quarta-feira, novembro 30, 2005

Cavaquismo (1985-1995): 10 anos perdidos!

Esta é a melhor forma de mistificar a realidade. Apresentar um gráfico como se ele fosse a verdade toda. E a verdade é que não é…

Entre 1985 e 1995, o HDI (índice de desenvimento humano) de Portugal cresceu efectivamente (0.826 em 1985; 0.849 em 1990; 0.878 em 1995).
O que aconteceu foi que os outros também cresceram e, apesar do propalado "milagre", o nosso "extraordinário" crescimento apenas deu, tangencialmente, para subirmos um lugar no ranking do desenvolvimento (de 25.º para 24.º), por troca com a Grécia (0.876 em 1995).

Só por falta de seriedade intelectual ou por despudorada campanha propagandística se pode pretender "tapar o sol com a peneira"! Os 10 anos do cavaquismo foram 10 longos anos perdidos. Irremediavelmente…

Sócrates, o Príncipe!

Se dúvidas ainda existissem sobre a maquiavélica escolha de Mário Soares como candidato presidencial apoiado pelo PS, por parte de José Sócrates, elas são aqui completamente desfeitas por um indefectível cavaquista: Vasco Graça Moura. Que, obviamente, aplaude o primeiro-ministro. Vejamos…

Começa por afirmar que "Sócrates percebeu finalmente que precisava de um Presidente da República com um perfil muito especial", "disponível para cooperar activamente com o Governo", referindo-se, naturalmente, a Cavaco Silva.

Prossegue depois dizendo que "se tivesse optado por Manuel Alegre, (Sócrates) não poderia ter com ele uma coabitação pacífica ou fecunda". (Pacífica não seria, seguramente, já que a governação de Sócrates tem sido tudo menos… pacífica!).

E conclui referindo que "restava pois Mário Soares como opção residual e inofensiva (...), porque Sócrates sabia à partida tratar-se de um candidato já sem condições para ser eleito". "Soares está condenado a perder. E essa derrota convém deveras ao primeiro-ministro", que no seu íntimo, embora não o possa admitir publicamente, "conta com a cooperação isenta e competente de Cavaco Silva na chefia do Estado".

Sócrates até "poderá imputar a Alegre uma parte das razões do insucesso de Soares e sair do caso sem uma beliscadura".

"Brilhante"! Para José Sócrates, versão contemporânea d' O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, na política "os fins justificam os meios", que é como quem diz, vale tudo!…

Só espero que o tiro lhe saia pela culatra e venhamos a ter um poeta na presidência!…

terça-feira, novembro 29, 2005

Estado Novo II ?…

Cavaco Silva, o grande mestre do tabu, que não tem manifestado opinião sobre o que quer que seja e, como diz Jerónimo de Sousa, tem adoptado a táctica do “macaco sábio, que não vê, não ouve e não fala”, desta vez não hesitou em "desembainhar a espada" e alinhar na "cruzada contra os infiéis”, em defesa dos “valores do catolicismo”.


Por este andar, se fosse eleito, ainda haveríamos de ver o seu retrato e o de Sócrates, ladeando um crucifixo, nas salas de aula das nossas escolas! Pelos vistos, vontade não lhe falta…

segunda-feira, novembro 28, 2005

O Mundo é da Humanidade

Resposta do ex-Ministro da Educação do Brasil, CRISTOVAM BUARQUE, durante um debate numa universidade dos Estados Unidos, ao ser questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia — ideia que surge com alguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros — por um jovem americano, que lhe pediu que respondesse como humanista e não como brasileiro:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia.
Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.
Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!"

Os crucifixos e o fundamentalismo católico

A primeira versão da actual Constituição da República Portuguesa entrou em vigor no dia 25 de Abril de 1976 e, daí para cá, em nome da "liberdade de aprender e ensinar", ficou garantido no seu artigo 43.º que "o ensino público não será confessional".

Por essa razão, as aulas de Religião e Moral Católica deixaram de ter carácter obrigatório, delas ficando dispensados os alunos cujos pais expressamente o desejarem.

Mais recentemente, na sequência de uma queixa apresentada por uma associação, o Ministério da Educação, com um "pequeno" atraso de quase 30 anos, resolveu fazer cumprir a legalidade e determinar que as escolas públicas retirem os símbolos religiosos (crucifixos) das salas de aula, decisão absolutamente indispensável à garantia da liberdade e da igualdade de tratamento próprias de um Estado de Direito democrático.

Entretanto, numa atitude reveladora do mais puro "fundamentalismo religioso", que tanto criticam ao Islão, a Igreja Católica e o seu braço político, o CDS/PP, já vieram histericamente manifestar a sua oposição à medida. Demagogicamente, defendem até que o ME deveria respeitar a autonomia pedagógica das escolas e permitir que estas consultassem os pais, os alunos e a comunidade, sobre o assunto, "esquecendo" que a Lei estabelece que a autonomia das escolas só pode ser exercida no respeito pela Constituição da República!

Nesta matéria, portanto, as escolas só têm mesmo uma coisa a fazer: cumprir a Lei vigente e o que preceitua a Constituição! É assim que se procede num Estado democrático, onde o Direito se sobrepõe a tudo e a todos. Sem excepções!

sábado, novembro 26, 2005

O Cavaco mata


Neo-liberalismo e apocalipse *

Baptista Bastos

"A crise do capitalismo é uma evidência, que nem os seus turiferários já ocultam. A lex mercatoria, levada aos extremos a que assistimos, regula unilateralmente. E os mercados alargaram a sua influência e estenderam o seu domínio aos Governos. Estes, pondo de parte o princípio de que o direito privado é dependente do direito público, tripudiam sobre as próprias Constituições e, despudoradamente, acedem às exigências, cada vez mais inclementes, das transnacionais.

Os Estados Unidos funcionam como sede do Império. E quem se lhe opõe, timidamente que seja, é esmagado. São alarmantes as recentes informações, segundo as quais a CIA tem usado aeroportos, um pouco por todo o lado, para transportar presumíveis «terroristas» e interná-los em campos de concentração, onde a prática de sevícias e de torturas as mais aprimoradas se tornou num desporto requintado.

É evidente que esta situação não se pode eternizar. O mal-estar generalizado alastra, com reacções amiúde tumultuosas, e de consequências imprevisíveis porque larvares - mesmo que pareçam atenuadas ou definitivamente aplacadas. Se o Estado Social está agonizante, o que nos apontam como alternativa é assustador. Num segundo nível a crise (longe de ser passageira) inspira uma noção mais substancial de autoritarismo e introduz elementos não apenas conservadores, como, sobretudo, criptofascistas.

