terça-feira, janeiro 31, 2006

Bush declarado culpado!

O Fórum Social Mundial, a decorrer na capital da Venezuela, Caracas, considerou o presidente dos EUA, George W. Bush, culpado de violar os direitos humanos dos povos cubano e iraquiano e condenado pela prática de terrorismo de Estado no Iraque.

PS: tudo como dantes?

Alegadamente por se encontrar de baixa médica, a fim de recuperar do desgaste da campanha presidencial, Manuel Alegre vai faltar à reunião da Comissão Política do PS que irá analisar os resultados das presidenciais. É humanamente aceitável.
Já políticamente, lamento que ele não vá estar presente, desperdiçando dessa forma uma oportunidade única de, olhos nos olhos, apontar o único e verdadeiro culpado da vitória de Cavaco Silva, à primeira volta: José Sócrates.

Recuperar o Partido Socialista (II)

Sempre acreditei na Esquerda dos valores e na utopia de uma sociedade justa e solidária. Mas, desde os tempos da faculdade, em que fui militante do saudoso MES, nunca mais pertenci a qualquer confraria partidária. No entanto, embora ache que os movimentos de cidadãos podem desempenhar um papel importante na formação da consciência democrática e no combate à "partidocracia", entendo que o Estado democrático não pode dispensar a existência de partidos políticos (os actuais ou outros), caso contrário, abrir-se-ia caminho a um regime em tudo semelhante ao que já tivemos durante 48 anos!

É preciso reinventar a Esquerda, é isso que me preocupa. E a reinvenção da Esquerda passa, inevitavelmente, pela reinvenção do seu maior partido, o PS, que é cada vez mais um partido liberal com laivos de social-democracia!

Apoiei Manuel Alegre. Empenhadamente! E fiquei triste com a sua prematura "derrota" à 1.ª volta!
Mas agora, apesar da minha condição de independente, entendo que ele não deve demitir-se do PS nem dos cargos para que foi eleito! Pelo contrário, os votos de mais de um milhão e cem mil eleitores, que, independentes ou não, são na sua esmagadora maioria votos genuinamente socialistas, exigem-lhe, mais do que a fundação de um movimento anódino ou de um epifenómeno partidário, mais tarde ou mais cedo condenados a um desaparecimento sem honra nem proveito, que ele se afirme corajosamente como alternativa capaz de recuperar o PS como autêntico Partido Socialista, como pilar insubstituível da Esquerda e de uma política de desenvolvimento que não esqueça nunca a solidariedade e a justiça social!

sábado, janeiro 28, 2006

Recuperar o Partido Socialista (I)

Há quem afirme que "é urgente reformar o sistema" e que "criar mais partidos não resolve nada quando o problema é a máquina que os tritura".
Partindo do princípio que aceitamos e defendemos o regime democrático, apesar das suas fragilidades e perversidades, e que não queremos um sistema presidencialista (eu não quero, muito menos agora, com um PR com tentações "governamentalistas"), resta-nos lutar pela refundação do quadro partidário actual, através da afirmação do poder dos cidadãos.
Defendem também que a abstenção é o caminho para forçar a necessária e urgente mudança.
Creio não ser pela
abstenção que lá iremos mas por uma cada vez maior participação cívica e eleitoral que conduza, não à criação de um novo partido, mas à renovação da Esquerda e à reinvenção de um verdadeiro Partido Socialista a partir dos destroços de um PS que, de socialista, cada vez mais só tem o nome.
Por isso apoiei e votei Manuel Alegre.
Por isso, apesar de independente, defendo que Alegre não deve demitir-se do PS nem dos cargos para que foi eleito! Pelo contrário, os votos de mais de um milhão e cem mil eleitores exigem-lhe, mais do que a fundação de um movimento anódino ou de um epifenómeno partidário condenados ao desaparecimento, que ele se afirme corajosamente como alternativa capaz de recuperar o Partido Socialista como pilar insubstituível da Esquerda e de uma política de desenvolvimento que não esqueça nunca a solidariedade e a justiça social!

Sócrates "ajudou" Cavaco?

Terá a vitória de Cavaco, à primeira volta, contado com a preciosa "ajuda" de Sócrates?
Não, não se trata da escolha de Soares como candidato apoiado pelo PS, que se revelou incapaz de mobilizar e captar uma parte significativa do eleitorado do partido, contribuindo para a abstenção.
Estou a referir-me ao alegado envio de um fax "confidencial", pelo Gabinete do Primeiro-Ministro, aos coordenadores distritais da campanha de Soares, solicitando-lhes que apelassem ao voto branco ou mesmo em Cavaco, a fim de assegurarem que não hovesse 2.ª volta, evitando que Sócrates e o seu governo, obrigados a apoiar Alegre, saíssem fragilizados da eleição.
Se a Procuradoria-Geral da República, que está a analisar o conteúdo e a proveniência do documento, concluir da sua autenticidade, então, para além do maquiavelismo revelado por José Sócrates ao ter avançado com a candidatura de Mário Soares, estaremos perante um acto bem mais grave, democratica e eticamente inqualificável, uma vergonhosa traição à Esquerda!

sexta-feira, janeiro 27, 2006

É urgente reinventar a Esquerda!

