quinta-feira, janeiro 28, 2010

Quando o mar bate na rocha…

Apesar da crítica da maioria da imprensa americana ao primeiro discurso do Estado da União de Barack Obama, classificando as medidas anunciadas de "populistas" e afirmando que fazem parte de uma estratégia de recuperação do desgaste de imagem sofrido durante os primeiros meses no cargo, não podemos deixar de sublinhar que o presidente americano tenha definido a criação de emprego como a sua prioridade número um em 2010, canalizando para o efeito os 30 biliões de dólares já devolvidos pelos grande bancos que receberam ajuda do governo no auge da crise. E tenha afirmado ainda que só a partir de 2011 vá congelar os gastos do governo, por três anos, sem no entanto afectar a segurança nacional, a saúde e a segurança social.
Por cá, os milhões injectados na banca foi como se tivessem caído num poço sem fundo tendo apenas servido para aumentar os lucros do sector. Por isso a economia não cresceu e o desemprego aumentou (e vai continuar a aumentar). Já o défice público atingiu o valor mais elevado em trinta e cinco anos de regime democrático (9,3% do PIB). A receita para a desgraça vai ser a do costume, própria de um governo corajoso e socialista: congelamento dos salários da função pública (e por contágio, dos restantes trabalhadores) e cortes nas pensões dos funcionários públicos (podem os banqueiros e os especuladores ficar descansados que os seus lucros e mais-valias não serão tributados).
Como diz o rifão, "quando o mar bate na rocha, quem se lixa é o mexilhão".

Venho aqui falar, Pano-cru, Sérgio Godinho

1 comentário:

  1. Uma excelente crónica. Acrescentava ainda que cada vez há mais trabalhadores descontentes com os seus sindicatos.
    Saudações ecologistas

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