A disputa Presidencial no nosso país permite-nos, com um mínimo de seriedade e de lucidez, fazer aproximações ideológicas. O terreno apresenta-se fértil para soluções «musculadas». E muitos portugueses anseiam por isso. É difícil especificar, minuciosamente, as condições que tornaram possível este cenário. Porém, não andaremos afastados da realidade histórica se verificarmos que, no contexto actual, a representação política nega a oportunidade de todos e estimula o privilégio de alguns, poucos." (Ler mais aqui)

* Título nosso

sexta-feira, novembro 25, 2005

25 de Novembro

Não sei o que seria hoje o nosso país se, precisamente há 30 anos, a Direita, liderada pelo PS, não tivesse conseguido derrotar a Esquerda no poder e logrado impor o seu modelo político e económico!…


Mas, com o “golpe” de 25 de Novembro, o que sei é que a economia portuguesa depressa voltou às mãos de meia dúzia de grandes capitalistas, a “alternância dos mesmos” (que, eufemisticamente, dizem democrática) tomou conta do Estado, e, apesar disso e da imensidão de fundos comunitários entretanto recebidos, Portugal é agora um dos países mais pobres e socialmente mais injustos da Europa!

Talvez por isso o 25 de Novembro seja uma data esquecida! Talvez pese na consciência (se é que tem) do poder vigente!…

quinta-feira, novembro 24, 2005

Manuel Alegre: ensinar Sócrates a ser socialista!

"(...) O facto de ser necessário tomar medidas corajosas para ultrapassar os problemas existentes não significa que se tenha de utilizar o "quero, posso e mando" conferido pela maioria parlamentar. Afinal ainda estamos em democracia! Não é admissível o que se faz com os funcionários públicos, com os professores, com as forças de segurança, com o aumento do IVA, etc. E os bancos ? E as seguradoras ? E as empresas de telecomunicações? Continuam a apresentar resultados milionários!
Portugal precisa de um Presidente da República que ensine ao Eng.º Sócrates o que é ser socialista (...)." (ler tudo aqui).

Ou entra bolo-rei… ou sai asneira!

Apesar de manter ainda uma confortável vantagem sobre os seus mais directos opositores, de Outubro para cá Cavaco desceu de 48,8% para 44% nas intenções de voto, certamente em consequência da sua entrevista à TVI.
Agora, que se aproximam os debates televisivos, mais do que nunca é preciso fazer tudo para que o “candidato que não têm opinião” abra a boca. É que de cada vez que Cavaco abre a boca, ou entra bolo-rei… ou sai asneira!

Ideias claras

Jerónimo de Sousa defende a dissolução da NATO e o impedimento da criação de novos blocos político-militares.
Ao contrário de Cavaco, que ninguém sabe o que pensa do que quer que seja, aqui está um candidato com ideias claras. E pacifistas. Que, no entanto, apenas obtém 5 por cento das intenções de voto do eleitorado.
Será que os portugueses preferem a guerra?

Coitados dos portugueses!

Como ficou demonstrado na entrevista à TVI, Cavaco não tem opiniões sobre o que quer que seja! Não tem opinião sobre a presidência de Jorge Sampaio. Não tem opinião sobre o governo de Sócrates. Não tem opinião sobre o Orçamento. Não tem opinião sobre a União europeia. Não tem opinião sobre o regime político.
Agora, questionado sobre o projecto do aeroporto da OTA, manteve-se igual a si mesmo e disse coisa nenhuma!
É que Cavaco há muito percebeu que o melhor é não ter opiniões sobre o Presente e atirar o Passado para trás das costas (pelo sim pelo não… não vá o gato escondido deixar o rabo de fora!). Por isso o professor não se cansa de dizer que só "pensa no Futuro". E os portugueses, que gostam de sonhar com quimeras e manhãs de nevoeiro, pelos vistos, apreciam. Coitados!

quarta-feira, novembro 23, 2005

Humor… negro!

A Professora e a segregação racial


A professora pergunta a um dos alunos:

— Pedro, o que fizeste durante o recreio?

— Estive a brincar na areia, professora.

— Muito bem, Pedro. Se conseguires escrever no teu caderno a palavra "areia" correctamente, dou-te um Muito Bom.

O garoto escreve a palavra correctamente e a professora exclama:

— Muito bem! E agora tu, Filipe, o que é que fizeste no recreio?

— Eu também estive a brincar na areia, professora.

— Certo. Se conseguires escrever a palavra "brincar", também correctamente, dou-te um Muito Bom.

O garoto escreve correctamente a palavra e mais uma vez a professora exclama:

— Óptimo! E tu, Mutombo? O que fizeste durante o recreio?

— Eh, eu esquria brincar nos areia pá, mas eles non mi deixarem...

— Que horrrrrooooor! Que feio! Isso é discriminação! Olha Mutombo, se escreveres correctamente "segregação racial contra um grupo étnico minoritário", dou-te um Muito Bom a ti, também.


Enviado pela Catarina

O "cemitério" da Ota

O governo insiste na construção de um novo aeroporto que, a concretizar-se, seria inaugurado por volta de 2017, ou seja, muito depois do "pico petrolífero", altura em que os custos energéticos resultantes da irreversível escassez da produção de petróleo face à sua procura afectarão cada vez mais o sector dos transportes e estagnarão (ou farão mesmo regredir) o volume de tráfego aéreo em todo o mundo.

Assim, investir na construção de um novo aeroporto, seja na Ota ou em qualquer outro lado, é um erro gigantesco e ruinoso para a economia nacional e constituirá um pesado encargo para as gerações vindouras, uma vez que Portugal (e provavelmente qualquer outro país do mundo) não precisa de nenhum aeroporto, a não ser para servir de futuro "cemitério" de aviões parados.

Se o governo tivesse lucidez deveria era, quanto antes, aplicar os recursos que dispõe numa política geral de substituição do petróleo por gás natural e outros meios energéticos, em todos os sectores de actividade, a começar pelos transportes.

Mas não!
Em vez disso toma uma decisão aberrante e, no mínimo, reveladora duma ignorância espantosa acerca da realidade energética mundial (será que o Eng.º Sócrates já ouviu falar do pico de Hubbert?).
Ou, pior ainda, submete-se aos lobbies da alta finança e da construção civil e subordina o interesse nacional aos interesses dos grandes grupos privados.

