sexta-feira, outubro 15, 2010

Sócrates mente, há outro caminho.

De um ponto de vista puramente contabilístico e estático, a receita de Sócrates para reduzir o défice orçamental, que tem o apoio dos eurocratas de Bruxelas e das sanguessugas dos mercados financeiros, parece fazer sentido: o aumento do IVA renderia mais receita, ao passo que o corte nos salários da função pública e a redução dos abonos e dos subsídios contribuiriam para diminuir a despesa. Sucede que a economia é dinâmica e não é mera contabilidade. Na verdade, estas medidas iriam inevitavelmente diminuir o consumo das famílias e, em consequência disso, provocar a queda do investimento, do emprego e da produção, conduzindo a economia a nova recessão e levando uma vez mais a uma queda das receitas fiscais. O sacrifício, além de injusto, seria inútil.

Sócrates só pode, portanto, querer tomar-nos por parvos quando insiste que não há outro caminho para combater o défice. Obviamente que existe e não é o seu. Só os cinco principais bancos portugueses averbaram cinco milhões de euros de lucro, por dia, mas os lucros do capital são um bezerro de ouro sagrado que o governo não ousa tocar. Como não toca nas mais-valias bolsistas, não impõe uma taxa especial aos lucros dos grandes grupos económicos, e nada faz para evitar o desperdício e as mordomias do Estado. Este sim, seria o caminho para uma verdadeira política orçamental. Porque, desta forma, o combate ao défice não hipotecaria o crescimento económico. E, já agora, a justiça social.

Não há dúvida, Sócrates mente, há outro caminho.

Duplo crime

O aumento brutal do IVA de 21 para 23 por cento é um duplo crime. De lesa-economia, porque vai penalizar fortemente o consumo e, consequentemente, o investimento, a criação de emprego e o crescimento económico. De lesa-justiça social, porque se trata de um imposto cego que, empobrecendo ainda mais as classes mais desfavorecidas, vai agravar a desigualdade num dos países já de si mais injustos da União Europeia.

Isto é tão simples de perceber que não é necessária qualquer formação em Economia, bastando apenas possuir um mediano coeficiente de inteligência (QI). Infelizmente, parece que a maioria dos portugueses não dispõe desse QI médio. Só isso poderá explicar a sua insistência em votar em políticas e partidos criminosos que outra coisa não visam senão sugar-lhes o sangue e esfolar-lhes a pele. Parece que a criminalidade dos governantes e o masoquismo dos governados não têm limites!…

terça-feira, outubro 12, 2010

Duplo crime

O aumento brutal do IVA de 21 para 23 por cento é um duplo crime. De lesa-economia, porque vai penalizar fortemente o consumo e, consequentemente, o investimento, a criação de emprego e o crescimento económico. De lesa-justiça social, porque se trata de um imposto 'cego' que, empobrecendo ainda mais as classes mais desfavorecidas, vai agravar a desigualdade num dos países já de si mais injustos da União Europeia.

Isto é tão simples de perceber que não é necessária qualquer formação em Economia, bastando apenas possuir um mediano coeficiente de inteligência (QI). Infelizmente, parece que a maioria dos portugueses não dispõe desse QI médio. Só isso poderá explicar a sua insistência em votar em políticas e partidos criminosos que outra coisa não visam senão sugar-lhes o sangue e esfolar-lhes a pele. Parece que a criminalidade dos 'governantes' e o masoquismo dos 'governados' não têm limites!…

segunda-feira, outubro 11, 2010

Por este país

Sou republicano, de esquerda e, sobretudo, socialista. Mas também sou, cada vez mais, um cidadão livre e independente. Mais do que saber se Fernando Nobre é republicano ou monárquico, de esquerda ou de direita, interessa-me sobretudo conhecer as ideias que defende para Portugal. Aqui estão algumas com as quais não posso deixar de estar mais de acordo.

O nosso país tem de ter um outro rumo. Ou mudamos ou afundamo-nos. O nosso país está a afundar-se mercê de políticas erradas das últimas décadas. É o momento de invertermos a marcha decadente.

Se acabarmos com os subsídios do Estado providência, isso quer dizer que rapidamente teremos 40% de pobres, e esse não é o futuro.

O actual Presidente da República deixou esgotar esse passo fatídico dos seis meses. Até aí ele tinha armas de pressão sobre os partidos para os fazer entender que era necessário um bom orçamento para o país.

Se o Presidente da República exercer efectivamente todos os poderes que lhe estão reservados na Constituição, ele tem uma palavra decisiva a dizer no sentido da mobilização geral do povo.

Isto não significa que já tenha decidido votar Fernando Nobre para a Presidência da República. Mas é uma hipótese que, cada vez mais, não descarto. Por este país, interessam-me mais as ideias do que os rótulos.

Caminhamos? Para onde?

O Fundo Monetário Internacional divulgou um relatório onde prevê a estagnação da economia nacional, no próximo ano. Porém, tendo em conta o novo pacote de austeridade anunciado pelo Governo na semana passada, o cenário é ainda pior, prevendo-se uma contracção de 1,4 por cento do crescimento económico e uma subida de 10,9 por cento do desemprego.

Tem razão Jerónimo de Sousa quando afirma que o FMI descobriu a pólvora. Com efeito, há muito sabemos que a receita que Sócrates se prepara para aplicar (e que o FMI aplaude) não só não reduzirá o défice orçamental (já que, com a recessão, não haverá aumento de receitas das famílas, nem das empresas, nem do Estado), como empobrecerá ainda mais o país e agravará as condições de vida da maioria da população.

E lá fora as coisas não estão melhor, como se verifica com a maior economia do mundo.

Não há dúvida que, com uma economia de casino que privilegia a especulação financeira e o lucro fácil, se não forem tomas medidas sérias e urgentes e se continuarmos de braços caídos, mais tarde ou mais cedo, o capitalismo levar-nos-á à desgraça.

Ainda vai haver 'porrada'…

Ainda há quinze dias José Sócrates garantia que estava tudo bem e não seriam necessárias novas 'medidas de austeridade'. Agora, com a coragem que não tem para acabar com os grandes interesses instalados e a impunidade fiscal de que gozam os especuladores, submete a maioria dos portugueses, já com um dos piores níveis de vida da União Europeia, à maior violência levada a cabo por um governo depois do 25 de Abril.

Em vez de incentivar o investimento, fomentar o emprego, promover o crescimento, em suma, governar o país, Sócrates põe-se de cócoras perante os agiotas dos 'mercados financeiros'. Mas, apesar do momentâneo alívio do 'risco da dívida portuguesa', essa subserviência perante Bruxelas de nada vai valer. Porque é impossível aguentar esta carga de impostos por muito tempo e a recessão que aí vem novamente.

Somos um 'povo de brandos costumes' mas a paciência tem limites. Um dia destes ainda vai haver 'porrada'

Temos de encontrar outro caminho. Urgentemente.

Lamento que um governo que se autoproclama de socialista decrete as medidas mais violentas de que há memória após o 25 de Abril — aumento do IVA de 21 para 23%, redução de 5% dos salários e outras prestações da função pública, aumento dos descontos para a segurança social e estagnação ou redução das pensões, despedimentos na função pública, cortes na saúde e na educação.

Já os gestores com salários milionários, os titulares de reformas douradas e os especuladores que se divertem no casino da Bolsa e enviam os seus lucros e mais-valias para os paraísos fiscais, podem descansar que o fisco vai continuar a deixá-los à vontade.

Tudo isto para acalmar os mercados financeiros e reduzir drasticamente o défice orçamental, dizem. E o que é que ganhamos em troca? Nada. Ou pior: a estagnação da economia, o aumento do desemprego, o agravamento brutal das condições de vida. E daqui a quatro ou cinco meses, o mais certo é voltarmos a ter a União Europeia, a OCDE, o FMI, os especuladores internacionais, a rosnar à nossa volta, sedentos de mais sangue.

