sábado, maio 29, 2010

Negócios para os amigos

Nos tempos do salazarismo, os grandes grupos económicos tinham o apoio declarado e expresso do Estado que, para o efeito, aprovou em 1931, a chamada Lei do Condicionamento Industrial, a qual fazia depender a criação e instalação de novas empresas da autorização do governo.
Hoje, além dos milhares de 'jobs' que distribui pelos seus 'boys', à margem da lei, o governo viola as mais elementares regras do mercado e da concorrência, atribuindo arbitrariamente contratos aos empresários amigos, como aconteceu com a escolha da empresa JP Sá Couto, para entrega do computador Magalhães, em regime de monopólio.
Em muito aspectos — infelizmente demasiados — as diferenças entre Sócrates e Salazar não são assim tantas.

Quanto mais lhe batem…

Segundo o barómetro de Maio da Marktest, o PSD surge à frente nas intenções de votos dos portugueses. Se as eleições fossem por estes dias, os laranjas conseguiriam 43,9 por cento dos votos contra 27,6 por cento do PS.
Bem sei que as sondagens valem o que valem, muitas vezes são feitas com o objectivo de condicionar os eleitores e a Marktest trata geralmente bem o PSD. Mas também não se pode ignorar completamente estes resultados que apenas confirmam a tendência da maioria dos portugueses para darem o poder aos partidos que há 35 anos os têm arruinado
Nada a fazer, qual deficiente que, numa sala onde existem diversas tomadas, continua sempre a meter o dedo nas mesmas duas que dão choque, assim é a maioria dos portugueses: quanto mais lhe batem mais gosta!

Jantar à luz da vela

Enquanto António Mexia, CEO da EDP — que ganha mais que Steve Balmer, presidente da Microsoft, ou Steve Jobs, presidente e fundador da Apple — nos vai mexendo nos bolsos e embolsando milhões de euros em salários e bónus, ao contrário da União Europeia, nós vamos pagando a electricidade cada vez mais cara. Românticos e saudosistas como somos, qualquer dia ainda vamos jantar à luz da vela ou da candeia.

quinta-feira, maio 27, 2010

Os vampiros

Os vampiros não nos largam.
Se não lhes derem para trás, estamos desgraçados.

Se não há Máfia em Portugal, parece!

Segundo a Transparency International, em 2004, Portugal ocupava o 27º lugar na classificação do Índice de Percepção da Corrupção, com 6.3 numa escala de 0-10. Em 2009, após cinco anos de 'governação' Sócrates, com Face Oculta, SLN, BPP e outras jogadas à mistura, caímos obviamente para o 35º lugar, com apenas 5.8.
O que me admira é que, apesar de a Espanha (32º lugar, com 6.1) estar um pouco melhor classificada que nós, nesta matéria, haja indícios da presença da Máfia por lá, mas não em Portugal.
Quando os mafiosos descobrirem que isto aqui é um paraíso para a corrupção, estamos tramados. Ou talvez não. Provavelmente já devem ter descoberto que os corruptos tugas ainda são piores do que eles.

E por que nao acabar com o Parlamento?

Uma petição pública que recolheu cerca de 40 mil assinaturas defende a redução do número de deputados à Assembleia da República de 230 para 180 com o argumento da contribuição para a redução das despesas públicas.
Esta gentinha que, provavelmente, nunca terá votado outra coisa que não seja PS ou PSD — os grandes responsáveis pelo caos em que hoje tentamos desesperadamente sobreviver — podia exigir a redução das despesas de funcionamento da Assembleia, do financiamento dos partidos, dos grupos parlamentares e das campanhas eleitorais, dos subsídios e reformas dos deputados, mas não. Em vez disso, defende a proposta fácil e demagógica que, inevitavelmente, levaria à quase extinção dos partidos mais pequenos, ao fim e ao cabo, os que mais têm lutado contra a política de desastre nacional do centrão (PS-PSD/ CDS) que nos tem arruinado. Por este andar, num país propenso ao sebastianismo e ao saudosismo e onde já suportámos uma ditadura de 48 anos, não me admiraria que um dia destes ainda surgisse uma petição a pedir a extinção do Parlamento!…