Haverá vida para além do petróleo?

Os especialistas consideram que os aumentos dos custos energéticos e as falhas de abastecimento podem levar a economia mundial a uma recessão sem precedentes, cujos primeiros sintomas se estão tornando cada vez mais evidentes, assim como a uma escalada nas tensões entre as grandes potências do planeta motivada pelo controlo das escassas reservas.

Há cerca de cem anos, a humanidade encontrou um recurso único, o petróleo, que lhe deu a possibilidade de dispor de uma fonte de energia muito eficiente, fácil de extrair, transportar e utilizar, assim como de obter uma grande variedade de materiais a partir do mesmo. A disponibilidade de petróleo permitiu boa parte das profundas mudanças que a humanidade experimentou no último século, até chegar ao estado de enorme dependência do “ouro negro” em que se encontra o mundo actual, pois está presente em quase tudo o que utilizamos nas nossas vidas e é a fonte de energia que move 95 % dos transportes mundiais. O petróleo foi também determinante no incremento da capacidade de produzir e distribuir alimentos e nos avanços conseguidos na medicina, contribuindo dessa maneira para a multiplicação da população mundial, desde os mil milhões de seres humanos, em meados do século XIX, até aos seis mil e quinhentos milhões, na actualidade.

Os geólogos estimam que a humanidade consumiu, em apenas cem anos, aproximadamente metade do petróleo que se havia formado ao longo de milhões de anos no subsolo do nosso planeta. Os especialistas em geologia e recursos energéticos há décadas que vêm advertindo que a geração do começo do século XXI haveria de enfrentar o momento em que se alcançaria o zénite da produção mundial de petróleo, a partir do qual a sua disponibilidade começaria a decair. Este facto constitui um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta nos nossos dias, pois não existe nenhum outro recurso conhecido com as qualidades e prestações do petróleo e, apesar das mudanças realizadas, não se dispõe de alternativas que permitam substitui-lo a tempo no indispensável fornecimento de energia, em especial para os transportes, nem tampouco como matéria-prima para os mais de 3.000 produtos de uso comum que dele se obtêm.

Nos últimos anos vem-se detectando uma progressiva redução da capacidade de produção excedentária de petróleo, devido às dificuldades para incrementar a oferta ao forte ritmo exigido pela procura, de forma que o preço do crude sofreu uma subida notável. Nos próximos anos, em consequência da continuação do aumento da procura, espera-se que este processo se acentue, em especial a partir do momento em que a produção de crude comece a decair. Os especialistas consideram que os aumentos dos custos energéticos e as falhas de abastecimento podem levar a economia mundial a uma recessão sem precedentes, cujos primeiros sintomas se estão tornando cada vez mais evidentes, assim como a uma escalada nas tensões entre as grandes potências do planeta motivada pelo controlo das escassas reservas.

terça-feira, novembro 22, 2005

BuSSh: Culpado de Crimes de Guerra!…

Seis milhões de crianças morrem por ano, no mundo, devido à fome e à desnutrição, segundo a FAO. (Ler mais aqui).

No entanto, os mais de 220 biliões dólares "derretidos" até agora pela administração BuSSh na guerra no Iraque dariam para fazer face à fome no mundo durante... 9 anos!

"Prestígio" para Portugal!…

Ao fim de um ano à frente da Comissão Europeia, Durão Barroso é acusado de falta de liderança política e de seguidismo em relação a Tony Blair, sendo ainda considerado um tecnocrata sem alma política que privilegia a desregulação económica.

Ao fim e ao cabo, tudo grandes "qualidades" que já lhe reconhecíamos!…

segunda-feira, novembro 21, 2005

Dia Mundial em Memória das Vítimas na Estrada

Ontem foi o Dia Mundial em Memória das Vítimas na Estrada.

Entre os países da OCDE, ficamos em segundo lugar no número de automóveis por cada 1000 habitantes, com 756 (apenas ultrapassados pelos EUA, com 807), em terceiro lugar no consumo de álcool por cabeça, com 13 litros, mas apenas em décimo oitavo lugar relativamente à rede de estradas.

Se a tudo isto juntarmos um dos mais baixos índices de escolaridade — o que nada ajuda em matéria de educação e civismo — temos reunidas as condições para sermos
os primeiros na sinistralidade automóvel, com 165 mortos na estrada, por cada milhão de habitantes, ou seja, mais de 1600 por ano!

"Dia de vítimas na estrada", em Portugal, é todos os dias! Desgraçadamente…

A indústria da guerra

Dezenas de indivíduos convergiram este verão na cidade de EL Paso, no Texas, com o objectivo de irem seis meses para as prisões iraquianas, não na condição de prisioneiros, mas como “especialistas” de interrogatório, no que representa mais uma flagrante violação da Convenção de Genebra. Só pela assinatura do contrato, estes mercenários receberam desde logo um cheque de $2.000 dólares de uma empresa que rapidamente se está a tornar num dos maiores empregadores no mundo da inteligência: Lockheed Martin, o maior grupo privado mundial, da indústria da guerra.


Antes da partida para o Iraque, é-lhes fornecido um saco do exército dos EUA com os artigos básicos utilizados na guerra do Médio Oriente: calças e camisas apropriadas, camuflados, capacetes de Kevlar e máscaras químicas. Após uma semana de orientação e de exames médicos, voam para a Florida e depois para os seus destinos finais — as infames prisões iraquianas, incluindo Abu Ghraib, Camp Cropper, uma prisão no aeroporto internacional de Bagdade, e o acampamento Whitehorse, perto de Nassiria. (Ler mais aqui).

Longe vão os tempos em que a guerra era um assunto de Estado.
Hoje é uma actividade altamente lucrativa onde os grandes grupos privados investem cada vez mais.

A destruição, o sofrimento, as mortes são apenas "danos colaterais"!…

domingo, novembro 20, 2005

Cavaco, o mesmo de sempre: nada de nada!