Em virtude do cambalacho de que é vítima o sistema partidário português, e atendendo a que o PS de Sócrates será liberal, às vezes social-democrata, mas de socialista nada tem nem nunca terá, talvez fosse de considerar a hipótese de se reinventar a Esquerda e se criar um verdadeiro Partido Socialista. Associação ou movimento, se preferirem. 20 por cento de eleitores seriam um excelente começo e será uma pena se vierem a perder-se na recuperação daquilo que é irrecuperável! Digo eu, que sou de Esquerda mas sou independente!…

quinta-feira, janeiro 26, 2006

A boceta de Pandora!

"Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar!" (Sofia de Mello Breyner)

"Everybody's worried about stopping terrorism. Well, there's a really easy way: stop participating in it." (Noam Chomsky)


A invasão do Iraque, ao arrepio do Direito Internacional, da desaprovação da ONU e da contestação generalizada da opinião pública mundial, fundamentada na mentira das armas de destruição maciça que nunca apareceram, na invenção das ligações de Saddam à Al Qaeda que não existiam e na alegada democratização/ ocidentalização do Iraque cuja sementeira de destruição, morte e radicalismo está à vista, como estratégia para combater o terrorismo, aumentar a segurança mundial e pôr fim às arbitrariedades e injustiças de um regime que o próprio invasor ajudou a criar e apoiou, falhou por completo.
Desde logo, na Europa e noutras partes do mundo, de que os exemplos mais visíveis foram os trágicos atentados de Madrid, Bali (Indonésia) e Londres.
Mas também no Médio Oriente.
O Iraque "democratizado", depois do elevado preço que pagou pela invasão, é um verdadeiro "saco de gatos" e os actos terroristas -- que, por mais condenáveis que sejam, em muitos casos, quer se queira quer não, são acções de resistência ao ocupante -- não irão seguramente acabar até que, como no Vietname, os "yankees go home"!
No Irão, as eleições reconduziram os fundamentalistas ao poder que, para além de recuperarem o discurso incendiário contra o "ocidente infiél", numa declarada resposta à "cruzada" cega de Bush, ameçam e chantageiam com o desenvolvimento de projectos nucleares para fins que poderão não ser os mais pacíficos!
Agora, os palestinos, numa atitude que, mais do que a rejeição da via "moderada" da Fatah é sobretudo uma clara manifestação contra a política de Bush para o Médio Oriente, confiaram a maioria dos seus votos aos "extremistas" do Hamas!
Tudo em nome da "democracia", da "paz" do combate ao "terrorismo", dirá Bush, que, como qualquer ayatollah, se considera ungido por Deus, para travar a sua guerra "justiceira" contra o "eixo do mal". Claro que só mesmo as "más-línguas" é que podem dizer que tudo isto se deve à ânsia de controlar os recursos petrolíferos e ao apetite insaciável do complexo industrial-militar norte-americano!...
Com a invasão do Iraque, Bush abriu a boceta de Pandora!

O país da desigualdade

Apesar da crise económica, o capital financeiro vai de vento em popa, em Portugal. A título de exemplo, em 2005, os lucros deverão ter atingido um crescimento de 40% no BPI, 30,2% no Banco Bilbao Viscaya y Argentaria e 24,2% no Millennium bcp.
Já para os trabalhadores, com aumentos salariais na média dos 2,5% e uma inflação a rondar o mesmo valor, o momento é de estagnação ou mesmo de agravamento do nível de vida.
Não é, por isso, de estranhar que, segundo o Eurostat, organismo de estatísticas da União Europeia, Portugal seja, dentro da UE, o país onde os 20% mais ricos estão mais distantes dos 20% mais pobres, ou seja, os primeiros detêm 7,4 vezes mais riqueza do que os segundos, quando o mesmo rácio é de apenas 2,9 na Dinamarca, que aparece no primeiro lugar.
Os neo-liberais não se cansam de apregoar que para se repartir a riqueza é preciso criá-la. No entanto, como aqui se verifica, com o neo-liberalismo, o que acontece é que a riqueza criada é cada vez mais apropriada pelos mais ricos, enquanto os mais pobres são obrigados a sobreviver como podem!

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Soares, porquê?…

"Ninguém percebeu, ainda hoje, muito bem o que levou Mário Soares a candidatar-se", afirma Maria João Avillez.
Sem querer ofendê-la, a senhora jornalista, ou é burra ou cínica! Em qualquer caso, sugiro-lhe que pergunte ao Eng.º Sócrates que ele sabe muito bem o que fez e por que o fez! E se ele, por motivos óbvios, não lhe responder, leia a explicação do indefectível cavaquista Vasco Graça Moura! Está lá tudo!…

Um governo, uma maioria, um presidente!

Com a eleição de Cavaco e a política de Direita do govermo PS/Sócrates, o velho sonho de Sá Carneiro — um governo, uma maioria, um presidente — por incrível que pareça, está realizado. Pelo "partido" do… Bloco Central!

segunda-feira, janeiro 23, 2006

A Esquerda não fez nada de que se deva envergonhar!…

Estamos tristes com a derrota da Esquerda. Ainda pra mais, "por uma unha negra"!
Mas não podemos deixar-nos invadir pelo derrotismo. Temos é de estar solidários, alegres e "unidos como as uvas estão no cacho"! A Esquerda não fez nada de que se deva envergonhar!…

Manuel Alegre não passou à segunda volta e não será, portanto, eleito. Mas a sua candidatura, livre e independente, mostrou o poder político dos cidadãos. Mostrou que a Democracia e a Esquerda não se esgotam nos partidos. Mostrou a urgência da reinvenção da Esquerda e da continuidade do combate por uma sociedade mais justa. Essa é a sua grande vitória.

Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã e mesmo Garcia Pereira fizeram o que puderam — seguraram os seus eleitores — e foi muito, tantas foram as adversidades que, como Alegre, tiveram de enfrentar.



















Com a obstinada e previamente derrotada candidatura de Soares, que contribuiu para a abstenção nos eleitores socialistas e até para levar alguns a votar no candidato da Direita, foi José Sócrates que estendeu a passadeira presidencial a Cavaco! Ele sabe bem o que fez e por que o fez: quer "governar" com Cavaco Silva em Belém e livrar-se de vez de Soares e Alegre!

Como pode ser de Esquerda um dirigente e um directório partidários capazes de uma tal maquinação contra a Esquerda ???

Não, não temos de envergonhar-nos da Esquerda! Justamente porque se alguém é culpado da sua derrota é José Sócrates! E ele é tudo menos de Esquerda!

Perdemos uma batalha! O combate continua!…

A Direita elegeu o seu candidato à presidência da República, à primeira volta, por uma reduzida margem de 0,6 por cento dos votos validamente expressos, ou seja, por pouco mais de escassos 30 000 eleitores, num universo de mais de 8 800 000! Perder assim dói mas, em democracia, por um voto se ganha e por um voto se perde. Há que levantar a cabeça e olhar em frente! E, sobretudo, perceber como é que isto foi possível!…

Manuel Alegre, com os seus 20,7 por cento de votos e o seu segundo lugar destacado, não passou à segunda volta, como nós tanto desejávamos. Já não será o Presidente da República com que nós tanto sonhámos. Mas não foi por causa dele que a Esquerda foi derrotada. A sua candidatura, contrariamente ao que os dirigentes do PS pretendem, não dividiu a Esquerda, antes lhe adicionou muitos votos, grande parte dos quais, se ele não se tivesse candidatado, resultaria certamente em abstenção ou em votos brancos/nulos. Além do mais, a sua candidatura, livre e independente, mostrou que há mais vida democrática para além do espaço partidário. E revelou o poder dos cidadãos e a necessidade de reinventar a Esquerda.

A Jerónimo de Sousa (8,6%), que conseguiu segurar o eleitorado comunista, a Francisco Louça (5,3%), um pouco abaixo do resultado do Bloco de Esquerda e a Garcia Pereira (0,4%), residual, também não podem ser assacadas responsabilidades pela vitória de Cavaco Silva.

As razões do fracasso da Esquerda têm de ser imputadas à candidatura de Mário Soares. O candidato apoiado pelo PS, que não conseguiu segurar uma significativa percentagem de eleitores que votaram neste partido, nas legislativas, e que agora se terão abstido, ficou-se pelos 14,3 por cento. Era inevitável! Sócrates escolheu-o para perder, porque prefere "governar" com Cavaco em Belém. Deste modo, maquiavelicamente, livrava-se de uma só vez do "patriarca" e de Manuel Alegre. Jogada de "génio", se Alegre tivesse ficado abaixo de Soares! Assim, talvez o tiro lhe tenha saído pela culatra!…

Abril tão triste no País de Abril

País de Abril

São tristes as cidades sob a chuva

e as canções que se atiram contra as grades
— minha pátria vestida de viúva
entre as grades e a chuva das cidades.

É triste o cão que ladra no canil
quando é março ou abril e lhe prendem as pernas
é triste a primavera no País de Abril
— minha pátria perfil de mágoas e tabernas.

É triste: uns vestem-se de abril outros de trapos.
Tu ó estrangeiro é só por fora que nos olhas
— minha pátria bordada de farrapos
capa de trapos remendada a verdes folhas.

Abril tão triste no País de Abril. Por fora
é tudo verde. (Abril com máscaras de festa).
Por dentro — minha pátria a rir como quem chora
(A festa da tristeza é tudo o que lhe resta).

Abril tão triste no País de Abril. Aqui
a noite. Aqui a dor. Meninos velhos
— minha pátria a chorar como quem ri
em surdina em silêncio. E de joelhos.

Manuel Alegre, Praça da Canção, 1965

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Por um Portugal alegre e solidário!

Apelo final

Não deixe que outros decidam por si, não se abstenha!


E, em caso de dúvida, já sabe, faça pim-pam-pum


Por mim, o cavaquismo não há-de regressar!

Eu estive ! Porque acredito na Esquerda dos valores e sou um cidadão livre e independente!

Eu estive ! E cantei a Utopia, porque acredito na “cidade sem muros nem ameias”, com “gente igual por dentro, gente igual por fora”.

Eu estive ! E cantei a Chula da Liberdade, para Manuel Alegre, com as palavras que só ele poderia ter escrito:

"Eu sou livre como as aves
e passo a vida a cantar
coração que nasceu livre
não se pode acorrentar."

