segunda-feira, março 31, 2008

O Estatuto do Bom Selvagem

O ESTATUTO [do Aluno] cria um regime disciplinar em tudo semelhante ao que vigora, por exemplo, para a Administração Pública ou para as relações entre Administração e cidadãos. Pior ainda, é criado um regime disciplinar e sancionatório decalcado sobre os sistemas e os processos judiciais. Os autores deste estatuto revelam uma total e absoluta ignorância do que se passa nas escolas, do que são as escolas. Oscilando entre a burocracia, a teoria integradora das ciências de educação, a ideia de que existe uma democracia na sala de aula e a convicção de que a disciplina é um mal, os legisladores do ministério da educação (deste ministério e dos anteriores) produziram uma monstruosidade: senil na concepção burocrática, administrativa e judicial; adolescente na ideologia; infantil na ambição. O estatuto não é a causa dos males educativos, até porque nem sequer está em vigor na maior parte das escolas. Também não é por causa do estatuto que há, ou não há, pancadaria nas escolas. O estatuto é a consequência de uma longa caminhada e será, de futuro, o responsável imediato pela impossibilidade de administrar a disciplina nas escolas. O estatuto não retira a autoridade na escola (aos professores, aos directores, aos conselhos escolares). Não! Apenas confirma o facto de já não a terem e de assim perderem as veleidades de voltar a ter. O processo educativo, essencialmente humano e pessoal, é transformado num processo “científico”, “técnico”, desumanizado, burocrático e administrativo que dissolve a autoridade e esbate as responsabilidades. Se for lido com atenção, este estatuto revela que a sua principal inspiração é a desconfiança dos professores. Quem fez este estatuto tinha uma única ideia na cabeça: é preciso defender os alunos dos professores que os podem agredir e oprimir. Mesmo que nada resolva, a sua revogação é um gesto de saúde mental pública.

sexta-feira, março 28, 2008

25 de Abril, sempre!

Tenho esta viola numa mão
Tenho a minha vida noutra mão
Tenho um grande amor
Marcado pela dor
E sempre que Abril aqui passar
Dou-lhe este farnel para o ajudar


"Vozes de Abril", assim se chama espectáculo organizado pela Associação 25 de Abril, que se realizará no dia 4 de Abril, em Lisboa, no Coliseu dos Recreios.
Será gravado pela RTP e transmitido no dia 25 de Abril.

25 de Abril, sempre!

Defender o ambiente da Educação!

Há dias, António Barreto afirmou, na SIC Notícias, que aquele ministério da 5 de Outubro é a fonte de todos os males da Educação e devia ser isolado por um cordão sanitário.
Agora, as escolas do ensino secundário foram convidadas a participar num concurso que visa imaginar e lançar campanhas de sensibilização ambiental que convençam a comunidade escolar, devendo aquelas ter efeitos práticos visíveis, e ser capazes de surpreender os outros e de os convencer a alterar o seu comportamento no dia-a-dia.
Ora aí está uma excelente oportunidade para concretizar a ideia de António Barreto.
Os efeitos práticos seriam seguramente visíveis no ambiente da Educação e das escolas, e no comportamento de todos quantos nelas trabalham.

A culpa morre solteira

Não foi essa a educação que lhe demos. Quem nos conhece sabe que a Patrícia teve e tem aquela que nós achamos ser a melhor educação.
Mãe da aluna da Escola Secundária Carolina Michaelis

Caso para perguntar: se não foram os pais da aluna que lhe deram aquela educação, quem foi então? A Escola? A Sociedade?
Muito interessante este alijar de responsabilidades de quem deveria ser o primeiro a assumi-las.
E no entanto, acham sempre que deram a melhor educação. Os resultados, infelizmente, estão à vista!…

"Quo vadis" Escola Pública?

Portugal é um dos países da OCDE com maior défice em matéria de Educação. A alfabetização de adultos está ainda longe dos valores de referência. A população activa regista um dos piores níveis de escolaridade. O abandono escolar e a iliteracia são preocupantes.
A democratização da Escola, se é certo que garantiu o acesso generalizado da população ao ensino a que muito justamente tem direito, não lhe assegurou, por outro lado, os níveis de formação e educação característicos de qualquer sociedade desenvolvida.
Este falhanço ficou, em grande parte, a dever-se a uma Educação centrada no conceito de aprendizagem como actividade essencialmente lúdica, sempre impregnada de indulgentes teses psico-pedagógicas, levando os alunos a crer que os objectivos poderiam ser alcançados sem exigência e esforço. A verdade é que, apesar deste governo continuar a apostar no facilitismo e no sucesso escolar a qualquer preço, por este caminho, talvez subamos um pouco o nosso lugar nas estatísticas, mas não elevaremos o nível da nossa formação e educação.
Se a tudo isto juntarmos a crise de autoridade — não confundir com autoritarismo… — instalada em muitas das nossas escolas, a que não é alheia uma política que não concede verdadeira autonomia nem meios aos órgãos de gestão, desacredita e menoriza os professores e, para cúmulo, é tolerante e permissiva com os maus comportamentos dos alunos, estão criadas as condições para se chegar onde se chegou: uma escola que não existe (passe o exagero da afirmação de Fátima Bonifácio, ontem à noite, no debate da SIC Notícias)!
E, na verdade, uma Escola que castiga de tal forma que mais parece estar a premiar, uma Escola que não é capaz de se solidarizar com um seu elemento vítima de agressão… não existe!
Resta ao ofendido esperar que a Justiça do Estado de Direito funcione!…

quinta-feira, março 27, 2008

A origem da violência

A crise económica, social e moral que grassa no nosso país é o caldo de cultura favorece o recrudescimento da violência nas escolas e na sociedade.
Quanto mais nos afundarmos na Europa dos pobres e da injustiça social, mais o problema se agravará.
Em todo o caso, enquanto essa situação não for invertida, tem de se começar por algum lado.
Concordamos, portanto, com a decisão do Procurador-geral da República de investigar a violência nas escolas. Julgamos, porém, que deveria começar pelo ministério da 5 de Outubro. É lá que grande parte da violência tem origem. Pelo menos, contra os professores.

Por qué no te callas?

Santana Lopes quer falar menos em público mas não vai consegui-lo. Está-lhe nos genes. Precisa do microfone e dos holofotes como do ar para respirar. E a comunicação social faz-lhe o jeito. Será que isto é uma notícia?

quarta-feira, março 26, 2008

A "generosidade" de Sócrates

A obsessiva redução do défice orçamental foi conseguida à custa das mesmas receitas de sempre — corte nas despesas públicas com a educação, a saúde, a segurança social, congelamento de salários e despedimentos na função pública, agravamento da carga fiscal — que, não só não relançaram a economia, como acabaram por originar uma das maiores crises sociais dos últimos trinta anos, com cerca de dois milhões de portugueses a (sobre)viver abaixo do limiar da pobreza, ao mesmo tempo que uma minoria enriquece escandalosamente como jamais se viu.
Deste modo, o primeiro-ministro, dando largas à sua "generosidade", começa por baixar a taxa do IVA de 21 para 20 por cento. E explica que é uma medida prudente e responsável […] face à incerteza que ainda se vive na economia internacional. Porém, como haverá eleições em 2009, acena já com mais uma "estrondosa" redução de 1% para essa altura, se a economia portuguesa evoluir favoravelmente. E podem crer que isso acontecerá. Pelo menos no discurso de Sócrates. É que, como dizia o Botas, na política, o que parece é!

