, continuam as "boas notícias"… 
Ao mesmo tempo que vai reduzir a factura fiscal da banca por lhe ter concedido apoio financeiro (pasmem-se!!!), o governo (neste caso, uma força de expressão para uma corja de malfeitores!) está a preparar-se para nos ir ao bolso uma vez mais, em 2013, através de uma sobretaxa que incidirá no 13.º mês. 
Enfim, continua esta coboiada em que é tudo dos xerifes!

quinta-feira, agosto 02, 2012

Zeca Afonso vive!


José Afonso faria hoje 83 anos se fosse vivo. Mas no dia 23 de Fevereiro de 1987, a morte saiu à rua e levou-o do nosso convívio. Prematuramente, mesmo que aquele infausto acontecimento, ao fim de alguns anos de terrível doença, fosse esperado.

Mas não é a morte do Zeca e a profunda tristeza que nos causou que hoje lembraremos. Hoje será sempre o dia de celebrar o nascimento do maior cantor popular português, do amigo maior que o pensamento

Que continua connosco, na nossa memória, através das suas palavras, das suas canções, do seu exemplo de cidadão. A lembrar-nos que o que faz falta é avisar a malta, porque o pão que muitos comem ainda sabe a merda, porque continua a haver infância que nunca teve infância, porque ainda há homens que dormem na valeta. A avisar-nos que os vampiros continuam a chupar o sangue fresco da manada, numa terra sem lei em que quem trepa no coqueiro é o rei, na Europa do "estou-me nas tintas" e do "chacun por si, chacun por soi"

Zeca Afonso vive, portanto. Mas, apesar de Abril, quase tudo está por fazer. Por isso ele continua a lembrar-nos que a terra da fraternidadecidade sem muros nem ameias com gente igual por dentro e gente igual por fora, é possível. Basta continuarmos a ser filhos da madrugada e partirmos à procura da manhã clara, basta sermos os cantores do sol de Verão, bastar mudarmos de rumo. Porque o povo é quem mais ordena, se assim o quisermos.

quarta-feira, julho 25, 2012

Pode ser tarde!

É absolutamente compreensível a nossa revolta contra os filhos-da-puta que estão a dar cabo do nosso quotidiano. E devemos cada vez mais dar-lhe largas. À nossa revolta, obviamente.
Mas sejamos claros, o "nosso" problema é global. Não é apenas a sobrevivência de Portugal que está em causa, é a sobrevivência do sistema capitalista! Não é por acaso que a bancarrota da Grécia e o afundamento da Espanha e da Itália já estão a contagiar a Alemanha, a Holanda e o Luxemburgo!… E a reflectir-se em Wall Street!…
Podiam ter criado "eurobonds" e titularizado as dívidas soberanas dos países com mais dificuldades. Podiam ter acabado, ACABADO, com o mercado secundário de capitais, que não é mais do que o casino que alimenta a especulação financeira e o enriquecimento de 1% à custa dos outros 99%. Podiam ter acabado com as agências de "rating", que mais não fazem do que estar ao serviço dos especuladores e não da economia real. Podiam ter acabado com os paraísos fiscais e a evasão fiscal. Durante três anos, TRÊS ANOS, podiam ter acabado com tudo isto. Mas nada fizeram. Preferiram brincar com o fogo. Agora pode ser tarde.


sexta-feira, julho 13, 2012

Portugal fede

Relvas é definitivamente o exemplo acabado do político maquiavélico para o qual os fins justificam os meios. Foi assim com o "caso das secretas", assim é com o caso da sua "licenciatura" na forma tentada. Não hesita, por isso, em afirmar que está de consciência completamente tranquila, mesmo se consciência e ética é precisamente o que ele não tem!
Até os seus correligionários se sentem incomodados com o seu comportamento, afirmando que está a prejudicar a imagem do "governo" ou que "devia demitir-se para poupar o primeiro-ministro". Como se fosse esse o cerne da questão?!… E a verdade é que não é. Por isso é que Passos Coelho, que tem destruido o país com a sua política, já veio renovar publicamente a sua confiança no "Dr." Miguel Relvas.