Sondagens II: Manuel Alegre há-de ir à segunda volta derrotar Cavaco!

Das quatro sondagens ontem e hoje publicadas, três dão Alegre claramente à frente de Soares nas intenções de voto:
  • Católica (RDP/RTP/Público), Alegre 19,0% - Soares 15,0%
  • Aximage (Correio da Manhã), Alegre 19,5% - Soares 15,4%
  • Marktest (DN/TSF), Alegre 20,6% - Soares 12,4%
Apenas a Eurosondagem (Expresso, RR, SIC), de Rui Oliveira e Costa, indefectível soarista, não alinha por esta tendência e coloca Soares ligeiramente à frente de Alegre ("empate técnico"): 16,9% contra 16,2%.

Razão tem Manuel Alegre para dizer que a Eurosondagem tem razões que a razão desconhece!

Enfim, a sondagem final é no domingo e, se tudo correr bem, Manuel Alegre há-de ir à segunda volta derrotar Cavaco!

Sondagens I: A segunda volta ao virar da esquina!

As sondagens ontem e hoje publicadas — Católica, Aximage, Eurosondagem e Marktest — parecem evidenciar uma vitória de Cavaco à primeira volta. Com efeito, todas lhe atribuem entre 52 a 53 por cento de intenções de voto.

No entanto, se tivermos em consideração que todas aquelas sondagens referem a existência de uma elevada percentagem de indecisos, provavelmente superior a um milhão de eleitores, e que esses eleitores são, na sua grande maioria, de Esquerda (socialistas), e ainda, que Cavaco, durante a campanha, foi perdendo quase por completo, o apoio que chegou a ter de eleitorado de Esquerda, designadamente do PS, então, facilmente se conclui que tudo está em aberto e a segunda volta está aí ao virar da esquina.

Portugal, segundo Cavaco

O encerramento da campanha de Cavaco, no Pavilhão Atlântico, foi elucidativo da ideia que ele tem para o nosso país:
  • Na pista, transformada em restaurante de luxo, a gente da alta , vestida a rigor, para assistir à gala.
  • Nas bancadas, a plebe, para aplaudir o "salvador da pátria".
É este o Portugal "maior" de Cavaco. Afinal, um Portugal só para alguns!

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Adeus até ao meu regresso!

Vou-me embora. Vou p'ró Atlântico. O Pavilhão, claro. Hoje é "sempre a abrir". O meu heterónimo vai lá cantar para o futuro presidente. E eu, incorrigível utópico, sempre na margem Esquerda, livre e independente, quem mais poderia apoiar?
Não, por mim Cavaco não vai para Belém (quando muito pode ir p'ra Boliqueime…): não votarei nele (cruzes!) nem desperdiçarei o meu voto na abstenção ou no voto branco! Se ele fôr eleito (o que nem quero imaginar!) não terei culpa! Por isso, nunca o reconhecerei como meu presidente!…

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Já só faltam 3,3 por cento!…

De acordo com a sondagem diária da Marktest, ontem eram estas as intenções de voto:

E hoje a alegria continua.
Primeiro, porque o candidato da Direita espalhou-se novamente: regista agora 53,2 por cento e nunca esteve tão perto de ter de ir à segunda volta!
Depois, porque todos os "nossos" candidatos subiram, à excepção de Louçã, que sofreu uma ligeira descida.
E finalmente, porque Alegre é cada vez mais o candidato da Esquerda que, na segunda volta, irá defrontar e derrotar o responsável por um dos períodos mais tristes da nossa história recente.
É preciso acreditar! Não podemos morrer na praia! Aguenta coração!…

Contra natura

Cavaco Silva, apoiado pelo PPD/PSD e pelo CDS/PP, é o candidato da Direita dos interesses instalados. A apoiá-lo, encontram-se, naturalmente, alguns dos mais poderosos banqueiros e empresários portugueses, como se pode verificar na sua comissão de honra.
No entanto, ao examinar-se as intenções de voto em Cavaco, por classes sociais, na sondagem da Marktest, constata-se esta coisa absolutamente contra natura: enquanto na classe Média elas atingem "apenas" 51,4 por cento e mesmo na classe Alta/Média Alta, só 52,2, na classe Média Baixa/Baixa chegam aos 57,3 por cento! Ou seja, o povo — que, como diz a "Grândola" — é quem mais ordena, às vezes ordena mal: aguentou 48 anos de ditadura (quem cala consente!), aprovou 10 anos de "el dorado" cavaquista e, como parece não ter emenda e continua a preferir ver telenovelas em vez de ler e informar-se, dá ideia que volta a sonhar com o regresso de um salvador da pátria!
A iliteracia, o analfabetismo, a reduzida e deficiente escolarização, o défice de cultura, têm consequências graves, como se conclui. Espero que desta vez, apesar de tudo, nos poucos dias que faltam para o veredicto popular, ainda se faça luz na cabeça de muita gente. Continua aberta a "caça" aos indecisos e abstencionistas. Até ao lavar dos cestos é vindima! Traz outro amigo também ou, melhor ainda, venham mais cinco!
Cavaco não, obrigado!

terça-feira, janeiro 17, 2006

Orgasmo ou ejaculação precoce?…

Tendo antecipadamente pedido desculpa pelo vernáculo, aos mais sensíveis, o meu amigo PM enviou-me este excerto da apreciação feita por um conhecido comentador político, cujo nome não referiu, sobre a ampanha eleitoral:

"Assim, esta campanha eleitoral assumiu um cariz particularmente erótico: são cinco contra um a apertá-lo, esfregá-lo, espremê-lo e sacudi-lo com afinco, e ele a ficar cada vez mais firme, mais hirto, mais teso.
Com esta inusitada estratégia da punheta, a mãozinha da esquerda parece empenhada em proporcionar ao Professor, candidato da dita direita, o maior orgasmo eleitoral da nossa jovem Democracia".