Nota final

E, já agora, ainda estamos para ver se esta descida do IVA, que há muito devia ter acontecido, se traduzirá numa baixa dos preços para o consumidor ou num aumento dos lucros das empresas?!… Fiscalização é preciso!…

Tão simples quanto isto!

Não é com medidas pontuais, reactivas e eleitoralistas, de quem o que tem feito é atirar gasolina para a fogueira com a completa desvalorização do papel do professor e o facilitismo e a indulgência com que tem brindado os alunos e os seus encarregados de educação, que o problema da indisciplina e da violência será erradicado das escolas.
É antes com medidas generalizadas e coerentes entre si. A saber…
  • reforço da autoridade dos docentes
  • co-responsabilização das famílias relativamente à convivência e sucesso escolares dos alunos
  • redução do número de alunos por turma e do número de turmas distribuídas a cada docente
  • criação de equipas multidisciplinares de mediação de conflitos
  • integração da temática da gestão de conflitos na formação inicial e contínua dos professores
Isto sim, seria governar. Mas exige algum investimento. E o objectivo deste governo não é esse. Antes, descredibilizar a Escola Pública para abrir caminho aos negócios privados da Educação que aí vêm! O último grande negócio que lhes faltava!

Ministério da "Educação", a raiz da indisciplina

A indisciplina e a violência nas escolas, fenómeno que tem vindo a aumentar nos últimos anos, não será exclusivamente imputável ao actual Ministério da "Educação" mas, por mais que o secretário de Estado, Valter Lemos, afirme a pés juntos que este é o Governo que mais medidas tomou relativamente ao combate a estes problemas, é hoje por demais evidente que a sua política de desautorização dos professores e desculpabilização do mau comportamento dos alunos só podia ter como consequência o agravamento e a generalização da situação.

Bem pode Valter Lemos querer tapar o sol com a peneira, tentando convencer-nos de que os incidentes de violência ocorrem apenas em 7% dos estabelecimentos de ensino quando, segundo o Observatório de Segurança Escolar, a cada dia que passa, registam-se em média duas agressões a professores nas escolas portuguesas. Infelizmente, o caso da Secundária de Carolina Michaellis, do Porto, é apenas a ponta de um gigantesco icebergue. Basta percorremos o You Tube para vermos a quantidade de histórias abjectas que por lá pululam!
O melhor serviço que esta equipa do M"E" podia prestar ao país seria autocriticar-se, pedir desculpa dos prejuízos que já causou (e foram muitos) e ir embora. Mas não o fará. O interesse nacional exigia-o, mas o calendário eleitoral não o permite. A campanha, de resto, já começou! É o que se pode concluir da apresentação de uma medida mirabolante, apenas destinada às escolas que tiverem um grande problema de indisciplina generalizada. De acordo com o aforismo que reza depois de casa roubada trancas na porta. À prevenção, Valter Lemos diz nada. As escolas e os professores que se aguentem à bronca! Como é costume…

Pergunta simples

Algum professor será afastado das suas funções ou será alvo de um processo disciplinar pelo facto de a escola ter decidido suspender ou adiar a aplicação do modelo de avaliação?

Esta é a pergunta que Ana Drago, do Bloco de esquerda, dirigiu por escrito à Ministra da Educação, na sequência da decisão de dezenas de escolas e agrupamentos de escolas de suspenderem ou adiarem a avaliação durante o actual ano lectivo.
Pergunta que faz tanto mais sentido quanto o secretário de Estado, Jorge Pedreira, se ter referido a soluções flexíveis na avaliação e Lurdes Rodrigues estar constantemente a encher a boca com a autonomia das escolas.

terça-feira, março 25, 2008

Lurdes Rodrigues contra todos

O que eles dizem sobre a indisciplina e a violência nas escolas:

Lurdes Rodrigues, actual (ainda?) Ministra da Educação
É um oportunismo político estarem a misturar o Estatuto do Aluno, que é um quadro de regras que permite às escolas prevenir e agir, com este caso de indisciplina.

Couto dos Santos, Ministro da Educação (1992-1993)
Lamento que os professores tenham vindo a perder autoridade. O que tem muito a ver com o comportamento dos pais dos alunos, que acham que os filhos têm sempre razão.

Roberto Carneiro, Ministro da Educação (1985-1991)
Os miúdos chegam às escolas sem socialização. A escola não pode fazer o que os pais não fazem em casa. Têm que haver regras e elas têm que ser respeitadas pelos alunos.

Deus Pinheiro, Ministro da Educação (1985-1986)
Hoje em dia, os meninos vivem numa redoma. Tolera-se-lhes tudo. Os meninos têm que aprender a respeitar a escola em todos os sentidos. O mal é o facilitismo que está instalado.

Veiga Simão, Ministro da Educação (1970-1974)
Nos anos 70 os casos de indisciplina eram resolvidos nas escolas. Os professores eram muito respeitados. Eram uma autoridade por si próprios. Há uma crise de autoridade na sociedade.

Conclusões

Com excepção de MLR, todos são de opinião que a sociedade em geral e a família em particular falham redondamente na educação das crianças e dos adolescentes.
A ministra, como sempre, branqueia o falhanço dos pais e, cinicamente, atira com as responsabilidades para cima das escolas, depois da desautorização dos professores que obsessivamente tem levado a cabo e da permissividade do estatuto que aprovou para os alunos.
Esta senhora pode ser Ministra-do-Que-Quiser mas não é, seguramente, Ministra da Educação. Por este caminho, oxalá não venhamos ainda a designá-la de Ministra da Delinquência Juvenil! Com a obstinação e o autismo de que tem dado mostras, infelizmente, já faltou mais…

É urgente apagar o incêndio!

O Procurador-Geral da República está contra a violência e o “sentimento de impunidade” nas escolas e pede autoridade para os professores.
É, sem dúvida, a sua obrigação, mas merece o nosso aplauso. Sobretudo quando o actual Governo, que devia estar na primeira linha desse combate, é o principal responsável pelo agravamento da situação, através da aprovação de um Estatuto do Aluno indulgente e desculpabilizador e da sistemática desautorização e humilhação da classe docente.

Esta não é certamente a solução de fundo para o problema, mas tem de se apagar o incêndio, que lavra de forma mais generalizada do que alguns pensam. Depois, bem, depois são precisas novas políticas económicas, sociais e culturais, que rompam definitivamente o ciclo vicioso em que estamos mergulhados há cerca de trinta anos, para o qual temos contribuído com as nossas escolhas eleitorais.
A democracia portuguesa precisa urgentemente de uma limpeza mas temos de ser nós a levá-la a cabo. Ninguém o fará por nós!