Baptista Bastos

"A presença de Cavaco na TVI foi suficiente para assinalarmos nele um homem inseguro, cheio de fragilidades, temente talvez a Deus mas mais, muito mais, ao debate com os homens. Foi uma linguagem redonda e melancólica na qual, por vezes, aflorava a irritação e o desconforto. Nada de nada. E a obstinação dele, em afirmar a sua «independência», longe dos partidos, e, propositadamente, de característica «nacional», constituiu impressionante manifestação de hipocrisia. Assim como a imposição da ideia de que, com ele em Belém, o Governo seria outro, porventura melhor. Pequenos truques de efeitos perversos. O candidato sabe que a Constituição impõe limites à acção do Presidente; e, a não ser que provoque um golpe de Estado constitucional, nada poderá fazer que contrarie as disposições da Carta."
"(...)
Cavaco mete medo, mas Cavaco tem medo. Medo das palavras, medo das interpelações, medo das perguntas, medo do debate, medo do diálogo, medo das multidões, medo das mudanças. Sobretudo medo daqueles que podem comprovar as suas medíocres qualidades para desempenhar um cargo com tradições humanísticas, intelectuais, filosóficas e culturais. Ele é o mesmo de sempre. Nunca deixou de o ser, nunca se converteu num outro."
(Ler tudo aqui).

Cantiga de Maio (6)

O que será

O que será que será
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será que será
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho

O que será que será
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Está no dia-a-dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos, será que será
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido

O que será que será
Que todos os avisos não vão evitar
Porque todos os risos vão desafiar
Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o padre eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo

Chico Buarque

sábado, novembro 19, 2005

Sem palavras (IX)


Greve na Citroën-Javel pela defesa dos direitos adquiridos, Paris, 1938
Willy Ronis


Manifestação — 1916
André Kertész

Qu'importa a fúria do "mar"?…

Apesar da autêntica armadilha que tinha sido montada na véspera, com os “amarelos” da FNE e outros que nem sequer “existem” a aceitarem uma “mão cheia de nada” da ministra da Educação, os professores não se deixaram iludir com promessas vãs de última hora e foram para a luta, como há muito não se via: cerca de 50 por cento das escolas encerradas, uma adesão à greve a rondar os 80 por cento e uma gigantesca manifestação frente ao ME — talvez a maior de sempre — que reuniu cerca de dez mil participantes.
“Candidamente”, Maria de Lurdes Rodrigues limitou-se a reconhecer que a greve "é um direito que os trabalhadores têm para manifestar a sua insatisfação". Significa isto que a luta ainda agora começou e, se é em Maio que começa a luta, com este governo, qualquer mês é… o mês de Maio!

Profissões e azares

Azar! Estar à hora errada no sítio errado, foi “apenas” o que aconteceu, pela última vez, ao militar português que prestava serviço no Afeganistão, depois do carro patrulha em que seguia com mais três camaradas ter feito detonar uma mina.

É esta, sem dúvida, uma profissão de alto risco. Uma profissão que, no entanto, compete a cada um decidir (ou não) abraçar, um risco que cada um é livre de correr (ou não). Mas é, por isso mesmo, uma profissão bem paga. E, quando a morte acontece, a vítima é elevada à condição de herói nacional, com direito a cerimónias protocolares e discurso de Estado.

Já o mesmo não acontece com outras, igualmente dignas, respeitosas e, quiçá, mais úteis, profissões. Quando um agricultor morre dilacerado por uma charrua mecânica, um pedreiro se desfaz no chão após a queda de um andaime ou um pescador é tragado pela fúria inesperada do mar, por muito que estejam a contribuir para a riqueza nacional, ninguém dá qualquer destaque à sua desdita. São enterrados no mais humilde anonimato e… ponto final. Não se fala mais nisso!

quinta-feira, novembro 17, 2005

Quem quer saúde pague-a!

Há dias, o ministro da Saúde anunciou pomposamente a redução em seis por cento do preço de todos os fármacos , mas, ao mesmo tempo acabava com a comparticipação de dez por cento no preço dos genéricos. Contas bem feitas, os utentes passaram a deixar mais dinheiro na farmácia com esta “brilhante” medida.

Agora, Correia de Campos, empenhadíssimo como anda em acabar com o que resta do Serviço Nacional de Saúde e uma vez que o Natal se aproxima, decidiu dar mais uma prenda aos portugueses aumentando as taxas moderadoras.

Razão têm Jerónimo de Sousa e Manuel Alegre quando se insurgem contra a injustiça e a inconstitucionalidade da medida.

Cantiga de Maio (5)

Um Homem na Cidade

Agarro a madrugada
como se fosse uma criança,
uma roseira entrelaçada,
uma videira de esperança.
Tal qual o corpo da cidade
que manhã cedo ensaia a dança
de quem, por força da vontade,
de trabalhar nunca se cansa.
Vou pela rua desta lua
que no meu Tejo acendo cedo,
vou por Lisboa, maré nua
que desagua no Rossio.
Eu sou o homem da cidade
que manhã cedo acorda e canta,
e, por amar a liberdade,
com a cidade se levanta.
Vou pela estrada deslumbrada
da lua cheia de Lisboa
até que a lua apaixonada
cresce na vela da canoa.
Sou a gaivota que derrota
tudo o mau tempo no mar alto.
Eu sou o homem que transporta
a maré povo em sobressalto.
E quando agarro a madrugada,
colho a manhã como uma flor
à beira mágoa desfolhada,
um malmequer azul na cor,
o malmequer da liberdade
que bem me quer como ninguém,
o malmequer desta cidade
que me quer bem, que me quer bem.
Nas minhas mãos a madrugada
abriu a flor de Abril também,
a flor sem medo perfumada
com o aroma que o mar tem,
flor de Lisboa bem amada
que mal me quis, que me quer bem.

José Carlos Ary dos Santos

quarta-feira, novembro 16, 2005

O único

25 anos de “alternância democrática” do PSD e do PS deram nisto: Portugal é o único dos 25 países da União Europeia que regista, simultaneamente, uma taxa de crescimento do PIB inferior à média comunitária e um valor do PIB per capita abaixo da média da UE25. Ou seja, continuamos pobres e, pior do que isso, a atrasarmo-nos cada vez mais. Sós! Sem quaisquer motivos de orgulho…

Sem palavras (VIII)


Braga
Jean Dieuzaide, 1950

terça-feira, novembro 15, 2005

Falar claro

Foi o que fez Jerónimo de Sousa na apresentação da sua candidatura, afirmando que nenhum presidente, até hoje, cumpriu e fez cumprir a Constituição e que, "a pretexto de que aquilo a que se chama o Estado Social se encontra em crise, a política de direita entrega aos grandes grupos e interesses económicos, sob diversas formas, equipamentos de saúde, degrada a escola pública, descapitaliza a Segurança Social, altera de forma injusta e desumana a idade da reforma, penaliza ainda mais os desempregados e os jovens à procura do primeiro emprego, mantém em condições de pobreza extrema a grande massa dos reformados, pensionistas e idosos".

