sábado, fevereiro 28, 2009

A agonia do capitalismo

A crise é só para alguns. 2008 foi um ano negro para o sector automóvel, mas a Rolls Royce conseguiu […] o melhor ano de vendas em toda a sua história. [Diário Económico]
A crise em que estamos literalmente mergulhados é, muito mais do que financeira e económica, social. Pode mesmo vir a ser mais radical que a Grande Depressão de 1929. Por isso muitos a consideram uma crise sistémica. Com ela, o sistema capitalista e a actual (des)ordem económica internacional têm os dias contados. Mais tarde ou mais cedo, a bem ou a mal. Metade da humanidade a (sobre)viver abaixo do limiar da pobreza e ultrajes como o que a notícia relata reclamam-no.

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Viva o Estado de Direito

Violar a Lei e não cumprir ordens judiciais pode, deve, tem de acarretar consequências. Mais ainda quando o infractor é o próprio Estado ou quem o representa. Ainda por cima, de forma incompetente e arbitrária.
Lamentavelmente, às vezes, demasiadas vezes, o Estado de Direito não funciona devidamente. Ainda bem que neste caso tal não aconteceu.

De cavalo para burro

"Entre 2000 e 2004, portanto nos quatro anos anteriores a Sócrates, a população empregada com o ensino básico ou menos diminuiu em Portugal em 200,4 mil, ou seja, à média de 50,1 mil por ano; e a população com o ensino secundário aumentou em 98,4 mil (24,6 mil por ano) e a com o ensino superior cresceu em 204 mil (51 mil por ano). No período 2004-2008, ou seja, nos quatro anos de governo de Sócrates, a população empregada com o ensino básico ou menos, diminuiu apenas em 119,2 mil (29,8 mil por ano), a com ensino secundário aumentou em 93,9 mil (23,5 mil por ano), e a com ensino superior cresceu em 100,3 mil (25,1 mil por ano). Isto significa que Portugal para atingir um nível de escolaridade semelhante ao que tinham os países da OCDE e da UE em 2006, ou seja, a população com um nível de escolaridade igual ou inferior ao básico completo representar apenas 31%, precisaria de 29 anos ao ritmo anterior à entrada em funções do governo de Sócrates, e de 51 anos ao ritmo de diminuição da população com o ensino básico ou menos verificada durante os quatro anos de governo de Sócrates. É claro o retrocesso com Sócrates.

O fracasso da reforma de ensino do governo de Sócrates e a desorganização que ela tem provocado em todo o sistema levou este governo a uma fuga para a frente. O governo de Sócrates criou um programa a que chamou "Novas Oportunidades" que tem como objectivo dar milhares de diplomas do 12º ano.

É desta forma que o governo pretende alterar as estatísticas sobre o baixo nível de escolaridade da população empregada, e isso é o que parece ser mais importante para este governo, preocupando-se pouco com os efeitos que isso poderá ter futuramente no processo de desenvolvimento do País." (Eugénio Rosa, em resistir.info)

Caso para concluir que, por mais loas que alguns teçam à política educativa de José Sócrates, com o senhor engenheiro andamos de cavalo para burro (salvo seja).
E quanto à farsa das "Novas Oportunidades", outra coisa não seria de esperar de um chico esperto que obteve uma licenciatura recorrendo aos subterfúgios que todos sabemos.

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

EUA, uma república das bananas?

"Ao continuar a apoiar os instrumentos do Tesouro americano, a China reconhece a nossa interdependência. Claramente, vamos sair disto juntos ou cair juntos".
Palavras de Hillary Clinton, que pediu à China, que é a primeira detentora de títulos do Tesouro norte-americano, para continuar a comprá-los , numa altura em que a maior economia mundial enfrenta o crescimento da sua gigantesca dívida , há muito tempo financiada pelo investimento de países estrangeiros em obrigações emitidas pela Reserva Federal americana (FED).
Porém, há quem pense que não só a China, mas também o Japão e a Arábia Saudita, países que detêm quantidades enormes de títulos da dívida do Tesouro dos EUA, querem é vendê-los antes que desvalorizem ainda mais. E, como os americanos já não conseguem poupar, só resta à FED imprimir "nota verde" para comprar Títulos do Tesouro e, desse modo, financiar a Administração.
Quando isto acontecer — e receio que não falte muito — o dólar americano deixará de ser divisa de reserva, deixará de ter valor, passará a divisa de uma "república das bananas".
Os EUA deixarão de poder pagar as importações, um problema grave para um país dependente de energia, bens manufacturados e produtos de tecnologia avançada. [cf. Paul Craig Roberts, aqui]
Pensam que isto é ficção? Os próximos meses, sim meses, encarregar-se-ão de mostrar que é muito ténue a fronteira entre a ficção e a realidade.

