sexta-feira, outubro 09, 2009

Obama, Nobel da Paz: premiar o futuro

Lá para o reino da Arábia
Havia amêndoas aos centos
Que grande rebaldaria
E a Palestina às escuras

Os Sheikes israelitas
Já que estou com a mão na massa
Lembram-me os Sheikes das fitas
Que dão porrada a quem passa


(José Afonso, Nefretite não tinha papeira)

O Prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído ao Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, "pelos seus extraordinários esforços para reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos", designadamente os "esforços de Obama no sentido de um mundo sem armas nucleares".
Não tenho nenhuma animosidade contra Obama, que considero um político estimável e bem intencionado, mas atribuir-lhe, desde já, o Prémio Nobel da Paz, quando ainda não encerrou o "campo de concentração" de Guantánamo, não conseguiu (ou não quis?) meter Israel na ordem e viabilizar um Estado palestino independente, e os seus "esforços […] no sentido de um mundo sem armas nucleares" visam apenas os outros enquanto a América e os seus amigos israelitas mantêm (ou aumentam) os seus arsenais, convenhamos que me parece demasiado prematuro.
A não ser que, como considera Saramago, o tomemos como um "investimento" na esperança de que, futuramente, Obama venha a dar um sincero e decidido contributo para a resolução definitiva destes e de outros problemas e a justificar plenamente o prémio que agora recebe.
Acreditemos.

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