segunda-feira, agosto 31, 2009

A verdadeira escolha

Conhecemos bem a mundivisão retrógrada e conservadora de Ferreira Leite. O seu pensamento político sobre o papel da Familia, do Serviço Nacional de Saúde e do Estado, não deixa margem para dúvidas. E a sua folha de serviço enquanto ex-Ministra das Finanças e da Educação também não.
Mas, se a mundivisão de Sócrates se traduz em mais de seiscentos mil desempregados (cerca de metade dos quais sem receberem qualquer apoio), no encarecimento do Serviço Nacional de Saúde cada vez menos acessível às pessoas mais carenciadas, na desqualificação da Escola Pública, no endividamento insensato do país com a construção de obras megalómanas e dispensáveis, na perseguição fiscal das famílias e das pequenas e médias empresas, ao mesmo tempo que viabiliza negócios duvidosos e lucros chorudos aos grandes grupos económicos, a escolha dos portugueses — se ainda lhes resta um pingo de discernimento — não pode ser entre Ferreira Leite e Sócrates, entre o P"SD" e este P"S".
A nossa escolha é entre o Bloco Central, responsável pela desgraça e a inércia em que estamos mergulhados há 30 anos, e a Esquerda da solidariedade, da modernidade, da transparência. Simples, portanto.

Sócrates versus Sócrates

Na linha da famosa rábula revisteira da grande Ivone Silva, no duplo papel de Olívia patroa e Olívia costureira, um momento imperdível de comédia, ou melhor, tragicomédia, com o maior clown e embusteiro de todos os tempos da política nacional, no papel de líder da oposição e de chefe do governo.
Isto merece e deve ser visto e divulgado todos os dias, até 25 de Setembro, pelo menos.

quinta-feira, agosto 27, 2009

A herança de Sócrates

São os trabalhadores dos segmentos mais frágeis da população – operários e trabalhadores não qualificados, trabalhadores com mais baixo nível de escolaridade, jovens – que estão a ser mais afectados pelo desemprego e pela falta de protecção social.
É esta a herança da 
brilhante governação Sócrates.

Segundo as Estatísticas do Emprego do INE relativas ao 2º Trimestre de 2009, o desemprego em Portugal continuava a aumentar e tinha ultrapassado meio milhão, o que constitui um verdadeiro drama para centenas de milhares de famílias portuguesas que têm o trabalho como principal fonte de rendimento para viver. No entanto, o problema não está a afectar da mesma forma os diversos sectores sociais e económicos, encontrando-se os mais fragilizados numa situação particularmente insustentável.
A primeira conclusão a tirar é que, no último ano, verificou-se uma destruição líquida de emprego de mais de 150 mil, situação que, a continuar, fará com que, no lugar dos novos 150.000 empregos prometidos por Sócrates, tenhamos menos 150.000. Ou seja, a economia portuguesa não só não está a criar emprego para aqueles que entram de novo no mercado de trabalho, mas está também a destruir o emprego de muitos que o tinham.
Por outro lado, o desemprego não está atingir de forma igual os trabalhadores de diferentes níveis de escolaridade. No mesmo período, os trabalhadores com menor escolaridade foram as principais vítimas, entrando no desemprego cerca de 235 000, ao passo que o número de empregos dos trabalhadores com o ensino secundário aumentou em 48,9 mil, e o dos trabalhadores com formação superior subiu em 34,1 mil.
Outra conclusão a tirar é que, enquanto os "Operários, artífices e trabalhadores similares" registaram uma destruição líquida de  115 mil empregos, e os Trabalhadores não qualificados", mais de 90 mil, o emprego de "Quadros superiores" aumentou em 46,4 mil e o de "Especialistas das profissões cientificas e intelectuais" em 23,1 mil.
Os jovens (15 aos 34 anos) foram também duramente penalizados, com uma diminuição líquida do emprego que representa 73,5% do total.
Finalmente, constata-e que dos 635,2 mil desempregados efectivos, apenas 323,2 mil recebem subsídio de desemprego, o que corresponde a somente 51% do total.
Em resumo, são os trabalhadores dos segmentos mais frágeis da população – operários e trabalhadores não qualificados, trabalhadores com mais baixo nível de escolaridade, jovens – que estão a ser mais afectados pelo desemprego e pela falta de protecção social.
É esta a herança da brilhante governação Sócrates. [adaptado daqui]

terça-feira, agosto 25, 2009

Cavaco: dois pesos e duas medidas!

O Presidente da República vetou a nova lei das uniões de facto, de nada valendo a convergência da esquerda — o PS lamentou profundamente o veto, o PCP afirmou ter-se perdido uma oportunidade para reparar situações de desprotecção e o BE considerou que Cavaco foi insensível a um diploma que visa sobretudo corrigir injustiças.
Justificando a sua decisão, Cavaco considerou inoportuno que em final de legislatura se façam alterações de fundo à actual lei. No entanto, ainda há bem poucos dias promulgou a farsa da pseudo-avaliação simplificada de professores, vulgo simplex, que apenas contou com a aprovação da maioria governamental.
Enfim, dois pesos e duas medidas. Ou melhor, o que antes devia ter vetado promulgou, o que agora devia ter promulgado, vetou.

Semear ilusões, fazer propaganda

Se a redução do abandono e do insucesso escolar significasse uma efectiva melhoria da aprendizagem, todos teríamos razões para estarmos felizes e satisfeitos. Acontece que isso não corresponde de todo à verdade. Os resultados verificados foram obtidos à custa do facilitismo e da diminuição do rigor e da exigência em nome de um sucesso meramente estatístico e a qualquer preço. Preço que o país, em geral, e os jovens, em particular, virão mais tarde a pagar.
Por agora, que as eleições estão próximas, o que interessa ao governo é continuar a semear ilusões e a fazer propaganda.

quarta-feira, agosto 19, 2009

O charlatão

Qualquer semelhança com a actual situação é uma lamentável coincidência.

