quinta-feira, dezembro 27, 2012

O fascismo com pezinhos de lã

"Na realidade o muito que se fez pôs talvez mais em evidência o que não foi possível fazer, se realizou imperfeitamente ou se deixou perder depois de praticamente realizado. E na nossa mente deve ter-se sempre a necessidade de fomentar constantemente e por todos os meios o aumento do nível de vida geral do povo português, de resolver, em todos os escalões, o problema ainda premente da habitação e de levar a educação e a instrução a todos os lares portugueses. Continua a haver, infelizmente, muita gente que vive mal e com dificuldades imensas: façamos tudo, mas tudo, para que a sua vida não continue a ser apenas um martírio. Com este apelo, que vem do mais intimo da minha alma , chego ao fim desta mensagem. Mas não quero terminá-la sem que antes exprima, mais uma vez, toda a minha fé e toda a minha esperança nos destinos de Portugal." (Américo Tomás, último Presidente da República da ditadura, 1 de Janeiro de 1966)

 

"Este não foi o Natal que merecíamos. Muitas famílias não tiveram na Consoada os pratos [a] que se habituaram. Muitos não conseguiram ter a família toda à mesma mesa. E muitos não puderam dar aos filhos um simples presente. Já aqui estivemos antes. Já nos sentámos em mesas em que a comida esticava para chegar a todos, já demos aos nossos filhos presentes menores porque não tínhamos como dar outros. Mas a verdade é que para muitos, este foi apenas mais um dia num ano cheio de sacrifícios, e penso muitas vezes neles e no que estão a sofrer.
A eles, e a todos vós, no fim deste ano tão difícil em que tanto já nos foi pedido, peço apenas que procurem a força para, quando olharem os vossos filhos e netos, o façam não com pesar mas com o orgulho de quem sabe que os sacrifícios que fazemos hoje, as difíceis decisões que estamos a tomar, fazemo-lo para que os nossos filhos tenham no futuro um Natal melhor." (Pedro Passos Coelho, actual Primeiro-ministro, 26 de Dezembro de 2012)

Passados 46 anos, 38 dos quais em regime supostamente democrático, e descontada a diferença de idade e de cargo dos protagonistas, o que existe de verdadeiramente diferente nestas duas mensagens?
NADA!
Ambas são perfeitos exercícios de reles propaganda política, cinismo e hipocrisia.
Ambas exalam o mofo pestilento do salazarismo.

"O fascismo é uma minhoca
Que se infiltra na maçã
Ou vem com botas cardadas
Ou com pezinhos de lã"

Não há dúvida. Paulatinamente, ele está aí outra vez… Não tarda nada!

O Dia das Mentiras

Este ano, o Dia de Natal foi o Dia das Mentiras, tal a incomensurável distância entre o discurso televisivo de Passos Coelho e a realidade a que a sua política conduziu este desgraçado país.
O homem — se assim lhe podemos chamar — que fala de "um futuro próspero", de "vitória sobre a crise", de "uma sociedade mais justa", e de outras miragens, por incrível que pareça, é o mesmo Primeiro-ministro que, como nenhum outro, tem empobrecido e humilhado os portugueses, destruído a economia nacional, endividado Portugal e vendido o que dele resta, e se prepara para aprofundar esta catástrofe em 2013. 


Excerto da tanga de Passos Coelho (clicar)




É um charlatão, um impostor, um mentiroso sem escrúpulos que devia ter vergonha de conspurcar "a Bandeira Nacional, símbolo da soberania da República, da independência, unidade e integridade de Portugal", usando o seu pin na lapela.

sexta-feira, dezembro 14, 2012

Palavras!


Na sua "Mensagem de Boas Festas", Cavaco Silva tem o desplante de nos dizer que "não podemos perder a esperança", que, "Se caminharmos unidos, ultrapassaremos as dificuldades" e "de mãos dadas, conquistaremos um futuro melhor".

Palavras de circunstância, ocas, ofensivas até, vindas de quem tem sido conivente com um governo e uma política que nos têm infernizado a vida, que nos têm conduzido para um caminho sem saída, liquidando sonhos e expectativas de um futuro digno.


Mensagem que termina com a ironia de nos desejar "um ano de 2013 tão bom quanto possível", quando o seu autor bem sabe que isso será completamente impossível e, de resto, nada fará para o contrariar, a começar por ir promulgar sem pestanejar o OE2013, o maior roubo de que há memória, e assobiar para o lado aos 4 mil milhões de cortes previstos nas prestações sociais e nas despesas com a educação e a saúde.

Diz Cavaco (e nós concordamos) que "O povo português tem dado belos exemplos de solidariedade". 
Lamentavelmente também tem dado péssimos exemplos de consciência cívica e política. Nomeadamente quando reelegeu este Presidente com os votos de apenas 23 por cento de eleitores. E, não contente com isso, deu a maioria a partidos que iriam governar com o programa da troika e matá-lo com uma austeridade cega e estúpida. Caso para dizer que "Quem 'boa' cama faz nela se deita"…