sexta-feira, outubro 15, 2010

Sócrates mente, há outro caminho.

De um ponto de vista puramente contabilístico e estático, a receita de Sócrates para reduzir o défice orçamental, que tem o apoio dos eurocratas de Bruxelas e das sanguessugas dos mercados financeiros, parece fazer sentido: o aumento do IVA renderia mais receita, ao passo que o corte nos salários da função pública e a redução dos abonos e dos subsídios contribuiriam para diminuir a despesa. Sucede que a economia é dinâmica e não é mera contabilidade. Na verdade, estas medidas iriam inevitavelmente diminuir o consumo das famílias e, em consequência disso, provocar a queda do investimento, do emprego e da produção, conduzindo a economia a nova recessão e levando uma vez mais a uma queda das receitas fiscais. O sacrifício, além de injusto, seria inútil.

Sócrates só pode, portanto, querer tomar-nos por parvos quando insiste que não há outro caminho para combater o défice. Obviamente que existe e não é o seu. Só os cinco principais bancos portugueses averbaram cinco milhões de euros de lucro, por dia, mas os lucros do capital são um bezerro de ouro sagrado que o governo não ousa tocar. Como não toca nas mais-valias bolsistas, não impõe uma taxa especial aos lucros dos grandes grupos económicos, e nada faz para evitar o desperdício e as mordomias do Estado. Este sim, seria o caminho para uma verdadeira política orçamental. Porque, desta forma, o combate ao défice não hipotecaria o crescimento económico. E, já agora, a justiça social.

Não há dúvida, Sócrates mente, há outro caminho.

Duplo crime

O aumento brutal do IVA de 21 para 23 por cento é um duplo crime. De lesa-economia, porque vai penalizar fortemente o consumo e, consequentemente, o investimento, a criação de emprego e o crescimento económico. De lesa-justiça social, porque se trata de um imposto cego que, empobrecendo ainda mais as classes mais desfavorecidas, vai agravar a desigualdade num dos países já de si mais injustos da União Europeia.

Isto é tão simples de perceber que não é necessária qualquer formação em Economia, bastando apenas possuir um mediano coeficiente de inteligência (QI). Infelizmente, parece que a maioria dos portugueses não dispõe desse QI médio. Só isso poderá explicar a sua insistência em votar em políticas e partidos criminosos que outra coisa não visam senão sugar-lhes o sangue e esfolar-lhes a pele. Parece que a criminalidade dos governantes e o masoquismo dos governados não têm limites!…

terça-feira, outubro 12, 2010

Duplo crime

O aumento brutal do IVA de 21 para 23 por cento é um duplo crime. De lesa-economia, porque vai penalizar fortemente o consumo e, consequentemente, o investimento, a criação de emprego e o crescimento económico. De lesa-justiça social, porque se trata de um imposto 'cego' que, empobrecendo ainda mais as classes mais desfavorecidas, vai agravar a desigualdade num dos países já de si mais injustos da União Europeia.

Isto é tão simples de perceber que não é necessária qualquer formação em Economia, bastando apenas possuir um mediano coeficiente de inteligência (QI). Infelizmente, parece que a maioria dos portugueses não dispõe desse QI médio. Só isso poderá explicar a sua insistência em votar em políticas e partidos criminosos que outra coisa não visam senão sugar-lhes o sangue e esfolar-lhes a pele. Parece que a criminalidade dos 'governantes' e o masoquismo dos 'governados' não têm limites!…

segunda-feira, outubro 11, 2010

Por este país

Sou republicano, de esquerda e, sobretudo, socialista. Mas também sou, cada vez mais, um cidadão livre e independente. Mais do que saber se Fernando Nobre é republicano ou monárquico, de esquerda ou de direita, interessa-me sobretudo conhecer as ideias que defende para Portugal. Aqui estão algumas com as quais não posso deixar de estar mais de acordo.

O nosso país tem de ter um outro rumo. Ou mudamos ou afundamo-nos. O nosso país está a afundar-se mercê de políticas erradas das últimas décadas. É o momento de invertermos a marcha decadente.