Decididamente, temos de encontrar outro caminho. Urgentemente. Porque este leva-nos ao suicídio colectivo.

quinta-feira, julho 01, 2010

Andam a brincar com o fogo

Os banqueiros e os seus executivos, com a conivência das agências de notação financeira e a passividade dos governos, foram os principais responsáveis pela profunda crise económica e social que dilacera a imensa maioria da população mundial.
Mas, se pensavam que, apesar de casa roubada, a UE iria tomar medidas sérias para desencorajar e punir o comportamento destas sanguessugas, desiludam-se. Banqueiros e executivos bancários, além dos seus milionários ordenados, continuarão a locupletar-se com chorudas gratificações, ainda que recebam adiantadamente 'apenas' 30 por cento do seu montante e 50 por cento lhes seja pago em acções (coitadinhos!).
Os 'responsáveis' andam a brincar com o fogo. Apesar de moribundo, por cada novo milionário que faz, este sistema económico e social iníquo atira para a pobreza e a miséria mais uns quantos milhares de seres humanos. Mas a panela de pressão social ferve cada vez mais e não me admira que um dia venha a estoirar. Infelizmente, os decisivos avanços da História só aconteceram com a violência da luta de classes e da revolução social.

quarta-feira, junho 30, 2010

Realismo é do que precisamos

Afinal, depois da nota que publiquei sobre um estudo do ISCTE, que, entre outras conclusões, afirmava que os portugueses, apesar das enormes dificuldades por que estão a passar, dizem ser felizes, o INE revela-nos agora que, apesar da ligeira melhoria do 'clima económico', nós estamos mais pessimistas.
Assim como não percebo tamanha felicidade da maioria dos portugueses — qual hiena, que se alimenta de fezes, faz sexo apenas uma vez por ano e passa o tempo a 'rir' — também não vejo razão para o congénito (?) pessimismo lusitano.
Realismo é do que precisamos. E consciência de que a grave crise económica e social em que nos mergulharam não é conjuntural — antes, a crise definitiva de um sistema que já deu o que tinha a dar: cada vez mais pobreza e injustiça social. E milionários.
É por isso que não podemos fazer como a hiena. Nem como a avestruz. Se quisermos uma sociedade, um país, um mundo, melhores, temos de lutar por eles. Deus e os governantes não o farão por nós.

terça-feira, junho 29, 2010

Pobretes mas alegretes

Um quinto dos portugueses (o que perfaz dois milhões) (sobre)vive abaixo do limiar da pobreza, enfrentando enormes dificuldades para satisfazer as necessidades básicas. Por outro lado, mais de metade das famílias portuguesas tem de viver como pode com menos de 900 euros mensais. Apesar de tanta pobreza e desigualdade social, que colocam o nosso país entre os últimos da UE, os portugueses são um povo resignado e conformista e a grande maioria considera-se mesmo feliz.
Já sabíamos que assim era mas este estudo vem agora comprová-lo.
Há 50 anos, o nacional-cançonetismo salazarista propagandeava "a alegria da pobreza" na "casa portuguesa". Com o 25 de Abril, julguei que os portugueses se tivessem libertado definitivamente desse fado. Afinal, parece que me enganei. Lamentavelmente, continuam "pobretes mas alegretes".

quinta-feira, junho 24, 2010

Cada vez mais longe do país cor-de-rosa

Portugal vai estar mergulhado na recessão até 2012. Menos procura interna, menos investimento, mais desemprego (que no próximo ano subirá para 11,7%), é o cenário que vamos ter de enfrentar durante os próximos anos, consequência de uma governação que exauriu as finanças públicas com o esbanjamento de biliões de euros para garantir os lucros da banca, mas é absolutamente incapaz de apoiar as famílias, as pequenas e médias empresas e o crescimento da economia.
Cenário negro que, infelizmente, pode vir a revelar-se trágico se o país entrar em bancarrota, uma hipótese cada vez menos descartável em virtude da total inoperância da União Europeia no controlo da voracidade de banqueiros e especuladores financeiros (não é por acaso que, de acordo com o relatório mundial de riqueza, elaborado pelo Merrill Lynch e pela Capgemini, não só passou a haver mais ricos no mundo, como as fortunas dos mais ricos dispararam em plena crise!).
Enfim, estamos cada vez mais longe do país cor-de-rosa que o senhor Sócrates tanto apregoou e prometeu!

segunda-feira, junho 21, 2010

O Presidente da República não existe

As acções ficam com quem as pratica, diz a sabedoria popular. Vem isto a propósito das declarações de Aníbal Cavaco Silva que diz ter cumprido as suas obrigações como Presidente da República, mas foi incapaz de interromper as suas férias nos Açores para estar presente, como lhe competia enquanto primeira figura do Estado, nas cerimónias fúnebres do nosso Prémio Nobel da Literatura e figura cimeira da Lusofonia.
Quando deve intervir ou falar, Cavaco fica quieto e calado como uma múmia; agora, tenta justificar o injustificável. Ao contrário de José Saramago, envergonha e empobrece Portugal. Verdadeiramente, este Presidente da República não existe.

quinta-feira, junho 17, 2010

De boas intenções está o inferno cheio!

Os líderes dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE) adoptaram hoje, formalmente, as cinco grandes metas da Estratégia Europa 2020, a saber:
  1. reduzir em 20 milhões o número que vive abaixo do limiar da pobreza e da exclusão, promovendo a inclusão social.
  2. aumentar em 75 por cento a taxa de emprego da população com idade entre 20 e 64 anos do nível, nomeadamente através de uma maior participação da população jovem, dos trabalhadores mais velhos ou com menos qualificação e uma melhor integração dos migrantes legais
  3. reduzir a taxa de abandono escolar entre os jovens para dez por cento e aumentar a percentagem da população com idade entre 30 e 34 anos que completou estudos superiores de 31 para, pelo menos, 40 por cento
  4. reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 20 por cento relativamente aos níveis de 1990, subir para 20 por cento a parte das energias renováveis no consumo final de energia e aumentar na mesma percentagem a eficiência energética
  5. investir três por cento do Produto Interno Bruto em investigação e desenvolvimento

Tudo isto é bonito e absolutamente indispensável. O problema é a enorme distância que sempre vai das intenções à realidade. E de boas intenções está o inferno cheio! Veremos…

O país dos três "efes"

A OCDE confirmou hoje que o desemprego, em Portugal, atingiu o nível recorde de 10,8%, sendo agora o nosso país o que tem a quarta taxa de desemprego mais elevada entre os 31 membros da organização.
Por outro lado, após uma semana fora do 'clube da bancarrota', regressámos desta vez ao 8º lugar dos países com maior risco de incumprimento da dívida soberana, o que, aliás, já aqui tinha escrito que não me admiraria que voltasse rapidamente a acontecer.
Mas, tudo isto, que não é pouco, não parece ser motivo de preocupação para a generalidade dos portugueses, mais preocupados com a selecção nacional de futebol, na véspera do seu primeiro jogo do Mundial. A inversão de valores é de tal ordem que o assunto assume foros de tema no programa Prós e Contras, na televisão pública. Como se do resultado de um simples jogo de futebol ou mesmo da classificação da selecção no Mundial dependesse a solução da crise e o futuro do país! Não há dúvida: voltámos a ser o país dos três 'efes' — Fátima, Fado e Futebol — se alguma vez deixámos de sê-lo!

segunda-feira, junho 14, 2010

Sobra sempre para nós

A administração Obama e os responsáveis superiores da BP estão a trabalhar freneticamente não para travar o pior desastre petrolífero do mundo, mas sim para esconder a verdadeira extensão da catástrofe ecológica real causada pela gigantesca fuga de petróleo no Golfo do México (e quem o afirma não são os republicanos).
E as organizações ambientalistas, que deveriam exigir que a BP, o governo dos EUA e outros actuem verdadeira e decisivamente, remetem-se a um silêncio cúmplice graças a generosos subornos da petrolífera.
Obama compara o desastre ambiental com o 11 de Setembro mas a verdade é que as suas consequências podem vir a ser bem mais devastadoras não apenas para a América mas também para a Europa e o mundo.


Com efeito, segundo os cientistas, o petróleo não está apenas em vias de cobrir as praias do Golfo. Ele propagar-se-á para as costas do Atlântico até à Carolina do Norte e então para o Mar do Norte e a Islândia e, além do dano para as praias, a vida marinha e os abastecimentos de água podem ser seriamente afectados. A corrente do Golfo, decisiva para o equilíbrio do planeta, tem uma química, composição, densidade e temperatura muito características. O que acontecerá se o petróleo e os dispersantes (e todos os compostos tóxicos que eles criam) realmente mudarem a sua natureza? Ninguém pode descartar mudanças potenciais, incluindo o trajectória da corrente, e mesmo pequenas mudanças poderiam ter enormes impactos. Não esqueçamos que a Europa, incluindo a Inglaterra, não é um deserto gelado devido ao aquecimento da Corrente do Golfo.
Enfim, já não chegava termos de suportar uma crise económica e social que não causámos. Agora também podemos ser vítimas de uma crise ambiental de que não somos responsáveis. Sobra sempre para nós.

A insustentável leveza das palavras

Nas Comemorações do 10 de Junho, Presidente da República e Primeiro-ministro revelaram leituras divergentes da realidade a que o país chegou. Assim, enquanto Cavaco Silva, no seu discurso, afirmou que 'chegámos a uma situação insustentável', José Sócrates, imediatamente a seguir, replicou aos jornalistas que 'não estamos numa situação insustentável'.
No entanto, a única certeza que, infelizmente, temos é que, em 25 anos de integração europeia, a situação social e económica do país agravou-se: temos mais pobres, mais desempregados, mais desigualdade social, mais défice e endividamento público, menos investimento e crescimento económico. Perante esta realidade objectiva que sobre nós se abate, Cavaco e Sócrates melhor fariam se nos poupassem às suas inúteis querelas semânticas. Desde logo porque ambos contribuíram, directa ou indirectamente, para a situação — sustentável ou insustentável, mas, seguramente, muito difícil — em que o país hoje se encontra.

sexta-feira, junho 11, 2010

Mudou alguma coisa?