Não há dúvida, com esta governança, este país é cada vez mais uma latrina fedorenta. A sua limpeza é por demais urgente, mas duvido que os portugueses estejam com energia e vontade bastantes para a necessária barrela!

quarta-feira, julho 11, 2012

Madrid

Apesar das experiências ditas socialistas terem sido condenadas pela História, por razões que não vêm ao caso, o Socialismo continua a ser, tem de ser, o futuro da Humanidade.
A selvajaria capitalista apenas garante exploração, empobrecimento, humilhação, morte, até, à esmagadora maioria dos seres humanos. E uma falsa democracia "sequestrada, condicionada, amputada" pelo poder financeiro, na qual apenas temos a "liberdade de escolher o molho com que nos querem devorar".
Por isso, o capitalismo não é, não pode ser, o futuro da Humanidade e a sua derrota é um imperativo para a sobrevivência da espécie humana. EIe está num bêco sem saída, desesperado, gravemente ferido. Talvez por isso a besta capitalista nunca tenha sido tão perigosa e a sua queda, mais do que votos, exija ainda muito sangue, suor e lágrimas. Como está a acontecer em Madrid.

Intransigência

Há pouco, no telejornal, foi dito, literalmente, que os médicos mantiveram a sua intransigência ao decidirem ir para a greve.
Sucede que os médicos estão em greve durante dois dias, com o apoio das suas organizações sindicais e da sua Ordem, não por questões salariais ou outras, de natureza pessoal, mas sim pela defesa do Serviço Nacional de Saúde, pela qualidade dos serviços hospitalares, pela nossa saúde.
Esta greve é fruto de intransigência, sim, dos "porcos" que estão a destruir o que resta deste país: a economia, a saúde, a escola, enfim, o direito a uma vida condigna de todos os portugueses.

Estado de catástrofe

Hoje à tarde, na AR, discute-se o Estado da Nação. De verdadeira catástrofe: economia em recessão, empresas falidas, famílias empobrecidas, mais de um milhão de desempregados, país mais endividado, buraco orçamental de dois mil milhões de euros; enqunto continua o regabofe das rendas das parcerias público-privadas, dos subsídios das fundações, das reformas douradas e salários milionários.
Se não acordarmos, se não resistirmos (seguindo o exemplo dos nossos irmãos e vizinhos), vem aí mais austeridade. Depois da função pública, o ajuste de contas será com os trabalhadores do sector privado e os utentes da educação e da saúde.
Podem ter a certeza.

sexta-feira, julho 06, 2012

O crime vai continuar

A política de austeridade tem-se revelado absolutamente prejudicial. Devastadora para as famílias, os trabalhadores, os reformados, ruinosa para as empresas e a economia, desastrosa para o país.
Como se tudo isto não fosse já suficientemente grave, a política de austeridade tem-se mostrado ainda completamente inútil pois tem agravado a dívida externa e o défice público em vez de contribuir para a sua redução.
E finalmente, 
política de austeridade é, em muitos aspectos, inconstitucional, como o próprio Tribunal Constitucional reconhece ao vetar o corte dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos, por violação do princípio da igualdade.


Trata-se, portanto, de uma política dolosa, ilegal, criminosa. Mas os delegados da troika revelam-se dispostos a continuá-la, alargando os cortes ao sector privado.

sábado, junho 30, 2012

Cegos, surdos e mudos

Ontem à noite, em Coimbra, milhares de pessoas fizeram fila contínua, durante mais de meia hora, para entrarem no recinto da Praça da Canção, onde assistiram ao espectáculo SOMOS NÓS OS TEUS CANTORES, homenagem a Adriano Correia de Oliveira e José Afonso com a participação de Sérgio Godinho, Vitorino, Janita, Brigada Victor Jara, Jorge Cruz, Manuel Freire, Raíses de Coimbra, Segue-me à Capela, Paulo Vaz de Carvalho e Mariana Alves da Costa.

