sexta-feira, junho 26, 2009

Política de esquerda, precisa-se

Segundo a OCDE, a nossa economia cairá, este ano, 4,5 por cento, o que, se isso nos serve de consolo, será ligeiramente melhor que a contracção de 4,8 por cento da zona euro. Mas em 2010, apesar da recuperação prevista, a situação começará a inverter-se. Com excepção da Irlanda e da Espanha, Portugal terá o pior desempenho da zona euro, com um crescimento ainda negativo de 0,5 por cento. Finalmente, passada (?) a recessão internacional, de 2011 a 2017, voltaremos à nossa triste condição de "lanterna vermelha" do pelotão dos 30 países da OCDE, com um tímido crescimento de 1,5 por cento, aquém dos 2,3 por cento estimados para a zona euro.
Se estas previsões se confirmarem — e infelizmente não se vislumbram razões que nos levem a pensar que será diferente — é forçoso concluir que:
  • contrariamente ao que o Primeiro-ministro tem propagandeado, enfrentamos não apenas uma crise internacional, resultante da voracidade insaciável do neo-liberalismo capitalista, mas também a nossa própria crise, fruto de políticas que têm conduzido ao desmantelamento da produção nacional;
  • a nossa crise não é meramente conjuntural e, como tal, não é imputável apenas ao governo de José Sócrates; trata-se de uma crise estrutural que se arrasta há mais de trinta anos;
  • não se trata da crise do socialismo nem da social-democracia (que tão bons resultados deram e dão nos países nórdicos) mas antes "obra" de partidos que se autoproclamam socialistas e social-democratas, cujas políticas outra coisa não têm feito senão apoiar os grandes grupos financeiros, contribuir para o desmantelamento da produção nacional e, assim, levar ao enriquecimento cada vez maior duma minoria e ao empobrecimento dramático da maioria dos portugueses.
Por tudo isto, é urgentemente precisa uma política que estimule o crescimento da economia real e a recuperação da produção, promova o desenvolvimento e a justiça social. Uma política de esquerda, naturalmente.

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