sábado, outubro 31, 2009

2 em 1: lavar as mãos e provocar

É provável que boa parte dos portugueses não saiba quem é Valter Lemos mas aposto que não há nenhum professor deste país que não se lembre do Secretário de Estado da Educação da equipa ministerial que mais maltratou e humilhou a classe docente.
Para além das políticas desastrosas levadas a cabo pelo anterior governo, foi a arrogância, a prepotência e o autismo de governantes do calibre de Lemos — aos quais José Sócrates dá o exemplo — que conduziram o P"S" à perda da maioria absoluta. Impunha-se, portanto, que o actual governo, na medida do possível, fosse limpo dessas excrescências de autoritarismo.
Tem, por isso, razão Jerónimo de Sousa quando acusa José Sócrates de não ter aprendido "a lição" da perda da maioria absoluta e de cometer o "erro" de atribuir a um secretário de estado um assunto que é da responsabilidade do primeiro-ministro.
Como anteriormente afirmou Carvalho da Silva, é uma autêntica provocação.

sexta-feira, outubro 30, 2009

Só neste país!

"Blitz" elege os 25 melhores álbuns portugueses das últimas quatro décadas Enquadrada na comemoração dos 25 anos da revista musical "Blitz", a eleição ficou a cargo da chamada Academia "Blitz", um grupo de mais de 50 personalidades ligadas ao mundo da música. Entre críticos, músicos e promotores, ao todo cinco álbuns para cada década (desde 1960) foram considerados os 25 melhores da música portuguesa.
Há que dar a estas eleições a importância que elas têm, que pode ser bastante, em termos de marketing, mas é muito relativa (ou mesmo nenhuma), quando falamos duma escolha criteriosa, fundamentada e intelectualmente séria.



Só isso pode explicar a ausência da lista de nomes que ficarão seguramente na história da música popular portuguesa como — citando de memória e não alargando muito… — Sérgio Godinho, Banda do Casaco, Jorge Palma, Trovante, Xutos e Pontapés, António Variações, Júlio Pereira, Mariza, Cristina Branco, e a inclusão de nomes que cairão (ou estão já) na arca do esquecimento, os quais me dispenso de referir.
Como diz o Sérgio, "Só neste país!"

Justiça cega, surda e muda

As autoridades judiciais têm menos de um mês para deduzir a acusação a Oliveira e Costa, ex-presidente do BPN, que foi detido a 20 de Novembro do ano passado.

À velocidade a que a Justiça funciona — se funciona… — neste país, não me admiraria que o homem não viesse a ser acusado do que quer que seja e que ainda tivéssemos de lhe pagar — somos sempre nós que pagamos, não se esqueçam! — uma choruda indemnização por ofensas do Estado ao seu bom nome e reputação!
Diz-se que a Justiça deve ser cega, imparcial.
Pois por cá é cega, surda e muda. Não existe. Ou se existe, pouco ou nada faz. E o que faz dá, invariavelmente, em coisa nenhuma.

domingo, outubro 25, 2009

Cantos da cumplicidade

Aliando a singularidade de cada um à cumplicidade e afinidade que os une, Sérgio Godinho, José Mário Branco e Fausto Bordalo Dias juntaram-se para cantar o amor, a guerra, a paz, a desilusão, a esperança e tantos outros temas que marcaram todo um país.
Tivemos a felicidade de assistir ao segundo espectáculo do Campo Pequeno, na passada sexta-feira, que jamais esqueceremos, não só pela sua qualidade e o seu ineditismo, mas sobretudo pela carga emocional que nos transmitiu. 
Sérgio, Zé Mário Branco e Fausto são, na verdade os grandes herdeiros e continuadores da figura cimeira da música popular portuguesa, José Afonso.

sábado, outubro 24, 2009

A dor-de-corno é feia

Para não gastar tempo com aquilo que verdadeiramente o não justifica, digo simplesmente, em gíria que provavelmente a sua presunçosa intelectualidade não domina, que o fel que Vasco Pulido Valente destila a propósito de José Saramago revela apenas uma indisfarçável e incontida dor-de-corno.
Mas afinal, que culpa tem Saramago se a sua elevada estatura moral, intelectual e artística reduz os seus invejosos detractores à condição de insignificantes e rabugentos  pigmeus?

sexta-feira, outubro 23, 2009

Salvemos o Planeta

Todos pensamos em deixar um planeta melhor para os nossos filhos. Quando é que pensaremos em deixar filhos melhores para o nosso planeta?



Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro da sua própria casa e recebe o exemplo dos seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive.

quinta-feira, outubro 22, 2009

Novo governo: continuidade ou mudança?

O Bloco de Esquerda diz que há "continuidade a mais" no novo executivo e considera que a manutenção do núcleo duro do anterior denuncia que José Sócrates quer manter o mesmo rumo.
O PCP considera que, com os nomes propostos para ministros do novo Governo, "não há perspectiva de uma mudança de política".
E eu a pensar que só eu tinha essa estranha sensação!…
Enfim, esperemos que não tenha apenas mudado alguma coisa para que tudo fique na mesma!

Será que mudam só as moscas?

"Governantes" já há. Governo é que duvido que venha a existir. Sobretudo se não houver uma mudança significativa nas políticas adoptadas.
Será que mudam só as moscas?

Por cá, a mama continua

O Governo decidiu cortar até 90% os salários dos altos cargos das empresas "resgatadas" durante a crise económica e reduzir para metade os bónus e compensações de 175 executivos. (notícia Agência Financeira)




Convém esclarecer que isto passa-se nos Estados Unidos. Por cá, a vilanagem continua a mamar tranquilamente.