Portugal já saiu do clube da bancarrota, ou seja, já não está entre os 10 países com maior risco de incumprimento da dívida soberana onde, durante as últimas semanas, esteve em 7º lugar.
Mas o que é que, na realidade, mudou com isso? Nada. Continuamos com o mesmo profundo endividamento externo, a mesma estagnação do investimento e do crescimento económico, o mesmo alarmante desemprego, a mesma gritante pobreza e injustiça social.
Por isso, enquanto a economia real continuar refém da pomposamente chamada 'volatilidade do mercado financeiro' (leia-se 'apetite insaciável dos especuladores'), notícias como esta estão longe de deixar-nos definitivamente descansados. Amanhã ou depois já podemos cair novamente no clube. Basta que os vampiros das agências de rating acordem mal dispostos.

terça-feira, junho 08, 2010

Basta de demagogia!

Tudo serve para desviar a nossa atenção da crise em que estamos mergulhados, da qual seguramente não sairemos tão cedo, se não viermos a afogar-nos nela.
Como se não bastassem a Selecção e as vuvuzelas para nos anestesiarem, temos também o 'patriótico' apelo do Senhor Presidente da República que, enquanto pouco ou nada fez para contrariar o estúpido esbanjamento de biliões de euros na banca privada e a política recessiva do governo que tem atirado centenas de empresas para a falência e condenado milhares de famílias à penúria, vem agora sugerir aos portugueses que façam férias 'cá dentro' para não aumentar o endividamento nacional, porque segundo o economista Cavaco Silva, as 'férias passadas no estrangeiro são importações e aumentam a dívida externa portuguesa'.
O Presidente da República sabe que a maioria dos portugueses, neste momento, não tem sequer meios para passar férias em Portugal e, muito menos, no estrangeiro.
O Presidente da República sabe que os portugueses que ainda conseguem passar férias no estrangeiro são cada vez menos e um número residual.
Mas o economista Cavaco Silva também sabe que a balança de turismo portuguesa regista sempre um saldo muito positivo (em 2009, por exemplo, foi superior a 4,2 biliões de euros), justamente porque a entrada de divisas resultante dos fluxos turísticos internacionais, no nosso caso, é sempre largamente superior à saída. E o professor Cavaco Silva sabe ainda que o proteccionismo, seja no comércio externo, seja no turismo internacional, só prejudica os países que têm vantagens, como é o caso de Portugal, no sector do turismo.
O Senhor Presidente da República percebe que os outros chefes de Estado têm o mesmo direito de fazer este tipo de apelo aos seus cidadãos e que, se tal acontecesse, seríamos nós quem ficaria a perder. E muito.
Senhor Presidente da República, faça o que lhe compete.
Professor Cavaco Silva, basta de demagogia!

segunda-feira, junho 07, 2010

O capital é quem mais ordena

Há muito anos que José Saramago, com a lucidez e frontalidade que o caracterizam, vem advertindo que vivemos hoje numa plutocracia. Já não é o povo quem mais ordena, se alguma vez isso verdadeiramente aconteceu, mas os ricos. Nós servimos apenas para eleger aqueles que zelam pelas suas fortunas. Aqui, como em qualquer outra parte.

Empurram-nos para o abismo

Estamos a pagar uma crise que não provocámos, vamos continuar a pagá-la e no fim, por este caminho, o mais provável é a União Europeia e o euro virem a desmoronar-se.
Acham talvez que estou a dramatizar, mas se lerem o excerto seguinte da entrevista de Jacques Attali ao Euronews, verão que, infelizmente, não há qualquer exagero nas minhas palavras (E não se trata de um 'perigoso' esquerdista mas de uma personalidade do sistema, economista e ex-presidente do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento).


A crise era uma pequena crise dos subprimes americanos, que devia ter custado 10 mil milhões de dólares e se tornou numa crise mundial de bancos que pode custar 500 mil milhões de dólares ..continuamos a não fazer nada, salvo transferir para os contribuintes, o que se transformou em crise da dívida pública que atinge os 7,8 biliões de dólares.
Os bancos continuam a especular exactamente como antes, os actos imorais também continuam do mesmo modo, nada, absolutamente nada mudou num sistema que está totalmente nas mãos do mercado financeiro internacional.
[…]
Há três anos que digo que não fazemos mais do que transferir a dívida privada para a dívida pública.
Desde o momento em que se deu a crise do Lehman, escolhemos transferir a dívida privada para a dívida pública, e como aceitámos transferir aceitámos financiar todas as perdas dos mais diversos bancos e, Lehman à parte, não deixar ninguém declarar falência.
Assim, aceitámos que o contribuinte de amanhã, para além das dívidas que tenha, pague esses erros.
[…]
A decisão de apelar ao FMI é desonrada porque o Fundo Monetário é uma estrutura honorável mas não é uma estrutura europeia. Assim, confiámos a outros, ou seja, aos americanos e outros não europeus a responsabilidade de decidir a política que convém seguir num país europeu.
Assim, optamos por uma estratégia que está a destruir a identidade europeia.
E o encargo principal será europeu, pois são os europeus que vão pagar a crise.
[…]
Acho que estamos a ir para pior, e pior é dizer entre dois a três anos, até menos, uma desintegração da Europa. A única questão é se os políticos que não tiveram a coragem de decidir na calma podem fazê-lo durante a tempestade.

Cá se fazem, cá se pagam

A Faixa de Gaza é um território palestino que faz fronteira com o Egipto, a sul, é cercada pelo território de Israel a leste e a norte e confina com o Mediterrâneo, a ocidente. Tem cerca de 41 quilómetros de comprimento e a sua largura varia entre 6 e 12 km, com uma área total de 360 km², sendo um dos territórios mais densamente povoados do planeta, com 1,4 milhão de habitantes para uma área de 360 km².


É este território que os fora-da-lei israelitas se arrogam o direito de transformar no maior e mais vergonhoso 'campo de concentração' do mundo, cercando-o com muralhas, controlando o seu espaço aéreo, impedindo o seu acesso marítimo e submetendo a população palestina a um bloqueio desumano que a priva das mais elementares condições de vida. E, como se isto não fosse já suficientemente criminoso, o Estado nazi-sionista de Israel invade, destrói, metralha, assassina em massa, como aconteceu em Janeiro de 2009.
Agora, com a complacência dos Estados Unidos e da União Europeia e a tolerância das Nações Unidas, arma-se em dono das águas internacionais e impede o acesso e a ajuda internacional a Gaza, assassinando aqueles que ousam fazê-lo.
(Se ainda assim não acha que tudo isto é uma monstruosidade verdadeiramente inaceitável, imagine, por momentos, que Portugal é a Faixa de Gaza e a Espanha, o Estado de Israel!…)
Contudo, acredito que o crime e a iniquidade não são eternos. Mais tarde ou mais cedo, os nazis israelitas terão o mesmo fim que os nazis alemães. Como diz a sabedoria popular, cá se fazem, cá se pagam.

O Titanic II ??

Ao enterrar milhões de euros para salvar a banca privada e, assim, garantir os lucros dos seus accionistas e os salários e prémios imorais dos seus administradores, como aconteceu com o BPN, onde injectou mais de 4 mil milhões, a Caixa Geral de Depósitos pôs-se a jeito dos vampiros. Espero que não lhe aconteça o mesmo que sucedeu com o Titanic. Seria trágico. O mar está encapelado e cheio de tubarões e não há botes e bóias de salvação para a maioria!

Cidadãos europeus, uni-vos!