Caro PM, o vernáculo, a mim, nunca me susceptibiliza!
Agora, descontando o carácter provocatório da "piada" — a ideologia está presente em tudo, de forma expressa ou subliminar — o que me preocupa é que os tugas, tão devotos que são da Senhora de Fátima, se aprestem agora a trocá-la por um pretenso "santo milagreiro" em Belém!
Apesar de tudo, e fazendo fé na sondagem diária da Marktest, que ontem já só (ou ainda, dependendo do ponto de vista) lhe atribuía 54,6% de intenções de voto (quando há uma semana começou com mais de 60%!), ainda acredito que o candidato da Direita, em vez do "maior orgasmo eleitoral da nossa jovem — e, por vezes, ingénua, acrescento eu — Democracia", venha a ter uma simples ejaculação precoce e desista de vez da obsessão de querer ser um presidente-treinador!
É que, se quiséssemos um treinador na presidência, o eleito só poderia ser José Mourinho!
Enfim, já que a Senhora de Fátima nos livrou do comunismo, não se esqueça agora de nos livrar da ressurreição do cavaquismo! Pôrra, dez anos de desastre já foram demais!
PN-AM.

Milagres só em Fátima!

Na sondagem diária, Manuel Alegre registou, desta vez, uma baixa, alcançando agora 18,4 por cento das intenções de voto dos eleitores, enquanto Mário Soares, que subiu, situa-se agora nos 13,2 por cento. Enfim, não é grave.

Boa é a notícia de mais uma queda de quase dois pontos percentuais do candidato da Direita, que se situa agora nos 54,6 por cento.
Ainda é preocupante mas parece que os portugueses, que sempre foram fiéis devotos da Senhora de Fátima, começam a dar indícios de que não precisam de nenhum santo milagreiro em Belém. Espero bem que sim, e o mais rapidamente possível, que já não há muito tempo. E já agora, que Nossa Senhora os ilumine, que bem enganados têm andado!

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Palavra de Presidente!

"Em nome de nenhuma eficácia, em nome de nenhuma gestão empresarial, não permitirei que se destrua o preceito constitucional do Serviço Nacional de Saúde e do sistema de Segurança Social."
Manuel Alegre, em Faro

Se está indeciso…

Lembre-se que voto branco ou voto nulo não servem para nada, nesta eleição.

Em caso de dúvida faça pim-pam-pum!


via Cavaco Fora de Belém

Contagem final

O nosso candidato-poeta é o que mais sobe nas sondagens. Alegremente.
O candidato do PPD/PSD e do CDS/PP caiu 5 por cento, mas não chega. E agora, que, ao que parece, a voz começa a faltar-lhe, vai certamente abrir menos vezes a boca e dizer menos asneiras. Bom para ele, mau para nós. Será?…

O problema

O problema não é o discurso demagógico do candidato da Direita.
O grande e decisivo problema é ainda haverem 56 por cento de papalvos que se deixam levar na "cantiga" de tal abantesma! E ele já mostrou que, para caçar votos, é capaz de cantar tudo, até a "Grândola, Vila Morena"…
Desgraça, será que a amnésia atacou tão forte em Portugal?…

Demagogia salazarista

O candidato apoiado pelos dois partidos da direita, PSD e CDS, afirma que também vem do povo e sabe "o que é trabalhar para subir na vida".
Verdadeiramente preocupante é que este discurso ainda possa resultar! Parece que o salazarismo ainda não está definitivamente morto e enterrado!…

Presidente do Chile: mulher e socialista!

Trinta e três anos após o golpe militar de extrema-direita do general Augusto Pinochet, que derrubou o governo legítimo do Presidente socialista Salvador Allende, extinguindo o regime democrático chileno e mergulhando o país num terrível banho de sangue, o Chile, recuperada a democracia, elege agora, pela primeira vez na sua história, uma mulher para a presidência. Michelle Bachelet, também ela médica e socialista, como Allende. Também ela empenhada, certamente, num Chile mais desenvolvido mas, ao mesmo tempo, mais justo e solidário.
Só espero que, desta vez, nenhum general golpista e assassino se lhe atravesse no caminho. Apesar do carrasco Pinochet, até hoje, nunca ter sido julgado e condenado pelos milhares de compatriotas mortos e desaparecidos por que foi responsável.

domingo, janeiro 15, 2006

Será o Boris Karloff?…

O meu dilecto amigo MF, referindo-se a estas "lindas" fotos que lhe enviei, garantiu-me que estou enganado, que não se trata do candidato da Direita à Presidência da República, mas sim do Boris Karloff a fazer de Gengis Draculão!....
Tem piada, mas receio bem que, em vez de um passageiro filme de terror, isto venha a transformar-se num longo e verdadeiro pesadelo se, até ao próximo dia 22, cinquenta e seis por cento dos eleitores não se libertarem da amnésia de que estão possuídos!