Portugal entre os mais desiguais

Na lista dos países com maior fosso entre ricos e pobres, elaborada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Portugal vem em 5.º lugar. Só Hong Kong (1.º), Singapura (2.º), EUA (3.º) e Israel (4.º) estão em situação pior do que Portugal.
O PNUD conclui ainda que os 10% mais pobres da população portuguesa detêm apenas 2% do rendimento nacional, ao passo que os 10% mais ricos detêm cerca de 30%.
Infelizmente, esta situação não é de todo inesperada dado que, na União Europeia, exceptuando a Roménia, o nosso país é o que apresenta maior desigualdade na repartição do rendimento.
O que é verdadeiramente lamentável e inaceitável é que um governo de um partido dito de Esquerda pouco ou nada tenha feito para atenuar tal disparidade e injustiça social.

O 'palhaço' continua a dar espectáculo

George W. Bush é o maior 'palhaço' que alguma vez passou pela Casa Branca.



Só isso pode explicar que ainda hajam duas mil 'pessoas' capazes de desembolsar cem dólares e esgotar uma sala para aplaudir um criminoso de guerra, infelizmente impune, e o incompetente e irresponsável que abriu as portas à maior crise económica mundial dos últimos oitenta anos.

De boas intenções está o inferno cheio

Com o país mergulhado numa das piores crises económicas dos últimos anos, José Sócrates lançou um plano que prevê 1165 milhões de euros para promover o emprego, ajudar as empresas e combater a recessão.
Mas, nos últimos 9 meses, à economia real chegou menos de metade desta verba. Quem o diz é a própria Direcção Geral do Orçamento que confirma que, nos primeiros nove meses do ano, o Estado gastou apenas 493 milhões de euros, ou seja, cerca de 42 por cento da verba prevista.
A oposição critica e não acredita que o plano seja cumprido até ao final do ano. Caso para concluir que, de boas intenções está o inferno cheio.

quarta-feira, outubro 21, 2009

O Evangelho Segundo José Saramago

Contestar as verdades da Fé e a sapiência dos doutores da Igreja foi, desde sempre, um acto de coragem perseguido pelo Tribunal do Santo Ofício e, quantas vezes, punido exemplarmente com o fogo da Inquisição. Galileu, por exemplo, foi condenado a abjurar publicamente as suas ideias e à prisão por tempo indefinido, e os seus livros foram incluídos no Index, censurados e proibidos, mas o teólogo e frade dominicano Giordano Bruno, por defender ideias semelhantes às de Galileu, teve menos sorte e foi parar à fogueira.
Bem sei que estamos hoje no século XXI e todos estes horrores pertencerão a um passado já distante. Mas também é verdade que só em 1992, mais de três séculos passados sobre a condenação de Galileu, é que a Igreja iniciou a revisão do seu processo e decidiu finalmente pela sua absolvição em 1999!


Dilúvio Universal


Destruição de Sodoma

Não admira, por isso, que hajam iluminados e detentores da verdade que, uma vez mais, queiram silenciar a voz de José Saramago e, se pudessem, quem sabe, censurar as suas obras e incluí-las num qualquer novo Index. Vontade não lhes falta, como se viu aquando do lançamento de "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" e se está a assistir agora com "Caim". Iluminados e detentores da verdade que entendem que Saramago, pelos vistos, não tem direito a não acreditar em Deus e a achar que a Bíblia é "um manual de maus costumes e um catálogo de crueldade". Aposto até que muitos esperariam que o escritor, na conferência de imprensa que hoje deu, seguisse o exemplo de Galileu e abjurasse publicamente as suas ideias. Mas Saramago foi igual a si mesmo: coerente, frontal, livre. E acrescentou: "O Deus da Bíblia é vingativo, rancoroso, má pessoa e não é de fiar" — Não hesitou em afogar a humanidade num Dilúvio Universal e destruir cidades inteiras pelo fogo, fazendo os justos e os inocentes pagarem pelos pecadores.
Não. Deus, como o Diabo, é apenas uma criação do Homem, só existe na sua cabeça. E Saramago tem o direito de assim pensar. Enquanto não lhe demonstrarem o contrário.

sábado, outubro 17, 2009

A Escola: formar cidadãos livres

"O que o Ministério fez foi tirar credibilidade à democracia dentro e fora da escola". 


"Um dos maiores ataques à democracia" é o novo modelo de gestão das escolas, que "tira a representatividade e o poder aos estudantes e outras classes nos órgãos de gestão, dando-o a agentes exteriores à escola". 


"Por melhor que essa colaboração pudesse ser, não podemos prescindir de direitos tão fundamentais como a eleição do director da escola e a elaboração do regulamento interno". 


"O Ministério desprezou manifestações com milhares de estudantes, só por sermos menores, como se por sermos estudantes de secundário não tivéssemos uma palavra a dizer. Desprezou abaixo-assinados, incluindo um com dez mil assinaturas de estudantes, que pediram a revogação destas leis. Desprezou manifestações com várias dezenas de milhar de professores que lutavam pelos seus direitos, pelas suas escolas".  

Poderíamos julgar que os parágrafos anteriores seriam fragmentos de um discurso de um qualquer deputado da oposição sobre a política educativa do anterior governo mas, na verdade, não são. É algo de mais importante, porque inédito.
Trata-se de passagens de um discurso improvisado pelo aluno Pedro Feijó, delegado dos alunos no Conselho Pedagógico da Escola Secundária Luís de Camões, na cerimónia do 100.º aniversário da escola, onde estiveram presentes o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, além do director da escola e do médico João Lobo Antunes, um dos antigos alunos.  
Está de parabéns a Escola Secundária Luís de Camões pelos 100 anos que, até hoje, dedicou, não apenas à educação dos jovens mas, sobretudo, à formação de cidadãos livres e conscientes, de que agora foi exemplo, Pedro Feijó. Foi esta a melhor prenda que a escola poderia ter recebido.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Os esquecidos




Os Esquecidos
Pedro Neves
Portugal, 2009, 62’

"São casos escondidos atrás de muros, de janelas e portas fechadas, de portões ferrugentos, de paredes que caem, de tectos que não existem. É gente que tropeçou no entulho e na desilusão, na privação, na perda, na angústia. É gente que foi empurrada dos sonhos para o chão. É gente como a gente poderia ser."


