terça-feira, maio 24, 2011

O eucalipto e os fiscais

"A banca é um eucalipto que secará tudo à sua volta, impedindo que haja mais justiça e mais riqueza”. E, na verdade, se dos 78 mil milhões que estão prometidos, os bancos engolirem mais de metade (12 mil milhões, directamente, e 35 mil milhões, em garantias do Estado) e cerca de 30 mil milhões forem para pagamento de juros, é fácil de perceber que nada sobrará para a recuperação da economia e o combate ao desemprego.
E no entanto, será a maioria dos portugueses a pagar, com sangue, suor e lágrimas, a chamada ajuda externa, se votar na coligação de fiscais do FMI (PS-PSD-CDS). A menos que vote na Esquerda (BE-CDU) e, deste modo, possibilite a formação de um governo capaz de exigir uma rigorosa auditoria à dívida e a sua indispensável renegociação. Só assim conseguiremos levantar a cabeça e sair do atoleiro em que nos atascaram.

domingo, maio 22, 2011

Manifesto Plural

MANIFESTO PLURAL
(aprovado na Assembleia Popular do Rossio)
Os reunidos no Rossio, conscientes de que esta é uma acção em marcha e de resistência, acordaram manifestar o seguinte:

1. Depois de muitos anos de apatia, um grupo de cidadãs e cidadãos de diferentes idades e estratos sociais (estudantes, professores, bibliotecários, desempregados, trabalhadores…), REVOLTADOS com a sua falta de representação e com as traições levadas a cabo em nome da democracia, reuniram-se, no Rossio, em torno da ideia de Democracia Verdadeira.

2. A Democracia Verdadeira opõe-se ao paulatino descrédito de instituições que dizem representar os cidadãos, convertidas em meros agentes de administração e gestão, ao serviço das forças do poder financeiro internacional.

3. A democracia promovida a partir dos corruptos aparelhos burocráticos é, simplesmente, um conjunto de práticas eleitorais inócuas, em que os cidadãos têm uma participação nula.

4. O descrédito da política trouxe consigo um sequestro das palavras, por parte de quem detém o poder. Devemos recuperar as palavras e dar-lhes significado, para que não se manipule com a linguagem e se deixe a cidadania indefesa e incapaz de uma acção coesa.

5. Os exemplos de manipulação e sequestro da linguagem são numerosos e constituem uma ferramenta de controlo e desinformação.

6. Democracia Verdadeira significa dar nome à infâmia em que vivemos: Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu, NATO, União Europeia, as agências de notação financeira (rating), como a Moody’s e a Standard and Poor’s, o PS, PSD, CDS; contudo, há muitos mais e a nossa obrigação é nomeá-los.

7. É preciso construir um discurso político capaz de criar um novo tecido social, sistematicamente fragilizado por anos de mentiras e corrupção. Nós, cidadãos, perdemos o respeito pelos partidos políticos maioritários, mas isso não significa perder o nosso sentido crítico. Pelo contrário, não tememos a POLÍTICA. Tomar a palavra é POLÍTICA. Procurar alternativas de participação cidadã é POLÍTICA.

8. Uma das nossas premissas principais é devolver à Democracia o seu verdadeiro sentido: um governo dos cidadãos. Uma democracia participativa. E, para além disso, exigimos uma deontologia para os políticos que assegure as boas práticas.

9. Fazemos finca-pé em que os cidadãos aqui reunidos compomos um movimento TRANSGERACIONAL, porque pertencemos a várias gerações condenadas a uma perda intolerável de participação nas decisões políticas que condicionam a sua vida diária e o seu futuro.

10. Não apelamos à abstenção. Exigimos que o nosso voto tenha uma influência real na nossa vida.

11. Hoje não estamos aqui para reclamar simplesmente o acesso a subsídios ou para protestar contra as insuficiências do mercado de trabalho. ESTE É UM ACONTECIMENTO. E, como tal, um evento capaz de abrir novos sentidos às nossas acções e discursos. Isto nasce da RAIVA. Mas a nossa RAIVA é imaginação, força, poder cidadão.
fonte 5 dias 

Subscrevemos na íntegra. E relevamos os pontos 6. — é preciso chamar os "bois" pelos nomes — e 7. — defender a democracia directa e participativa não exclui o dever de votarmos por uma política ao serviço dos cidadãos (já só faltam 15 dias para o fazermos!).

sábado, maio 21, 2011

Finalmente!