Copianço e "economicismo"

Maria de Lurdes Rodrigues não se esforçou muito para chegar ao seu famigerado modelo de avaliação de docentes. Segundo parece, limitou-se a fazer copy & paste do modelo chileno, o qual, ao contrário do seu, pelo menos fue construido tomando la opinión de los docentes del país.
Mas, copiar por copiar, porque não copiou MLR o modelo finlandês? A Finlândia não tem o melhor sistema educativo da Europa e um dos melhores do mundo?…
Pois é… o problema é que na Finlândia não existe avaliação de docentes (pelo menos nos moldes da que a ministra quer impor, a todo e qualquer custo).
Sejamos claros: alguém que não seja completamente ingénuo (ou intelectualmente desonesto) acredita que a avaliação de Lurdes Rodrigues visa mesmo aperfeiçoar a formação e o desempenho dos professores portugueses e, desse modo, melhorar a qualidade do ensino e os níveis de escolarização do nosso país??? Pois é cada vez mais óbvio que não. O que lhe importa verdadeiramente é dificultar o mais possível a progressão dos docentes na carreira, atirar para a reforma antecipada aqueles que auferem salários mais elevados e ficar apenas com mão-de-obra barata e dócil. Deste modo, esta pseudo-avaliação de docentes atingirá o seu verdadeiro propósito (já expressamente admitido pelo secretário de Estado Jorge Pedreira): reduzir as despesas públicas com a Educação. Maquiavélico, não acham?!…
A qualificação do ensino pode esperar!…

segunda-feira, março 24, 2008

Resistir à ilegalidade com a Lei

Desta interessante análise, é forçoso duvidar se algum avaliador pode legalmente participar no processo de avaliação dos colegas que com ele concorrem para as menções de muito bom e excelente.
Assim, tendo por base o Código de Procedimento Administrativo, uns outros podem legalmente travar o processo:
  • os avaliados, através de um requerimento de oposição de suspeição relativamente aos seus avaliadores (minuta 1)
  • os avaliadores, através de um requerimento de dispensa de intervenção na avaliação dos professores do seu departamento curricular (minuta 2)


Minuta 1
Read this doc on Scribd: requerimento-oposicao-de-suspeicao


Minuta 2
Read this doc on Scribd: incidente-de-impedimento-do-avaliador


Resistir é preciso!

Uma questão de segurança nacional

"[…] Maria de Lurdes Rodrigues não pode ficar à espera de receber outra vez o apoio do primeiro-ministro. Depois disto, é seu dever sair do cargo. E não é, como diz constantemente, a mais fácil das soluções. É a medida necessária para que haja soluções. A saída da ministra é, viu-se agora, uma questão de segurança nacional. É a mensagem necessária para a comunidade escolar, alunos e professores, entenderem que o relaxe, a desordem e o experimentalismo desenfreado chegaram ao fim. Que não há protecção política que os salve já da incompetência do Ministério, da DREN e de tudo o mais que nestes três anos nos trouxe à vergonhosa situação que o vídeo do YouTube mostrou ao país e ao Mundo. Uma questão mais, os sindicatos viram as imagens de um crime a ser cometido em público contra uma professora. Façam o que devem. Façam as devidas queixas-crime contra a aluna agressora e contra quem filmou e usou abusiva e ilegalmente da imagem da professora a ser martirizada. O crime foi visto por todos. O Ministério Público tem competência para mover o adequado processo contra esses alunos. Cumpram o vosso dever sem tibiezas palavrosas. Já não se pode perder mais tempo com disparates."



"Simplex": "branco" mais "branco", não há!

Um dos mistérios da actual política educativa é a imposição de rígidos critérios de avaliação aos professores em vez do que convencionou chamar-se de “progressão automática” na carreira e, no que respeita aos alunos, a opção pelo facilitismo e por uma espécie de “progressão automática” de ano com recurso a sucessivas “provas de recuperação”. As próprias classificações dos alunos contarão para a avaliação dos professores, o que significa que dar boas notas será meio caminho andado para um professor poder subir na carreira. Assim, não só no Estatuto da Carreira Docente a palavra “ensinar” desapareceu das atribuições dos professores, como estes estão hoje sujeitos a todas as formas de pressão (até física; ainda recentemente uma professora do Carolina Michaelis foi agredida por uma aluna a quem deu uma nota baixa), da parte de alunos, de pais e do próprio Ministério para serem permissivos. Desde que se matricule, um aluno tem a passagem de ano assegurada. Nem precisa de ir às aulas, basta-lhe fazer umas “provas de recuperação”. E, se nem isso resultar, obterá depois o diploma do 12º ano em 15 dias nas “Novas oportunidades” da sua junta de freguesia. Não seria mais “simplex” o diploma do 12.º ano ser de distribuição geral como o Bilhete de Identidade?

Cá como no Terceiro Mundo. Ou pior…

O Ministério da Educação adoptou um sistema que permite ao aluno terminar os estudos aprendendo quase nada.
Muitos pais não se conformam e estão fazendo o possível para que os filhos sejam reprovados.

Não fosse a segunda frase e pensaríamos que isto se refere ao nosso país, onde o facilitismo e a falta de exigência têm caracterizado o ensino, orientando-o, não para uma sólida aquisição de conhecimentos e competências, mas antes, para o sucesso meramente estatístico, a ignorância e a iliteracia.
Afinal trata-se do Brasil (como o vídeo seguinte mostra) e a única diferença é que os pais de lá, ao contrário dos congéneres de cá, não aceitam que os seus filhos sejam aprovados sem aprenderem, porque entendem (e bem) que progredir dessa forma de pouco ou nada lhes servirá no futuro.
Conclusão: graças à política educativa de Sócrates e Lurdes Rodrigues, somos cada vez mais um país do Terceiro Mundo!…


domingo, março 23, 2008

Discurso excelente

Discurso excelente. Ainda que nem sempre condizente com a prática.
De registar, apenas, a omissão relativamente à desautorização que os professores têm sofrido por parte do legislador, a gasolina que tem ateado a fogueira da violência na escola. Mas isso talvez fosse pedir demais a quem tem lugar privilegiado à mangedora do orçamento.

sábado, março 22, 2008

Governo e pais, do lado errado da (falta de) Educação!

A Ministra da "Educação" (que, finalmente, resolveu falar…) e os pais (representados pela FECAP, Federação Concelhia das Associações de Pais de Porto) estão em perfeita sintonia em matéria de assunção das responsabilidades pela vergonha sucedida na escola secundária de Carolina Michaellis, ou seja, sacodem-nas.
Maria de Lurdes Rodrigues acusa a oposição de oportunismo político e repete uma vez mais, talvez para se convencer a si mesma, que o seu Estatuto do Aluno não desautorizou os professores nem tem nada a ver com o aumento da violência escolar. Acha até que isso é (mais) um problema para as escolas e os professores resolverem.
Os pais/ FECAP, por seu lado, seguindo o exemplo da ministra, lamentam o aproveitamento político da agressão por parte dos sindicatos e criticam a linha SOS Professor, criada para atender professores vítimas de agressão de alunos e pais/ encarregados de "educação" (têm de comer e calar, pelos vistos). Sobre a responsabilidade e o dever que por inteiro lhes cabem na educação dos filhos, que são seus, nada dizem, desculpando-se com "a complexidade dos problemas sociais em que vivemos" que, segundo parece, só os afligem a eles.
Moral da história:
Parece que a Escola e os professores, além de terem de transmitir conhecimentos e competências aos seus alunos, ainda têm de arcar com uma tarefa que compete, em primeiro lugar e no essencial, à família: a educação das crianças e dos jovens. Ainda por cima, as mais das vezes, enfrentando a incompreensão e a má educação de quem verdadeiramente tem essa responsabilidade, os pais. E, pior ainda, sem o necessário apoio do Estado. Não é justo. Assim, não vamos lá!…

Sociedade da miséria

A sociedade da miséria — económica, cultural, moral — é ela própria uma miséria de sociedade. Nela, tudo se vende, tudo se consome. Até a falta de educação.