Julgamento dos crimes de Gaza. Para quando?

O Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas deve aprovar, hoje, o relatório dos crimes cometidos em Gaza.
Israel não colaborou com as investigações, considerando “iníquo” o seu resultado, e com o cinismo que lhe é habitual, avisa agora que a iniciativa será uma “recompensa para os terroristas” pretendendo, deste modo, que esqueçamos que foi o seu poderoso e sofisticado exército que, autenticamente, praticou terrorismo de Estado no pequeno território mais densamente povoado do mundo, bombardeando e atirando sobre alvos civis, actuando com brutalidade inaudita, recorrendo a escudos humanos e lançando bombas de fósforo branco, causando uma carnagem de mais de 1300 vítimas civis, grande parte das quais, crianças.



Perante barbaridades de tal calibre, o relatório pede ainda que os crimes sejam submetidos a julgamento pelo Tribunal Penal Internacional mas é pouco provável que tal venha a acontecer, em virtude do cobarde alinhamento das potências ocidentais com os sionistas e do veto mais que certo do 'amigo americano' no Conselho de Segurança.
E são este os regimes 'democráticos' que falam a toda a hora, com a maior das hipocrisias, em violação dos Direitos Humanos!…

quinta-feira, outubro 15, 2009

PCP: não guardar pr'amanhã…

O Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português, no seguimento dos compromissos eleitorais e políticos já assumidos, entregou hoje — primeiro dia da actual legislatura — na Assembleia da República um Projecto de Lei que determina a Revisão do Estatuto da Carreira Docente através de processo negocial para garantir a eliminação da divisão hierárquica da carreira e substituir o actual regime de avaliação de desempenho.
A iniciativa do PCP determina também a suspensão imediata do processo de avaliação, bem como a nulidade dos efeitos já produzidos por atribuição de classificações. Juntamente com este Projecto de Lei e tendo em conta os prazos envolvidos, o PCP apresentou também um requerimento de Apreciação Parlamentar do Decreto de Lei n.º 270/2009 que altera o Estatuto da Carreira Docente. cf aqui

Um pouco mais de humildade, recomenda-se.

Francisco Assis, o candidato a líder parlamentar do PS escolhido por José Sócrates, avisa que a nova situação de minoria relativa exige que "nenhum partido se feche na arrogância e no dogmatismo".
Penso exactamente o mesmo. Mas acrescento que este senhor e o seu partido, depois da governação autista, dogmática e arrogante que levaram a cabo nos últimos quatro anos, não têm propriamente qualquer autoridade moral para falarem de cátedra sobre esta matéria. Um pouco mais de humildade, recomenda-se.

Não haverá governo da Esquerda

Louçã disse esta manhã a Sócrates aquilo que já era esperado: que “não há condições para qualquer forma de coligação” entre o BE e o PS.
“Apreciaremos qualquer proposta pelo seu valor: se dá contributo para melhorar a vida dos mais pobres e desfavorecidos, se resolve os problemas que o país enfrenta”, afirmou Louçã, sublinhando que a prioridade está em encontrar “soluções para a economia, ou seja, para o emprego, para a precariedade, para a segurança social”.

O PCP recusa acordo com o PS e reclama "estabilidade social". No entanto, analisará "caso a caso" as propostas que os "socialistas" levarem ao Parlamento. "Mais do que a questão da estabilidade governativa, consideramos importante a estabilidade social. E sem uma ruptura e mudança de políticas não há estabilidade governativa que se mantenha", salientou Jerónimo de Sousa após a reunião com José Sócrates, da parte da tarde.

Em conclusão: sem um verdadeiro programa e uma inequívoca política de Esquerda, não haverá governo da maioria de Esquerda. Sócrates vai ter de fazer acordos pontuais com o BE e o PCP. O que receio, mas não me admiraria, é que venha a fazer alguns com a Direita.

Não pára de crescer

Nos primeiros seis meses do ano, o buraco das contas públicas atingiu os 7330 milhões de euros, o que corresponde a um défice acumulado de 9,2% do PIB. Este é o segundo valor mais elevado desta década.



No entanto, alguns economistas apontam para uma derrapagem nas contas públicas, até ao final do ano, capaz de fazer “o défice chegar aos 10% do PIB, pois não há margem para aumentar as receitas”. A coisa está preta!
E já agora, por que é que isto só agora é divulgado, após as eleições?…

Obama e o Prémio Nobel


Quando a guerra se torna paz, quando a mentira se torna verdade 



Quando a guerra se torna paz,
Quando conceitos e realidades são invertidos,
Quando a ficção se torna verdade e a verdade se torna ficção.
Quando uma agenda militar global é apregoada como um empreendimento humanitário,
Quanto a matança de civis é anunciada como "dano colateral",
Quando aqueles que resistem à invasão da sua pátria pelos EUA-NATO são classificados como "insurgentes" ou "terroristas".
Quando a guerra nuclear antecipativa é apregoada como auto defesa.
Quando técnicas avançadas de tortura e "interrogatório" são utilizadas rotineiramente para "proteger operações de manutenção da paz",
Quando armas nucleares tácticas são apregoadas pelo Pentágono como "inofensivas para a população civil circundante"
Quando três quartos do imposto federal sobre rendimentos dos EUA são atribuídos ao financiamento do que é eufemisticamente mencionado como "defesa nacional"
Quando o Comandante em Chefe da maior força militar sobre o planeta terra é apresentado como um pacificador global,
Quando a Mentira se torna Verdade.