segunda-feira, maio 24, 2010

A nave dos loucos

Bem sei que há estudos que valem o que valem e, às vezes, valem muito pouco. Mas se isto for verdade e se tudo correr 'normalmente', o que, por cá, raramente acontece, a dívida pública portuguesa só regressará aos 60% do PIB em 2037!!! Pior do que nós, estranhamente, só o Japão e, não tão estranhamente, a Itália. A Espanha, nossa companheira no calvário da crise, dará a volta por cima bem mais cedo — 2019. Mas, para isso, o governo espanhol vai adiar, pelo menos por um ano e meio, diversas obras incluindo as linhas do TGV. Por cá, o bando de criminosos que está no poleiro, continua a chupar-nos o tutano e a conduzir 'alegremente' esta nave de loucos rumo ao abismo. Talvez fosse tempo de acordarmos, se ainda é tempo!…

sexta-feira, maio 21, 2010

Os vampiros e a manada

Em Espanha, devido à grave crise que o país atravessa e à crescente dívida pública, o governo denunciou diversos contratos e suspendeu grande parte das obras públicas, TGV incluído.
Por cá, depois de ter enterrado milhões na Banca sem qualquer retorno visível e pouco ou nada ter feito para salvar dezenas de empresas e milhares de postos de trabalho, o 'governo' continua a insistir em levar por diante obras públicas verdadeiramente suicidárias, apesar da dívida colossal que enfrentamos. Para isso, ao mesmo tempo que aplaude os bónus e mordomias de gestores e altos dirigentes, vai-nos esmifrar com um brutal agravamento dos impostos.
Não há dúvida, os vampiros continuam aí a chupar o sangue fresco da manada. Lamentável é que ela se lhes ponha a jeito. Se cá estivesse — que falta ele faz! — o Zeca não iria gostar disso.

BZZZZZZZZZ!

Em plena crise, o PS mantém-se estável nas intenções de voto e o PSD sai beneficiado do acordo com o Governo, subindo os dois partidos nas sondagens. Ao invés, na franja do espectro partidário, o CDS consolida a terceira posição mas baixa, e a CDU mantém uma pequena vantagem sobre o BE, mas verifica-se uma descida de ambos.

Enfim, perante estes resultados, começo a ficar cansado de levar isto a sério. É por isso que não resisto a deixar-vos aqui uma 'anedota' que 'piquei' numa caixa de comentários…



O povo português (ou antes, a imensa maioria dele) assemelha-se a um deficiente mental que, encontrando-se só numa sala onde tem várias tomadas à disposição, passa a vida a meter os dedos apenas em duas delas...

- Deixa ver o que acontece se meter o dedo nesta tomada... BZZZZZZZZZ!

Passados uns instantes...

- Deixa ver o que acontece se meter o dedo na tomada ao lado da anterior... BZZZZZZZZZ!

Mais uns minutos...

- O que acontecerá se voltar a enfiar o dedo na primeira tomada? BZZZZZZZZZ!

- E agora, novamente na que está ao lado? BZZZZZZZZZ!

Mais uns minutos e...

- Será que apanho um choque se meter o dedo novamente na tomada cor-de-rosa? BZZZZZZZZZ!

- Será que a tomada cor-de-laranja também dá choque? BZZZZZZZZZ!

- Deixa experimentar tudo de novo... Acho que ainda não me fartei de apanhar choques...

BZZZZZZZZZZZZZ

BZZZZZZZZZZZZZ

BZZZZZZZZZZZZZ

BZZZZZZZZZZZZZ

BZZZZZZZZZZZZZ

BZZZZZZZZZZZZZ

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Como atrás disse, isto é uma anedota. Mas, curiosamente, não me dá grande vontade de rir!
(Vá lá, para ser sincero, ri-me um bocadinho… ihihihih…)

quinta-feira, maio 20, 2010

Afinal, a malta trabalha!

Portugueses e gregos trabalham tanto ou mais que a média dos trabalhadores dos países da OCDE.