O governo do "povo" (leia-se polvo)

Ao fim de quatro anos de governo-Sócrates o desemprego atinge 574 200 portugueses, dos quais, apenas 262 300 recebem o correspondente subsídio.
Mesmo considerando que estamos perante uma crise económica generalizada, para quem apregoou que durante esta legislatura iria criar 150 000 novos postos de trabalho, trata-se de um resultado pouco menos do que catastrófico, tanto mais inaceitável quão criminosa é a forma como têm sido esbanjados milhões do erário público para colmatar as obscuras negociatas de banqueiros sem escrúpulos e cobrir os prejuízos dos especuladores.
E diz José Sócrates que o P"S" é o partido socialista da esquerda popular! Olha se não fosse…

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Já bastaram 48 anos de censura!

Depois da proibição do Ministério Público a uma sátira do Carnaval de Torres Vedras ao Magalhães, por causa de um minúsculo autocolante com umas mulheres vagamente desnudadas (proibição que, de tão ridícula que foi, haveria de ser levantada), foi agora a vez da polícia de Braga invadir uma feira de livros e apreender alguns exemplares em cuja capa é reproduzido o quadro "A Origem do Mundo", do pintor realista Gustave Courbet, os quais, para os zelosos agentes, mais não são do que material pornográfico, pelos vistos, mais ofensivo que o estendal de revistas, essas sim, efectivamente pornográficas, que se vendem na maioria dos quiosques do país.

É certo que estamos numa quadra propícia a este tipo de palhaçadas (sem qualquer ofensa aos verdadeiros palhaços, cuja arte aprecio). No entanto, porque já vi este filme noutros tempos, não posso deixar de ficar inquieto. É que não aceito de forma alguma que ignorantes, fardados ou não, se arvorem em polícias de costumes e guardiões da moral pública. Já bastaram 48 anos de censura!

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

O que faz falta é acordar a malta

A carta que há dois anos escrevi ao Zeca, com as palavras que ele nos deixou, permanece dolorosamente actual.
Ele bem queria que esta fosse uma terra da fraternidade mas, vinte e dois anos depois do seu falecimento (e trinta e cinco após Abril), por cá, quem trepa no coqueiro é o rei e os vampiros continuam a chupar o sangue fresco da manada.

Num tempo em que a injustiça social é mais aguda que nunca e a democracia jamais esteve tão adormecida, o que faz falta é acordar a malta.

Estarás sempre connosco, Zeca Afonso!

domingo, fevereiro 22, 2009

Não basta ser sério, é preciso parecê-lo!

Primeiro, a história mal contada da licenciatura por fax. Depois, a telenovela do licenciamento relâmpago do Freeport, as cunhas do tio Júlio e o misterioso desaparecimento de quatro milhões de euros, de luvas. E a assinatura de projectos de moradias, feitos por outros, na Câmara da Guarda. E mais a compra do andar da mãe numa empresa sediada num paraíso fiscal. E ainda a declaração do prédio onde mora por um valor muito inferior ao seu verdadeiro preço. E agora a nomeação de homens de confiança nos cargos mais diversos criando uma rede tentacular de influência. Enfim, cada cavadela, cada minhoca — num país onde a Justiça é lenta e frouxa perante os fortes, ainda bem que a imprensa é livre e corajosa!
Depois de todos estes indícios — e a procissão ainda vai no adro — José Sócrates até pode nem vir a ser constituído arguido e, muito menos, condenado do que quer que seja, mas além de já ser tido por mentiroso, de uma coisa não se livrará mais: a suspeita de um comportamento falho de seriedade e de transparência. E a um primeiro-ministro, como à mulher de César, não basta ser sério, é preciso parecê-lo!

É bom mas não chega!