Se acabarmos com os subsídios do Estado providência, isso quer dizer que rapidamente teremos 40% de pobres, e esse não é o futuro.

O actual Presidente da República deixou esgotar esse passo fatídico dos seis meses. Até aí ele tinha armas de pressão sobre os partidos para os fazer entender que era necessário um bom orçamento para o país.

Se o Presidente da República exercer efectivamente todos os poderes que lhe estão reservados na Constituição, ele tem uma palavra decisiva a dizer no sentido da mobilização geral do povo.

Isto não significa que já tenha decidido votar Fernando Nobre para a Presidência da República. Mas é uma hipótese que, cada vez mais, não descarto. Por este país, interessam-me mais as ideias do que os rótulos.

Caminhamos? Para onde?

O Fundo Monetário Internacional divulgou um relatório onde prevê a estagnação da economia nacional, no próximo ano. Porém, tendo em conta o novo pacote de austeridade anunciado pelo Governo na semana passada, o cenário é ainda pior, prevendo-se uma contracção de 1,4 por cento do crescimento económico e uma subida de 10,9 por cento do desemprego.

Tem razão Jerónimo de Sousa quando afirma que o FMI descobriu a pólvora. Com efeito, há muito sabemos que a receita que Sócrates se prepara para aplicar (e que o FMI aplaude) não só não reduzirá o défice orçamental (já que, com a recessão, não haverá aumento de receitas das famílas, nem das empresas, nem do Estado), como empobrecerá ainda mais o país e agravará as condições de vida da maioria da população.

E lá fora as coisas não estão melhor, como se verifica com a maior economia do mundo.

Não há dúvida que, com uma economia de casino que privilegia a especulação financeira e o lucro fácil, se não forem tomas medidas sérias e urgentes e se continuarmos de braços caídos, mais tarde ou mais cedo, o capitalismo levar-nos-á à desgraça.

Ainda vai haver 'porrada'…

Ainda há quinze dias José Sócrates garantia que estava tudo bem e não seriam necessárias novas 'medidas de austeridade'. Agora, com a coragem que não tem para acabar com os grandes interesses instalados e a impunidade fiscal de que gozam os especuladores, submete a maioria dos portugueses, já com um dos piores níveis de vida da União Europeia, à maior violência levada a cabo por um governo depois do 25 de Abril.

Em vez de incentivar o investimento, fomentar o emprego, promover o crescimento, em suma, governar o país, Sócrates põe-se de cócoras perante os agiotas dos 'mercados financeiros'. Mas, apesar do momentâneo alívio do 'risco da dívida portuguesa', essa subserviência perante Bruxelas de nada vai valer. Porque é impossível aguentar esta carga de impostos por muito tempo e a recessão que aí vem novamente.

Somos um 'povo de brandos costumes' mas a paciência tem limites. Um dia destes ainda vai haver 'porrada'

Temos de encontrar outro caminho. Urgentemente.

Lamento que um governo que se autoproclama de socialista decrete as medidas mais violentas de que há memória após o 25 de Abril — aumento do IVA de 21 para 23%, redução de 5% dos salários e outras prestações da função pública, aumento dos descontos para a segurança social e estagnação ou redução das pensões, despedimentos na função pública, cortes na saúde e na educação.

Já os gestores com salários milionários, os titulares de reformas douradas e os especuladores que se divertem no casino da Bolsa e enviam os seus lucros e mais-valias para os paraísos fiscais, podem descansar que o fisco vai continuar a deixá-los à vontade.

Tudo isto para acalmar os mercados financeiros e reduzir drasticamente o défice orçamental, dizem. E o que é que ganhamos em troca? Nada. Ou pior: a estagnação da economia, o aumento do desemprego, o agravamento brutal das condições de vida. E daqui a quatro ou cinco meses, o mais certo é voltarmos a ter a União Europeia, a OCDE, o FMI, os especuladores internacionais, a rosnar à nossa volta, sedentos de mais sangue.

Decididamente, temos de encontrar outro caminho. Urgentemente. Porque este leva-nos ao suicídio colectivo.