(Versão reduzida do original do Prof. Boaventura Sousa Santos)

O modelo social europeu e o Estado Providência; a possibilidade, sem precedentes na história, de os trabalhadores e suas famílias poderem fazer planos de futuro a médio prazo (educação dos filhos, compra de casa); a paz social; o continente com os mais baixos níveis de desigualdade social — todo este sistema está à beira do colapso e os resultados são imprevisíveis. O relatório que o FMI acaba de divulgar sobre a economia espanhola é uma declaração de guerra: […] reduzir drasticamente os salários, destruir o sistema de pensões, eliminar direitos laborais (facilitar despedimentos, reduzir indemnizações).
A mesma receita será imposta a Portugal, como já foi à Grécia, e a outros países da Europa, muito para além da Europa do Sul. A Europa está a ser vítima de uma OPA por parte do FMI […].
O senso comum neoliberal diz-nos que a culpa é da crise, que vivemos acima das nossas posses e que não há dinheiro para tanto bem-estar. Mas qualquer cidadão comum entende isto: se a FAO calcula que 30 mil milhões de dólares seriam suficientes para resolver o problema da fome no mundo e os governos insistem em dizer que não há dinheiro para isso, como se explica que, de repente, tenham surgido 900 mil milhões para salvar o sistema financeiro europeu? […].
O que fazer? Haverá resistência mas esta, para ser eficaz, tem de ter em conta dois factos novos. Primeiro, a fragmentação do trabalho e a sociedade de consumo ditaram a crise dos sindicatos. […]. A resistência terá nos sindicatos um pilar mas ele será bem frágil se a luta não for partilhada em pé de igualdade por movimentos de mulheres, ambientalistas, de consumidores, de direitos humanos, de imigrantes, contra o racismo, a xenofobia e a homofobia. […].
Segundo, não há economias nacionais na Europa e, por isso, a resistência ou é europeia ou não existe. As lutas nacionais serão um alvo fácil dos que clamam pela governabilidade ao mesmo tempo que desgovernam. Os movimentos e as organizações de toda a Europa têm de se articular para mostrar aos governos que a estabilidade dos mercados não pode ser construída sobre as ruínas da estabilidade das vidas dos cidadãos e suas famílias. Não é o socialismo; é a demonstração de que ou a UE cria as condições para o capital produtivo se desvincular do capital financeiro ou o futuro é o fascismo e terá que ser combatido por todos os meios.

terça-feira, junho 01, 2010

Lavar as mãos não limpa a consciência

Contrariando a advertência de um homem cuja superioridade moral é indiscutível, o Estado de Israel viria a ser criado, em 1948, com a cumplicidade da ONU, de forma apressada, obscura e parcial, sem acautelar os direitos fundamentais do povo palestino e a sua milenar convivência com os judeus. O futuro, nomeadamente, a partir da guerra de 1967, veio infelizmente dar razão a Gandhi.
À margem do Direito Internacional, Israel não tem parado de levar a cabo acções criminosas e intoleráveis contra os palestinianos. Retalha-lhes e rouba-lhes o território confinando-os em verdadeiros campos de concentração. Destrói-lhes as escolas, os hospitais, as habitações, corta-lhes a energia eléctrica, rouba-lhes a água. Metralha-os e massacra-os impiedosamente praticando um vergonhoso genocídio que não poupa sequer crianças e mulheres. Tudo isto, à margem do Direito Internacional, chegando ao ponto de atacar aqueles que têm a coragem de se solidarizar activamente com o povo palestino, como ainda agora aconteceu.


É por isso que, no momento em que os Judeus se colocam ao lado dos Palestinianos, como sempre estiveram há mais de 2000 anos, na luta contra a brutalidade do sionismo israelita, não é moralmente aceitável que lavemos as mãos como Pilatos, fazendo de conta que não é nada connosco. É um problema da Humanidade. Por esse facto, de todos e de cada um de nós. Seja qual for a nossa religião, se alguma tivermos.

O(s) candidato(s) da Esquerda

O líder da Federação do Porto do PS afirma que a candidatura de Manuel Alegre é a 'possível da esquerda', incorrendo desde logo em dois graves equívocos. Primeiro, ainda não sabe se a direcção do seu partido apoiará o (até agora) candidato do Bloco de Esquerda. Segundo, se tal apoio se concretizar, Alegre, refém desse 'beijo de Judas', jamais será um verdadeiro e, muito menos, exclusivo candidato da Esquerda. Porque o provável e até agora desconhecido candidato do PCP nunca será menos candidato da Esquerda que Alegre. E Fernando Nobre, mesmo apoiado por personalidades da Direita, mesmo afirmando que não é candidato da Esquerda nem da Direita, mesmo sem apoio dos partidos, pelos valores e ideais que defende, pelo conceito de presidência em que aposta, é também candidato da Esquerda, dos cidadãos. Por isso o apoio.
Mas se houver segunda volta, votarei sem hesitar contra o candidato da Direita. Cavaco ou quem quer que seja. Quantos poderão dizer/ fazer o mesmo?

Terrorismo

Os terroristas israelitas não param de cometer atrocidades. Desta vez metralharam criminosamente um navio turco que transportava ajuda para Gaza tendo assassinado, pelo menos, quinze pessoas.
É no que dá a hipocrisia de Obama (Prémio Nobel da Paz, lembram-se?) e da União Europeia, tão pressurosos a criticar e boicotar o Irão e sempre a dar palmadinhas nas costas a Israel, uma das maiores potências nucleares e o Estado que mais viola o Direito Internacional e os Direitos Humanos, que sistematicamente dá mostras de nada ter aprendido com os horrores de Auschwitz e de Treblinka.

sábado, maio 29, 2010

Negócios para os amigos

Nos tempos do salazarismo, os grandes grupos económicos tinham o apoio declarado e expresso do Estado que, para o efeito, aprovou em 1931, a chamada Lei do Condicionamento Industrial, a qual fazia depender a criação e instalação de novas empresas da autorização do governo.
Hoje, além dos milhares de 'jobs' que distribui pelos seus 'boys', à margem da lei, o governo viola as mais elementares regras do mercado e da concorrência, atribuindo arbitrariamente contratos aos empresários amigos, como aconteceu com a escolha da empresa JP Sá Couto, para entrega do computador Magalhães, em regime de monopólio.
Em muito aspectos — infelizmente demasiados — as diferenças entre Sócrates e Salazar não são assim tantas.

Quanto mais lhe batem…

Segundo o barómetro de Maio da Marktest, o PSD surge à frente nas intenções de votos dos portugueses. Se as eleições fossem por estes dias, os laranjas conseguiriam 43,9 por cento dos votos contra 27,6 por cento do PS.
Bem sei que as sondagens valem o que valem, muitas vezes são feitas com o objectivo de condicionar os eleitores e a Marktest trata geralmente bem o PSD. Mas também não se pode ignorar completamente estes resultados que apenas confirmam a tendência da maioria dos portugueses para darem o poder aos partidos que há 35 anos os têm arruinado
Nada a fazer, qual deficiente que, numa sala onde existem diversas tomadas, continua sempre a meter o dedo nas mesmas duas que dão choque, assim é a maioria dos portugueses: quanto mais lhe batem mais gosta!

Jantar à luz da vela

Enquanto António Mexia, CEO da EDP — que ganha mais que Steve Balmer, presidente da Microsoft, ou Steve Jobs, presidente e fundador da Apple — nos vai mexendo nos bolsos e embolsando milhões de euros em salários e bónus, ao contrário da União Europeia, nós vamos pagando a electricidade cada vez mais cara. Românticos e saudosistas como somos, qualquer dia ainda vamos jantar à luz da vela ou da candeia.

quinta-feira, maio 27, 2010

Os vampiros

Os vampiros não nos largam.
Se não lhes derem para trás, estamos desgraçados.

Se não há Máfia em Portugal, parece!

Segundo a Transparency International, em 2004, Portugal ocupava o 27º lugar na classificação do Índice de Percepção da Corrupção, com 6.3 numa escala de 0-10. Em 2009, após cinco anos de 'governação' Sócrates, com Face Oculta, SLN, BPP e outras jogadas à mistura, caímos obviamente para o 35º lugar, com apenas 5.8.
O que me admira é que, apesar de a Espanha (32º lugar, com 6.1) estar um pouco melhor classificada que nós, nesta matéria, haja indícios da presença da Máfia por lá, mas não em Portugal.
Quando os mafiosos descobrirem que isto aqui é um paraíso para a corrupção, estamos tramados. Ou talvez não. Provavelmente já devem ter descoberto que os corruptos tugas ainda são piores do que eles.

E por que nao acabar com o Parlamento?