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Ainda é cedo mas…

Se isto continuar assim… é uma "Alegria"!…

Socialismo e solidariedade

Para os pobres do seu país, que constituem a imensa maioria da população, este homem é um herói. Desde a sua primeira eleição, em 1998, gastou já milhões de dólares sem conta no desenvolvimento de programas de bem-estar social, levando hospitais e escolas aonde antes nada havia.
É socialista, afirma-se cristão e, para ele, a solidariedade não é uma palavra sem sentido. Apesar de Bush o considerar um "perigoso demagogo", não confunde o povo americano com o Presidente dos EUA e, por isso mesmo, está a fornecer petróleo para aquecimento durante este inverno, a milhares de famílias pobres do Estado de Massachusetts, a quase metade do preço de mercado!

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Tenham medo!...

Por vós, mas acima de tudo pelos vossos filhos, tenham muito medo!




























Cortesia The great portuguese disaster 1985-1995

O regresso à escravatura

Num dia, um afirmou que a sustentabilidade da Segurança Social está comprometida e que daqui a dez anos não haverá dinheiro para pagar reformas. No dia seguinte, o outro esclareceu que, afinal, existem condições para vencer as dificuldades desde que sejam tomadas as medidas adequadas.
Por incrível que pareça, ambos são ministros do mesmo governo!

Com terrorismo verbal e chantagem psicológica deste tipo, a idade de reforma aos 65 anos deixa de ter discussão e, por este andar, seguindo o "bom" exemplo da Alemanha, facilmente haverão de subi-la para os 68. Ou, quem sabe?, acabar com o problema obrigando-nos simplesmente a trabalhar até cairmos de vez!
Com a selvajaria neo-liberal e a destruição do Estado-providência, o regresso à escravatura nunca esteve tão iminente!

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Agora é a sério!

Mário Soares afirma-se preparado para tudo, porque acha que cumpriu o seu dever nesta campanha. E confessa que se perder a culpa será sua. Ou seja, ao terceiro dia da liça, fez haraquiri. Admitiu a derrota. Acabou.
Mais do que nunca, resta-nos Manuel Alegre! Vamos levá-lo à segunda volta!… Porque, a partir de agora, o combate é entre a Esquerda dos valores e dos direitos sociais e a Direita dos interesses instalados, a Esquerda da democracia e da liberdade e a Direita da coacção e do medo!
Só assim conseguiremos eleger um Presidente "Alegre"!… Em nome de Abril, do futuro, da esperança num Portugal mais justo e fraterno!…

terça-feira, janeiro 10, 2006

Eu estive lá!

Eu estive lá! Porque acredito na Esquerda dos valores e sou um cidadão livre e independente!

Eu estive lá! E cantei a Utopia, porque acredito na “cidade sem muros nem ameias”, com “gente igual por dentro, gente igual por fora”.

Eu estive lá! E cantei a Chula da Liberdade, para Manuel Alegre, com as palavras que só ele poderia ter escrito:
"Eu sou livre como as aves
e passo a vida a cantar
coração que nasceu livre
não se pode acorrentar."

domingo, janeiro 08, 2006

Vamos à pesca no cardume dos indecisos: a vitória é possível!

"A vantagem de Cavaco em “preferências” na abertura da campanha, é um bom sinal de tónico de vitalização para a esquerda. E talvez a esquerda até mereça e necessite deste abanão de, pela primeira vez, estar perante o alarme de um cenário em que a direita possa fazer uso e abuso de sinergia do poder em Belém e em São Bento.

E os 60% de Cavaco nas sondagens podem ser revertidos em factores favoráveis à esquerda. Por um lado, pode adormecer os ímpetos de empenho mobilizador da direita, contando com a vitória como favas contadas. Segundo, abanar as tendências abstencionistas na esquerda e no centro não cavaquista.

Há um número considerável de votos não decididos ou relutantes que se podem (e devem) ganhar. São eles que podem permitir a segunda volta. O pior que a esquerda poderia fazer seria tentar pescar (à linha ou com arpão) nos votos já decididos, à esquerda, ao centro ou à direita (falo, claro, da primeira volta). Esses implicam consumo de energia que fazem maior estrago que proveito, além de passarem a imagem derrotista de que o mais importante é o lugar (inútil) no podium dos vencidos. Cada fatia eleitoral ganha por qualquer um dos quatro candidatos da esquerda entre os eleitores dispostos ao “branco” ou á abstenção, unicamente esses, podem fazer a diferença e recriar a realidade eleitoral em que Cavaco navega." (João Tunes, in Água Lisa)

Saudação de Manuel Alegre



[012/2006]
Vamos mudar a vida

sábado, janeiro 07, 2006

Sejamos realistas, exijamos o impossível!