Ditadores

Sócrates — de Maria de Lurdes Rodrigues já nem vale a pena falar! — mantem rigoroso silêncio sobre a vergonha que aconteceu na Escola Secundária de Carolina Michaellis que, como já todos sabemos, está longe de ser um caso raro no país.
Mas isso não é de admirar de quem, perante um protesto de professores como nunca antes se vira, disse rigorosamente nada e fez absolutamente coisa nenhuma.
Salazar era ditador e prepotente mas ainda se dava ao trabalho de explicar o que fazia.
Sócrates nem isso. O autismo como forma de governar…

Coimbra é uma lição…

Os telejornais das 13 horas noticiaram que todas as escolas e agrupamentos de Coimbra decidiram suspender a avaliação de desempenho. As razões apresentadas já eram conhecidas: falta de tempo, complexidade exagerada dos instrumentos de registo e de medida, providências cautelares que suspendem os procedimentos e impossibilidade de realizar uma avaliação justa a três meses do final do ano lectivo.

É o corolário do silêncio e da intransigência do Ministério da Educação perante o pedido de suspensão do processo de avaliação que anteriormente tinham feito.
Coimbra tem mais encanto, na hora de dizer… BASTA!
Coimbra é uma lição… Saibamos aprendê-la!

Hino à (des)educação

Humor negro. Seria pra rir se não fosse… pra chorar!

sexta-feira, março 21, 2008

A herança de Sócrates

Numa tentativa clara de desvalorização do lamentável acontecimento ocorrido na Escola Secundária de Carolina Michaelis, no Porto, que foi amplamente noticiado pelas televisões e pelos jornais mas está longe de ser um caso isolado — basta pesquisarmos no You Tube e contaremos por dezenas os vídeos sobre casos de indisciplina e violência nas salas de aula e noutros espaços das nossas escolas — o senhor Primeiro-Ministro e a Ministra da Tutela remetem-se ao silêncio e resguardam-se atrás do secretário de Estado da Educação.
E o que faz Valter Lemos? Tenta sacudir a água do capote afirmando, sem qualquer pudor, a maior das mentiras: que "o Governo, ao fazer aprovar o novo Estatuto do Aluno, deu às escolas um instrumento para reforçar a autoridade dos professores" e combater os casos de violência escolar! "Esquece" o senhor secretário de Estado que todos sabemos (ele também) que o que o Ministério da Educação fez foi desautorizar e humilhar a classe docente, que se vê, cada vez mais, impotente e desprotegida para conter o mau comportamento dos alunos e, o que é mais grave, para defender a sua integridade física e moral das agressões não apenas de alunos mas, pior ainda, de pessoas que, de pais e encarregados de educação, apenas têm o nome.
Bem pode o Governo tentar, irresponsavelmente, varrer o lixo para baixo do tapete que não vai consegui-lo. É lixo a mais!
O que é já claro é que esta política educativa, assente numa sanha reformista que privilegia o número em vez da pessoa, a estatística em vez da realidade, o produto em vez do processo, não vai dar certo. Pelo contrário, causará danos de tal monta e de tal forma irreversíveis na actual geração jovem que os alicerces da nossa futura sociedade ficarão irremediavelmente minados.
Esta é uma das mais graves heranças que Sócrates nos vai legar. Maldito seja, por isso!

E para quando a avaliação dos papás?

O Carolina Michaëlis, que já teve o belo nome de liceu, não serve os miúdos do bairro do Aleixo, no Porto. Não, aquele vídeo não mostra gente com desculpas fáceis, vindas do piorio. Pela localização daquela escola, quem para lá vai vive às voltas da Boavista e os pais têm jantes de liga leve sem precisar de as gamar. Os pais da miúda histérica que agride a professora de francês estarão nessa média. Os pais do miúdo besta que filma a cena, também. Tudo isso nos remete para a questão tão badalada das avaliações. Claro que não me permito avaliar a citada professora. A essa senhora só posso agradecer a coragem. E pedir-lhe perdão por a mandar para os cornos desses pequenos cobardolas sem lhe dar as condições de preencher a sua nobre profissão. Já avaliar os referidos pais, posso: pelo visto, e apesar das jantes de liga leve, valem pouco. O vídeo mostrou-o. É que se ele foi filmado numa sala de aula, o que mostrou foi a sala de jantar daqueles miúdos.

Outros tempos, outra Educação

Creados mestres idóneos, é indispensável também retribuil-os suficientemente para que possam e queiram desempenhar-se do seu officio. Ordena-o a justiça; o interesse o aconselha.
Ao mestre pago do thesouro commum para educar, crear e instruir os filhos da nação, em que já palpita a nação futura, deve-se dar, além de um salário que o resgate de mendigo, a consideração que a importância da sua obra está pedindo; outhorgando-se-lhe um encurtamente razoável no seu trabalho quotidiano, que até hoje tem sido de escravo, e affiançando-se-lhe o jus á jubilação para antes da ultima decrepidez. (António Feliciano de Castilho em 1857, “Reforma do Ensino Público em Portugal” in Revista da Instrucção Publica para Portugal e Brazil, nº 1, p. 7.)

A primeira fase do saber é amar os nossos professores. (Erasmo de Roterdão, 1466-1536)

Política educativa e violência nas escolas

Maria Beatriz Pereira, investigadora, docente da Universidade do Minho e presidente da Comissão Directiva e Cientifica de Doutoramento em Estudos da Crianças, chegou às seguintes conclusões, acerca da violência nas escolas:
  • Os professores são as novas vítimas do bullying.
  • Há casos em que os professores esperam ansiosamente que o ano escolar termine.
  • Os professores têm dificuldade em controlar os alunos, não conseguem incentivá-los e ficam cada vez mais desmotivados.
  • Quanto maior é o insucesso escolar maior é a incidência de bullying.
  • [Os alunos] ofendem os professores, chamam-lhes nomes e ameaçam-nos, não com agressões físicas, mas com avisos de que, por exemplo, lhes vão destruir o carro.
  • Nos casos que acompanha, os professores são constantemente denegridos, rebaixados e humilhados pelos alunos.
  • [Os professores] apresentam queixa contra os estudantes no conselho executivo, as crianças podem ou não ser suspensas, os pais são chamados à escola e pouco mais.
  • De todas as formas de bullying, as que mais parecem deixar marcas nos professores são o rebaixamento junto de colegas e alunos e as observações maldosas sobre o aspecto físico ou a forma de vestir.
  • Quanto maior é o insucesso, maior é a agressividade e a necessidade de maltratar os outros.
  • A única solução para reduzir os efeitos das agressões físicas e verbais é a criação, por parte das escolas, de regras rígidas e de punições para quem não as cumprir.
Aqui está o triste resultado da política de desautorização e humilhação dos professores e de desresponsabilização e desculpabilização dos alunos, de Maria de Lurdes Rodrigues!
Aqui estão as dramáticas consequências da política educativa do governo de Sócrates, assente no facilitismo da aprendizagem e no sucesso estatístico!