Uma petição pública que recolheu cerca de 40 mil assinaturas defende a redução do número de deputados à Assembleia da República de 230 para 180 com o argumento da contribuição para a redução das despesas públicas.
Esta gentinha que, provavelmente, nunca terá votado outra coisa que não seja PS ou PSD — os grandes responsáveis pelo caos em que hoje tentamos desesperadamente sobreviver — podia exigir a redução das despesas de funcionamento da Assembleia, do financiamento dos partidos, dos grupos parlamentares e das campanhas eleitorais, dos subsídios e reformas dos deputados, mas não. Em vez disso, defende a proposta fácil e demagógica que, inevitavelmente, levaria à quase extinção dos partidos mais pequenos, ao fim e ao cabo, os que mais têm lutado contra a política de desastre nacional do centrão (PS-PSD/ CDS) que nos tem arruinado. Por este andar, num país propenso ao sebastianismo e ao saudosismo e onde já suportámos uma ditadura de 48 anos, não me admiraria que um dia destes ainda surgisse uma petição a pedir a extinção do Parlamento!…

segunda-feira, maio 24, 2010

A nave dos loucos

Bem sei que há estudos que valem o que valem e, às vezes, valem muito pouco. Mas se isto for verdade e se tudo correr 'normalmente', o que, por cá, raramente acontece, a dívida pública portuguesa só regressará aos 60% do PIB em 2037!!! Pior do que nós, estranhamente, só o Japão e, não tão estranhamente, a Itália. A Espanha, nossa companheira no calvário da crise, dará a volta por cima bem mais cedo — 2019. Mas, para isso, o governo espanhol vai adiar, pelo menos por um ano e meio, diversas obras incluindo as linhas do TGV. Por cá, o bando de criminosos que está no poleiro, continua a chupar-nos o tutano e a conduzir 'alegremente' esta nave de loucos rumo ao abismo. Talvez fosse tempo de acordarmos, se ainda é tempo!…

sexta-feira, maio 21, 2010

Os vampiros e a manada

Em Espanha, devido à grave crise que o país atravessa e à crescente dívida pública, o governo denunciou diversos contratos e suspendeu grande parte das obras públicas, TGV incluído.
Por cá, depois de ter enterrado milhões na Banca sem qualquer retorno visível e pouco ou nada ter feito para salvar dezenas de empresas e milhares de postos de trabalho, o 'governo' continua a insistir em levar por diante obras públicas verdadeiramente suicidárias, apesar da dívida colossal que enfrentamos. Para isso, ao mesmo tempo que aplaude os bónus e mordomias de gestores e altos dirigentes, vai-nos esmifrar com um brutal agravamento dos impostos.
Não há dúvida, os vampiros continuam aí a chupar o sangue fresco da manada. Lamentável é que ela se lhes ponha a jeito. Se cá estivesse — que falta ele faz! — o Zeca não iria gostar disso.

BZZZZZZZZZ!

Em plena crise, o PS mantém-se estável nas intenções de voto e o PSD sai beneficiado do acordo com o Governo, subindo os dois partidos nas sondagens. Ao invés, na franja do espectro partidário, o CDS consolida a terceira posição mas baixa, e a CDU mantém uma pequena vantagem sobre o BE, mas verifica-se uma descida de ambos.

Enfim, perante estes resultados, começo a ficar cansado de levar isto a sério. É por isso que não resisto a deixar-vos aqui uma 'anedota' que 'piquei' numa caixa de comentários…



O povo português (ou antes, a imensa maioria dele) assemelha-se a um deficiente mental que, encontrando-se só numa sala onde tem várias tomadas à disposição, passa a vida a meter os dedos apenas em duas delas...

- Deixa ver o que acontece se meter o dedo nesta tomada... BZZZZZZZZZ!

Passados uns instantes...

- Deixa ver o que acontece se meter o dedo na tomada ao lado da anterior... BZZZZZZZZZ!

Mais uns minutos...

- O que acontecerá se voltar a enfiar o dedo na primeira tomada? BZZZZZZZZZ!

- E agora, novamente na que está ao lado? BZZZZZZZZZ!

Mais uns minutos e...

- Será que apanho um choque se meter o dedo novamente na tomada cor-de-rosa? BZZZZZZZZZ!

- Será que a tomada cor-de-laranja também dá choque? BZZZZZZZZZ!

- Deixa experimentar tudo de novo... Acho que ainda não me fartei de apanhar choques...

BZZZZZZZZZZZZZ

BZZZZZZZZZZZZZ

BZZZZZZZZZZZZZ

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Como atrás disse, isto é uma anedota. Mas, curiosamente, não me dá grande vontade de rir!
(Vá lá, para ser sincero, ri-me um bocadinho… ihihihih…)

quinta-feira, maio 20, 2010

Afinal, a malta trabalha!

Portugueses e gregos trabalham tanto ou mais que a média dos trabalhadores dos países da OCDE.


Como observa Miguel Portas, as diferenças moram na produtividade, não na preguiça. Só que aquela é o resultado de múltiplos e diversos factores.
Assim, há uma questão que, inevitavelmente, se deve colocar: por que razão os trabalhadores portugueses, apesar das suas (geralmente) inferiores qualificações profissionais, quando emigram, se batem de igual para igual com os seus colegas e apenas por cá são menos produtivos? Não será um problema de deficiente gestão de recursos humanos? Não será um problema de má gestão empresarial de uma classe de empresários com um nível médio de habilitações inferior ao dos trabalhadores?
Não há dúvida… Há é um ambiente e algumas pessoas em lugares chave que conseguem transformar em mau aquilo que poderia ser bom. Talvez fosse tempo de deixarem de ver nos trabalhadores os bodes expiatórios do pecado do nosso atraso secular. O caminho para o nosso difícil desenvolvimento passa por essa atitude.

quarta-feira, maio 19, 2010

Gente sem vergonha!

Jorge Coelho, antigo ministro e dirigente 'socialista', que uma vez advertiu que 'quem se mete com o PS, leva' — ele lá sabia por quê —, afirma agora 'Não tenho mais nada a fazer na política'. E eu acredito piamente que não. Quem, em 2009, como administrador executivo do Grupo Mota-Engil, embolsou a módica quantia de 702 758 euros, não estará obviamente interessado em receber dez vezes menos para 'aturar' os 'chatos' dos eleitores e da oposição. De resto, como se vê, para esta 'gente', a política não é um serviço público, como gostam de apregoar, mas um trampolim para mais altos e rendosos voos.
Se ainda lhes restasse um pingo de vergonha e de escrúpulos, ao menos, ficavam calados. Mas, nem isso.

Acabem com a "mama"!

No sistema capitalista, é perfeitamente justificável a obtenção de lucros através do investimento em acções.
O que é de todo inaceitável e ruinoso para o sistema é comprar agora e vender a seguir para se obter mais-valias sem qualquer justificação na economia real.
Acho bem que acabem com esta 'mama'. Enquanto é tempo!

O fascismo financeiro

O fascismo financeiro

Há doze anos publiquei um pequeno texto (Reinventar a Democracia) que, pela sua extrema actualidade, não resisto à tentação de evocar aqui. […] Identificava então cinco formas de sociabilidade fascista, uma das quais era o fascismo financeiro.
[…]
A virulência do fascismo financeiro reside em que ele, sendo de todos o mais internacional, está a servir de modelo a instituições de regulação global crescentemente importantes apesar de pouco conhecidas do público. Entre elas, as empresas de rating, as empresas internacionalmente acreditadas para avaliar a situação financeira dos Estados e os consequentes riscos e oportunidades que eles oferecem aos investidores internacionais. As notas atribuídas - que vão de AAA a D - são determinantes para as condições em que um país ou uma empresa de um país pode aceder ao crédito internacional. Quanto mais alta a nota, melhores as condições. Estas empresas têm um poder extraordinário. Segundo o colunista do New York Times, Thomas Friedman, «o mundo do pós-guerra fria tem duas superpotências, os EUA e a agência Moody's». Moody's é - uma dessas agências de rating, ao lado da Standard and Poor's e Fitch Investors Services. Friedman justifica a sua afirmação acrescentando que «se é verdade que os EUA podem aniquilar um inimigo utilizando o seu arsenal militar, a agência de qualificação financeira Moody's tem poder para estrangular financeiramente um país, atribuindo-lhe uma má nota».
[…]
Num momento em que os devedores públicos e privados entram numa batalha mundial para atrair capitais, uma má nota pode significar o colapso financeiro do país. Os critérios adoptados pelas empresas de rating são em grande medida arbitrários, reforçam as desigualdades no sistema mundial e dão origem a efeitos perversos: o simples rumor de uma próxima desqualificação pode provocar enorme convulsão no mercado de valores de um país. O poder discricionário destas empresas é tanto maior quanto lhes assiste a prerrogativa de atribuírem qualificações não solicitadas pelos países ou devedores visados. A virulência do fascismo financeiro reside no seu potencial de destruição, na sua capacidade para lançar no abismo da exclusão países pobres inteiros.

Escrevia isto a pensar nos países do chamado Terceiro Mundo. Não podia imaginar que o fosse recuperar a pensar em países da União Europeia.

Boaventura Sousa Santos

"Nobre" povo

"O povo que é louco pela vacuidade de Tony Carreira, enche a Cova da Iria a implorar milagres e vota naqueles que, alternadamente, lhe sugam o sangue e comem a carne, é o mesmo.
Este jardim à beira-mar plantado merecia melhor gente. Um povo verdadeiramente mais nobre. E, sobretudo, mais inteligente.
(Desculpem se ofendi alguém… Às vezes, esgota-se-me a paciência para aturar tamanha estupidez!)"

O cadáver

Não é só na área do euro que os investidores podem ter más surpresas. A possibilidade de se verificarem problemas noutros países é enorme. A volatilidade nos mercados da dívida pública vai manter-se elevada e os riscos continuam presentes. Japão, Irlanda, Reino Unido, Espanha, Estados Unidos e, em menor medida, a França são os países desenvolvidos que enfrentam os maiores desafios de consolidação orçamental no médio prazo.
Não estou a ser alarmista. É a agência de notação financeira Fitch que o afirma.
Eu limito-me a concluir, angustiado, que este sistema económico e financeiro está putrefacto. Mas, enquanto uma minoria de criminosos sem escrúpulos continua a alimentar-se do seu cadáver, os (ir)responsáveis recusam-se a admitir esta crua e perigosa realidade. Um dia destes, quando caírem na real, pode já ser tarde!