Segundo o candidato comunista, estas são algumas das políticas levadas a cabo nos últimos trinta anos "pela direita e pelo PS", a que "nenhum responsável político, e muito menos um presidente da República, poderá ser indiferente".

Na mouche!

segunda-feira, novembro 14, 2005

Também eu acredito nos portugueses

É ou não verdade que, no seu longo consulado de dez anos, Cavaco beneficiou de condições absolutamente excepcionais, algumas das quais irrepetíveis — avultados fundos comunitários, receitas chorudas da venda de empresas públicas, petróleo a baixo preço, dólar barato, economia internacional em expansão?

É ou não verdade que, Cavaco governou a maior parte do tempo com maiorias absolutas, o que constitui uma inegável vantagem para uma governação eficaz?

É ou não verdade que o betão e o asfalto foram os principais legados do "milagre cavaquista", ficando o CCB para a história como um monumento ao despesismo e à derrapagem orçamental?

É ou não verdade que Cavaco nada fez para combater a corrupção, designadamente no que se refere ao roubo — porque de roubo se tratou! — dos fundos comunitários?

É ou não verdade que, enquanto os fundos comunitários se "evaporaram", as pescas, a agricultura e a indústria (particularmente a têxtil) levaram o "golpe de misericórdia", enfraquecendo seriamente a economia nacional e lançando milhares de trabalhadores no desemprego?

É ou não verdade que o "mago das finanças públicas e do rigor orçamental" nunca conseguiu conter as despesas do Estado e reduzir o défice e, apesar disso, a reforma da Administração e a modernização dos Serviços Públicos ficou por fazer?

É ou não verdade que Cavaco, apesar de ter gozado de condições de governabilidade excepcionais, foi incapaz de colocar o país na rota do desenvolvimento (tendo antes aberto o caminho para o seu irremediável afundamento na cauda da Europa) enquanto outros (Irlanda, Espanha), quiçá com condições menos favoráveis, conseguiram desenvolver-se?

Claro que tudo isto é inquestionavelmente verdade!

É por isso que, tal como Cavaco, também eu “Acredito que os portugueses saberão distinguir um dos candidatos. Perante a situação difícil que Portugal atravessa, eles vão ter o bom senso e sabedoria para escolher aquele que consideram o candidato mais adequado para ajudar a resolver os problemas do país.

Só que, por tudo o que fez (e também pelo que não fez), não pode ser Cavaco o escolhido!…

domingo, novembro 13, 2005

Era sempre Natal, mas só para alguns

Sátira delirante e impiedosa ao "milagre cavaquista", "The great portuguese disaster, 1985-1995".
A não perder! Sobretudo por aqueles que tenham a memória curta ou sofram de amnésia.
Ler
aqui.

sábado, novembro 12, 2005

São como cristal, as palavras (4)

La poesía es un arma cargada de futuro


Cuando ya nada se espera personalmente exaltante
mas se palpita y se sigue más acá de la conciencia,
fieramente existiendo, ciegamente afirmando,
como un pulso que golpea las tinieblas,

cuando se miran de frente
los vertiginosos ojos claros de la muerte,
se dicen las verdades:
las bárbaras, terribles, amorosas crueldades:

(...)

(...)

Poesía para el pobre, poesía necesaria
como el pan de cada día,
como el aire que exigimos trece veces por minuto,
para ser y en tanto somos dar un sí que glorifica.

Porque vivimos a golpes, porque apenas si nos dejan
decir que somos quienes somos,
nuestros cantares no pueden ser sin pecado un adorno.
Estamos tocando el fondo.

Maldigo la poesía concebida como un lujo
cultural por los neutrales
que, lavándose las manos, se desentienden y evaden.
Maldigo la poesía de quien no toma partido hasta mancharse.

Hago mías las faltas. Siento en mí a cuantos sufren
y canto respirando.
Canto, y canto, y cantando más allá de mis penas
personales, me ensancho.

Quisiera daros vida, provocar nuevos actos,
y calculo por eso con técnica, qué puedo.
Me siento un ingeniero del verso y un obrero
que trabaja con otros a España en sus aceros.

(...)

No es una poesía gota a gota pensada.
No es un bello producto. No es un fruto perfecto.
(...)

(...)
Son lo más necesario: Lo que no tiene nombre.
Son gritos en el cielo, y en la tierra, son actos.

Gabriel Celaya, "Poesía urgente"

sexta-feira, novembro 11, 2005

Alegre sobe, candidato-esfinge desce

Segundo a última sondagem Correio da Manhã/ Aximage, o cenário das intenções de voto para as presidenciais continua ainda desfavorável à Esquerda mas a tendência é para melhorar.

Cavaco, o candidato-esfinge, fazendo jus ao aforismo popular “o calado vence tudo”, vai tentando manter-se em silêncio porque já percebeu que quando fala desce nas sondagens: caiu de 56,7 para 52,7 por cento.

À Esquerda, todos registaram subidas, com destaque para Manuel Alegre que é, definitivamente, aquele que cada vez mais se apresenta em melhores condições para defrontar e derrotar (por que não?) “o homem que nunca se engana e raramente tem dúvidas”.
É que a verdadeira sondagem será só em 22 de Janeiro e, até lá, Cavaco não pode permanecer mudo!…

ONU vota fim do bloqueio a Cuba

Mais uma resolução — a décima quarta — exigindo o fim do bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos EUA a Cuba, desde o início dos anos 60, foi aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, no passado dia 8.

Dos 191 países representados na Assembleia Geral, apenas quatro votaram contra a resolução (Estados Unidos, Israel, Palau e Ilhas Marshall), um absteve-se (Micronésia) e uma esmagadora maioria de 186 votaram favoravelmente, no que constituiu o resultado mais retumbante de quantos se verificaram até aqui.

Trinidade, Cuba/ 2003

A resolução agora aprovada condena também os efeitos extraterritoriais da lei Helms-Burton, promulgada em Março de 1996, que prevê castigos às empresas estrangeiras com negócios nos EUA que estabeleçam laços comerciais com Cuba, e proíbe a entrada nos "States" de directores dessas companhias.