A "guerra sem fronteiras" de Obama

Estamos na encruzilhada da mais séria crise da história moderna. Os EUA em parceria com a NATO e Israel lançaram uma aventura militar global a qual, num sentido muito real, ameaça o futuro da humanidade.
Nesta conjuntura crítica da nossa história, a decisão do Comité Nobel da Noruega de conceder o Prémio Nobel da Paz ao Presidente e Comandante em Chefe Barack Obama constitui uma absoluta ferramenta de propaganda e distorção, a qual apoia irrestritamente a "Longa Guerra" do Pentágono. Uma "Guerra sem fronteiras", no verdadeiro sentido da expressão, caracterizada pela instalação à escala mundial do poder militar dos EUA.
Aparte a retórica diplomática, não houve reversão significativa da política externa dos EUA em relação à presidência de George W. Bush, a qual poderia ter justificado remotamente a concessão do Prémio Nobel a Obama. De facto, aconteceu o oposto. A agenda militar de Obama tem procurado estender a guerra a novas fronteiras. Com uma nova equipa de conselheiros militares e de política externa, a agenda de guerra de Obama tem sido muito mais efectiva em promover a escalada militar do que a formulada pelo NeoCons.
Desde o princípio da presidência Obama, este projecto militar global tem-se tornado cada vez mais generalizado, com o reforço da presença militar dos EUA em todas as principais regiões do mundo e o desenvolvimento de novos sistemas de armas avançadas numa escala sem precedentes.
Conceder o Prémio Nobel da Paz a Barack Obama dá legitimidade às práticas ilegais de guerra, à ocupação militar de terras estrangeiras, à matança implacável de civis em nome da "democracia".
Tanto a administração Obama como a NATO estão a ameaçar directamente a Rússia, a China e o Irão. Os EUA sob Obama estão a desenvolver um "Sistema de Escudo para Primeiro Ataque Global por meio de Mísseis".

[…]
Em momento algum, desde a crise cubana dos mísseis, o mundo esteve tão próximo do impensável: um cenário de III Guerra Mundial, um conflito militar global envolvendo a utilização de armas nucleares. ler tudo
por Michel Chossudovsky (versão original)

A cleptocracia norte-americana

"Se há uma guerra de classes nos EUA, o meu lado está a ganhar".
     Warren Buffet, investidor multimilionário, 2004 




As palavras de Buffett agitaram os media norte-americanos, que fazem geralmente tudo o que podem para esconder a luta de classes ou ridicularizá-la, como se fosse imoral e estranha aos EUA. Contudo, para aqueles que observam de perto os EUA, os comentários de Buffett são reveladores não pela sua franqueza, mas pelo eufemismo. Como uma análise apressada das tendências recentes revela, a luta de classes nos EUA adquiriu um carácter preocupantemente unilateral. Índices comparativos de desigualdade colocam os EUA no topo dos países industrializados ou próximos, uma situação que traz custos e perigos reais para a sociedade norte-americana. Para além disso, a desigualdade está agora profundamente estabelecida e as suas características aproximam-se da cleptocracia (literalmente, governo de ladrões), com umas quantas elites privilegiadas apoderando-se de enormes quantidades de riqueza pública. Pior ainda, os dois sectores da economia mais envolvidos neste processo cleptocrático são o financeiro e o militar, precisamente os dois mais capazes de provocar alvoroço num mundo mais global, como esta década mostrou tão claramente. Por mais claramente que possamos identificar os perigos, não é tão claro que possamos fazer alguma coisa para os afastar, e os observadores internacionais não devem partir do princípio de que a chegada da administração de Barack Obama é garantia de segurança face a novos assomos de aventureirismo financeiro ou militar. ler tudo
Por David Kerans (original)

Coimbra é uma lição

Os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra apresentaram a mais recente aquisição: um novo troleicarro que marca o início da renovação da actual frota de 17 unidades.
O novo veículo inclui, além de um motor auxiliar, a diesel, para o caso de uma falta de corrente, uma rampa de acesso para pessoas com mobilidade reduzida, um lugar para cadeira de rodas, piso rebaixado, ar condicionado e vidros duplos.


Coimbra, 1979

Coimbra mantém, assim, a aposta num meio de transporte amigo do ambiente que, desde sempre, foi um ex-libris da cidade.
Ao que parece, faltam é recursos para que a completa renovação se processe com a brevidade possível.
A nossa sugestão é simples: pare-se com a loucura do TGV e invista-se em transportes urbanos limpos — em Coimbra e nas outras cidades.

Ricos e pobres

Fora dos dicionários, pobreza e riqueza não são realidades opostas mas interdependentes.
Garrett perguntava-se, no século XIX, quantos pobres são precisos para fazer um rico e, sobre a Espanha pré-republicana (que a rebelião de Franco viria a repor), Neruda escrevia em "España en el corazón", um dos poemas mais comoventes do século XX: "Espanha pobre/ por culpa dos ricos". O que, na crueza dos números, significava 8 milhões de pobres, metade do país nas mãos de meia dúzia de pessoas e províncias inteiras propriedade de um só homem, enquanto o salário médio era de 1 a 3 pesetas por dia (um quilo de pão custava 1 peseta). Angola é hoje um bom exemplo de como a riqueza de alguns se alimenta da pobreza de muitos. Os jornais publicavam ontem duas notícias de Angola: a de que todos os anos ali morrem com diarreia 20 mil crianças de menos de 5 anos, 600 mil não têm peso suficiente e 900 mil sofrem de subnutrição, e a de que, além de Isabel dos Santos, mais dois filhos do presidente angolano estão a investir milhões em Portugal. A vacina contra a gastroenterite custa umas poucas de dezenas de euros.

quarta-feira, outubro 14, 2009

Demasiado tempo na escola

Há muito que os professores perceberam e sentem o quanto é contraproducente para os alunos a chamada Escola a Tempo Inteiro a qual, de tal forma os aprisiona às actividades escolares, durante 8 a 9 horas por dia, que não lhes deixa qualquer tempo para outras actividades absolutamente indispensáveis à sua formação saudável e integral.



Agora são também especialistas e investigadores que alertam para o erro desta desastrada opção e os prejuízos que dela podem advir para as crianças e os jovens.
a responsável por esta (e outras malfeitorias), mesmo na hora de finalmente fazer as malas, é que ainda  acha que não fez nada de mal.