Para onde caminhamos?

A bolsa de Lisboa conseguiu escapar à onda negativa que varreu a maior parte dos mercados europeus, num dia em que o euro bateu o valor mais baixo dos últimos quatro anos.
Apesar disso, não sei se hei-de rir se hei-de chorar…
É que, lá por fora, as principais praças europeias cederam aos receios com a recuperação económica. E nos EUA, os receios económicos são também o principal factor a ensombrar as negociações.
Repito o que há muito disse:
O capitalismo, tal como o conhecemos, está moribundo. A sua implosão é apenas uma questão de tempo. Enquanto isso, limitamo-nos a viver placidamente o dia-a-dia como se nada de anormal se estivesse a passar. Mas há uma pergunta que urgente e inevitavelmente nos temos de fazer: por este caminho, que Futuro para os nossos filhos e para os nossos netos???

quarta-feira, maio 05, 2010

Com a faca nas costas

Em vez de incentivar e aproveitar a aplicação da poupança interna em certificados de aforro e títulos do tesouro, Portugal preferiu pôr-se a jeito das agências internacionais de ‘rating’ e contrair o crédito no exterior, assistindo agora, de dia para dia, ao aumento dramático do risco de incumprimento da sua dívida.
Ao contrário, em vez de recorrer aos mercados internacionais para encaixar dois mil milhões de dólares com a venda de obrigações, Angola vai tentar obter esse montante no mercado doméstico, onde os estrangeiros poderão participar .



Se todos fizéssemos como os angolanos e mandássemos as criminosas e irresponsáveis agências de rating privadas à m**da ou se as instituições públicas internacionais criassem agências de rating sob o seu controlo, não estaríamos agora com a faca nas costas. Mas, para isso, seriam precisas coragem e vontade políticas que, de um modo geral, os governos não têm. Preferem ajoelhar-se perante a voragem insaciável dos banqueiros e dos especuladores. E depois nós é que pagamos as favas.

Que bom que é, Os Sobreviventes, Sérgio Godinho

sábado, maio 01, 2010

Carneiros. Até quando?

1º DE MAIO - DIA DO TRABALHADOR

Desde 1936 até aos nossos dias, no essencial, o que é que verdadeiramente mudou???… NADA. Continuamos a ser tratados como carneiros!

Charles Chaplin - Modern Times (Tempos Modernos)

domingo, abril 25, 2010

Abril por cumprir

  • 700 mil desempregados
  • 2 milhões de pobres
  • 1 milhão e meio de trabalhadores precários
  • desigualdade social gritante (meia dúzia a ganhar milhões e milhões a receberem tostões)
36 anos depois, Abril está por cumprir!!!…

quinta-feira, abril 15, 2010

O Programa de Empobrecimento Colectivo (PEC)

O Programa de Empobrecimento Colectivo (PEC) e o bloqueio económico e político – primeiro, o orçamento, agora o PEC. Haverá quem ainda não tenha percebido que há muitos anos estamos em processo de empobrecimento, agora acelerado, a caminho do genocídio?

Excelente trabalho sobre o PEC e as suas consequências catastróficas para a economia e a sociedade portuguesas, cujo original pode ser lido aqui, e do qual nos limitamos a transcrever o último ponto, revelador da falta de escrúpulos e integridade moral da maioria dos políticos portugueses.

As mordomias da classe política


Este assunto é o grande tabu da política portuguesa, a sua grande face oculta. Não consta do OE; não contribui para a suavização dos sacrifícios impostos à plebe; não é referido pelos media, embora estes andem sempre em entrevistas com os mandarins, tomando nota de todas as suas futilidades, evasivas e mentiras. E o PEC não os toca.
  • Quantos mandarins, reformados como tal e com menos de 65 anos estão activos, recebendo, em acumulação proveitos do exercício de funções públicas?
  • Como os mandarins se mostram – na conversa – muitos sensíveis com as dificuldades dos pobres, porque não acabam com as escandalosas reformas dos titulares de cargos políticos ao fim de 12 anos? Os deputados até, votaram em Julho de 2008, (v. "Erradicação da pobreza por lei?") uma proposta do PS, que torna os responsáveis por situações de pobreza violadores de direitos humanos! Sócrates e Cª. que tal a cadeia?
  • E as ajudas de custo, a utilização privada de veículos do Estado, as compras de carros de luxo que não param, não constituem gasto público? A Jaime Gama faria bem uma dieta.
  • Não seria de congelar também as subvenções públicas aos partidos parlamentares ao nível de 2009? E acabar com as isenções de impostos de que beneficiam?
  • Os gabinetes ministeriais onde pululam bandos de elegantes jotinhas não poderão ser reduzidos? Para mais, não evitam a contratação de consultores externos para tudo e para nada; e nem sequer foram capazes de elaborar o PEC a partir das orientações da Comissão Europeia.
Mesmo relativamente às pessoas com quem trabalham, os mandarins consideram-se como uma casta de novos brâmanes, com direitos especiais. Segue-se uma revelação pitoresca.
Na AR existe um restaurante para deputados onde não podem entrar livremente outras pessoas, se não por convite de uma eminência. Para funcionários da AR, assessores e até polícias existe um refeitório, frequentado também pelos deputados do BE, do PCP e dos Verdes, por opção. Há, portanto uma postura elitista e racista de quem montou esta discriminação, acatada gostosamente por toda a direita, PS/PSD e CDS.

Um pirómano no BCE

"Não admira que os portugueses estejam contentes com a saída de Victor Constâncio", declarou Astrid Lulling, deputada democrata-cristã luxemburguesa, ao questionar o governador do Banco de Portugal sobre os casos BCP, BPP e BPN.


Constâncio assumirá o cargo de vice-presidente do Banco Central Europeu em Junho próximo. Mas para aquela euro-deputada, entregar a supervisão do BCE ao ainda governador do Banco de Portugal" é como dar dinamite a um pirómano". fonte Expresso

Petróleo: raspar o fundo do tacho

Cerca de 57% do petróleo consumido pelos EUA é importado e a produção mundial, como se sabe, está estagnada em torno dos 85 milhões de barris/ dia. O seu declínio terá início após o fim do actual plateau (ver gráfico).


O anúncio do presidente Obama de que irá abrir à perfuração novas zonas no offshore da costa Oeste e do Alasca tem tudo a ver com isso. Eles estão a raspar o fundo do tacho, numa tentativa de adiar as consequências do Pico Petrolífero. Segundo o secretário do Interior, Ken Salazar, nas zonas agora abertas à exploração haverá 39 a 63 mil milhões de barris de petróleo recuperável. Admitindo que isto seja verdade e que se possa realmente extrair este petróleo até à última gota (e sem considerar os custos de extracção), estas reservas seriam suficientes para apenas 459 a 741 dias do consumo mundial. E depois? fonte resistir.info

Grécia: a farsa da ajuda

Dizem eles que os governos europeus oferecem ajuda de € 30 mil milhões à Grécia. O que não esclarecem é que, por exigência de Berlim, os empréstimos serão concedidos à taxa de juro do mercado, actualmente nos 5%. Contudo, isto não faz qualquer sentido:  uma operação de salvamento justifica-se precisamente quando os mercados deixam de funcionar e se recusam a refinanciar uma economia a taxas sustentáveis. Assim, insistir em taxas de mercado equivale em inviabilizar qualquer salvamento da economia grega. As contradições deles são insanáveis.
Por seu lado, o Bundesbank está à beira de um ataque de nervos porque receia que a Grécia se marimbe para a ajuda dos governos europeus e recorra directamente ao FMI que deverá impor  condições menos gravosas do que a UE. Nesse caso, o FMI pediria dinheiro aos seus membros mais importantes em troca de Direitos Especiais de Saque (DES) por ele emitidos e, dessa forma, o Banco Central Alemão seria imediatamente convocado a entregar os recursos ao FMI a fim de este os conceder à Grécia.
Nao há dúvida, eles estão num molho de brócolos. Estejamos, pois, atentos aos próximos actos desta farsa, desde logo por ser ilustrativa do que pode vir a acontecer a outros países europeus, incluindo o nosso. fonte resistir.info

quarta-feira, abril 14, 2010

O pior pode estar para vir

Tal como está, o PEC, é já um instrumento de destruição do tecido empresarial e de endurecimento das condições de vida dos desempregados, dos trabalhadores e dos reformados. Mas, num cenário, infelizmente previsível, de agravamento da crise, o Governo poderá vir a recorrer a algumas medidas que, para não variar, atingirão os mesmos de sempre:
  • Aumento do IVA, imposto cego que penaliza quem menos tem.
  • Novos cortes de benefícios fiscais.
  • Aumentar as receitas através dum corte no décimo terceiro mês e da contribuição dos dinheiros da Segurança Social para a cobertura do défice.
  • Cortes nas despesas sociais com o subsídio de desemprego e o rendimento social de inserção.
  • Protelamento da contratação de funcionários públicos.
Num dos países mais pobres e desiguais da Europa, trata-se de um drama cada vez mais doloroso mas, se a isto juntarmos os salários e prémios obscenos embolsados pelos gestores de empresas controladas pelo Estado, então estamos perante uma imoralidade absolutamente revoltante. Até quando o povo estará disposto a aceitá-la é o que veremos nos próximos tempos.