No final, Luís Lobo, da organização, diria que "foi fantástico" e "talvez, sem errar, a maior homenagem que se fez a Zeca e a Adriano e logo na cidade que cantaram."
Apesar disso, como se não tratasse de homenagear os dois nomes cimeiros da música popular portuguesa, como se na homenagem não tivessem participado alguns dos mais destacados cantores e músicos portugueses no activo, como se o público não tivesse comparecido em massa no acontecimento, a comunicação social ficou cega, surda e muda: a televisão não viu, a rádio não ouviu e a imprensa nada disse. Assim se maltrata a cultura popular da nossa terra!

terça-feira, junho 19, 2012

Piadas, em bicos de pés

A actual crise do sistema capitalista começou, em 2008, nos EUA, mas rapidamente se desviou para a Europa, num ataque sem precedentes ao Euro por parte dos mercados, que é como quem diz, da acção concertada dos especuladores financeiros e das suas fiéis agências de rating.
Perante este furacão, em quatro anos, o que fizeram a União Europeia e os seus órgãos dirigentes? Rigorosamente nada. Ou pior, abdicaram das suas competências e responsabilidades, entregando a liderança ao eixo alemão-francês, e puseram-se a jeito dos grandes interesses financeiros adoptando uma política de austeridade cega, recessiva e anti-democrática (nalguns casos levou até à substituição de governos eleitos, por gestores nomeados por Bruxelas!).


Agora, quando finalmente até o G 20 (grupo das 20 maiores economias mundiais, de que também fazem parte a UE e, a título individual, Alemanha, França, Itália e Reino Unido) vem alertar para o fracasso da política de austeridade (seguramente com a preocupação que o afundamento da Europa se propague ao resto do mundo) e os países do euro se "dizem" determinados a defender a moeda única — ainda que, mais uma vez, tudo não passe de palavras e intenções daquelas que o inferno está cheio! — Durão Barroso apenas tem para dizer que a Europa recusa receber lições de democracia ou economia
É normal, para nossa desgraça! De um palhaço e anão (sem a mínima ofensa para os ditos!) só podemos esperar piadas (mesmo de mau gosto), em bicos de pés!

segunda-feira, junho 18, 2012

A utopia é amanhã!

Se eu pudesse riscava a palavra utopia dos dicionários. Mas claro não posso, não devo e nem o faria. Eu penso que nós, e há que reconhecer que os jovens são muito sensíveis à idéia da utopia. Mas como toda a gente sabe, digamos, a utopia é alguma coisa que não se sabe onde está. O próprio termo está a dizê- lo: U e topos. Portanto, algo que não se sabe onde está. Que se supõe que existe mas não se sabe onde está. Repara: há uma contradição interna no conceito de utopia, sobretudo no uso que se faz dele como algo que, de repente, toda a gente diz ou diz-se muitas vezes, todos nós precisamos de uma utopia. Eu acho que não precisamos de uma utopia. Então, quando digo que riscaria a palavra utopia e [....] se eu tivesse que substituí-la, então, enfim, substitui-la-ía por uma palavra que já existe: esta palavra é simplesmente amanhã. É para amanhã o trabalho que hoje se faz. Portanto, coloquemos aquilo que é utopia, aquilo que é o conceito, não o coloquemos em lugar nenhum. Coloquemos no amanhã e no aqui. Porque o amanhã é a única utopia [...]. fragmento de entrevista de José Saramago ao programa de rádio Mundo do Fórum, em 2005


José Saramago faleceu fez hoje dois anos. Mas, quem assim fala não morre! As suas ideias, as suas convicções, a sua luz, continuam connosco. 

domingo, junho 17, 2012

Contra a austeridade, a Esquerda perdeu mas não verga

Afinal a Direita pró-troika venceu na Grécia. Mas a vitória foi por pequena margem e não é clara ainda a composição do governo presidido pela Nova Democracia. Com este resultado, uma aliança dos partidos que apoiam a troika, a Nova Democracia e o Pasok, permite a formação de um governo maioritário – devido ao bónus de 50 deputados que a ND conquista por ficar em primeiro lugar. O Pasok, porém, já veio dizer que só aceita ir para o governo se a Syriza também for, o que já foi descartado pela coligação da Esquerda.