Portugal: o país do sol

Um estudo comparativo da qualidade de vida em dez países europeus, tendo por base a análise de um conjunto diversificado de indicadores, entre os quais, o rendimento familiar, o número de horas de trabalho, o número de dias de férias, o preço dos combustíveis e dos alimentos, os gastos do governo com a educação e a saúde, a idade de aposentação e ainda o número de horas de sol por ano (!), deu lugar à seguinte classificação:
1. França
2. Espanha
3. Dinamarca
4. Holanda
5. Alemanha
6. Polónia
7. Itália
8. Suécia
9. Irlanda
10. Reino Unido
Se compararmos esta classificação com a do IDH (Índice de desenvolvimento Humano) de 2007/2008, elaborada pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e reconhecidamente a mais credível e a única que analisa 177 países de todo o mundo, facilmente se constata várias discrepâncias e algumas graves omissões.
São sobrevalorizadas as posições da Holanda (6.º), da França (8.º), da Espanha (15.º), da Dinamarca (16.º), da Itália (18.º), do Reino Unido (21.º), da Alemanha (22.º) e, de forma verdadeiramente inexplicável, a Polónia (41.º), cujos lugares na classificação do IDH, nalguns casos, são bem mais modestos.
A Irlanda (5.º) e a Suécia (7.º), pelo contrário, registam uma classificação ligeiramente melhor no IDH.
Quanto a omissões, relativas apenas a países europeus, regista-se a falta da Noruega (1.º), da Islândia (3.º) e da Suíça (9.º), na classificação do IDH.
E deixámos Portugal para o fim porque, lamentavelmente, é lá para trás, num triste 34.º lugar, que eternamente nos arrastamos, com vários "países em vias de desenvolvimento" a passarem-nos à frente.

Os nossos governantes deviam ter um pouco mais de escrúpulos, de decência e de honestidade quando enchem a boca a repetir que a economia está a crescer e o país a desenvolver-se. Eles sabem bem que isso não é verdade. O IDH é como o algodão, não engana. Portugal está cada vez mais pobre e é cada vez mais um país do 3.º Mundo. Por muitas horas de sol que tenhamos por ano!

As múltiplas faces do capitalismo

Segundo um relatório ontem publicado, apesar da crise económica mundial, o número de bilionários na China cresceu, em números oficiais, de 101 para 130, durante o ano passado, embora outras 100 pessoas, que mantêm as suas fortunas secretas, possam já fazer parte do grupo. Acima da China, encontra-se apenas, por enquanto, os Estados Unidos, com 359 bilionários. 
A maior parte dos bilionários chineses construiu as suas riquezas na área da construção e das indústrias correlativas, lucrando com a multidão crescente de pessoas que troca o campo pela cidade, fenómeno que se prevê vá prolongar-se até 2025.



O relatório afirma ainda que, embora o país tenha abraçado o capitalismo, as ligações com o poder "comunista" ajudam na acumulação de riquezas. Um terço da lista dos mil homens mais ricos da China é integrante do partido único do regime.
 Em suma, o século XXI veio demonstrar que o capitalismo e a criação de fortunas convivem perfeitamente com qualquer regime político — e nem é necessária que seja uma ditadura fascista, bastando apenas uma "democracia" liberal ou uma ditadura "comunista". É claro que a repartição da riqueza e a justiça social nunca estarão garantidas, mas também, quem é que é suficientemente ingénuo para acreditar que esse é um dos objectivos do capitalismo?

terça-feira, outubro 13, 2009

A estabilidade governativa não é um fim

O secretário-geral do PCP defendeu hoje que a "estabilidade governativa não é um fim em si mesmo", afirmando que o mais importante são as políticas "no concreto", questão que pretende debater com o primeiro-ministro na quinta-feira.

Jerónimo de Sousa tem razão. Quatro anos de governo de maioria absoluta de José Sócrates demonstraram claramente o que pode valer a estabilidade governativa.

Equívoco no voto?

As pessoas que foram escrever sobre arrogâncias, extremismos e responsabilidades, nos comentários a esta nota de Francisco Louçã, muito sinceramente, parece-me que se enganaram na porta. Provavelmente ter-se-ão até enganado no voto. Acontece.
Todos sabemos as razões pelas quais o BE não fez coligação eleitoral com o PS. Só para recordar algumas: as loucuras do TGV e da OTA, os escândalos financeiros da Banca, o 'novo' Código Laboral, as malfeitorias à Escola Pública (Magalhães, pseudo-avaliação e divisão dos professores, estatuto dos alunos), SNS cada vez mais caro e inacessível, censura da comunicação social, etc. E tudo isto, aqui sim, levado a cabo por um governo arrogante, extremista e irresponsável!



Querer agora que o BE faça um acordo governamental com o PS, passando uma esponja por cima de todas estas questões — que, de resto, também são criticadas por destacados membros do PS — é o mesmo que pedir-lhe que faça um favor a José Sócrates e, sobretudo, cometa uma traição inqualificável ao seu eleitorado e preste um péssimo serviço ao país.
Percebo, portanto, a declaração de Francisco Louçã de que "o Bloco não fará coligação com o PS, e proporá e só aprovará medidas concretas que ajudem a responder à crise e a trazer soluções para as pessoas" e renovo-lhe, por isso, o meu total apoio.

Afinal os comunistas não são o diabo!