sexta-feira, abril 02, 2010

A blasfémia de Ratzinger

Bento XVI goza de imunidade enquanto Chefe de Estado do Vaticano e, por esse facto, não irá a tribunal depor, como pretendem as vítimas da pedofilia na igreja americana. Aceita-se, à face da lei. Mas o que é verdadeiramente inaceitável é que o Papa, na homilia de quinta-feira, tentando tapar o sol com a peneira, tenha silenciando completamente o escândalo que varre a sua Igreja, ao mesmo tempo que atacava o direito à interrupção voluntária da gravidez.Mesmo coberto de insultos, Cristo não insultava”, disse Ratzinger, sugerindo através de uma perversa analogia que os padres acusados de pedofilia também estão a ser insultados.
Cristo não merecia esta blasfémia, este Papa, esta Igreja. Os homens também não.

quinta-feira, abril 01, 2010

Revisão da Constituição

A Assembleia da República deliberou, com os votos favoráveis do P"S" e da Direita, proceder a uma revisão da Constituição no sentido de lhe retirar os artigos 1.º, 53.º e 59.º, por manifesta desadequação à realidade.
Só faltava esta!…

Os vampiros

Eis o pódio dos três rapazes (melhor dito, rapaces) que mais embolsaram em 2009 (por acaso, ou talvez não, estão à frente de empresas participadas pelo Estado, o que significa que uma parte dos seus "modestos" salários foi paga por nós):


1. António Mexia (EDP) — 3,1 milhões de euros



2. Zeinal Bava (Portugal Telecom) — 2,5 milhões de euros



3. Ferreira de Oliveira (GALP) — 1,6 milhões de euros


Seguem-se Rodrigo Costa (Zon Multimédia), 1,34 milhões de euros, Ricardo Salgado (BES), 1 milhão de euros, Paulo Azevedo (Sonae), 800 mil euros, Jorge Coelho (Mota-Engil), 702 mil euros, Palha Silva (Jerónimo Martins), 662 mil euros, e Santos Ferreira (BCP), 650 mil euros.
E isto é apenas o que se julga saber…
Ah, hoje é 1 de Abril mas garantimos que isto é absolutamente verdade. Infelizmente.


Os vampiros, Baladas de Coimbra (1963), José Afonso

À beira do colapso

O presidente da EDP vai receber este ano 703 mil euros em salários fixos, mais 600 mil euros em remuneração variável e 1,8 milhões de euros de prémios plurianuais relativos ao triénio 2006-2008.
No total, António Mexia embolsa a módica quantia de 3,1 milhões de euros.
No país do PEC e do congelamento de salários e pensões, onde a maioria tem de sobreviver como pode, a crise não é para todos.
Eles comem tudo e o Governo, impassível, diz (e faz) nada. Portugal está à beira do colapso.

terça-feira, março 30, 2010

Submarinos, corrupção e endividamento

Um cônsul honorário de Portugal terá recebido um suborno de 1,6 milhões de euros dos alemães para ajudar a concretizar a compra de dois submarinos pelo Estado português em 2004, quando Durão Barroso era Primeiro-ministro e Paulo Portas, Ministro da Defesa. Quando se trata de negociatas e corrupção, de uma forma ou de outra, estamos sempre envolvidos.
Seja como for, seria um bom pretexto para o imediato cancelamento do contrato de fornecimento dos submarinos, medida que permitiria a Portugal poupar a módica quantia de mil milhões de euros, qualquer coisa como mais do dobro do que o Estado prevê encaixar com o fim das deduções fiscais. Mas, para isso, precisaríamos de um Governo responsável que pusesse os interesses colectivos dos portugueses em primeiro lugar. O que não acontece.

Votar no inimigo

Apesar de ter sido novamente acusado de abuso de poder e ter visto alguns dos seus aliados envolvidos em novos escândalos de corrupção, Berlusconi aguentou-se uma vez mais, desta vez nas eleições regionais italianas.
É caso para perguntar para que servem a democracia e o direito de sufrágio se, lá como cá, a maioria do povo continua a votar nos que se governam à sua custa?!…
Como escreveu Bertolt Brecht, "quando toca a marchar, muitos não sabem que o inimigo marcha à sua frente".

Varrer o lixo para baixo do tapete

Escolas que denunciam violência são penalizadas na avaliação externa.
Um convite a que se varra o lixo para baixo do tapete.

segunda-feira, março 29, 2010

Privatize-se tudo

«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo… e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.» José Saramago – Cadernos de Lanzarote - Diário III – pag. 148

sábado, março 27, 2010

O equívoco de Alegre

Citando o seu amigo Jorge Sampaio, que em tempos afirmou que “há mais vida para além do défice”, Alegre diz agora que “há mais vida para além do PEC”.
São frases literariamente bem concebidas, reconheço, mas politicamente muito discutíveis.
É verdade que, com este PEC, há grandes vidas. Mas os trabalhadores, os reformados, os desempregados, os jovens, apenas conseguirão, a muito custo, vegetar.

Problema de (im)pressão

A crítica de grande parte dos média, uma crise política que se transformou num impasse institucional, uma situação social explosiva, um fiasco económico que obriga a medidas drásticas, a curto prazo...
Como se isso não bastasse, o impetuoso José Sócrates (dificilmente reeleito nas legislativas de Setembro de 2009) tem agora de enfrentar uma "revolta" do Parlamento que poderá forçá-lo a demitir-se ou a levar o seu partido a ter de encontrar o seu sucessor como chefe do governo. Hoje, em Lisboa, começa o trabalho de uma comissão parlamentar de inquérito que, pela primeira vez desde o fim da ditadura de Salazar, implica directamente um Primeiro-Ministro e vai obrigá-lo a comparecer fisicamente, ao menos por escrito. "Portugal é um barco à deriva em que o capitão é o mais suspeito de toda a tripulação".
Este é o início do artigo "José Sócrates, o português assoreado", do jornal francês Libération, que, segundo o Expresso, não foi publicado em Portugal devido a "problemas de impressão". Contudo, não nos admiraria que, em vez disso, alguém uma vez mais tivesse feito pressão para que nada cá chegasse!…

quarta-feira, março 24, 2010

Portugal é um manicómio. Não admira!

A Revolução de Abril trouxe-nos a liberdade, mas sobretudo o sonho de um país mais igual e de um futuro melhor. Afinal, 35 anos volvidos, continuamos a ser o país pobre e socialmente injusto que sempre fomos, onde uma minoria vive à larga ou mesmo de forma imoral, e a maioria sobrevive como pode enfrentando as maiores dificuldades — cerca de 2 milhões de pobres, mais de 1 milhão de trabalhadores precários com salários de miséria, 700 mil desempregados a maioria dos quais sem subsídio de desemprego, nível salarial e de pensões dos mais baixos da União Europeia e a repartição mais desigual do rendimento. E como se tudo isto não fosse suficientemente trágico e revoltante, a corrupção e a promiscuidade entre o poder político e os interesses financeiros mais obscuros é de tal ordem que o governo não hesita em obrigar os trabalhadores (e a classe média) a pagar uma crise que não provocaram e favorece escandalosamente os criminosos financeiros e os especuladores bolsistas com perdões e isenções fiscais.
Este é um pesadelo difícil de aguentar. Não admira, por isso, que Portugal seja o país da Europa com mais doentes mentais!

domingo, março 21, 2010

Cuba e a contra-informação

Se alguma coisa este vídeo mostra (a quem o quiser ver com atenção) é que os meios de contra-informação que propalam a notícia de que a "Polícia cubana reprime com violência o protesto das damas de branco", mentem. Descaradamente.
Na verdade, são maioritariamente os populares (e não a polícia) que, de forma decidida e enérgica, mas não violenta, impedem as contra-revolucionárias damas (apoiadas pelos Estados Unidos e pela mulher do "democrata" George W. Bush) de se "manifestarem" e as recambiam para casa da sua líder (e não para uma esquadra policial, como aconteceria em muitos países ditos democráticos).