Na maioria dos casos, as escolas portuguesas não são propriamente locais confortáveis e seguros. No inverno, tirita-se de frio, no verão, assa-se com o calor, e durante todo o ano, as coberturas de amianto põem em risco a saúde de quantos lá estudam ou trabalham.
Mas a sua requalificação, que há muito urgia, vai finalmente acontecer. É bom.
Mesmo que seja apenas a pretexto do combate à crise e ao desemprego.
Mesmo que as obras, decorrendo numa altura crítica do calendário escolar, venham a perturbar, inevitavelmente, as condições de trabalho de alunos e professores.
Mesmo que tudo isto, incluindo a necessária renovação de equipamentos e difusão de novas tecnologias, de nada valha se não for acompanhado de uma política educativa baseada no rigor e exigência das aprendizagens e na valorização dos recursos humanos.
É que, por mais Magalhães que se distribua às crianças, por maior que seja o choque tecnológico, por mais modernas que sejam as nossas escolas, se os professores continuarem a ser desautorizados, ofendidos, humilhados, a Escola Pública não terá futuro. Com tudo o que isso representaria de trágico para o país.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

P"S", do lado errado da história

António Arnault, socialista convicto (uma espécie em vias de extinção, como já aqui referi) que ainda mantém o vínculo ao partido que ajudou a criar e fundador (e utente, como orgulhosamente confessa) do Serviço Nacional de Saúde, defendeu ontem à noite na SIC Notícias, com a frontalidade que o caracteriza, a extinção das taxas moderadoras:
"Faço um apelo veemente à direcção do grupo parlamentar do PS e a todos os deputados para que votem a eliminação das taxas moderadoras respeitantes a cirurgias e internamento [porque] não constituem, verdadeiramente, taxas moderadoras [mas antes] uma forma de co-pagamento, interdito pela Constituição da República."
E acrescentou:
"Não gostaria de ver o meu partido ficar do lado errado da história, num tempo de tantas dificuldades para a grande maioria dos portugueses e quando se aproxima o 30.º aniversário do SNS, de cuja criação se deve orgulhar."

As reacções não se fizeram esperar.
O líder do rebanho parlamentar do P"S", dando uma no cravo e outra na ferradura, admitiu a necessidade de discutir a questão das taxas moderadoras, mas classifica as propostas da oposição para a sua revogação como "medidas políticas para criar dificuldades ao Governo". Alberto Martins, que certamente não é utente do SNS, esquece que as taxas moderadoras são, elas sim, medidas políticas que criam dificuldades à população.
Já a Ministra da Saúde, seguindo a táctica habitual do governo de ignorar as críticas e os protestos, não comenta o apelo de Arnaut e insiste que "os portugueses têm que perceber que a saúde é muito cara". Como se os mais pobres, que são cada vez em maior número e não suportam o pagamento das taxas, o não tivessem já percebido há muito tempo!
Enfim, tenho muitas dúvidas que as palavras de António Arnault encontrem eco em políticos desta estirpe. Este P"S" há muito que está "do lado errado da história"!

Assim se "respeita" a autonomia das escolas!…

A Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) contrariou hoje uma decisão do Conselho Pedagógico do Agrupamento de Escolas de Paredes de Coura – que decidira fazer a festa de carnaval dentro do estabelecimento – e ordenou ao Conselho Executivo que convoque os professores para fazerem o desfile pelas ruas, amanhã à tarde.
Em tempo, esta imposição da grotesca popota não é apenas um abusivo atentado à autonomia das escolas. Pior do que isso, é um acto absolutamente prepotente e discricionário, inaceitável numa sociedade que se pretende democrática. Mesmo que seja Carnaval.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Falta pouco para chegarmos ao Brasil!

Em 2005, o Banco Mundial asseverava que, não fora a corrupção que existe no nosso país e Portugal poderia atingir o nível de desenvolvimento da Finlândia
Acontece que, lamentavelmente, este verdadeiro crime de lesa-sociedade tem vindo a grassar de tal forma que, de 2005 a 2008, Portugal caiu do 26.º para o 32.º lugar da lista da Transparency International.
É provável que o fenómeno radique no défice de educação e cidadania da nossa população em relação aos nórdicos mas do que não há dúvida é que alguns dos nossos governantes e homens de negócios não são propriamente exemplos de transparência ou mesmo seriedade. Basta recordar os casos em que se envolveram alguns Presidentes de Câmaras Municipais, banqueiros e gestores, e até o Primeiro-Ministro.
E a Justiça, que poderia e deveria dar um decisivo contributo para combater o flagelo, arrasta penosamente os processos, que acabam quase sempre por ser arquivados, enquanto o Ministério Público, em vez de atacar o que devia, se preocupa sobretudo com as fugas de informação para a imprensa e, chega ao ridículo de censurar manifestações carnavalescas!
Com tanto carnaval ao longo do ano, em vez de nos aproximarmos da Finlândia, qualquer dia estamos é ao nível do Brasil!