As tuas palavras começam a fazer eco, José. Finalmente!…


A Porta do Sol abre-se à indignação e ao protesto. Contra o desemprego, a precariedade, a pobreza. Por uma democracia verdadeira, já, solidária e justa. Não apenas em Madrid e em Espanha. Mas por toda a Europa. E pelo Mundo.

O Circo e a Revolução

Por cá, começa hoje o circo da campanha eleitoral e, com a mais que previsível vitória da troika PS-PSD-CDS, tudo continuará na mesma, ou seja, no plano inclinado para a bancarrota.

Ver aqui 44 fotos que falam por si
Aqui mesmo ao lado, a revolução tomou conta da rua e nada será como dantes. Gracias España!

sexta-feira, maio 20, 2011

Quando o povo acorda é sempre cedo

O ataque cerrado ao euro, eufemisticamente designado por "nervosismo dos mercados", não cessa, graças à acção concertada dos especuladores financeiros e das suas agências de "notação" (que, por estranha coincidência, são todas do país do dólar!).
Não admira, por isso, que o risco de incumprimento de pagamento da dívida e a consequente probabilidade de bancarrota de Portugal esteja a aumentar de dia para dia, ainda antes da aplicação da receita do FMI/Comissão Europeia!
Não admira, por isso, que sejam já os próprios responsáveis europeus a admitir aquilo que o BE e o PCP desde sempre têm vindo a defender: a renegociação/restruturação imediata de uma dívida, que nunca poderemos pagar com as condições que o FMI e a Comissão Europeia do senhor Barroso nos querem impor, e que PS/PSD/CDS aceitam sem pestanejar.
O que nos admira e entristece é que a maioria dos portugueses não entenda o descalabro que está a acontecer, de forma tão vertiginosa, e continue a vitoriar Sócrates, Coelho e Portas como se tudo isto mais não fosse do que um carnaval!… Talvez um destes dias acordem e descubram que afinal a situação é mesmo grave e é a própria Europa que corre o risco de implodir! Talvez um destes dias acordem e descubram que afinal a revolução já anda nas ruas! "Quando o povo acorda é sempre cedo", escreveu Ary dos Santos. Esperemos que continue a ter razão.

quinta-feira, maio 19, 2011

Democracia ou bancarrota?

Simplesmente não é possível que as políticas infligidas à Grécia, Irlanda e agora Portugal reduzam o fardo da dívida daqueles países – acontecerá exactamente o oposto, como se viu desde a Zâmbia, na década de 1980, até a Argentina, no princípio da última década. Políticas semelhantes àquelas que estão a ser infligidas à Europa viram o rácio dívida/PIB da Zâmbia duplicar na década de 80 quando a economia se contraiu. A Argentina incumpriu as suas dívidas maciças em 2011, após uma recessão de três anos provocada pelas políticas do FMI. Tal como à Irlanda, hoje, disseram à Argentina que havia ido longe demais, apesar de a dívida ter disparado por causa de um desastroso conjunto de privatizações e de um atrelamento da divisa impingido ao país pelo mesmo FMI. A economia só começou a recuperar um mês após o incumprimento.
Então, por que é que estas políticas ainda estão a ser prosseguidas? Quase todos os comentadores souberam desde o primeiro dia que os pacotes de "ajuda" não tornariam sustentáveis as dívidas da Grécia ou da Irlanda. Mas […] este não é o problema em causa. O problema em causa é recuperar tanto dinheiro dos investidores quanto possível, por mais responsáveis pela crise que eles tenham sido, e transferir o passivo para a sociedade. Excerto de um artigo de Nick Dearden, Director da Jubilee Debt Campaign,
Não há dúvida, os povos têm de se levantar contra este roubo. O movimento de contestação às políticas do FMI e da CE já começou na Grécia, na Irlanda e até na Espanha. E nós, vamos resignar-nos? Rejeitamos o Programa do FMI e da Comissão Europeia, nas ruas e nas eleições de 5 de Junho, ou aceitamos ser depenados até ao último cêntimo? Queremos democracia ou bancarrota? A resposta é nossa.

terça-feira, maio 17, 2011

Voto útil

Nem de propósito!… Depois de ainda ontem aqui termos afirmado que a CDU e, em particular o BE, parecem estar a ser vítimas de uma possível transferência de votos para o PS, votos que, em nosso entender, não são apenas inúteis mas, pior do que isso, desastrosos, sabe-se agora que Henrique Neto, histórico militante socialista, declarou publicamente que não vai votar no seu partido e que a sua opção de voto deverá recair na CDU, por entender que "o país está primeiro".