Na cidade dos bispos, a CDU ganhou a freguesia da Sé com maioria absoluta. O cónego Melo deve andar à voltas no caixão!


 clicar para ampliar

Infelizmente, desta vez os comunistas perderam a Marinha Grande mas, por este andar, prá próxima ganham Fátima!

sexta-feira, outubro 09, 2009

Alô, professor

Os EUA foi campeão em educação até a década de 70 e liderava em número de alunos que concluíam os cursos. Hoje, está em 18.º lugar em formaturas no ensino secundário. Nos últimos testes internacionais de matemática, os adolescentes americanos ficaram em 36.º lugar, entre 57 países mais avançados, e em 29º, em ciências.
Ainda lideram no ensino superior, mas o número de escolas inferiores progride com mais rapidez do que as boas faculdades.
O ensino primário e o secundário são obrigatórios em todos Estados mas, a cada 26 segundos, um aluno pára de estudar e muitos entram no crime e na vadiagem. A maioria é negra e latina.
Vários empresários da área de educação entraram na disputa pelo dinheiro público convencidos de que podem educar melhor por menos e embolsar o resto. A 'receita' é simples…
As aulas começam às 7 da manhã e terminam as cinco da tarde. A disciplina é rígida, a limpeza impecável. Com frequência há aulas de reforço nos fins de semana, mas a variante mais surpreendente é a 'disponibilidade' dos professores: 24 horas por dia, 7 dias por semana. Se o aluno não sabe resolver o problema às sete da noite, “alô, professor”.
Para corrigir o problema da falta de educação americana, jantar frio, com álgebra, faz parte da solução. ( Lucas Mendes, BBC Brasil)
Não me admiraria que, também por cá, a indústria do ensino, por estes dias, nos entrasse porta dentro. Eu quero estar de fora!

Portugal é Lisboa…

Como é sabido, o FEDER, uns dos fundos comunitários, destina-se a financiar projectos de desenvolvimento regional. Já o Fundo de Coesão, igualmente proveniente da União Europeia, constitui uma ajuda aos países e regiões cujas populações têm um rendimento médio inferior à média comunitária.
Portugal é um dos Estados-membros que tem vindo a beneficiar da atribuição destes fundos porque, à excepção da região de Lisboa e Vale do Tejo, cujo nível de vida está acima da média europeia, o resto do país situa-se abaixo dessa média.
Lógico seria, portanto — se alguma lógica existe nestas coisas — que, de forma a atenuar a macrocefalia em torno da capital do "reino" e combater o atraso e a desertificação do interior, fossem canalizados os necessários recursos financeiros para as regiões mais pobres.
Ora é precisamente isso que não irá acontecer porque o Governo, apoiando-se num acordo assinado por Barroso e Sócrates, prepara-se para desviar dinheiro destinado às 'regiões de convergência' para a região de Lisboa, com o argumento de que os investimentos que aí de fizerem terão reflexo no restante território nacional.
Não tenho rigorosamente nada contra Lisboa (cidade que adoro) e a sua região mas, o que me parece é que a velha afirmação "Portugal é Lisboa e o resto é paisagem!" é cada vez mais verdadeira.

Obama, Nobel da Paz: premiar o futuro

Lá para o reino da Arábia
Havia amêndoas aos centos
Que grande rebaldaria
E a Palestina às escuras

Os Sheikes israelitas
Já que estou com a mão na massa
Lembram-me os Sheikes das fitas
Que dão porrada a quem passa


(José Afonso, Nefretite não tinha papeira)

O Prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído ao Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, "pelos seus extraordinários esforços para reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos", designadamente os "esforços de Obama no sentido de um mundo sem armas nucleares".
Não tenho nenhuma animosidade contra Obama, que considero um político estimável e bem intencionado, mas atribuir-lhe, desde já, o Prémio Nobel da Paz, quando ainda não encerrou o "campo de concentração" de Guantánamo, não conseguiu (ou não quis?) meter Israel na ordem e viabilizar um Estado palestino independente, e os seus "esforços […] no sentido de um mundo sem armas nucleares" visam apenas os outros enquanto a América e os seus amigos israelitas mantêm (ou aumentam) os seus arsenais, convenhamos que me parece demasiado prematuro.
A não ser que, como considera Saramago, o tomemos como um "investimento" na esperança de que, futuramente, Obama venha a dar um sincero e decidido contributo para a resolução definitiva destes e de outros problemas e a justificar plenamente o prémio que agora recebe.
Acreditemos.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Para trabalho igual salário igual

A Comissão Europeia vai também — e neste caso com inteira justiça — levar Portugal ao Tribunal de Justiça europeu se, dentro de dois meses, não for integralmente transporta para a legislação portuguesa a lei comunitária sobre igualdade entre homens e mulheres no trabalho. De resto, se houvesse decência política em Portugal, isso nem seria necessário porque, sobre essa matéria, o Artigo 59.º da Constituição da República Portuguesa é muito claro. Só falta cumpri-lo.

Laissez faire, laissez passer!

A Comissão Europeia decidiu levar Espanha e Portugal ao Tribunal de Justiça europeu por penalizarem com tributação de saída as empresas que se deslocalizam para outros países em busca de mão-de-obra (ainda) mais barata. Tudo em nome do sacrossanto "direito à liberdade de estabelecimento", vulgo liberdade de explorar até ao tutano. José Manuel Barroso e os seus capangas estão lá para isso mesmo: garantir pasto fresco aos grandes grupos económicos. Laissez faire, laissez passer!

Balada de Outono

O tempo chuvoso não engana. Estamos no Outono. Não da ditadura, mas de uma democracia que ainda deixa tanto a desejar!…
Couple of Coffee, no Coliseu dos Recreios, interpretam de forma sublime, Balada de outono, de José Afonso.

Acabou a farsa

As oposições prometeram e estão dispostas a cumprir. PSD, CDS-PP, Bloco de Esquerda e PCP vão acabar com o actual modelo de avaliação e com a divisão dos professores em duas categorias. Só não se sabe ainda se será antes ou depois da aprovação do Orçamento de Estado, no início do próximo ano.

 

Aos poucos, todo o imenso lixo produzido, durante quatro negros anos, pelos cérebros delirantes da 5 de Outubro, há-de ser definitivamente varrido. Para bem das escolas e do país.