Contra a hipocrisia, a luta continua!

O Primeiro-ministro admitiu que existem "discrepâncias" entre o simplex e as disposições contidas no Estatuto da Carreira Docente.
O Tribunal Constitucional admite que o decreto regulamentar que simplificou o modelo de avaliação de desempenho docente pode estar ferido de ilegalidade mas considera que esta matéria escapa à sua competência.
Finalmente, o Presidente da República lava as mãos e promulga o trambolho.
Estão bem uns para os outros. Todos a fazer de conta que nada de anormal se passou. Anormalidade de que são co-responsáveis.
Os professores prometem regressar à luta já em Setembro. Será que lhes deram outra alternativa?

Três cantos enfim juntos

Três cantos. Três formas de amar, de ser livre, de resistir. Três cantos. Com voz própria, caminho distinto, personalidade singular. Três cantos enfim juntos. Solidários, cúmplices, no plural. Três cantos. Coro que, apesar de ser no Outono, será sempre da Primavera. Cantigas do Maio, porque viver (também) é lutar. Três cantos. Que serão milhares, vindos de todos os cantos. "Ergue-te ó sol de Verão, somos nós os teus cantores!"

segunda-feira, agosto 17, 2009

Gasolineiras à rédea solta

Portugal é um dos países mais pobres da UE mas, paradoxalmente, é um dos que tem os combustíveis mais caros. A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos que, supostamente, devia regular a transparência do mercado, limita-se a elaborar longos estudos, mas nada faz, deixando as gasolineiras subir os preços a seu bel-prazer (mesmo com quedas do crude, como hoje se verificou) e engrossar os seus astronómicos lucros.
O PCP pede ao Governo uma intervenção urgente no mercado de combustíveis mas, a um mês das legislativas, é absolutamente claro que a única coisa que Sócrates vai continuar a fazer é propaganda eleitoral. Em 27 de Setembro ajustamos contas!

Varrer o lixo p'ra baixo do tapete

Mas afinal que limpeza é que Manuela Ferreira Leite fez no PSD ao "engolir" a candidatura de Santana Lopes à Câmara de Lisboa e aceitar arguidos nas listas do partido? Que limpeza existe num grupo de conveniência que dá cobertura a um títere que passa a vida a ofender os portugueses do continente e os órgãos de soberania da República?
Já não há pachorra para aguentar os dislates que Alberto João Jardim arrota constantemente… Uma vez que ninguém consegue pô-lo na linha, o melhor seria mesmo ignora-lo, mas é deste lixo que a imprensa se alimenta. Infelizmente!…

quarta-feira, agosto 12, 2009

terça-feira, agosto 11, 2009

Simulações

Um projecto desenvolvido por duas empresas de Coimbra, em parceria com congéneres finlandesas, pretende ensinar os estudantes portugueses a poupar energia nas escolas já a partir do próximo ano lectivo.
A ideia até que faria sentido se, à semelhança das escolas finlandesas, as escolas portuguesas funcionassem em edifícios eficientes do ponto de vista térmico. Porém, o que na realidade acontece é que nas nossas miseráveis escolas (algumas a funcionar em pré-fabricados e contentores) se tirita de frio durante o Inverno e se sufoca com o calor no terceiro período. Nestas condições adversas não vejo como é possível poupar mais energia!
Diz-se que "a partir dos dados recolhidos os alunos poderão simular medidas para melhorar consumos e os índices energéticos das suas escolas". 
Na realidade, os alunos só podem mesmo fazer simulações, porque medidas a sério para poupar energia, sem pôr em risco a sua saúde, terão inevitavelmente de passar pela melhoria da eficiência energética e do conforto dos edifícios escolares. Mas, no país do faz-de-conta, ainda hão-de passar muitos e bons anos para que isso venha a acontecer. 

domingo, agosto 09, 2009

Um proletariado explorador?

Já há muito tempo sabíamos que os americanos vivem literalmente à custa dos chineses. Os asiáticos são os maiores detentores de obrigações do Tesouro da Reserva Federal Americana, razão pela qual manifestam grande preocupação sobre a segurança do seu investimento, tendo em atenção o crescimento do astronómico défice orçamental norte-americano. E o pior é que o valor das obrigações é agora bem mais baixo do que quando foram adquiridas, o que não só desaconselha o seu resgate, como ainda leva a comprar mais títulos de modo a afastar o perigo do afundamento da economia americana.
Enfim, parece que o dólar ainda não vai sair de cena tão cedo. E ocorre-me a velha questão de Charles Bettelheim: (há) "Um proletariado explorador?"

sexta-feira, agosto 07, 2009

Lurdes Rodrigues é o problema

Lurdes Rodrigues, afirma que as alterações ao Estatuto da Carreira Docente (ECD), aprovadas em Conselho de Ministros, respondem "a muitos dos problemas" sentidos pelos professores quanto ao seu desenvolvimento profissional, mas não a todos.
E nós acrescentamos: sobretudo aos principais — a divisão da carreira em professor e professor titular, as quotas para atribuição de "Muito Bom" e "Excelente" no âmbito da avaliação de desempenho e a existência de um limite de vagas no acesso à categoria de titular.
Ao fim e ao cabo, as ditas alterações não passam de peanuts para ludibriar os incautos. Mas em Setembro os professores vão mostrar que ela e este PS são o verdadeiro problema. Já falta pouco!