Por este caminho não iremos lá!… E o prejuízo maior até nem será dos professores! Antes de toda a sociedade portuguesa, que continuará a afundar-se inexoravelmente na cauda da Europa.
Hoje, Sexta-feira Santa, evocando Cristo no calvário, será caso para perguntarmos: "Meu Deus, meu Deus, por que nos abandonaste?".

quinta-feira, março 20, 2008

Boas e más notícias

O Tribunal Administrativo de Lisboa rejeitou uma providência cautelar interposta por um sindicato da Fenprof para suspender o processo de avaliação de desempenho dos professores. Em todo o caso, restam ainda quatro providências sem decisão dos tribunais, o que significa que neste momento o resultado do jogo, 4-1, ainda é favorável aos professores.

Por outro lado, aumenta em todo o país o número de escolas que suspenderam ou pretendem suspender o processo de avaliação. Só para falar no centro do país, é o caso do agrupamento de escolas de Montemor-o-Velho mas também de mais 20 agrupamentos de escolas e escolas secundárias do distrito de Coimbra — entre as quais, Avelar Brotero, D.Duarte, Jaime Cortesão, José Falcão, Quinta das Flores e Infanta D. Maria, a primeira escola pública do ranking — cujos presidentes apelaram hoje à ministra da Educação para suspender aquele processo até ao final do ano lectivo.
Tanto quanto julgamos saber, a Secundária de Cantanhede não seguiu este mau exemplo…

A frase

Estamos a deixar de ser um país para nos transformarmos em provérbio.

5 anos de invasão do Iraque: balanço de uma tragédia

  • 150 mil a 600 mil mortos iraquianos (600 mil segundo o director do Centro de Resposta a Refugiados e Desastres da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins e responsável pelo inquérito publicado na Lancet, Johns Hopkins.

  • 3987 soldados americanos mortos no Iraque

  • 4295 soldados mortos no Iraque (1724 mortos com bombas de berma de estrada)
  • 196 mil contractors no Iraque e no Afeganistão
  • 5,1 milhões (em 27 milhões) de iraquianos deslocados. Apenas 20% recebe alguma ajuda de agências da ONU ou de ONG's

  • 2,7 milhões de deslocados no Iraque

  • 1,2 milhão de refugiados na Síria

  • 500 a 600 mil de refugiados na Jordânia

  • 43% dos iraquianos vivem com menos de um dólar por dia

  • 12 horas de electricidade por dia na capital de um dos maiores produtores de petróleo do Mundo
  • Um litro de gasolina custa 350 dinares (há dois anos custava 20 dinares)

  • 25% a 40% de taxa de desemprego
  • Custos directos e indirectos de 3 biliões de dólares para os EUA (segundo Joseph Stiglitz, Nobel da Economia em 2001)
  • Armas de destruição em massa descobertas: 0
Cortesia "Arrastão"

E se governassem e nos deixassem em paz?

"A fúria legislativa de um país que nem cheques sem cobertura consegue penalizar, que nem os carros consegue tirar das esquinas e de cima dos passeios, que pavimenta e atulha de prédios leitos de rios e ribeiras, que tem um pato-bravo a fazer de primeiro ministro, resolveu agora atacar o direito privado dos cidadãos muito para lá do que seria uma normal preocupação com a saúde pública."

"Que eu saiba sempre se furaram as orelhas das meninas em Portugal. É uma tradição que remonta, pelo menos, à época céltica, muito antes de Portugal existir, e muitíssimo antes de termos um parlamento atulhado de funcionários e manhosos suburbanos. O pascácio proponente deveria ser informado de que no nosso país não há "piercing", porque "piercing" é uma palavra inglesa. A minha filha, como as filhas de milhões de portugueses furaram as orelhas para lá colocarem os brincos de ouro oferecidos pelas madrinhas. Se agora a filha de um deputado pretender colocar um brinco na língua, no mamilo, ou no clítoris, que lhe havemos de fazer? É caso para recomendar ao deputado em causa, paciência e juízo. Que se preocupe com o regime de roubalheira instalado e com o futuro do país, e terá certamente muito que fazer."

Semana do Professor

Com a devida vénia ao Anterozóide

Brincadeira ou especulação?

Não sei se há nisto algum fundamento de verdade ou se não passa apenas de brincadeira ou pura especulação mas, se os nomes de que se fala começam por "V", o melhor mesmo é termos consciência de que temos de continuar a lutar para que alguma coisa de substancial mude na política educativa do nosso país!

O desastre da Educação

A Educação é porventura o recurso mais decisivo para o progresso e o desenvolvimento de uma sociedade.
Muito mais do que uma uma actividade essencialmente lúdica e divertida, dominada pelo facilitismo e a ideia de que os objectivos estão à partida alcançados, ensinar e aprender são sobretudo trabalho. Ambas exigem dedicação, esforço, competência, a todos quantos nelas estão envolvidos.
Assim sendo, a relação pedagógica, elemento absolutamente fundamental do processo educativo, não pode nem deve ser igualitária. Os seus intervenientes, professores e alunos, têm papéis bem distintos: aos primeiros, exige-se que exerçam a autoridade, aos segundos, que a acatem. Com normalidade mas, sobretudo, sem ver nesse exercício qualquer tipo de autoritarismo ou atropelo à democracia e à liberdade.
É isto que se tem vindo a perder, nas últimas décadas, no nosso país, com as políticas educativas dos sucessivos governos e ministérios da Educação, em particular a do actual, com a desautorização e humilhação da classe docente e a publicação de um estatuto do aluno laxista e desresponsabilizador. Eles são os principais e primeiros causadores do desastre social a que chegámos, cujas consequências são agora, por demais, evidentes. Não adianta, por isso, escondê-las. Importa, isso sim, denunciá-las, explicá-las, desmascarar os seus responsáveis. Porque ontem já era tarde!

quarta-feira, março 19, 2008

Maria de Lurdes Rodrigues, chumbada!

A actual Ministra da Educação conseguiu o que até aqui nenhum outro seu antecessor lograra alcançar: a unanimidade da classe docente, dos sindicatos de professores e de toda a oposição, contra a sua desastrosa política.
Apesar disso, Maria de Lurdes Rodrigues, dando um péssimo exemplo da professora que já foi, recusa-se a dar explicações a quem quer que seja, mesmo tratando-se dos representantes eleitos pelos portugueses.
Seja por ignorância e incompetência de quem quer avaliar a sabedoria e competência dos outros, ou por falta de cultura democrática de quem foi democraticamente eleito, ou pior ainda, por ambas as razões, é muito grave.
Mas, o mais grave é que haja quem apoie e festeje tudo isto, como se de uma vitória se trate!…
Mais tarde ou mais cedo vão ter de prestar contas. Não passarão!