Isto sim, é um excelente exemplo de voto útil. Bom seria que outros se lhe seguissem!…

segunda-feira, maio 16, 2011

O voto desastroso

Mesmo que a percentagem de indecisos e abstencionistas potenciais atinja ainda cerca de 44 por cento, CDU e, mais acentuadamente, Bloco de Esquerda, parecem estar a perder demasiados eleitores para o PS, que ultrapassa já o PSD nas sondagens.


Pensando porventura que, votando desta forma, contribuirão para impedir uma vitória eleitoral da Direita e do PSD, estes eleitores mais não fazem do que escolher o programa comum do PS-PSD-CDS, imposto pelo FMI/BCE, o qual, a ser levado à prática, agravaria a recessão económica, o desemprego, a pobreza e a própria dívida, e, muito provavelmente, empurrar-nos-ia, de resgate em resgate, para o desastre da bancarrota.
Pensam que se trata de um voto útil mas nem sequer inútil o podemos considerar. É, isso sim, um voto desastroso!

As opções

Em 5 de Junho, as opções que se me colocam são duas e muito nítidas:

ou quero o "programa" do FMI/BCE, em que 30 dos 78 mil milhões do empréstimo são para pagar juros, 12 milhões vão directamente para a banca (e 35 milhões podem lá ir parar sob a forma de garantias do Estado), a taxa de juro vai ser de 5,5 a 6 por cento (com a economia a cair 2 dois por cento ao ano!!), que não é um plano de resgate mas um suicídio que irá aumentar o desemprego, a pobreza e a própria dívida, e daqui a um ano, o país estará pior, a renegociar a dívida e a pedir outro resgate — e voto PS/PSD/CDS;

ou quero uma alternativa que defenda a renegociação imediata da dívida (com juros e prazos comportáveis), relance a economia e o emprego, reparta os sacrifícios da austeridade com justiça exigindo mais aos que mais têm, única forma de conseguirmos honrar os nossos compromissos, sairmos do ciclo vicioso da pobreza em que nos querem manter e garantirmos o direito ao futuro — e voto BE/CDU.


Sou livre de votar como entender.
Até de dar um tiro no pé. Mas depois não adianta queixar-me dos "políticos" que escolher.

Para ler e meditar (todos os dias, se necessário for) e decidir convenientemente — BE ou CDU, obviamente.
Se tiver dúvidas, discuta-as e esclareça-se.
No seu próprio interesse, partilhe com amigos e conhecidos e faça campanha.

quarta-feira, maio 11, 2011

Queriam beijinhos, é ???…

Grécia acolhe inspectores da UE e do FMI com greve geral.
Com os "brilhantes" resultados a que a "receita" que lhes impuseram conduziu — queda do PIB de mais de 4 por cento e taxa de desemprego perto de 15 por cento —, queriam que os gregos lhes dessem beijinhos, é ???…
Será que nem assim a maioria dos portugueses vai perceber que votar na troika executante (PS-PSD-CDS) é votar no programa de destruição nacional da troika mandante (FMI-BCE-UE) ???…

Sabedoria popular

A sabedoria popular é inesgotável.
em 2009, Jerónimo de Sousa advertia que PS e PSD são “farinha do mesmo saco”. E a verdade é que, posteriormente, os factos vieram demonstrar que ele tinha razão.
Ontem à noite, no debate com Passos Coelho, quando Judite de Sousa lhe perguntou se preferia um governo liderado pelo PSD em vez do PS, o dirigente do PCP, respondeu prontamente que "isso seria a mesma coisa que saltar da frigideira para o lume".
Ou seja, trata-se de uma escolha que só mesmo diabos podem fazer. E acreditem que eles — FMI-BCE-UE — já a fizeram. A menos que os portugueses, no dia 5 de Junho, sejam dignos herdeiros da sabedoria dos seus antepassados e lhes troquem as voltas! 

O que faz falta é acordar a malta!