A "sondagem" definitiva é só no dia 22! Até lá temos de fazer tudo — mas tudo mesmo — para evitar o suicídio colectivo que seria a vitória e o regresso do responsável pela delapidação vergonhosa de milhões de euros de fundos comunitários, do responsável moral pela morte de doentes hemofílicos que utilizaram lotes de sangue importado, contaminado com HIV, do responsável moral por centenas de acidentes mortais devidos à "excelência" do traçado e das condições de "segurança" das suas famosas "auto-estradas" (IP3, IP4, IP5), do "mestre" do cassetete e do bastão (até das balas de borracha) no "diálogo" com os trabalhadores, os estudantes, os utentes da Ponte 25 de Abril (lembram-se?), enfim, do "brilhante" governante que, enquanto os nossos parceiros Espanha e Irlanda descolavam, nos deixou a vegetar na cauda da Europa…



Manuel Alegre está em segundo lugar mas isso de nada serviria se Cavaco vencesse à primeira! Não queremos o "prémio de consolação" de ter mais votos que Soares! Temos é de continuar a sonhar — e convencer os milhares de indecisos — que é possível, que é desejável, que é imperioso, obrigar Cavaco a ir à segunda volta! E depois, livrarmo-nos de vez de el-rei Sebastião e eleger Manuel Alegre Presidente de Portugal!

Como diria o Che, "Sejamos realistas, exijamos o impossível!"

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Votem neles, votem!…

"(…) ninguém pode pedir ideias a Cavaco. Ele é aquilo: homem de boas contas, se calhar até de boas intenções, com vontade de ser califa no lugar do califa sem ser ignóbil. Não é de direita nem de esquerda, é pragmático. Nisso, é quase tão perigoso como Soares. Com uma diferença: as boas ideias de Soares não são dele. Leu-as em qualquer lado ou alguém as soprou ao seu ouvido. De uma forma ou de outra, nunca serão praticadas. Soares sempre teve mais do que fazer do que pôr as boas ideias em prática.


No fundo, nestas eleições, não há um confronto entre direita e esquerda. O caminho para Belém é um tardio ajuste de contas entre Soares e Cavaco. Neles, o Portugal de democracia trintona vê-se ao espelho: não tem uma ideia do que foi ou do que é, nem sabe para onde vai."

(Miguel Carvalho, Visão Online)

Então qual é a alternativa?
Acabar com os mitos sebastianistas e
votar Manuel Alegre!


Cavaco: a Direita pimba

Cavaco não é a direita de Santa Comba nem é a direita catedrática, letrada ou de salão.















Cavaco é a direita de Boliqueime. Um misto de adoração a Nossa Senhora de Fátima, fé no euromilhões, peregrinação ao hipermercado e carro de alta cilindrada pago a prestações a armar em poupança.


Miguel Carvalho, Visão Online

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Coincidências

Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa — salvar a humanidade.



Almada Negreiros (1893-1970)





Até aqui os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo; a partir de agora o que importa é transformá-lo.



Karl Marx (1818-1883)

terça-feira, janeiro 03, 2006

Cavaquinho Alegre




Se o cavaco soares

Rasgando-o com alegria

Diferentes o som, os cantares

Serão como a noite do dia

segunda-feira, janeiro 02, 2006

O professor que "gostava" de ser de Esquerda!

O senhor Professor César das Neves descobriu que afinal sofre de um grave complexo: “desabafa” que gostava de ser de Esquerda, desfazendo-se em elogios aos “dignos e elevados” objectivos desta, mas acaba por confessar aquilo que nós, de Esquerda, já sabíamos: que o senhor professor não é de Esquerda, por razões que, do alto da sua cátedra, e às vezes de forma ruidosa — como se o falar alto lhe desse mais razão — imputa à Esquerda.
E isso, porque discorda dos meios que a Esquerda emprega para atingir aqueles objectivos, o que, no seu douto entender, origina “cinco grandes contradições”.

1. A primeira tem a ver com o pretenso “dogmatismo” da Esquerda e a sua prisão a “conceitos abstractos e modelos arcaicos”. Mas, já que o senhor professor aprecia o pragmatismo, diga-nos lá a que governos e políticas se devem os cerca de 2 milhões de pobres, os mais de 500 mil desempregados, a mais injusta repartição do rendimento nacional e o mais baixo crescimento económico da União Europeia que se verificam neste desgraçado pais? Não me vai dizer que é a governos de Esquerda e muito menos a políticas de Esquerda, ou vai? E uma vez que parecem ser a justiça social e a dignidade humana — que o senhor professor, ironicamente, designa de "direitos adquiridos" e "conquistas inalienáveis" — os empecilhos à competitividade, que tal recorrer ao “modelo chinês”, acabando de vez com quaisquer direitos sociais e sindicais, aumentando o horário de trabalho até aos limites da capacidade humana e reduzindo os salários ao mínimo de subsistência? É que, segundo a doutrina neo-liberal que vossa excelência defende e a sujeição plena à sacrossanta lei da selva, perdão, do mercado, de outra forma não iremos lá!…