Se os EUA fossem um pais, decente, democrático e respeitador do direito internacional e das decisões das Nações Unidas, há muito tinham acabado com esta vergonhosa e intolerável ingerência nos assuntos internos de um país soberano. Como assim não acontece, como há bem pouco tempo ficou provado com a invasão prepotente e ilegal do Iraque, receio bem que estejamos perante mais uma vitória meramente simbólica da comunidade internacional…

Cantiga de Maio (4)

A vida é feita de pequenos nadas

(Segunda-feira
trabalhei de olhos fechados
na terça-feira
acordei impaciente
na quarta-feira
vi os meus braços revoltados
na quinta-feira
lutei com a minha gente
na sexta-feira
soube que ia continuar
no sábado
fui à feira do lugar
mais uma corrida, mais uma viagem
fim-de-semana é para ganhar coragem)

muito boa noite, senhoras e senhores
muito boa noite, meninos e meninas
muito boa noite, Manueis e Joaquinas
enfim, boa noite, gente de todas as cores
e feitios e medidas
e perdoem-me as pessoas
que ficaram esquecidas
boa noite, amigos, companheiros, camaradas
a vida é feita de pequenos nadas
a vida é feita de pequenos nadas

Somos tantos a não ter quase nada
porque há uns poucos que têm quase tudo
mas nada vale protestar
o melhor ainda é ser mudo
isto diz de um gabinete
quem acha que o casse-tête
é a melhor das soluções
para resolver situações
delicadas
a vida é feita de pequenos nadas

E o que é certo
é que os que têm quase tudo
devem tudo aos que têm muito pouco
mas fechem bem esses ouvidos
que o melhor ainda é ser mouco
isto diz paternalmente
quem acha que é ponto assente
que isto nunca vai mudar
e que o melhor é começar a apanhar
umas chapadas
a vida é feita de pequenos nadas

Ouvi dizer que quase tudo vale pouco
quem o diz não vale mesmo nada
porque não julguem que a gente
vai ficar aqui especada
à espera que a solução
seja servida em boião
com um rótulo: Veneno!
é para tomar desde pequeno
às colheradas
a vida é feita de pequenos nadas
boa noite, amigos, companheiros, camaradas
a vida é feita de pequenos nadas.

Sérgio Godinho, Pano Crú, 1978

quinta-feira, novembro 10, 2005

Demasiado real para ser ficção!

Sou professor, sou um privilegiado!

Chego a esta conclusão: para quê dar o litro pelo ensino, se o ensino não me dá nada a mim? Não sou um missionário! Sou um profissional de educação e isso significa que também tenho barriga! Já me basta ter de aturar "colegas" que não me respeitam, criancinhas birrentas mal educadas pelos pais, pais que nunca o deveriam ter sido pois não assumem as suas responsabilidades, edifícios degradados em que nem giz tenho para escrever no quadro…


Levanto-me, de manhã, por volta das 06:30 para fazer uma viagem de 45 km até à minha escola. Gasto 6 litros de gasolina todos os 5 dias da semana só para ir trabalhar. Tenho aulas em 8 dos dez turnos (manhãs e tardes) da semana, o que significa que almoço na escola 3 vezes por semana, à média de 6 € por refeição. Por semana são 54 €, mais ou menos 230 em cada mês. Há dias em que tenho uma aula às 08:30 e depois só volto a ter aulas às 13 :30. Durante aquelas três horas nada posso fazer senão olhar para o boneco, que a escola não tem condições para se poder trabalhar.Chego a casa por volta das 18:00, tão cansado como qualquer outro português depois de um dia de trabalho. Mas há dias em que chego mais tarde, porque tenho reuniões de grupo, de departamento, de conselho pedagógico, de coordenação do centro de recursos, com os pais, de directores de turma, do ensino especial, etc., etc., etc.

Sou contratado há 11 anos. Embora as empresas privadas sejam obrigadas, por lei, a inserir nos quadros de pessoal todos os funcionários com 3 anos de "casa", o Estado dá-me um valente pontapé nos fundilhos todos os dias 31 de Agosto de cada ano. Até 2000, nem subsídio de desemprego recebia; e os que recebi após essa data fui obrigado a devolver porque, segundo as finanças, os meus ganhos são "muito elevados" (sic).Todos os anos mudo de escola: quando me começo a habituar ao sítio onde estou, já estou de partida. Os meus alunos perguntam-me se serei professor deles no próximo ano: respondo-lhes que não sei, sequer, se serei professor novamente na vida. No dia em que efectivar, se for vivo quando lá chegar, terei de partir para a diáspora: migro para uns valentes 200 ou 300 km de distância, na esperança de conseguir uma escola ao pé de casa - a uns 45 km, como actualmente - quando já for velhinho.

Desde que comecei a leccionar já dei mais de 20 níveis diferentes, o que dá uma média de 2 níveis novos em cada ano. Já nem tenho espaço no escritório para tantos dossiês...

A cada semana que passa dou 20 horas de aulas, distribuídas por 6 turmas e 150 alunos. Para cada hora de aulas preciso de pelo menos outra hora para a preparar. É que, como imaginarão, não vou às aulas sem saber o que vou lá fazer... Se mandar os meus 150 alunos fazer um trabalho de casa por semana e os corrigir em casa, precisarei de pelo menos 10 minutos para corrigir cada um: ou seja, corrijo 6 trabalhos por hora. Logo, numa semana passo 25 horas a corrigir trabalhos e/ou testes. Dando 20 horas de aulas por semana, MAIS 20 para as preparar, MAIS 25 para corrigir trabalhos, descubro que trabalho pelo menos 65 horas por semana, ainda que a Senhora Ministra me enfie pelos ouvidos que trabalhamos, nós, os privilegiados, apenas 35 h por semana.

Tenho rendimentos "obscenos". Como estou no índice 151, ou seja, em situação de pré-carreira, ganho (líquidos) 1000 €/mês, qualquer coisa como 250 €/semana. Como trabalho à volta de 65 horas por semana, isso significa que recebo do Estado qualquer coisa como 4 euros por hora.

Não tenho empregada doméstica porque elas ganham mais do que isso a cada hora que passa. Os meus colegas que fizeram uma licenciatura noutra área qualquer, que são tão licenciados quanto eu, gabam-se de ganhar pelo menos o dobro do que eu ganho. Fico feliz por eles, mas não é com isso que encho a barriga.