Mais de 30 dos 78 mil milhões de euros que, "generosamente", FMI e BCE nos vão emprestar são para pagar juros. Com a economia a cair 2 dois por cento ao ano e uma taxa de juro entre 5,5 e 6 por cento, "não é possível pagar esta taxa de juro". "É inaceitável. É um insulto à economia portuguesa".
Se a Grécia e a Irlanda viram a sua situação agravar-se e tiveram de renegociar as taxas de juro para níveis inferiores (e já se fala da necessidade de um novo resgate da dívida grega de 60 milhões de euros), porque razão a União Europeia insiste na mesma receita usurária e recessiva para Portugal?… Porque razão PS-PSD-CDS aceitam, sem pestanejar, o programa do FMI/BCE/UE, que Cavaco Silva considera uma oportunidade mas a experiência dos outros países revela tratar-se de um "suicídio" que, com as condições que impõe, nos conduzirá a um novo pedido de intervenção externa?… E porque razão a maioria dos portugueses parece insistir em "suicidar-se" em 5 de Junho, como as sondagens continuam a indiciar???…
O que faz falta é acordar a malta! Urgentemente.

quinta-feira, maio 05, 2011

A pilhagem do "bom acordo"

O programa imposto pela troika mandante (FMI, BCE e CE), apoiado pela troika obediente (PS, PSD e CDS) e assinado por José Sócrates, não é um "acordo" e, muito menos, "bom". Pelo menos, para a esmagadora maioria dos portugueses, como se pode comprovar por algumas das gravosas medidas nele previstas:
  • Despedimentos mais fáceis e baratos;
  • Redução da duração e do montante do subsídio de desemprego;
  • Congelamento do salário mínimo nacional e desvalorização geral dos salários;
  • Diminuição real de todas as pensões e reformas durante três anos;
  • Aumento do IVA, designadamente nas taxas de bens e serviços essenciais;
  • Aumento do IRS por via da redução ou eliminação de deduções fiscais (saúde, educação, habitação);
  • Eliminação das isenções do IMI nos primeiros anos, após a compra da casa;
  • Aumento dos preços da energia eléctrica e do gás;
  • Aumento das rendas da habitação e facilitação dos despejos;
  • Continuação dos cortes nas prestações sociais;
  • Agravamento significativo das taxas moderadoras e diminuição das comparticipações dos medicamentos;
  • Cortes significativos na saúde, educação, justiça, administração local e regional;
  • Congelamento durante três anos dos salários da função pública e redução de dezenas de milhares de postos de trabalho na administração pública;

Só mesmo para os grupos económicos e financeiros nacionais e estrangeiros se pode falar em "ajuda", com um programa feito à sua medida:
  • Entrega de empresas e participações estratégicas ao capital privado;
  • Privatização da participação do Estado na EDP, na REN e na TAP, já em 2011;
  • Alienação dos direitos especiais do Estado (“golden shares”) em empresas estratégicas como a PT;
  • Privatização da Caixa Geral de Depósitos no seu ramo segurador (mais de 30% da actividade financeira do grupo);
  • Privatização das empresas municipais e regionais;
  • Ofensiva contra o sector público de transportes de passageiros e mercadorias, designadamente com a privatização da ANA, CP Carga, Linhas ferroviárias suburbanas, gestão portuária, etc.;
  • Venda generalizada de património público;
  • Transferência para o sector privado, por via do encerramento e degradação de serviços públicos, de vastas áreas de intervenção até aqui asseguradas pelo Estado;
  • Isenção da Banca e dos grupos económicos de qualquer medida de penalização;
  • Transferência de 12 mil milhões de euros para a banca, acrescida de garantias estatais no valor de 35 mil milhões de euros;
  • Assunção pelo Estado dos prejuízos da gestão fraudulenta do BPN, através da sua privatização até Julho de 2011, sem preço mínimo e liberta de qualquer ónus para o comprador;
Em suma, se o "bom acordo" de José Sócrates e da "União Nacional" (PS/PSD/CDS) vier a concretizar-se, os portugueses e Portugal serão vítimas da maior pilhagem efectuada desde os tempos do fascismo. E a economia continuará em queda, o desemprego a subir e a pobreza a aumentar.
Por tudo isto, nunca uma eleição terá sido tão dramaticamente importante como a de 5 de Junho. Se a maioria dos portugueses não acordar rapidamente e for capaz de dizer NÃO a este crime, as conquistas de Abril não serão mais do que uma saudosa memória e Portugal um país cada vez menos viável. É isso que está em jogo!

quarta-feira, maio 04, 2011

Obama assegurou a sua reeleição!

