quinta-feira, julho 11, 2013

Cavaco, o presidente de que nós não precisávamos

Não quer eleições antecipadas para que, democraticamente, o povo possa escolher a solução para a crise política e um novo rumo para o país, e antecipa-as, na tentativa de legitimar a mesma política e o mesmo poder.

Convida o PS para o compromisso de salvar o que não tem salvação, mas durante dois anos, foi o tutor do governo PSD/ CDS, ignorando completamente os restantes partidos e os avisos que fizeram.

Despreza a democracia, excluindo o PCP e o BE e condicionando a liberdade de voto dos portugueses a uma "solução" que tenha o apoio do arco da (in)governabilidade, PSD-PS-CDS.

Sobre o fiasco da política de austeridade (confessado pelo próprio Vítor Gaspar), nem uma palavra. A receita, que tão "bons" resultados tem dado, é para continuar.


Um Presidente da República que, em nome de uma suposta estabilidade (que outra coisa não é senão uma paz podre), agrava a crise política e lança o país no caos, era tudo de que nós não precisávamos neste momento.

quarta-feira, julho 10, 2013

Um verbo-de-encher tem de servir para alguma coisa!…

Hoje, às 20:30, o presidente do protectorado vai anunciar, com pompa e circunstância, o que há muito sabemos (ou devíamos saber): quem manda é a União Europeia, ou mais precisamente, a Alemanha.


Um verbo-de-encher tem de servir para alguma coisa!…

"Um canhão pelo cu" - a selvajaria capitalista posta a nu

O texto seguinte, da autoria de Juan José Millas, foi publicado em agosto de 2012, no El País, tendo-se tornado absolutamente viral. Chama os bois pelos nomes e põe a olho nu a forma selvagem e criminosa como o casino capitalista está a destruir as nossas vidas e a democracia. Cinco minutos de leitura incontornável.


Um canhão pelo cu

Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo de classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.

Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.

Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.

Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.

A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.

Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres. E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.

Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.

A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.

A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.

Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.

Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.

Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.

A democracia está suspensa

Enquanto por cá, Cavaco prossegue com as "audiências" com vista a uma suposta tomada de decisão sobre o próximo governo, em Bruxelas dá-se por garantido que a coligação CDS/ PSD se mantém no poder

Portugal continua, portanto, em regime de protectorado e a democracia está suspensa até que o povo acorde e decida que é ele quem mais ordena.

O novo organograma do governo português

(picado do Facebook)

terça-feira, julho 09, 2013

Portas, o contorcionista

Para "Paulinho das Feiras" Portas, ter dito hoje no Parlamento que a Bolívia “é um país amigo e a América Latina é essencial para Portugal”, e que o Estado português lamenta o incidente com o avião do presidente Evo Morales, vale tanto como ter afirmado há menos de uma semana que a decisão de se demitir do governo era "irrevogável", ou seja, NADA! São apenas lágrimas de crocodilo e desculpas de mau pagador de quem não se retracta nem pede desculpas por não ter autorizado a aterragem do avião presidencial boliviano, numa atitude de flagrante violação das normas internacionais e lamentável subserviência ao império americano. Por "razões técnicas", continua ele a repetir, razões que não explica porque não têm explicação.



É este contorcionista, líder de um pequeno partido com apenas 10 por cento de votos, que enlameou com esta decisão o nome de Portugal e se prepara para chefiar-de-facto o governo-morto do país! Por pouco tempo, acreditamos…
 

segunda-feira, julho 08, 2013

E não se pode "revogá-los"?

Na política, os fins justificam os meios, ou seja, os governantes estão acima da ética e da moral para alcançar seus objectivos, defendia Maquiavel. Foi o que fez Paulo Portas quando tomou a "irrevogável" decisão de se demitir do governo e afinal não demorou mais de vinte e quatro horas a revogá-la. Tratou-se, obviamente, de uma jogada maquiavélica, cujo objectivo não era, como se viu, a saída do governo, mas sim a conquista de mais poder e protagonismo.


Aparentemente, Portas ganhou em toda a linha: fica com a coordenação das "políticas" económicas, o relacionamento com a troika e a "reforma" do Estado; e passa a vice-primeiro-ministro, que é como quem diz, a primeiro-ministro-de-facto do "novo" governo CDS/ PSD (que substitui o anterior, PSD/ CDS). E Passos cedeu em quase tudo, porque sabe que se fosse a eleições seria arrasado e iria para o desemprego. Na realidade, porém, o tempo — e não demorará muito tempo que tal aconteça! — encarregar-se-á de mostrar que ninguém ganhou com este "jogo das cadeiras". Principalmente o país, que até lá, é quem vai sofrer as consequências de tamanha irresponsabilidade. A menos que, de uma vez por todas, se decida a "revogá-los"!

sábado, julho 06, 2013

O sonho da direita transformado em pesadelo

Sá Carneiro teve um sonho que nunca haveria de concretizar: "Uma maioria, um Governo, um Presidente".


Hoje, com Passos, Portas & Cavaco, o sonho da Direita está transformado em pesadelo: um País sem maioria, sem Governo e sem Presidente.

sexta-feira, julho 05, 2013

Eleições, sim! Qual é o problema?

O Partido Socialista Europeu apoia eleições antecipadas em Portugal. Personalidades insuspeitas como os sociais-democratas Pacheco Pereira e António Capucho, o fundador do CDS, Adriano Moreira, e o Provedor de Justiça, Alfredo José de Sousa, também. Até mesmo o patrão Wolfgang Schäuble já disse que "não há crise"!… Então, qual é o problema?