Como observa Miguel Portas, as diferenças moram na produtividade, não na preguiça. Só que aquela é o resultado de múltiplos e diversos factores.
Assim, há uma questão que, inevitavelmente, se deve colocar: por que razão os trabalhadores portugueses, apesar das suas (geralmente) inferiores qualificações profissionais, quando emigram, se batem de igual para igual com os seus colegas e apenas por cá são menos produtivos? Não será um problema de deficiente gestão de recursos humanos? Não será um problema de má gestão empresarial de uma classe de empresários com um nível médio de habilitações inferior ao dos trabalhadores?
Não há dúvida… Há é um ambiente e algumas pessoas em lugares chave que conseguem transformar em mau aquilo que poderia ser bom. Talvez fosse tempo de deixarem de ver nos trabalhadores os bodes expiatórios do pecado do nosso atraso secular. O caminho para o nosso difícil desenvolvimento passa por essa atitude.

quarta-feira, maio 19, 2010

Gente sem vergonha!

Jorge Coelho, antigo ministro e dirigente 'socialista', que uma vez advertiu que 'quem se mete com o PS, leva' — ele lá sabia por quê —, afirma agora 'Não tenho mais nada a fazer na política'. E eu acredito piamente que não. Quem, em 2009, como administrador executivo do Grupo Mota-Engil, embolsou a módica quantia de 702 758 euros, não estará obviamente interessado em receber dez vezes menos para 'aturar' os 'chatos' dos eleitores e da oposição. De resto, como se vê, para esta 'gente', a política não é um serviço público, como gostam de apregoar, mas um trampolim para mais altos e rendosos voos.
Se ainda lhes restasse um pingo de vergonha e de escrúpulos, ao menos, ficavam calados. Mas, nem isso.

Acabem com a "mama"!

No sistema capitalista, é perfeitamente justificável a obtenção de lucros através do investimento em acções.
O que é de todo inaceitável e ruinoso para o sistema é comprar agora e vender a seguir para se obter mais-valias sem qualquer justificação na economia real.
Acho bem que acabem com esta 'mama'. Enquanto é tempo!

O fascismo financeiro

O fascismo financeiro

Há doze anos publiquei um pequeno texto (Reinventar a Democracia) que, pela sua extrema actualidade, não resisto à tentação de evocar aqui. […] Identificava então cinco formas de sociabilidade fascista, uma das quais era o fascismo financeiro.
[…]
A virulência do fascismo financeiro reside em que ele, sendo de todos o mais internacional, está a servir de modelo a instituições de regulação global crescentemente importantes apesar de pouco conhecidas do público. Entre elas, as empresas de rating, as empresas internacionalmente acreditadas para avaliar a situação financeira dos Estados e os consequentes riscos e oportunidades que eles oferecem aos investidores internacionais. As notas atribuídas - que vão de AAA a D - são determinantes para as condições em que um país ou uma empresa de um país pode aceder ao crédito internacional. Quanto mais alta a nota, melhores as condições. Estas empresas têm um poder extraordinário. Segundo o colunista do New York Times, Thomas Friedman, «o mundo do pós-guerra fria tem duas superpotências, os EUA e a agência Moody's». Moody's é - uma dessas agências de rating, ao lado da Standard and Poor's e Fitch Investors Services. Friedman justifica a sua afirmação acrescentando que «se é verdade que os EUA podem aniquilar um inimigo utilizando o seu arsenal militar, a agência de qualificação financeira Moody's tem poder para estrangular financeiramente um país, atribuindo-lhe uma má nota».
[…]
Num momento em que os devedores públicos e privados entram numa batalha mundial para atrair capitais, uma má nota pode significar o colapso financeiro do país. Os critérios adoptados pelas empresas de rating são em grande medida arbitrários, reforçam as desigualdades no sistema mundial e dão origem a efeitos perversos: o simples rumor de uma próxima desqualificação pode provocar enorme convulsão no mercado de valores de um país. O poder discricionário destas empresas é tanto maior quanto lhes assiste a prerrogativa de atribuírem qualificações não solicitadas pelos países ou devedores visados. A virulência do fascismo financeiro reside no seu potencial de destruição, na sua capacidade para lançar no abismo da exclusão países pobres inteiros.

