sexta-feira, outubro 11, 2013

Há outro(s) caminhos(s)

A directora-geral do FMI afirmou ontem, na conferência de imprensa anual conjunta da organização e do Banco Mundial, em Washington, que Portugal tem “uma dificuldade particular”, que é “a visão do Tribunal Constitucional sobre o que é ou não constitucional”.
“Concentrar o esforço de ajustamento no início do processo e a consolidação orçamental não é necessariamente o mais apropriado em todo o lado e é por isso que, no caso de Portugal tal como no caso da Grécia, dissemos que era preciso mais tempo, para proteger áreas que geram crescimento e criação de emprego”, afirmou ainda Christine Lagarde.


Apesar da contradição entre o primeiro e o segundo parágrafo, o que estas declarações de Lagarde afinal provam é que:

1. Mesmo no quadro do denominado "Programa de Assistência Financeira", contrariamente ao que Passos Coelho propagandeia, existe alternativa à austeridade cega e furiosa que empobrece as famílias, destrói a economia e não resolve os problemas do défice e da dívida, existe outro caminho: "mais tempo, para proteger áreas que geram crescimento e criação de emprego”.

2. A "dificuldade particular" de Portugal é, portanto, a austeridade do fundamentalismo neo-liberal, e não o Tribunal Constitucional que, enquanto pilar do Estado, esperamos que continue a defender intransigentemente a Constituição e a soberania nacional, postas sistematicamente em causa pelo Governo com a complacência do Presidente da República.

Há outro(s) caminhos(s), sempre o soubemos. Curioso é ser o próprio FMI a admiti-lo!

quarta-feira, outubro 09, 2013

O casino que nos desgraça


Com as modernas tecnologias, designadamente a informática e a internet, as transacções nas bolsas de valores acontecem ao segundo. Em vez de esperarem pelos juros e dividendos, os especuladores apostam na obtenção imediata de mais-valias, tentando comprar os títulos em baixa e (muitas vezes no mesmo dia ou na mesma hora) vendê-los em alta, como se de um gigantesco casino se tratasse e não de uma economia real da qual dependem biliões de seres humanos. As consequências desta selva financeira são conhecidas e dramáticas: a falência de empresas, que lança para o desemprego milhões de trabalhadores, e a escalada das dívidas soberanas (ou mesmo bancarrota) dos países economicamente mais frágeis, que conduz à proletarização e empobrecimento da esmagadora maioria da sua população.




Tudo seria bem melhor e mais fácil se acabassem com esta louca roleta ao segundo e o mercado secundário de capitais funcionasse apenas em seis ou doze sessões por ano. E os governos, em nome do interesse colectivo, bem podiam fazê-lo. Mas não o farão, porque embora sejam 'eleitos' pelos cidadãos, estão subordinados aos grandes interesses financeiros privados.
Resta a luta da humanidade pelo fim deste sistema imoral e insustentável. Ou a sua inevitável implosão. Mas até lá muitos milhões de seres humanos ainda pagarão com a vida. Desgraçadamente.

Subtrai e segue!

Cortes nas pensões: nem os mortos escapam!

Com Salazar, até os mortos votavam. Com Passos e a sua corja, nem os mortos escapam aos cortes nas pensões.



sábado, outubro 05, 2013

Eles são nossos inimigos

Podiam cortar nas rendas obscenas que pagam às PPP's para garantir os lucros aos seus accionistas. Podiam cortar nos swap's e deixar de meter pazadas de dinheiro que é nosso pelas goelas dos banqueiros abaixo.  Podiam taxar as transacções financeiras (0,1% não seria nada para os especuladores e representaria muitos milhões para o erário público). Podiam combater a evasão fiscal das grandes empresas que abrem filiais no estrangeiro apenas para não pagar impostos. E, mais que não fosse para darem o exemplo, podiam cortar nas "gorduras do Estado" (serviços de consultoria, assessorias e 'jobs' para os 'boys', frota automóvel de luxo, reformas douradas,…).


Tudo isso podiam fazer, se lá estivessem para governar o país e melhorar as nossas vidas. Mas esse não é o seu objectivo. Estão lá para enriquecer uma pequena minoria à custa da extorsão e consequente empobrecimento da esmagadora maioria dos portugueses. É isso que, em 2014 (e nos anos seguintes), eles pretendem continuar a fazer. E, se ninguém lhes fizer frente, não duvidamos que o farão. Com perfeita consciência das malfeitorias que estão a cometer. Porque são nossos inimigos.

quarta-feira, outubro 02, 2013

A culpa não morrerá solteira

Passos Coelho não assume derrota pessoal nas autárquicas. E volta a pressionar o Tribunal Constitucional.

A culpa do descalabro a que estamos a ser conduzidos não é dele, portanto. Nem do seu descabelado "governo", da sua criminosa política, da sua cúmplice maioria parlamentar. Nem sequer da assombração que preside à República.

A "culpa" é da "ingratidão" dos portugueses, que estão fartos da roubalheira da austeridade (só 2 por cento
, claro, a apoiam!!!), da Constituição, que é um "empecilho", do Tribunal Constitucional, que insiste em lembrar-lhe que ainda estamos num Estado de direito.

Desta vez, a culpa não morrerá solteira, espero.