Alexis Tsipras, líder da coligação, reconheceu a derrota eleitoral mas insistiu que a única maneira de sair da crise é reverter as medidas de austeridade e garantiu que a Syriza se oporá a uma aliança dos poderes do passado, dentro e fora do país.
“Centenas de milhares de pessoas hoje quebraram o medo. A Syriza enviou ao mundo uma forte mensagem contra a política do memorando. A Syriza garante uma forte oposição contra um governo fraco. Não trairemos a confiança do povo grego.”, declarou.

sábado, junho 16, 2012

Finalmente!

O futuro da zona euro joga-se na Grécia.


Finalmente, os chantagistas do Eurogrupo e do FMI perceberam que estamos todos no mesmo barco e que mantê-lo à superfície (e a navegar) depende, em grande medida, da decisão soberana do povo grego.

sexta-feira, junho 15, 2012

Quem censura (e quem está com) o "governo"?

Cerca de um milhão e duzentos mil desempregados, a queda imparável da economia e a destruição do tecido empresarial, mais de dois milhões de portugueses a (sobre)viverem abaixo do limiar da pobreza e a maioria a desenrascar-se como pode com salários e pensões de miséria e o agravamento brutal dos custos da saúde e da educação e dos preços dos bens de primeira necessidade, dos transportes, da energia, a que se acrescenta uma pesada carga fiscal, são motivos de sobra para censurar fortemente a "governação" responsável por esta tragédia económica e social que empobrece os portugueses e destrói o país.


Por isso, o PCP vai apresentar uma moção de censura contra o Executivo. E o Bloco de Esquerda, naturalmente, vai apoiar favoravelmente a iniciativa. Porque ambos rejeitam frontalmente a continuação da crise social.
O P"SD" e o P"P", que apoiam a política de destruição nacional, são contra a censura ao seu "governo". Compreende-se.
Já o P"S", afirma que não quer uma "crise política", preferindo, portanto, que a crise económica e social continue. Mesmo que se auto-proclame socialista, a sua atitude, por muito que possa doer ao povo de Esquerda, não admira vinda de quem subscreveu e aceitou o Memorando da Troika e a sua política de agressão.

terça-feira, junho 12, 2012

Falta de respeito



Não tenho qualquer respeito por quem não nos respeita e menos ainda por quem nos destrói às suas ordens!


O Governo ameaça a Educação

O diploma — Despacho Normativo 13-A/2012 —, publicado a 05 de junho, aliado à criação dos mega-agrupamentos, à revisão curricular, ao aumento de alunos por turma, ao encerramento dos Centros de Novas Oportunidades e a um conjunto de outras medidas vai ser demolidor.
De acordo com os cálculos e simulações já feitas por alguns directores de escolas, no próximo ano letivo seriam extintos cerca de 15 por cento dos horários docentes, mas com a aplicação deste despacho a percentagem daquela extinção ultrapassará os 20 por cento, garante a Fenprof.


Mas os sindicatos, tantas vezes injustamente acusados de nada fazerem, não desarmam e vão tentar travar nos tribunais o despacho de organização do ano escolar, interpondo uma providência cautelar contra a violação da lei pelo Governo. 