A fonte dos males

"Aquele ministério da 5 de Outubro é a fonte de todos os males da Educação. Devia ser isolado por um cordão sanitário."

António Barreto, no programa Dia D (Sic Notícias)

terça-feira, março 18, 2008

Recusar o medo, afirmar a cidadania!

Num momento em que voltam a pairar sobre a escola portuguesa o medo e a chantagem, trazendo-nos à memória lembranças amargas de tempos que julgávamos definitivamente exorcizados, a nossa sincera homenagem a todos quantos votaram esta moção…

Considerando a gravidade do estado a que chegou a Educação no nosso país, com a instalação de um clima de conflitualidade cuja responsabilidade se deve, em grande medida, à forma como a tutela tem tentado impor o diploma sobre a avaliação do desempenho dos professores, o Conselho da Turma X da Escola Secundária de Cantanhede, reunido em 17/ 18 de Março de 2008, lamenta a atitude intransigente do Ministério da Educação e manifesta a sua discordância em relação à insistência num processo que, além de ser injusto para a classe docente, pode prejudicar o normal funcionamento da Escola e os legítimos interesses dos seus alunos.

Contra a injustiça e a indignidade de que os professores têm sido vítimas. Mas também, em defesa da normalização da vida da Escola e dos interesses primeiros dos seus alunos.
Uma atitude de grande nobreza e genuína solidariedade. De verdadeira cidadania, ao fim e ao cabo.

domingo, março 16, 2008

Leitura obrigatória

O estado da educação em Portugal, em entrevista de Mário Nogueira ao Correio da Manhã. De tal forma notável que o jornalista, que não morre de amores pelos sindicatos, ficou siderado com a fantástica prestação do secretário-geral da Fenprof.
Leitura obrigatória para professores (e não só).

sábado, março 15, 2008

Crucifica-os… crucifica-os…

A entrada da Ministra da Educação no comício do P"S" traz-me à memória a cena bíblica em que Pilatos, apresentando Cristo à multidão, exclama "Eis o Homem", e os judeus, em fúria, lhe respondem "Crucifica-o… crucifica-o…".
Definitivamente, este P"S" não é um partido de esquerda e muito menos socialista e o governo de Sócrates é o mais autoritário e um dos mais incompetentes após o 25 de Abril. Quando cair (e há-de cair, nem que seja de podre…) sou eu que festejarei. Independentemente do que vier a seguir. A minha paciência esgotou-se!


sexta-feira, março 14, 2008

Medo nas escolas?!…

Quem diria?!… 34 anos depois do 25 de Abril, com um governo (supostamente) democrático e socialista!…

Há medo em algumas escolas. Há conselhos executivos, presidentes de conselhos pedagógicos e coordenadores de departamento (ainda que em escasso número) que copiam os tiques autoritários dos chefes. Alguns querem ir ainda mais longe do que o ME na política de silenciamento. Já recebi e-mails de professores, em pânico, a pedirem para eu retirar os seus depoimentos do blog. E eu retirei. É conveniente, por isso, que digam sempre se os depoimentos são para publicar ou para não publicar. Digam sempre, por favor, se posso identificar o autor ou se devo guardar o anonimato do autor. Por regra, não identifico a escola. Interessa-me denunciar situações de prepotência e intolerância e não os pequenos ditadores que cometem essas ofensas à liberdade de expressão. A luta pela liberdade de expressão nas escolas, pela defesa da transparência e da divulgação pública dos actos é um combate interminável. Mais do que impor um processo de avaliação de desempenho que visa, fundamentalmente, avaliar 140000 professores a custo zero e que procura impedir que dois terços dos professores atinjam o topo da carreira, esta política repressiva pretende, sobretudo, acabar com a liberdade pedagógica e a liberdade de expressão nas escolas. Os pequenos ditadores que vegetam por aqui e por ali são os paus mandados dessa intenção.[por Ramiro Marques, em ProfAvaliação]

Nunca como agora foi preciso recordar as palavras de Zeca Afonso:

Quando um cão te morde a canela
O que faz falta

Quando a esquina há sempre uma cabeça
O que faz falta

O que faz falta é animar a malta

O que faz falta

O que faz falta é empurrar a malta

O que faz falta

quinta-feira, março 13, 2008

Quem protesta não é premiado!

Para o Governo e os seus serventuários, o direito à indignação e ao protesto, mesmo com elevação, é incompatível com o prémio e a excelência. Para que conste.

Lutemos todos e unidos, pois!

Lamento discordar da tese da "escalada verbal" da Fenprof, do Paulo Guinote, que de resto, vem depois admitir que a Ministra da Educação e o Governo, contra tudo e contra todos, se mantêm irredutíveis nas suas posições, e da posição de FJSantos, do (Re)Flexões, que defende que a luta dos professores deve regressar às escolas, apostando na paralisia do processo de avaliação através do recurso sistemático a procedimentos administrativos/ burocráticos.
Sem prejudicar o funcionamento da Escola e os interesses dos alunos — por isso sou, nesta conjuntura, contra a greve — acho que devemos continuar unidos, a lutar enquanto classe, a manifestar na rua, por todo o país, o nosso descontentamento e, se for necessário, voltar a Lisboa, se possível todos, para exigir não apenas a suspensão do processo de avaliação e a demissão da equipa ministerial, mas sobretudo, uma nova política para a Educação.
É isso que me parece, salvo melhor opinião, que a Fenprof, com mais ou menos verbo, também quer. Não acho que se trate, portanto, de um ultimato, mas antes da definição clara do caminho a seguir para acabar com a irredutibilidade e o autismo do Governo. E se assim não for, pois teremos nós de o exigir! À Frenprof e ao ME. (Digo eu, que até sou associado da central!).

Acabou-se? Na sexta-feira veremos…

Confesso que, quando ontem vi e ouvi Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, depois da reunião com Jorge Pedreira, afirmar que agora "há uma luz ao fundo do túnel para desbloquear a situação", enquanto o secretário de Estado da Educação, apesar de usar um registo aparentemente mais flexível que o costume, garantia que o processo da avaliação de professores não seria suspenso, pensei com os meus botões que se tratava de mais um ardil de Maria de Lurdes Rodrigues para nos levar à certa. Ou seja, a alinhar (pouco menos que) incondicionalmente na fantochada por si montada e eufemisticamente designada de avaliação de professores.
Afinal estava enganado. A flexibilidade da equipa do Ministério da Educação e do Governo não passa de mera aparência e a sua irredutibilidade em relação à suposta avaliação dos professores é mesmo cegamente exigida pelo P"S" que, estribado na maioria absoluta de que (ainda) dispõe, continua sobranceiramente a confrontar-se com todos os sectores da sociedade que se opõem à "governação" do seu "querido líder".
Por isso, o Mário que todos nós — sindicalizados ou não na Fenprof — conhecemos — claro, directo, vertical — advertiu sem tibieza que a reunião da próxima sexta-feira, com Ministério da Educação, será "a última oportunidade" para a equipa de Maria de Lurdes Rodrigues demonstrar definitivamente se tem capacidade para "negociar e dialogar". Se tal não acontecer só nos resta um caminho: continuar a lutar e, se preciso for, ir — desta vez iremos todos! — a Lisboa exigir a sua demissão. Por outra política para a Educação. Pela nossa dignidade de professores e de cidadãos. Como disse o outro Mário (o Crespo): Acabou-se!

quarta-feira, março 12, 2008

Secundária de Cantanhede, de luto e em luta!