O meu automóvel tem 7 anos, é um Punto dos mais baratitos, e não tenciono mudar tão cedo porque não tenho dinheiro para comprar outro. E mesmo que o tivesse, não sei se estarei empregado daqui a 3 meses. Sou, portanto, um privilegiado.

A minha esposa também é professora. Residimos, enquanto contratados, no Porto. O problema é que no meu grupo disciplinar só é possível efectivar se for para o Alentejo durante dois anitos, depois para a Serra da Estrela, por fim Bragança, Vila Real, até chegarmos a Amarante, a apenas 50 km, altura em que me sentirei realizado: estarei perto de casa!!! Como não é possível irmos juntos nessa aventura, já combinámos: eu vou para o Alentejo; depois vai ela, quando eu estiver em Bragança; encontramo-nos a meio do país, no Entroncamento; dividimos os filhos a meias e, quando tivermos 50 anos (temos 30 e poucos nesta altura) voltaremos a ter vida conjugal. Só tenho algum receio de não me lembrar da cara dos meus filhos, se por acaso os encontrar em algum comboio intercidades...

Chego a esta conclusão: para quê dar o litro pelo ensino, se o ensino não me dá nada a mim? Não sou um missionário! Sou um profissional de educação e isso significa que também tenho barriga! Já me basta ter de aturar "colegas" que não me respeitam, criancinhas birrentas mal educadas pelos pais, Pais que nunca o deveriam ter sido pois não assumem as suas responsabilidades, edifícios degradados em que nem giz tenho para escrever no quadro…

E AINDA ME DIZEM QUE NÃO PENSO NOS INTERESSES DOS ALUNOS QUANDO AFIRMO QUE VOU FAZER GREVE???

Anónimo

Hospitais públicos mais eficientes

Um estudo da Direcção-geral da Saúde chegou à conclusão que os hospitais que permaneceram no sector público administrativo são, regra geral, mais eficientes do que aqueles que foram transformados em sociedades anónimas e passaram a ter uma gestão empresarial.

Mesmo tendo em consideração que os dados utilizados apenas dizem respeito a 2000, 2002 e 2003, altura em que os hospitais SA estavam a arrancar, não deixa de ser uma interessante bofetada de luva branca nos arautos do neo-liberalismo, sempre dispostos a denegrir e a deitar a baixo tudo o que é serviço público.

O que isto prova à saciedade é que serviço público eficiente e de qualidade é possível. E, do nosso ponto de vista, desejável. Só é preciso haver vontade política para o implementar.

O "orçamento do queijo açoriano"

Durante a governação com maioria relativa de António Guterres, ficaram famosos os “orçamentos do queijo limiano” aprovados à custa da abstenção do deputado do CDS/ PP e presidente da Câmara de Ponte de Lima, Daniel Campelo, a troco de contrapartidas para a sua região.
Agora, apesar de gozar do apoio de uma maioria absoluta, segundo o Diário Económico, José Sócrates terá prometido ao Presidente do Governo da Região Autónoma dos Açores, Carlos César, o pagamento de dívidas da República aquela região, como forma de garantir os votos dos deputados do PS/Açores. E embora o primeiro-ministro tenha afirmado na Assembleia da República que "não houve nenhuma reunião nem nenhuma negociação" com Carlos César, a verdade é que já depois disso, o vice-presidente do Governo dos Açores, Sérgio Ávila, salientou que o chefe do executivo regional "não tem o hábito nem a necessidade de faltar à verdade aos açorianos".
Enfim, tudo leva a crer que desta vez iremos ter um “orçamento do queijo açoriano”!…

Sem palavras


28 de Julho : A Liberdade guia o povo
Eugène DELACROIX, 1831

quarta-feira, novembro 09, 2005

Erro 404

Não é possível apresentar a página

São como cristal, as palavras (3)

Página

outro é o tempo
outra a medida

tão grande a página
tão curta a escrita

entre o achigã e a perdiz
entre chaparro e choupo

tanto país
e tão pouco

Manuel Alegre, Alentejo e Ninguém

terça-feira, novembro 08, 2005

Socialismo Oblíquo



Sacrifícios para a plebe, "tachos" para os amigos!

Cantiga de Maio (3)

É terça feira

É terça feira
E a feira da ladra
Abre hoje às cinco
Da madrugada

E a rapariga
Desce a escada quatro a quatro
Vai vender mágoas
Ao desbarato
Vai vender
Juras falsas
Amarguras
Ilusões
Trapos e cacos e contradições

É terça feira
E das cinzas talvez
Amanhã que é quarta-feira
Haja fogo outra vez
O coração
É incapaz
De dizer
"tanto faz"
Parte para a guerra
Com os olhos na paz

É terça feira
E a feira da ladra
Quase transborda
De abarrotada

E a rapariga
Vende tudo o que trazia
Troca a tristeza
Pela alegria
E todos querem
Regateiam
Amarguras
Ilusões
Trapos e cacos e contradições

É terça feira
E a feira da ladra
Fica enfim quieta
E abandonada
E a rapariga
Deixou no chão um lamento
Que se ergue e gira
E roda com o vento
E rodopia
E navega
E joga à cabra-cega
É de nós todos
E a ninguém se entrega

Sérgio Godinho, Era uma vez um rapaz, 1985

segunda-feira, novembro 07, 2005

domingo, novembro 06, 2005

Maradona: a mão de Deus contra BuSSh

Os maiores são assim, seja no futebol ou na luta por um mundo mais limpo de canalhas! Podemos sempre contar com eles!…

Comércio "livre" à medida dos EUA

Pela quarta vez, a Cimeira das Américas saldou-se por um rotundo fracasso, não conseguindo sequer produzir uma declaração final.
Porque os EUA e Bush querem uma Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) à medida dos seus próprios interesses não admitindo deixar de subsidiar os seus agricultores.
E o Mercosul — Argentina, Brasil, Chile e Uruguai — e a Venezuela não alinham com esta concepção viciada de comércio “livre” e recusam frontalmente políticas que causam "miséria e pobreza"!
Tão “simples” como isto…

Cantiga de maio (2)

Que amor não me engana

Que amor não me engana
Com a sua brandura
Se de antiga chama
Mal vive a amargura

Duma mancha negra
Duma pedra fria
Que amor não se entrega
Na noite vazia

E as vozes embarcam
Num silêncio aflito
Quanto mais se apartam
Mais se ouve o seu grito

Muito à flor das águas
Noite marinheira
Vem devagarinho
Para a minha beira

Em novas coutadas
Junto de uma hera
Nascem flores vermelhas
Pela Primavera

Assim tu souberas
Irmã cotovia
Dizer-me se esperas
O nascer do dia

Zeca Afonso, Venham mais cinco, 1973

sábado, novembro 05, 2005

Sem palavras


Sábado à noite
Vassily Kandinsky, 1904

Violências

Tudo terá começado há pouco mais de uma semana com a morte de dois jovens num transformador eléctrico onde se teriam refugiado, alegadamente fugindo da polícia.
Mas isto foi apenas o fósforo que fez deflagrar a violência que tem semeado o pânico e a destruição na periferia de Paris e que ameaça agora alastrar a outras cidades francesas.