domingo, junho 10, 2012

Teimosia irresponsável e criminosa

Logo no início da crise, quando se verificou que a dívida externa irlandesa atingia a cifra incomportável de 30 por cento do PIB, em grande parte devido à exposição da banca ao investimento em produtos tóxicos, a Irlanda solicitou e recebeu apoio financeiro do BCE.
A Grécia, como todos sabemos, já aplicou o primeiro plano de resgate, que não resultou — como não resultará nenhum plano que não tenha por objectivo o fomento do investimento produtivo, o aumento do emprego e o crescimento económico — e luta desesperadamente, apesar das ignóbeis chantagens da União Europeia e do FMI, pela continuação no Euro e por um novo auxílio que privilegie o desenvolvimento e a solidariedade social, única forma de os gregos honrarem os seus compromissos.
Agora é a Espanha que, a braços com a maior taxa de desemprego da UE e o sistema bancário fortemente descapitalizado, solicita ajuda financeira.
Em Portugal, com mais de um milhão de pessoas no desemprego (que não pára de aumentar devido à queda vertical do investimento e à falência ininterrupta de empresas), um trambolhão do crescimento económico de cerca de 3 por cento do PIB, 2 milhões de portugueses a passarem fome e a viverem abaixo do limiar da pobreza, e a maioria a sobreviver como pode, com salários e pensões de miséria (ou congelados) e gastos com a alimentação, a energia, os transportes, a saúde e a educação cada vez mais insuportáveis, o Primeiro-ministro garante que não vai pedir renegociação das condições do empréstimo e que não há razão para pedir novas condições para Portugal.


Sejamos claros:
Num país em que a esmagadora maioria da sua população está a ser vítima de tamanha austeridade, de tanta malfeitoria — ao ponto de, provavelmente, haver quem já tenha pago com a vida por tal desumanidade! — a teimosia de Passos Coelho é  absolutamente irresponsável e criminosa. Num país decente ele não seria apenas julgado políticamente! Num país decente não se livraria de prestar contas à Justiça! 

quarta-feira, junho 06, 2012

Homens e homenzinhos

D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas, manifestou-se “profundamente chocado” com Passos Coelho, num discurso do Primeiro-ministro que faz lembrar “a União Nacional de má memória” e toma os portugueses como “um povo dócil e bem amestrado”, confessando ter ficado tentado a chamar o povo para a rua.


Destas importantes e desassombradas declarações ressaltam duas conclusões:

Apesar do histórico conservadorismo, alinhamento com o poder estabelecido e colaboração na perpetuação da ordem social, por parte da Igreja, sempre existiram e ainda existem na hierarquia eclesiástica homens capazes de denunciar frontal e publicamente a exploração, a injustiça e a desumanidade, o ataque à liberdade e à dignidade social. Desde João XXIII a Herder Câmara e Oscar Romero, de António Ferreira Gomes e Manuel Martins a Januário Torgal Ferreira!

Já Passos Coelho não passa de um homenzinho, um execrável neo-salazarista com (mais do que) o rabo escondido! No fundo, está "apenas" a pôr em prática os ensinamentos do seu mestre, que um dia afirmou que "somos um povo de brandos costumes" e que "aqui, para governar, um safanão a tempo é quanto basta".

sábado, junho 02, 2012

A tábua de salvação

A luminária Bernard Kouchner, ex-ministro francês, defendeu hoje que a saída da Grécia da Zona Euro poderá ser a única forma de salvar a Europa.
Errado!
A única tábua de salvação para a Europa, em geral, e para os países submetidos à ditadura da Troika, em particular, é a a continuação da Grécia na Eurozona, com a vitória eleitoral da coligação Cyriza e um governo de esquerda que rasgue o acordo de resgate imposto pelos agiotas e exija da União Europeia uma política solidária que promova o crescimento e o emprego.


Que o exemplo da declaração de independência dos gregos alastre e acorde os restantes povos da Europa! Enquanto há força!… 

O regresso à escravatura

filhos-da-p*ta, ditos economistas (cujos nomes me abstenho de pronunciar para não sujar a boca), que têm a distinta lata de defender que a crise e a competitividade da economia portuguesa só podem ser resolvidas com a redução dos salários dos trabalhadores portugueses, que já são dos mais baixos da Europa!


Por mais que lhes mostrem (vd. Teodora Cardoso) que o problema reside na estrutura de produção e na baixa qualificação (e não no corte dos salários, já de si miseráveis, o que nos levaria para o "terceiro" ou "quarto mundo"), o que aqueles c*brões estão a sugerir é o regresso à escravatura e a uma esmola que se limite a assegurar ao trabalhador/ escravo o mínimo de subsistência.
A Troika, de que eles não passam de meros propagandistas, só pode achar bem! Claro!…