Chocante

Em Portugal, a maioria dos pais não educa os filhos.  Porque não sabe fazê-lo, não está para se maçar com isso ou não arranja tempo para tal. Limita-se a despejá-los na Escola, raramente lá indo informar-se da sua aprendizagem. Alguns mais depressa lá passam para insultar ou esmurrar professores, prática infelizmente cada vez mais corrente num país cujo nível de educação e cidadania é inversamente proporcional ao número de telemóveis e computadores que as pessoas ostentam, onde o Estado, em vez de defender e valorizar os docentes enquanto pilares insubstituíveis da Educação, os desautoriza, humilha e vilipendia. 
Assim, não há choque tecnológico que nos valha. Que vai ser das novas gerações?

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Façamos de conta…

Os envolvidos no caso Freeport estão a prestar declarações no Departamento de Investigação e de Acção Penal (DCIAP) sobre o eventual pagamento de luvas para o licenciamento do outlet de Alcochete. Mas, se pensam que se trata de José Sócrates ou, ao menos, de Manuel Pedro, Charles Smith ou Júlio Monteiro, tio do Primeiro-Ministro, desenganem-se. Portugal é o país do faz-de-conta. Por isso, como ironiza Mário Crespo, "façamos de conta"…

Últimos capítulos da telenovela Freeportgate

Afinal, Manuel Pedro e Charles Smith foram mesmo interrogados pelo Ministério Público, da parte da manhã, e à tarde, foi a vez de prestar declarações o tio do Primeiro-Ministro
À saída do tribunal, Júlio Monteiro jurou a pés juntos que não foi constituído arguido mas a verdade é que o processo já tem arguidos.
O Zézito, como é tratado pelo tio Júlio, é que não pode ouvir os jornalistas falar em "Freeport". Foge deles como o diabo da cruz!…

Aguardemos pelos próximos capítulos mas não alimentemos demasiadas expectativas. É que o histórico do combate que (não) tem sido feito à corrupção no nosso país não nos deixa muito optimistas.

Imitar o pior

Entre os vinte e sete países da União Europeia, somos o que regista a maior desigualdade na repartição do rendimento, ou seja, aquele onde os ricos são mais ricos e os pobres são mais pobres (cf. Eurostat).
Caso para concluir que, desgraçadamente, Portugal imita o pior da América!

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Bush vive refastelado, Saddam foi enforcado

A invasão do Iraque foi um acto ilegal e prepotente, ao arrepio do Direito Internacional e das Nações Unidas. Mas, pior do que isso, foi um hediondo crime de guerra que redundou na destruição de um país e no genocídio de mais de um milhão de iraquianos.
Tudo a pretexto da pretensa busca de arsenais de armas de destruição em massa, que, na realidade, não existiam, e da destituição de um regime, ditatorial, é certo, mas que nada tinha a ver com Bin Laden e os terroristas da Al Qaeda e não constituía uma ameaça à segurança mundial.
Justificações esfarrapadas que cedo caíram no ridículo, ao mesmo tempo que se tornava claro que o pistoleiro Bush o que pretendia era confiscar o petróleo iraquiano e garantir chorudos negócios ao complexo industrial-militar americano.
Faltava ainda, no entanto, a "cereja em cima do bolo". E ela apareceu.
125 mil milhões de dólares, destinados à reconstrução do Iraque, ter-se-ão esfumado por obra e graça de altas patentes militares dos Estados Unidos, naquela que poderá ser a maior fraude da história americana.
Entretanto, o grande responsável por esta tragédia e, graças à sua desmiolada política, é preciso não esquecê-lo, pela insegurança e a crise que o mundo atravessa, vive refastelado no seu rancho do Texas. Por muito menos do que isso, Saddam Hussein foi enforcado.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Espécie em vias de extinção

No P"S" impera o unanimismo, o medo, a fidelidade canina. É o preço que não hesitam pagar aqueles que apenas pretendem tratar da sua vidinha e alcançar aquilo que pelos seus méritos pessoais, por si só, não conseguiriam.
Mas no partido de Sócrates ainda há militantes com princípios, valores, coluna vertebral, numa palavra, socialistas. Lamentavelmente, uma espécie em vias de extinção. Como o lince da Malcata.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Que socialismo?