Agora pagamos todos

Obama diz que a economia dos EUA está no caminho da recuperação e a Fed (Banco Central dos EUA) fala de estabilização. Porém, a verdade é que o défice do orçamento dos Estados Unidos, no ano fiscal de 2009, alcançará a cifra inimaginável de 1,4 triliões de dólares, registando assim um aumento de mais de 200 por cento em relação ao valor do ano passado e igualando os 9,9 por cento do PIB verificados no longínquo ano de 1945.



Os americanos estão a sofrer as consequências de terem eleito por duas vezes George Bush, a mais sinistra e incompetente criatura da história do seu país. Só é lamentável que todo o mundo tenha também de pagar pela asneira que eles fizeram.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Parlamento Europeu 'chateia' Berlusco

Apesar da cerrada e miserável oposição do Partido Fascista Popular Europeu, o Parlamento Europeu vai debater a liberdade de imprensa (ou antes, a falta dela), em Itália. Berlusconi, dono de grande parte dos meios de comunicação social (chamemos-lhe de propaganda), quer silenciar os que não controla através da aplicação de pesadas multas.



Não espero muito deste debate mas, pelo menos, o fascista Berlusco vai ter de prestar contas a alguém, já que em Itália faz o que lhe apetece, apesar de mais de cem mil pessoas se terem manifestado contra as medidas intimidatórias do seu 'governo'.

Labirinto

O Diário Económico diz que Carvalho da Silva quer vitória de António Costa. Já a TSF prefere destacar que Santana desvaloriza apoio de Carvalho da Silva a António Costa e que Jerónimo de Sousa confirma apoio de Carvalho da Silva à CDU. Em que ficamos, então? O Jornal de Negócios retoma o assunto e esclarece definitivamente: Carvalho da Silva deseja vitória de Costa mas apoia a CDU.
Afinal, por que é que não dizem logo tudo de uma vez?…

Livro Branco da Educação (dos professores)

Esta é uma iniciativa inédita que merece ser amplamente discutida e divulgada: "um Livro Branco da Educação com origem na classe docente, livro este que, assumindo um cariz reivindicativo, não se limitasse às reivindicações estritamente laborais, reflectindo antes a visão da classe sobre o interesse público e sobre a sua acção na prossecução desse interesse". Livro que seja, a um tempo, a crítica global e radical da classe docente ao caos a que os sucessivos governos conduziram a Escola Pública e a proposta fundamentada dos professores para superar tal situação.

Contrariando o péssimo hábito de os Livros Brancos serem feitos pelos organismos oficiais  e, portanto, apenas servirem para serem atirados ao lixo e tudo continuar negro como dantes, esta parece-me uma óptima ideia. Que até poderia ser seguida por outras classes profissionais.

Quem está verdadeiramente do lado dos professores?

A Fenprof exige a suspensão imediata da avaliação de desempenho e o fim da divisão da carreira docente.
Por seu lado, o PCP vai apresentar na Assembleia da República uma proposta de revogação do Estatuto da Carreira Docente, origem de todas as medidas gravosas posteriormente tomadas pelo anterior governo.
Agora é que vamos ver quem está verdadeiramente do lado dos professores. Receio que alguns venham a roer a corda. A ver vamos…

Universidade de Coimbra aposta na internacionalização

A Universidade de Coimbra (UC) foi considerada, pelo terceiro ano consecutivo, a melhor instituição nacional pelo Times Higher Education Supplement e ocupa uma excelente posição no International Education Directory of Colleges and Universities.



Em entrevista ao Público, o Reitor Seabra Santos defende "que se deverá acrescentar às missões clássicas das universidades, a internacionalização" porque, em seu entender, "esta dá oportunidade de complementar a formação e a investigação, quer para estudantes quer para professores; não apenas com a aferição e comparação com as melhores práticas, mas sobretudo com a possibilidade de manter uma agenda de diplomacia cultural autónoma." O Reitor da UC afirma constatar que universidades como a sua "têm capacidade para chegar onde a diplomacia clássica e política não chega", facto que Espanha e Brasil já compreenderam, defendendo "que o Governo português devia olhar para o papel que as universidades podem constituir neste campo e apoiá-las".
Seabra Santos acha, por outro lado, que o afastamento de Coimbra em relação a Lisboa não está na distância "mas nas opções e orientações políticas dos vários governos", acrescentando que "Portugal está a tornar-se um país excessivamente centralizado" e que "os grandes investimentos públicos continuam a ser feitos em Lisboa". Para o Reitor da UC "é uma política desastrosa em termos de equilíbrio nacional."

Na cerimónia de abertura do novo ano lectivo da UC, o reitor Fernando Seabra Santos apresentou ao Governo um caderno de encargos com seis pontos — o ordenamento da oferta educativa, a racionalização da rede de instituições, a política de financiamento, a clarificação do conceito de autonomia, a revitalização do processo de avaliação e a maior aproximação entre sistema universitário e científico — que preocupam as instituições de ensino superior.

segunda-feira, outubro 05, 2009

Dia do Professor: que esperança?

Hoje é Dia do Professor. Pela primeira vez, em quatro anos, os professores portugueses celebram-no com esperança e sem manifestações de rua.
É verdade que eles foram certamente decisivos para que Sócrates perdesse a maioria absoluta e a executora da política de destruição do Ensino e da Escola Pública fosse definitivamente chumbada e atirada para o caixote do lixo da História.



Porém, num momento em que o futuro governo ainda não está constituído e, menos ainda, sabemos qual vai ser a sua orientação política, talvez fosse mais prudente manterem a expectativa, sem descartarem a hipótese de ser necessário voltarem à luta. Ao fim e ao cabo, nada de substantivo ainda mudou: a pseudo-avaliação do desempenho, a divisão arbitrária da carreira em categorias e o Estatuto da Carrreira Docente (sem falarmos na liquidação da gestão democrática das escolas).

Celebrar o 5 de Outubro

Faz hoje precisamente 99 anos que foi implantada a República. Celebrar o 5 de Outubro de 1910, nos dias que correm, mais do que festejar um passado infelizmente inconsequente, perdido nas brumas da memória, deve servir para recordarmos as promessas não cumpridas de Abril e para nos interrogarmos seriamente sobre o muito que ainda está por fazer.



