Veio depois o concurso para professor titular e, com ele, a divisão artificial e artificiosa da classe docente em professores de primeira e professores de segunda. Mas nós, ainda que tal nos parecesse injusto e injustificado, alinhámos no jogo.
Seguiu-se a avaliação do desempenho e então, finalmente, o nosso descontentamento acordou, engrossou, alastrou de norte a sul. E culminou num protesto como jamais se viu. Parecia que desta vez tínhamos feito valer as nossas justas razões. Mas houve alguém que se/ nos enganou. E tudo voltou à estaca zero. Ou quase.
Ao mesmo tempo, era aprovado o "novo" regime de gestão que vem extirpar de vez a democracia da Escola Pública: acaba com a direcção executiva colegial (impondo a figura do director omnipotente) e com a sua eleição por sufrágio directo e universal, põe fim à eleição dos coordenadores das estruturas pedagógicas intermédias pelos professores, reduzindo-os à mera condição de "funcionários" e, depois de no projecto inicial considerar, de forma humilhante e vexatória, que os professores não tinham os mesmos direitos que os outros elementos do Conselho Geral, concede-lhes finalmente o "favor" de também poderem ser eleitos para a presidência daquele órgão.
Por isso temos vindo a ser convocados para a farsa eleitoral para o Conselho Geral. Convidados a candidatarmo-nos, a votarmos, a legitimarmos, ao fim e ao cabo, o estabelecimento do poder autocrático nas nossas escolas.
Mas, desta vez, a minha memória ainda está bem fresca. E dorida. Por isso não me candidatei. Por isso não votei. De mim não hão-de dizer que participei no funeral da gestão democrática.
Aurélio Malva, 20/06/2008