Como a imensa maioria das escolas portuguesas
a Secundária de Cantanhede também está de luto e em luta…

Por outra política para a Educação…

E pela dignificação dos professores!


Para resistir no interior de cada escola

Procedimentos a tomar, em caso de dúvida relativa ao processo de avaliação, tendo por base o Código de Procedimento Administrativo - Decreto-Lei n.º 442/91, de 15 de Novembro de 1991 (Alterado pelo Decreto-Lei n.º 6/96, de 31 de Janeiro de 1996:
  • Não assinar nunca nenhum documento em branco e trancar sempre todos os espaços não preenchidos, para que nada seja acrescentado depois.
  • Não preencher nenhuma ficha com os objectivos individuais. O ponto 4. Do art.º 9º diz que se não houver acordo entre avaliador e avaliado, prevalecem os objectivos fixados pelo avaliador. Assim, pode ficar-se com os objectivos fixados pelo avaliador, alegando não ter nenhum a propor.
  • Utilizar o modelo em anexo com as adaptações que forem necessárias para solicitar as cópias e requerimentos com as informações sobre todo o processo de alteração do regulamento interno.
  • Solicitar, através de requerimento com entrada nos serviços administrativos, cópia dos extractos das actas das reuniões do Conselho Pedagógico em que foram propostos os objectivos e as metas fixados no Projecto Educativo e no Plano Anual de Actividades e das actas da Assembleia de Agrupamento em que essas propostas foram aprovadas. Não esquecer de pedir cópia autenticada dos requerimentos com o número da entrada, ou o recibo da entrega dos requerimentos com o respectivo número de registo de entrada.
  • Solicitar também cópia das actas do pedagógico e da Assembleia em que foram aprovadas as alterações à estrutura dos departamentos e à composição do pedagógico para haver conformidade com o DR200/2007. (têm que ser requerimentos separados)
  • Os presidentes do pedagógico e da Assembleia têm dez dias úteis para entregar esses documentos, caso contrário deve-se recorrer de imediato aos serviços de contencioso de um sindicato.
  • De qualquer forma pode-se dar entrada, de imediato, de um recurso hierárquico arguindo a nulidade dos procedimentos de avaliação, uma vez que as deliberações dos órgãos colegiais só ganham eficácia após a aprovação das actas das reuniões em que essas deliberações foram tomadas. O recurso tem que ser dirigido ao presidente do PCE.
  • Se tudo foi aprovado pelo pedagógico sem aprovação da Assembleia, pode-se arguir nulidade por usurpação de poderes. Procurar no regulamento interno da escola/agrupamento os artigos em que se fixam os procedimentos para a revisão desse regulamento.
  • As alterações que tenham sido feitas até Dezembro não podem ainda contemplar as orientações do DR 2/2008 que só foi publicado e produziu efeitos a partir de Janeiro. A sequência de procedimentos é a seguinte: o conselho executivo elabora a proposta, o conselho pedagógico analisa (pode sugerir alterações) a proposta e a Assembleia aprova os documentos, tendo poderes para introduzir alterações.
  • Tanto o estatuto do aluno como os procedimentos para a avaliação exigem alterações ao regulamento interno, que têm que seguir os passos descritos no ponto anterior.
  • Finalmente, é conveniente não usar nunca comportamentos incorrectos, quer com os titulares dos órgãos de gestão, quer com o pessoal administrativo, para evitar que haja motivos para a abertura de procedimentos disciplinares.


    Read this doc on Scribd: Requerimento aos orgãos de gestão

Com a devida vénia ao (Re)Flexões

terça-feira, março 11, 2008

Resistir é preciso!

Pra ter um companheiro nesta viagem
Vou meter um pauzinho na engrenagem
José Mário Branco

Segunda-feira é dia de continuar a luta

Ontem [sábado] aconteceu a festa da democracia com 100 mil professores nas ruas da capital e o país a assistir, nuns casos estupefacto e aterrorizado, noutros contente porque começa a ver a luz ao fundo do túnel e a acreditar que é possível remover “Pinto de Sousa e sus muchachos” do poder.

No entanto, amanhã [segunda] é dia de trabalho e os professores mostrarão nas suas escolas, frente a frente e olhos nos olhos com os seus alunos, que são profissionais responsáveis e dedicados à tarefa que lhes está cometida.

Mas também é dia de continuar a luta contra as políticas educativas erradas deste governo e contra o sitema ”Português Suave” que está instalado em muitas escolas e que tem como principais mentores os seus PCE’s, PCP’s e PAE’s.

[continua aqui]

Desta vez faz sentido usar a burocracia como arma

Nesta fase em que a mobilização é forte, mas da parte do governo a insensibilidade é teimosamente persistente, resta-nos utilizar a lei e a burocracia em nossa defesa.

O que sugiro é que se inundem as secretarias das escolas com pedidos de esclarecimento dirigidos aos titulares dos órgãos de gestão sobre os procedimentos que têm sido adoptados para iniciar o processo de avaliação de desempenho.

[continua aqui]

Dicas para lidar com os PCE que deixaram de ser professores e se tornaram serventuários

A principal arma do PCE serventuário é a intimidação. A segunda é a imposição do silêncio. O PCE serventuário receia acima de tudo a transparência e a divulgação pública das decisões tomadas em sede dos diversos órgãos da escola. O PCE serventuário receia dar ordens por escrito (prefere fazê-lo no aconchego do seu gabinete) e teme acima de tudo os requerimentos dos seus subordinados.
Se o seu PCE pertence a esta espécie de gente, sugiro que siga estas dicas:

[continua aqui]

Ignomínia e jornalismo

Nojo, asco, repulsa, são os sentimentos que me desperta o amontoado de impropérios com que o senhor Emídio Rangel mimoseia a multidão de 100 000 professores, que apenas cometeu o crime de manifestar a sua indignação pelo modo como a classe tem sido maltratada pelo seu ministério. A raivosa catilinária do pseudo-jornalista só tem paralelo no furioso assalto que em tempos perpetrou, de berbequim em riste, às instalações da TSF.


Rangel há muito deixou de ser um jornalista de/ da verdade para se dedicar, certamente a soldo de interesses confessos, à ignomínia e ao vitupério. Ignoremo-lo, pois. Pode ser que se envenene no ódio que permanentemente destila. Mesmo porque muitos e bons jornalistas não faltam. Felizmente. E juízes… Até de apelido Rangel. Como é o caso deste.