Escrevia isto a pensar nos países do chamado Terceiro Mundo. Não podia imaginar que o fosse recuperar a pensar em países da União Europeia.

Boaventura Sousa Santos

"Nobre" povo

"O povo que é louco pela vacuidade de Tony Carreira, enche a Cova da Iria a implorar milagres e vota naqueles que, alternadamente, lhe sugam o sangue e comem a carne, é o mesmo.
Este jardim à beira-mar plantado merecia melhor gente. Um povo verdadeiramente mais nobre. E, sobretudo, mais inteligente.
(Desculpem se ofendi alguém… Às vezes, esgota-se-me a paciência para aturar tamanha estupidez!)"

O cadáver

Não é só na área do euro que os investidores podem ter más surpresas. A possibilidade de se verificarem problemas noutros países é enorme. A volatilidade nos mercados da dívida pública vai manter-se elevada e os riscos continuam presentes. Japão, Irlanda, Reino Unido, Espanha, Estados Unidos e, em menor medida, a França são os países desenvolvidos que enfrentam os maiores desafios de consolidação orçamental no médio prazo.
Não estou a ser alarmista. É a agência de notação financeira Fitch que o afirma.
Eu limito-me a concluir, angustiado, que este sistema económico e financeiro está putrefacto. Mas, enquanto uma minoria de criminosos sem escrúpulos continua a alimentar-se do seu cadáver, os (ir)responsáveis recusam-se a admitir esta crua e perigosa realidade. Um dia destes, quando caírem na real, pode já ser tarde!

Para onde caminhamos?

A bolsa de Lisboa conseguiu escapar à onda negativa que varreu a maior parte dos mercados europeus, num dia em que o euro bateu o valor mais baixo dos últimos quatro anos.
Apesar disso, não sei se hei-de rir se hei-de chorar…
É que, lá por fora, as principais praças europeias cederam aos receios com a recuperação económica. E nos EUA, os receios económicos são também o principal factor a ensombrar as negociações.
Repito o que há muito disse:
O capitalismo, tal como o conhecemos, está moribundo. A sua implosão é apenas uma questão de tempo. Enquanto isso, limitamo-nos a viver placidamente o dia-a-dia como se nada de anormal se estivesse a passar. Mas há uma pergunta que urgente e inevitavelmente nos temos de fazer: por este caminho, que Futuro para os nossos filhos e para os nossos netos???

quarta-feira, maio 05, 2010

Com a faca nas costas

Em vez de incentivar e aproveitar a aplicação da poupança interna em certificados de aforro e títulos do tesouro, Portugal preferiu pôr-se a jeito das agências internacionais de ‘rating’ e contrair o crédito no exterior, assistindo agora, de dia para dia, ao aumento dramático do risco de incumprimento da sua dívida.
Ao contrário, em vez de recorrer aos mercados internacionais para encaixar dois mil milhões de dólares com a venda de obrigações, Angola vai tentar obter esse montante no mercado doméstico, onde os estrangeiros poderão participar .



Se todos fizéssemos como os angolanos e mandássemos as criminosas e irresponsáveis agências de rating privadas à m**da ou se as instituições públicas internacionais criassem agências de rating sob o seu controlo, não estaríamos agora com a faca nas costas. Mas, para isso, seriam precisas coragem e vontade políticas que, de um modo geral, os governos não têm. Preferem ajoelhar-se perante a voragem insaciável dos banqueiros e dos especuladores. E depois nós é que pagamos as favas.

Que bom que é, Os Sobreviventes, Sérgio Godinho

sábado, maio 01, 2010

Carneiros. Até quando?

1º DE MAIO - DIA DO TRABALHADOR

Desde 1936 até aos nossos dias, no essencial, o que é que verdadeiramente mudou???… NADA. Continuamos a ser tratados como carneiros!

Charles Chaplin - Modern Times (Tempos Modernos)