Que os grandes grupos económicos são o "ambiente propício" para o uso de expedientes que levam à perda de receita fiscal do Estado e, por isso, "deverão constituir o alvo prioritário da administração fiscal", como refere um relatório da Inspecção-Geral de Finanças, nós já sabíamos.
O que também agora ficamos a saber é que as medidas adoptadas pelo Governo para combater essa situação ficaram aquém das propostas da IGF.
Por alguma razão Portugal continua ser um dos países europeus com maior desigualdade social.
Apesar de ter um governo que se autoproclama socialista.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

'Fonte de males'

O ex-ministro da Educação, Marçal Grilo defendeu ontem que a Educação em Portugal necessita de "menos Ministério e mais escola e, entre outras tarefas, é necessário mobilizar os professores". E acrescentou que "as escolas têm que ser ouvidas, os sindicatos devem ter o papel de pugnar pelos interesses sindicais dos professores e os professores têm que ter uma voz no seu relacionamento com os pais e com os estudantes".
Nada de mais verdadeiro e urgente. Mas impraticável, com a o actual governo.
Do que já duvido é que "finalmente, o país e as famílias [tenham percebido] que não basta andar na escola e passar de ano, [e] é preciso saber"…
É que, também aí, a trupe da 5 de Outubro tem grossas culpas, com a sua política educativa virada para um sucesso escolar meramente estatístico e assente numa cultura de facilitismo, de falta de rigor e de exigência.
António Barreto chamou-lhe, há tempo, "fonte de males". É, por isso, imperioso e inadiável isolar aqueles fulanos por um cordão sanitário. A bem do interesse nacional e da saúde das escolas portuguesas.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Os fora-da-lei

Os 21 dias da ofensiva israelita contra Gaza, destinada a pôr fim ao disparo de “rockets” contra o seu território, saldou-se na morte de 1300 palestinianos, na sua maioria civis, entre eles centenas de crianças. Entre as acções mais contestadas está o ataque contra uma escola gerida pelas Nações Unidas, em Jabaliya, que provocou a morte de 40 civis que ali estavam refugiados. A Amnistia Internacional acusou também Israel de ter lançado bombas de fósforo branco, cujo uso é proibido em zonas com “concentrações de civis”.
Entretanto,
o procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI) fez saber que está a proceder a um “exame preliminar” das queixas relativas a crimes de guerra cometidos por Israel na Faixa de Gaza, [mas] faz questão de sublinhar que “este exame preliminar não significa que vai ser aberto um inquérito”.
Perante tamanha e evidente monstruosidade, o senhor procurador-geral do TPI pensa… pensa… pensa… e nada me admiraria que decidisse mesmo não abrir inquérito. Sobretudo porque o alegado criminoso não é um estado qualquer. É Israel, que, tal como os Estados Unidos da América e a China (todos bons rapazes!), não é signatário do Tratado de Roma, que instituiu o TPI.
Enfim, como já se tinha comprovado com a invasão do Iraque, o Direito Internacional e o TPI não são como o sol, que quando nasce, é para todos!

E se Chavez fizesse o mesmo?…

A pretexto de uns morteiros artesanais — raramente provocam vítimas ou estragos de monta — que, em abono da verdade, começaram por responder à violação da trégua por parte de Israel e mais não são do que o estertor de alguém a quem praticamente tudo é negado, uma das máquinas de guerra mais poderosas do mundo não hesita em bombardear cegamente um "campo de concentração" de apenas 360 quilómetros quadrados onde sobrevive, estoicamente, encurralado, cerca de 1 milhão e meio de seres humanos.
Os israelitas não aprenderam nada com a 2.ª GM. Ou antes, aprenderam. A comportar-se como os seus algozes.
E depois ainda acusam Chavez???… De quê?… Só se for de ter dito a verdade?!… Imaginem o que seria se o presidente venezuelano se "lembrasse" de fazer, aos 15 mil judeus que vivem na Venezuela, o mesmo que os sionistas fazem aos palestinos de Gaza!!!…
Claro que isso nunca acontecerá! O homem pode ter lá as suas coisas mas o seu cadastro está sumamente mais limpo do que o dos carniceiros Ariel Sharon, Ehud Barak ou Ehud Olmert.
De resto, Chavez até já condenou o assalto à sinagoga de Caracas, como reconhece o jornal israelita Haaretz!