2. “Na análise económica”, então, o senhor professor, académico tão conceituado, abusa de “chavões” “esmagadores”, acusando a “intervenção do Estado, toda paga com impostos dos trabalhadores”, de ter “criado e mantido enormes desperdícios e abusos.” No que até estamos de acordo, sobretudo no que se refere aos altos honorários, reformas e mordomias dos gestores das empresas públicas e dos comissários políticos dos sucessivos governos da “alternância” da política de direita.
Uma política verdadeira e consequentemente social-democrata (ou socialista, se quiser), empenhada na criação de riqueza, mas sem nunca esquecer a sua justa repartição, empenhada não no crescimento económico sem regras nem princípios mas sobretudo no desenvolvimento sustentado e acessível a todos, é possível! O Estado-providência é possível, é desejável, existe senhor professor! Veja o exemplo da Noruega: de há cinco anos a esta parte o pais mais desenvolvido do planeta. A Islândia, o segundo! A Suécia, o sexto!
Mas o senhor professor sabe (tão bem ou melhor do que este humilde “comentador”, que os EUA, paradigma do modelo neo-liberal que o senhor tanto aprecia, têm de contentar-se com o 10.º lugar, apesar da sua economia registar um apreciável crescimento que não chega para evitar défices monstruosos quer da balança comercial, quer do orçamento. E já agora a China — e por favor não me venha dizer que “aquilo” é Esquerda! — com o seu ultra-liberalismo-vale-tudo, apesar de “ameaçar” ser a primeira potência económica do séc. XXI, no seu 85.º lugar, está muito longe de ser — e por este caminho acho que nunca será — um pais desenvolvido e socialmente justo. E muito menos democrático.

3. A Esquerda é internacionalista e não é por referir a experiência mal sucedida do “socialismo num só país" de Estaline (que derrotou a tese da “revolução permanente” de Trotsky) ou os equívocos da Revolução Cultural maoista, que vai provar o contrário. De resto, lamento dizer que o senhor mente — o que não é bonito — quando afirma que a Esquerda “virou proteccionista numa luta míope e retrógrada contra a globalização”. A Esquerda defende é outro conceito de globalização, que não exclua os países do 3.º Mundo das vantagens do comércio internacional e do desenvolvimento, como o Fórum Social Mundial tem vindo a demonstrar. Claro que o senhor defende uma “globalização” sem regras porque acha que os consumidores assim terão produtos mais baratos. Esquece é que, no limite, sem empresas, sem postos de trabalho, sem salários, as famílias consomem o quê?

4. Na alegada luta da Esquerda contra a família, aqui é que — perdoe-me a frontalidade — revela a sua tacanhez de espírito. Vejamos.
Legalização do aborto, quando se é rica o suficiente, para se ir comodamente a Barcelona ou a Londres fazê-lo nas melhores condições clínicas e sem ser incriminada, para quê? A imensa maioria das mulheres, que não tem meios para recorrer a esse “luxo”, pois que se desenrasque e vá parar à barra do tribunal…
A eutanásia é apenas uma questão muito triste. Triste demais para se falar dela em duas palavras. Em todo o caso lembro-lhe apenas que nem todos somos crentes em Deus e por isso, pondo de lado a Religião e a Moral, cada um é dono do seu destino.
Quanto à prostituição já aqui disse o que penso: é preferível legislar, regulamentar, proteger, educar, em vez de assobiar para o lado e deixar que as coisas aconteçam por aí em qualquer lado e de qualquer forma.
E quanto aos casais de homossexuais, só temos certeza de uma coisa: não podem gerar filhos, tem toda a razão, mas não me venha dizer que, adoptando-os, não podem educá-los tão bem ou melhor que os casais heterossexuais e constituir famílias tão ou mais felizes. É tudo uma questão de amor, percebe senhor professor?

5. Para reforçar a sua tese podia ter acrescentado a célebre frase de Marx “a religião é o ópio do povo” mas, toldado por uma “irritação espúria” contra a Esquerda, esqueceu-a, provavelmente admitindo que nela haverá um fundo de verdade, se, como interpreto — e é legítimo fazê-lo — Marx se estava a referir à hierarquia da Igreja, que, como a História comprova, quase sempre esteve do lado dos mais fortes. O Papa João XXIII (o papa socialista) é a excepção à regra. E bispos “de Esquerda”, em Portugal, lembro-me apenas de D. António Ferreira Gomes e D. Manuel Martins, no Brasil, D. Hélder Câmara, e em El Salvador, D. Óscar Romero, exemplo na luta em defesa dos direitos humanos, assassinado com um tiro no peito, durante uma celebração eucarística, por um esquadrão da morte ultradireitista e que viria a perder o direito de canonização de Roma para Escrivá Balaguer, fundador da Opus Dei, uma organização secreta à Igreja Católica, de ultradireita.
Isto demonstra o quê? Que alem da instituição “Igreja” há também outra igreja que luta pelos pobres, defende os pobres, morre, se for preciso, pelos pobres.

Senhor professor César das Neves, não proclame a Esquerda e os seus valores de forma adúltera e leviana.
E sobretudo, como académico e articulista que, seguramente, é pago — e provavelmente bem — para escrever, faça-o com a devida fundamentação e evite as frases feitas. A bem da seriedade intelectual. Ainda que o senhor não seja de Esquerda!

domingo, janeiro 01, 2006

Queremos um Futuro feliz e urgente!

Pronto, 2005 já é passado.
Já recebemos 2006 com a nossa esperançosa taça de espumante e as doze passas dos nossos veementes desejos.


Mas o presente não será melhor que o passado, se não lutarmos pelo futuro, feliz e urgente, a que todos, sem excepção, temos direito.