Respeitem pois a soberania do povo cubano, como exige Pablo Milanés, que garante que os cubanos resolverão a sua situação.
E já agora, acrescentamos nós, se querem fazer alguma coisa de verdadeiramente útil pelo povo cubano, exijam o fim do desumano bloqueio americano a Cuba, que já vai em 48 anos!

sábado, março 20, 2010

Limpar Portugal

Hoje foi dia de limpeza do ambiente. Agora falta mesmo limpar a economia, a política, a ética. Para que possamos voltar a sonhar.

O vendedor de banha-de-cobra

João César das Neves revela tudo menos ignorância quando afirma que "os que protestam [leia-se 'os funcionários públicos e os trabalhadores do sector empresarial'] não são as vítimas da situação". Um professor universitário de Economia deve saber que isso não é verdade. Deve saber que os salários reais da função pública, exceptuando 2008, têm vindo a cair desde 2001, que os salários reais dos trabalhadores das empresas seguiram a mesma trajectória descendente, que temos mais de um milhão e meio de trabalhadores precários, que o desemprego não tem parado de crescer atingindo agora cerca de 700 000 pessoas. Trata-se, isso sim, de desonestidade intelectual de César das Neves.

O vendedor de banha-de-cobra

Desonestidade que atinge a mais indecorosa má-fé quando o "professor" chega ao cúmulo de acusar os trabalhadores e as suas organizações de, com os seus protestos e reivindicações, serem "os responsáveis pela crise". "Esquecendo" que quem a causou foram especuladores financeiros, banqueiros sem escrúpulos e gestores milionários irresponsáveis, ao substituírem a economia real por uma "economia de casino". "Esquecendo" que os governos esbanjaram milhões para "salvar" o sistema financeiro sem cuidar do retorno do crédito às empresas e às famílias. "Esquecendo" que, ainda agora, o PEC continua a adoptar as "corajosas" receitas de sempre — congelamento de salários e pensões, redução do subsídio de desemprego (dos que o recebem!), extinção dos benefícios fiscais com as despesas de saúde e de educação — enquanto a fraude e evasão fiscal é premiada com o perdão fiscal e as mais-valias bolsistas continuam isentas de tributação.
João César das Neves pode vender a banha-de-cobra que quiser nas aulas mas isso não faz dele um verdadeiro professor. Antes um demagogo e propagandista escondido com o rabo de fora. Não vale a pena perder mais tempo com o homem.

sexta-feira, março 19, 2010

O Pai Natal

O sucateiro de Ovar era um mãos-rotas. Entre 2002 e 2007, o Pai Natal Manuel Godinho ofereceu centenas de prendas a políticos, gestores públicos e outros funcionários do Estado. Dos contemplados, constam, como se pode ver na lista seguinte, José Penedos, José Sócrates, Jorge Coelho e Armando Vara, entre outros. Todos bons rapazes…

Fonte: Sol
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"Quiero un cambio en Cuba"

Para o cantautor cubano Pablo Milanés, "os revolucionários […] converteram-se em reaccionários das suas próprias ideias." Mas, para que não fiquem dúvidas sobre o que defende para o seu país, Pablo esclarece: "Mais do que eleições, que em Cuba haja mudança, porque tampouco acredito em eleições. Isso é um 'jogo democrático', entre comas, que também é uma farsa."


"Quero uma mudança em Cuba quanto antes", diz, mas a mudança que Pablo defende nada tem a ver com a pseudo-dissidência contra-revolucionária de prisioneiros de delito comum (mesmo que o seu estúpido suicídio por greve de fome mereça a condenação do músico "desde el punto de vista humano"). Nem com as manifestações das Damas de Blanco apoiadas por Laura Bush. Ou com as exigências do imperialismo americano que, há quase 50 anos, dá guarida a actividades terroristas contra Cuba e submete a ilha a um desumano bloqueio. Ou ainda com as pressões absurdas e intoleráveis da União Europeia, tão pressurosa a interferir no direito à soberania do povo cubano e tão silenciosa perante a humilhação de que continuam a ser vítimas os palestinos.
A mudança que Pablo Milanés defende é a renovação da liderança revolucionária e a reafirmação do socialismo em Cuba. Por isso sublinha: "Quero que respeitem a soberania do meu povo. Nós, cubanos, temos direito a reclamar os nossos direitos. Mas seremos nós que resolveremos a nossa situação."

quinta-feira, março 18, 2010

9 mil milhões de euros!

O crédito malparado não pára de aumentar atingindo já cerca de 9 mil milhões de euros. E ainda a procissão vai no adro…
Mas com o malfadado PEC e a previsível subida das taxas de juro, em 2013 estaremos bem pior.

A queda do mito?

A popularidade do presidente norte-americano continua a cair a pique. O que é estranho é que isso aconteça precisamente quando Obama tenta implementar um serviço de saúde público que garanta os serviços básicos a toda a população.

quarta-feira, março 17, 2010

Eles comem tudo

Os cinco administradores da Portugal Telecom (PT), incluindo o presidente, Henrique Granadeiro, e o presidente executivo, Zeinal Bava, receberam em salários fixos, variáveis e prémios cerca de 7 milhões de euros, em 2009.
Rui Pedro Soares, o boy envolvido na polémica tentativa de compra da TVI, recebeu 1,533 milhões, dos quais 1,035 milhões relativos a remuneração variável e prémios de gestão.
Granadeiro sentiu-se encornado quando soube do alegado plano da PT para comprar a TVI.
Agora, perguntamos nós: como há-de sentir-se a maioria dos portugueses perante estes números verdadeiramente escandalosos, numa empresa em que o Estado é o accionista principal???


Os vampiros, Baladas de Coimbra (1963), José Afonso

PEC — Os factos e a propaganda

Graças ao PEC (para nós, Plano de Estagnação do Crescimento) Portugal é o país que mais trava o investimento até 2013. Em consequência, o número de desempregados continuará acima de meio milhão e a economia portuguesa registará o crescimento mais baixo da União Europeia (menos de 2 por cento).
Porém, o Ministro da Economia, que há uma semana atrás propagandeava que o "PEC é um estímulo ao serviço do crescimento", continua a bater na mesma tecla afirmando que o "PEC não é só contenção, é também crescimento". Como se uma mentira mil vezes repetida passasse a ser verdade. Joseph Goebbels também assim pensava e não conseguiu levar a água ao seu moinho.

terça-feira, março 16, 2010

José "Trocas-te"

O primeiro-ministro foi esta terça-feira chamado de José "Trocas-te", quando ia discursar sobre a Estratégia Nacional para a Energia até 2020, no Pavilhão de Portugal, em Lisboa.



Tem a sua piada. Mas o verdadeiro problema é que Sócrates, longe de se trocar, sabe muito bem as malfeitorias que faz, como as faz e a quem as faz. Infelizmente para os jovens, os desempregados, os trabalhadores, os pensionistas e agora a classe média.

segunda-feira, março 15, 2010

Sejam homens, casem-se!…

O Vaticano pode dizer o que quiser. Pode até contrariar as leis da natureza e negar que o celibato seja responsável por abusos sexuais de clérigos. O que não pode esconder é as três mil acusações de pedofilia contra sacerdotes registadas nos últimos nove anos (sem contar os casos que tenham sido abafados).
Tenham vergonha, sejam homens! Casem-se!…

Insulto intolerável

Por proposta da Parpública, empresa controlada pelo Estado, a REN vai atribuir um prémio a José Penedos pelo desempenho em 2009, ano em que a empresa foi envolvida no caso Face Oculta e Penedos constituído arguido.
É mais um insulto intolerável, com o beneplácito de um governo que não hesita em crucificar os trabalhadores (incluindo os jovens e os desempregados), os reformados e a classe média, e deixa os grandes interesses, a especulação bolsista e a fraude e evasão fiscal à rédea solta.

O Grande Capital, À Queima-roupa, Sérgio Godinho

O povo português (ainda) é de esquerda?

Com o seu Plano de Extorsão do Contribuinte, o governo mais à direita de que há memória desde 25 de Abril de 1974 vai continuar a "chupar o sangue fresco da manada". Infelizmente, porém, a manada parece que gosta. E dá a impressão de não se importar que o Presidente da República nada faça para o impedir. Isso explica as subidas do Partido de Sócrates e de Cavaco nas intenções de voto (ainda que as sondagens nos mereçam sérias reservas).
Alguns estudiosos afirmam que o povo português é ideologicamente de esquerda. Contudo, pela forma como tem vindo a votar e a aceitar com resignação as malfeitorias da governação, parece-nos que já foi mais. É pena que assim seja.

domingo, março 14, 2010

Extorquir quem menos tem

Tributação das mais valias, afinal, só quando houver estabilidade nos mercados financeiros. Até lá, é fartar especuladores bolsistas!
Mas o congelamento de salários e pensões, e o fim dos benefícios fiscais com as despesas de saúde e educação são para já.
Extorquir quem menos tem, é o lema deste governo.