Segundo consta, o homem até já teria sido assassinado. Mas, mesmo sem apresentar fotografias da morte do líder da Al Qaeda e tendo feito desaparecer o seu cadáver em menos de vinte e quatro horas nas profundezas do Índico, se Obama afirmou que apanhou Osama, não seremos nós que o vamos contradizer ("em política o que parece é" — dizia Salazar — e os EUA têm meios de sobra para impor a sua verdade).
De resto, este é até um final mais adequado à estória, podendo assim concluir-se que o criador, finalmente, pôs fim à criatura — um Frankenstein criado pela CIA para combater a ocupação soviética do Afeganistão, que, mais tarde, haveria de virar-se contra os amigos americanos e os seus fiéis aliados.


Bin Laden foi o principal responsável por actos de terrorismo absolutamente condenáveis que tiraram a vida a milhares de cidadãos. Mais tarde ou mais cedo teria obrigatoriamente de ser julgado e pagar pelos crimes que cometeu. Porém, acabou por ser executado sumariamente, à revelia da justiça, por aqueles que se acham acima da Lei e do Tribunal Penal Internacional e que, desde a Guerra do Vietname até à actualidade, foram responsáveis por verdadeiros actos de terrorismo de Estado que tiveram como trágica consequência a invasão e a destruição de vários países e a morte de milhões de pessoas.
Seja como for, apesar do assassinato de Osama, o terrorismo não acabará tão depressa, infelizmente. Nem dum lado (a miséria, o atraso e o fanatismo religioso são um cocktail explosivo), nem do outro (o complexo industrial-militar americano precisa de guerra para facturar). Mas uma coisa é certa: Obama já assegurou a sua reeleição!

Dizem que é uma espécie de bom acordo!

De PEC em PEC, com mais e mais austeridade sobre as vítimas do costume, Sócrates conduziu-nos à beira do precipício. Sempre com o aval do PSD.
Quando percebeu que não tinha saída, avançou com o PEC IV, sabendo antecipadamente que ele seria chumbado. Foi o pretexto de que necessitava para se demitir e alegar que o FMI, com quem afinal já governava, iria cá entrar por causa dos outros.
Mas hoje, já todos sabemos que o FMI cá está porque o PS e a Direita, de uma forma ou de outra, assim o quiseram. E ontem demonstraram-no, uma vez mais, na televisão, numa despudorada manobra de pura campanha eleitoral e de criminosa ocultação da dura realidade a que nos querem sujeitar nos próximos anos — Sócrates afirmou sem pestanejar que conseguiu um bom acordo; Catroga respondeu, sem hesitar, que o PSD foi crucial para o resultado alcançado. Uma vez mais, estão de acordo, no essencial!
Num país decente, políticos deste jaez, que põem a luta pelo poder e os interesses partidários, acima dos interesses colectivos, "mereciam era cadeia, porque são eles os responsáveis pela bancarrota!", como dizia um cidadão anónimo. Infelizmente, vamos ter de ser nós a fazer alguma coisa pela limpeza da política e da governação, no dia 5 de Junho. Espero que o façamos!

domingo, maio 01, 2011

Primeiro de Maio só de quinze em quinze anos?

Precisamente em 1979, o ano em que, pela primeira vez, o FMI andou por cá a tratar-nos da saúde, Sérgio Godinho, no tema "Arranja-me um emprego", do álbum "Campolide", cantava com a sua ironia corrosiva:
Se eu mandasse neles
os teus trabalhadores
seriam uns amores
greves era só
das seis e meia às sete
em frente a um cassetete
primeiro de Maio
só de quinze em quinze anos
feriado em Abril
só no dia dos enganos
e reivindicações
quanto baste ma non troppo
anda, bebe mais um copo
arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego
pode ser na tua empresa
concerteza
que eu dava conta do recado
e para ti era um sossego
Ingenuamente, muitos deverão ter pensado que SG não estaria a fazer um sério aviso, que deveria estar a brincar ou a exagerar!… Pois não estava. Como agora não estão Belmiro de Azevedo e Soares dos Santos quando pressionam os seus empregados a trabalharem no dia 1.º de Maio. Para estes "senhores", o mercado é quem mais ordena e, em nome do lucro, são até capazes de aderir ao "princípio da loja chinesa" e abrir os hipermercados Continente e Pingo Doce 365 dia por ano!… P'ra falar verdade, com o(s) governo(s) que temos (tido), sempre a porem-se a jeito dos grandes grupos económicos e a fazerem vista grossa aos seus desmandos, não me admiraria que tal viesse a acontecer!…