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Partido de Quê?…

O P"ND" (as aspas são muito importantes…) é o que é: para além do eufemismo "nova democracia", nada. Ou, para ser mais exacto, um montículo de dejectos da extrema-direita.
Pelos vistos, no entanto, alguns ainda são mais fétidos e não hesitam em conspurcar a Liberdade.
Só espero que o Tribunal Constitucional não permita tal opróbrio, uma vez que os portugueses, com os problemas que já têm de enfrentar, vão-lhes dar a devida resposta: ignorá-los.

domingo, fevereiro 01, 2009

Rio de indignação

Do rio, que tudo arrasta na sua passagem, dizem que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.
Fotografia de Luís Garção Nunes (Fotomomento)

O Mondego dá-nos o exemplo. Galguemos as margens! Sejamos um rio de indignação!

Não há pachorra?!… Pois não…

Da forma como se referiu ao texto do escritor uruguaio Eduardo Galeano, aqui publicado, o Vítor P., do Câmara de Comuns, mais parece assumir uma postura de lorde, sugerindo "que começa a ser escandalos[a] a escrita deste tipo de textos" e incorrendo num acto de abominável censura que os princípios democráticos que ambos defendemos, creio, reprovam. Mas esta é apenas a questão formal do problema.
A questão material, a meu ver, bem mais importante, prende-se, seguramente, com o conteúdo do texto, de que VP dá a entender não gostar, quando afirma que "já não há pachorra". E aí reside a nossa total discordância.
VP deve achar que Israel tem todo o direito de se defender por todos os meios, por todas as formas, utilisando a máquina de guerra mais poderosa do mundo, contra
"as horrendas matanças de civis causadas pelos terroristas suicidas… Horrendas, sim, sem dúvida, condenáveis, sim, sem dúvida, mas [tal como] Israel, ainda terá muito que aprender se não é capaz de compreender as razões que podem levar um ser humano a transformar-se numa bomba." (José Saramago)
Sobretudo quando essas razões são imputáveis ao Estado de Israel.
Começando pela sua abusiva criação em 1948 (contra a qual se insurgiu, prevendo a tragédia que daí adviria, Mahatma Ghandi), com o apoio da Inglaterra e dos Estados Unidos e a cumplicidade das grandes potências mundiais, na maior parte (78%) das terras habitadas milenarmente pelo povo palestino (cf. A Palestina, Comissão Justiça e Paz, Portugal, 2002), e prosseguindo com a instalação de colonatos judeus nos exíguos territórios palestinos que sobraram (Cisjordânia e Faixa de Gaza), operações de limpeza étnica, de que ficou tristemente célebre o massacre de Sabra e Shatilla, a edificação de um gigantesco muro e a implantação de cercas electrificadas e de arame farpado e valas, transformando os territórios palestinos em autênticos campos de concentração.
E agora, a solução final, que os sionistas parecem ter aprendido na sua passagem pelos campos de concentração nazis da 2.ª GM. Primeiro, Sharon, o carniceiro de Sabra e Shatilla, retirou os colonatos da faixa de Gaza. A seguir, a "Operação Chumbo Fundido" (o nome diz tudo das "boas" intenções dos israelitas), que semeou a morte e a destruição num pequeno território com a maior densidade populacional do mundo, onde um milhão e meio de pessoas e crianças encurraladas nem sequer podem fugir para qualquer parte (E não se diga que quem abriu as hostilidades foi o Hamas, com os seus morteiros artesanais, porque foi justamente Israel que, mais uma vez, começou. Lá sabia porquê…)

Maio

PS 1 — Aqui podemos escrever literalmente de tudo, incluindo Cuba, Venezuela e mesmo Rússia. O problema é que há apenas um escriba e não tem tempo para tanto. Em todo o caso, o Câmara de Comuns, com uma vasta equipa de colaboradores, não me parece ser um grande exemplo de diversidade de opinião…
PS 2 — Mesmo para acabar… não percebi o que significa isto: "E trabalhar que é bom?". Defeito meu, certamente.