Na realidade, os tumultos causados por jovens, na sua maioria descendentes de imigrantes africanos e muçulmanos, devem-se, isso sim, ao desemprego, à pobreza, à falta de acesso à educação e aos problemas habitacionais, em suma, à exclusão social de que são vítimas, a qual constitui o verdadeiro caldo de cultura que acaba por conduzir à revolta. Irracional, cega, mas justa.

E tudo isto porque os políticos e os “responsáveis”, em vez de prevenir, preferem remediar. Com as trágicas consequências que estão à vista!

Bem vistas as coisas, é caso para perguntar quem é mais violento — se os jovens, se a sociedade que os exclui!…

Cão como nós

"Candidato-me por um Portugal de todos. Não apenas dos donos dos aparelhos, sejam eles económicos, mediáticos ou políticos. Não há donos do voto nem da consciência dos homens e das mulheres livres de Portugal. Candidato-me por um Portugal que se diga no plural, uma Pátria que sois vós, uma Pátria que somos nós, um Portugal de todos.

Este não é um projecto de descrença. É um projecto de reinvenção e de esperança. Sou um cidadão como vós. Se chegar a Belém, chegarei com todos vós. Com todos os portugueses e por todos os portugueses."

Manuel Alegre fez a sua parte. Como lutador e homem de Esquerda, candidatou-se à Presidência da República, livremente e sem quaisquer apoios partidários. Apenas com a sua inabalável convicção nos valores da liberdade e da democracia, da justiça social e da solidariedade. E propõe-nos um "contrato presidencial" transparente, progressista, mobilizador, capaz de nos devolver a esperança num futuro melhor e o gosto pelo exercício da cidadania!

Agora é a nossa vez! De nada adiantará lamentarmo-nos se não formos capazes de exercer livremente a nossa escolha e não aproveitarmos a oportunidade de termos na Presidência da República um… "Cão como nós"!

São como cristal, as palavras (2)

O dia da criação

II


Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Hoje há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito-de-porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criançinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há uma comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado

Vinícius de Moraes

quinta-feira, novembro 03, 2005

Xeque-mate à corrupção, para quando?

O misterioso tabuleiro de xadrez que consta de uma alegada lista de prendas do empresário da construção civil, Américo Santo, afinal não estava na casa do porta-voz da Comissão Política do PS, Jorge Coelho.

E, para que não restem dúvidas, a Procuradoria-Geral da República emitiu uma nota em que afirma que a investigação levada a cabo "não assentou em suspeitas que pudessem existir, de ilícito criminal imputável ao sr. Jorge Coelho".

É verdade que em 1998 Jorge Coelho era ministro-adjunto de António Guterres e superintendia na Administração Pública do Executivo. É verdade que nesse ano o Estado português comprou o edifício onde funciona a Loja do Cidadão das Laranjeiras, em Lisboa, por um milhão e 36 mil contos, ao empresário Américo Santo. É igualmente verdade que uma resolução do Conselho de Ministros de então autorizou a referida transacção abdicando de concurso público. É ainda verdade que Coelho tem um escritório num dos prédios duma urbanização construída pelo referido empresário. Mas, obviamente, tudo isto são coincidências (serão?...). Tanto mais que Jorge Coelho jurou-nos que é um "cidadão impoluto e incorruptível".

Certo é que, com ou sem tabuleiro de xadrez, o intrincado jogo da corrupção não tem xeque-mate à vista!

A "independência" de Cavaco

O carácter “suprapartidário” e “independente” da candidatura de Cavaco Silva está bem demonstrado na composição “diversificada” e “plural” da sua Comissão Política, como aqui se pode verificar.

Alegre reforça-se

Com o professor Jesualdo Ferreira, treinador do Sporting de Braga, que lidera a Liga de Futebol, e Costinha, capitão da selecção nacional de futebol, na sua Comissão de Honra, Manuel Alegre consegue dois importantes “reforços” para vencer o “campeonato das eleições presidenciais”.

terça-feira, novembro 01, 2005

O paraíso da corrupção

"Portugal está a fechar os olhos à corrupção."

"Está por fazer uma análise da influência que tiveram na actual crise, a falta de controlo sobre as gritantes e frequentes derrapagens dos custos das obras públicas, a falta de controlo sobre o desperdício e má destinação dos subsídios e financiamentos comunitários e nacionais, a incompreensível e arrastada incapacidade de obstar aos mais escandalosos casos de evasão fiscal, e a persistente sangria das empresas públicas através de toda a sorte de actos de nepotismo e compadrio."

"Procuradores e juízes abstêm-se quando podiam aprofundar as investigações ou acusar, despronunciam quando deviam pronunciar, ou absolvem quando deviam condenar, abrigando-se à sombra do princípio in dubio ao primeiro assombro de incompreensão."

Acusações de Euclides Dâmaso, procurador da República e director do Departamento de Investigação e Acção Penal (Coimbra), no III Encontro de Países de Língua Oficial Portuguesa.

Portugal, paraíso da corrupção! Até quando?…

Lisboa, Dia de Todos-os-Santos de 1775



Ilustração de um livro religioso. Castigo de Deus no Dia de Todos-os-Santos!




Vagas alterosas do Tejo causadas pelo terramoto (Gravura em cobre)




Ondas gigantes fustigam a margem norte do rio Tejo completando
a destruição começada pelo terramoto (gravura em madeira)



Cenário dramático na margem do Tejo de leste para oeste: casas em chamas, explodindo, águas revoltas, navios afundando-se, pessoas fugindo
(gravura em madeira)




Lisboa alguns dias após o terramoto: acampamento fora da área
danificada da cidade e execuções de salteadores (gravura em cobre)