Por que razão…
  • continuamos a ser um dos países mais pobres, desiguais e atrasados da Europa?
  • dois milhões vivem abaixo do limiar da pobreza?
  • cerca de 650 mil estão no desemprego, mais de 200 mil dos quais não recebem qualquer subsídio?
  • o desemprego precário atinge cerca de dois milhões?
  • a corrupção alastra tendo aumentado nos últimos quatro anos?
  • a Justiça é cara, demorada e praticamente inoperante com os poderosos?
  • é cada vez maior a promiscuidade entre o Estado e os grupos económicos?
  • o tecido industrial está a desfazer-se, com especial relevância para as micro, pequenas e médias empresas?
  • a agricultura e as pescas foram praticamente desmanteladas?
  • o ensino está cada vez mais longe de conseguir a efectiva alfabetização e qualificação dos jovens e da população activa?
Em suma, por que razão continuamos tão longe de sermos uma verdadeira democracia?

domingo, outubro 04, 2009

"Gracias a la vida", mesmo na morte

A cantora popular argentina Mercedes Sosa, que lutou contra as ditaduras fascistas na América do Sul com a sua potente voz e se tornou numa lenda da música latino-americana, morreu hoje, aos 74 anos.



Carinhosamente apelidada "La Negra" - devido ao seu cabelo preto e à tez morena - Sosa foi igualmente chamada de “voz de uma maioria silenciosa”, tendo sempre lutado pelos direitos dos mais pobres e pela liberdade política.
A sua versão da música “Gracias a la Vida”, de Violeta Parra, tornou-se um hino para os esquerdistas de todo o mundo, nas décadas de 1970 e 1980, quando foi forçada a exilar-se na Europa e os seus discos foram banidos.

sábado, outubro 03, 2009

Até a pobreza vende

A boneca Gwen, uma «sem-abrigo» da marca American Girls, custa 95 dólares e o produto da venda não reverterá para obras de caridade, revela o «Huffington Post».
Admito que, sobretudo os que apenas se preocupam em tratar da vidinha, achem que afirmar que o capitalismo se alimenta da miséria das massas é demagógico.
Pois não há nada de mais verdadeiro e este caso comprova-o à saciedade.

Será que muda mesmo?

O que muda com o tratado de Lisboa (adaptado daqui):
  1. O tratado acaba com o processo da presidência semestral rotativa de cada Estado. Passa a ser nomeado um presidente, e um chefe da diplomacia para um mandato de dois anos e meio, no máximo dois mandatos de cinco anos.
  2. O novo sistema de voto, prevê a tomada de uma decisão se ela tiver o apoio de 55 por cento dos Estados que representem 65 por cento da população da UE. O que vai dar mais peso aos países com mais população.
  3. Única instituição eleita pelos cidadãos, o Parlamento Europeu vai dispor de verdadeiros instrumentos de co-decisão a par dos Estados em assuntos directamente ligados à vida dos cidadãos, como a agricultura, pesca, polícia e justiça.
  4. Um dos objectivos do Tratado é armar melhor a Europa para lutar contra a criminalidade, o terrorismo, e promover e apoiar medidas de segurança.
  5. Um milhão de cidadãos europeus pode instar a Comissão Europeia a estudar uma proposta legislativa. 
  6. As preocupações cívicas europeias com a segurança energética, alterações climáticas, saúde e emprego estão presentes no Tratado. Mas pouco.

Água mole em pedra dura…

… Tanto dá até que fura!
Não foi à primeira, foi à segunda (ou iria à terceira, se preciso fosse). É assim, a democracia comunitária.

A (futura) primeira potência mundial

Em termos de poder geopolítico e geoeconómico relativo, a China duplicou desde 1973 — numa escala aritmética "disparou" de 66,17 pontos para 132,46. Como os Estados Unidos declinaram ligeiramente (apenas 2% desde 1973 e 0,6% desde 1998), manifestando uma clara resiliência, a nova potência asiática foi preenchendo o espaço no balanço mundial deixado vago pela queda brutal da Rússia (58% desde os tempos da URSS em 1973) e mais moderadamente do Japão (cerca de 16%) e da Europa (12,5% no caso de se considerar a União Europeia a 24 membros).




O que este estudo não revela é que os americanos sobrevivem cada vez mais à custa dos chineses. São estes que lhes custeiam a astronómica dívida pública comprando-lhes doses maciças de títulos do tesouro da Reserva Federal.
Não há dúvida que, neste século XXI, a China vai ser a primeira potência mundial. Só quem anda desatento ou não viu a transmissão televisiva da celebração dos 60 anos da República Popular da China pode admirar-se Seja comunismo, capitalismo de Estado ou tenha ou não alguma a coisa a ver com democracia e respeito pelos direitos humanos. Isso já seria outra conversa.

sexta-feira, outubro 02, 2009

Finalmente livres

Cantiga do ódio

O amor de guardar ódios
agrada ao meu coração,
se o ódio guardar o amor
de servir a servidão.
Há-de sentir o meu ódio
quem o meu ódio mereça:
ó vida, cega-me os olhos
se não cumprir a promessa.
E venha a morte depois
fria como a luz dos astros:
que nos importa morrer
se não morrermos de rastros?


Carlos de Oliveira

Os professores portugueses estão finalmente de parabéns. Não conseguiram livrar-se da figura mais sinistra do governo nas ruas, com greves e manifestações que ficaram na história, fizeram-no tirando a maioria absoluta a Sócrates. Bem sei que há-de ser recompensada pelos relevantes serviços prestados ao país — destruição da Escola Pública e humilhação da classe docente  — com um tacho na administração pública ou uma comenda no 10 de Junho. Mas a maior recompensa que lhe desejo é que a sua alma, se a tem, arda nas profundas dos infernos, se existem.