Vitorino sugere avaliação experimental

O dirigente socialista António Vitorino sugeriu, esta segunda-feira, ao Governo que adopte um modelo experimental de avaliação dos professores, de um ano ou ano e meio, cuja instância de supervisão seria aberta à participação dos professores.

Muito interessante! Para mais, vindo de quem vem…
Só não se percebe que margem tem ainda o Governo para adoptar uma solução equilibrada como esta, sem recuar e sem ceder, quando, de forma autista, autocrática e arrogante, decidiu esticar a corda ao ponto de virar a imensa maioria de uma classe profissional — para não dizer toda — contra si.
Veremos se Sócrates tem humildade democrática e sentido de Estado para tal. Duvido…
Parece-me que ele vê apenas um braço-de-ferro neste diferendo. Que não quer perder, com receio das consequências eleitorais que uma tal derrota lhe possa originar.

sexta-feira, março 07, 2008

É muita "ignorância" e "incompreensão" juntas!…

Maria de Lurdes Rodrigues jura a pés juntos que "o modelo de avaliação dos professores é mais simples e transparente do que o da avaliação dos funcionários públicos" (quem não terá gostado de ouvir isto terá sido Teixeira dos Santos, mas estes senhores são capazes de tudo para nos dar a volta). Chega mesmo ao desaforo de nos acusar de ignorância afirmando que "o que [ouve] nos protestos é revelador que as pessoas não sabem do que estão a falar".
não percebo é como pode haver tanto professor ignorante e incapaz de compreender a simplicidade do famigerado modelo ?!… É que amanhã, só em Lisboa, segundo previsões (obviamente insuspeitas) da polícia, seremos entre 60 a 70 mil a manifestar a nossa ignorância e incompreensão à senhora ministra!… É muita ignorância e incompreensão juntas!…
Parafraseando Bertolt Brecht, se os professores não compreendem a ministra mude-se os professores!

Explicação escusada

A PSP está "simplesmente a cumprir funções". Quem nos esclarece é Vitalino Canas, porta-voz do PS (ou da PSP? Para o caso, tanto faz…). Escusava, no entanto, de o fazer pois nós bem sabemos que a responsabilidade última da actuação da polícia é do Governo e do senhor Primeiro-Ministro. Que se auto-proclamam "socialistas" mas são, de facto, os "governantes" mais autoritários de que há memória depois do 25 de Abril.
Neo-fascistas, é o que são!

Professores e cidadãos

São pelo menos quatro as escolas visitadas pela polícia nas vésperas da manifestação de 8 de Março. Mas o mais preocupante de tudo isto são as contradições nas explicações (ou falta delas…) dos responsáveis, sobre factos de tamanha gravidade.
Comentando a ida de agentes policiais à Escola Secundária de Ourém, o comando distrital de Santarém da PSP, por exemplo, afirma categoricamente que não deu qualquer ordem referente a uma recolha de dados junto das escolas.
a direcção nacional da PSP assume o conhecimento das operações e afirma que a recolha de dados tinha apenas por objectivo facilitar a circulação de pessoas e viaturas (Desculpa esfarrapada de quem parece desconhecer que há hoje meios mais eficazes e rápidos para esse efeito, se a intimidação e a coacção das pessoas não fosse a verdadeira intenção que estará por trás destas manobras pidescas…).
Quanto ao senhor Ministro da Administração Interna, aparentando desconhecer as razões destas operações policiais (o que não deixa de ser igualmente grave, sendo ministro da tutela), pediu explicações à PSP e abriu uma investigação.
Certo é que, com um Primeiro-Ministro e um Governo que, apesar de se auto-proclamarem socialistas, convivem pessimamente com as liberdades cívicas e o pluralismo político, o Estado de Direito democrático já conheceu dias melhores neste desgraçado país.
É por isto que, se enquanto professor, já tinha fortes razões para ir a Lisboa no próximo sábado, tenho agora razões acrescidas para não poder deixar de lá estar. Por ser cidadão. De corpo inteiro. Vertebrado.

quinta-feira, março 06, 2008

Quem avalia quem?

"A progressão na carreira baseada na avaliação dos professores […] ainda não chegou à Finlândia, onde os sucessos e fracassos costumam ser analisados, escola a escola, em reuniões."

Ora, tal não impede que, segundo a OCDE, o sistema educativo deste país seja apenas um dos melhores do mundo!…

Quer-me parecer, portanto, que o problema da Educação, em Portugal, não estará tanto nos professores, que não serão assim tão diferentes dos seus colegas nórdicos, mas sobretudo nas políticas educativas e em quem as concebe e implementa, os políticos, que ao contrário dos professores — "a profissão em que os portugueses mais confiam e a quem dariam mais poder" — são os senhores em quem a nossa população menos confia.

"Há coisas fantásticas, não há?"

Pensando bem, talvez não fosse má ideia começarmos por avaliar e "chumbar" a maioria dos políticos que nos/ se têm "governado" durante os últimos trinta anos… não acham?

terça-feira, março 04, 2008

Jamais!!!

Apesar …
  • da complexidade de que se reveste (a comparação do diagrama da avaliação com a rede do Metro de Londres já entrou no anedotário nacional!!!), da subjectividade que a impregna e até de poder constituir um inaceitável atentado à liberdade de expressão (há quem queira avaliar-nos por delito de opinião, pasme-se!!!);
  • duma calendarização irracional e insensata que, pela imposição de uma avaliação “a martelo”, no terceiro trimestre do ano lectivo, atropela e lesa os principais e primeiros interesses da Escola, a formação e avaliação dos seus alunos;
  • das trapalhadas e ilegalidades de que este rocambolesco processo continua eivado, as quais levaram à sua suspensão pela aceitação de providências cautelares pelos Tribunais;
  • da contestação interminável e quotidiana de milhares de professores que, contrariamente ao que diz o primeiro-ministro, não são “sempre os mesmos”, mas apenas cidadãos que recusam a humilhação e lutam pela dignidade que lhes querem roubar;
  • dos apelos do Senhor Presidente da República e de personalidades de reconhecido mérito e comprovada idoneidade moral e intelectual, à serenidade, ao diálogo, à mediação, ao entendimento;
O Governo — contrariamente ao que fez (e bem) com o projecto do novo aeroporto e com o encerramento das urgências — não quer parar para pensar e insiste que a avaliação tem de ser feita , de qualquer forma, a qualquer preço.
Mas isso não me espanta, vindo de quem, apesar de se reclamar “socialista”, há muito nos habituou à arrogância, à prepotência, ao “quero, posso e mando”.

O que me admira, me choca, me indigna, é que haja gentinha “mais papista que o papa” que, à revelia do Estado de Direito (ou do que dele resta) e ignorando a guerra que assola o país, se disponha a avançar com esta avaliação, que é como quem diz, a tratar da sua vidinha.

A senhora ministra, com este descabelado processo, poderá nunca chegar (e não chegará, de certeza) a avaliar-nos verdadeiramente. Mas, infelizmente, uma coisa pode vir a conseguir: envenenar o ambiente das escolas e o ar que nelas se respira! E se isso acontecer, eu jamais lhe perdoarei! Jamais!!!

F., Professor titular e presidente de assembleia de escola