domingo, maio 31, 2009

Cassetes

"Os sindicatos não devem ser correias de transmissão de nenhum partido político." (José Sócrates)

Com excepção do nosso, não senhor ingenheiro Primeiro-ministro?… 
A propósito, se a UGT foi fundada, em 1978, pelo P"S", pelo P"SD" e pelo C"DS" tem, pelo menos três correias de transmissão?!… É obra!


"Os professores têm o direito de manifestar a sua insatisfação." (Maria de Lurdes Rodrigues)

Obrigado Maria. Conhecemos bem a Constituição: Artigo 45.º.


Professores não votam P"S"!

Depois da forma como o governo maltratou e humilhou a classe docente e da total indisponibilidade que sempre revelou para negociar seriamente com os seus sindicatos, com o desgaste e o desalento que tudo isso causou, era previsível que a manifestação de ontem dificilmente poderia igualar, em número de participantes, as de 8 de Março e 8 de Novembro de 2008.


Ficou definitivamente claro que agora só há mesmo uma saída: chumbar este governo e a sua arrogante maioria, e restabelecer o diálogo social. Só assim a paz regressará à Escola Pública e se reencontrará o caminho da Educação.
Já falta pouco. A primeira prova é já nas europeias. E daqui a três meses será o exame final das legislativas.
Nenhum professor, com o que lhe reste de memória e de respeito próprio, votará P"S"!

sábado, maio 30, 2009

O mestre da provocação e da demagogia

Julgava eu que o demagogo-mor do reino era Santana Lopes. Enganei-me. A campanha para as europeias tem mostrado até à saciedade que Vital o ultrapassa largamente, não apenas em demagogia, mas também na arte da provocação.
Assim sucedeu no 1.º de Maio quando, adoptando uma estratégia de vitimização, preferiu provocar os manifestantes da CGTP com a sua indesejada presença , em vez de, como seria natural, ir juntar-se aos correlegionários da UGT. Daí para cá tem sido um festival de aparentes  contradições com Sócrates (e a sua canina maioria) que mais não visa senão a sua mediatização.
Com o desenrolar da campanha eleitoral para as europeias, a sua obsessão pela caça ao voto e pelos holofotes da comunicação social é de tal ordem que não hesita agora em colar o P"SD" à "roubalheira" do BPN.
Embora o P"SD", quando foi governo, nada tenha propriamente feito para combater a corrupção,  a verdade é que nos últimos quatros anos de governo-Sócrates ela tem vindo a aumentar. 
Por outro lado, ainda que os "crimes" do BPN tenham envolvido "figuras gradas do PDS", com excepção de Dias Loureiro, nenhuma exercia funções políticas. De resto, a "roubalheira" só terá sido possível com a passividade e negligência do Banco de Portugal, governado desde 2000 por uma figura grada (e escandalosamente bem paga) do P"S", que goza obviamente da confiança política do Ministro das Finanças e do Primeiro-ministro.
E poderíamos ainda lembrar a forma abusiva como P"S" (e P"SD") se têm apoderado dos conselhos de administração das empresas do Estado e o alegado e não esclarecido envolvimento de Sócrates no estranho licenciamento do Freeport (e noutras minudências).
Sem falar nas Memórias de um PS desconhecido, do tempo do patriarca Soares.
Enfim, em matéria de ética política, o P"SD" tem muitas telhas de vidro, mas o P"S", infelizmente, não lhe fica atrás — desgraças do centrão que se tem vindo a governar à nossa custa! 

quinta-feira, maio 28, 2009

O partido camaleão

Este P"S" é um partido camaleão: Vital diz "sim", Sócrates diz "não".
Assim, de memória, três contradições entre as criaturas…
Primeiro, Vital declarou não apoiar a recandidatura de Barroso à presidência da Comissão Europeia, ao contrário de Sócrates que, desde a primeira hora, manifestou o apoio à continuação do mordomo da Cimeira da Guerra em Bruxelas. Porreiro, pá!
Depois, sobre o caso Lopes da Mota, o professor afirmou que, se estivesse no lugar do procurador, demitir-se-ia, enquanto a carneirada maioria "socialista" tudo tem feito para que Lopes da Mota nem sequer seja ouvido pela Assembleia da República e o Primeiro-ministro e o Ministro da Justiça pretenderam lavar as mãos (como se houvesse sabão que chegasse para tal), atirando a batata quente para o Procurador-Geral da República.
Votar no Partido de Sócrates é passar um cheque em branco. Ficou claro pouco tempo após a sua eleição. A candidatura de Vital veio apenas caricaturar uma realidade que, infelizmente, já conhecíamos: neste P"S", o que num dia é verdade no próximo pode ser mentira; basta apenas que o chefe queira.

quarta-feira, maio 27, 2009

Se todos os pais fossem assim

Da caixa de comentários desta notícia do Público tomei a liberdade de transcrever esta pérola…
"Defendam os vossos interesses e assumam a defesa da Escola Pública. Não dêem ouvidos a gente rancorosa e mal formada, muita se calhar com más memórias do seu desempenho escolar […]. Os piores alunos são sempre os que mais atacam a escola. Força, unam-se!!! Há gente do vosso lado."
27.05.2009 - 09h54 - Cristina, Lx
Se todos os pais fossem assim não haveria governo capaz de maltratar os professores, destruir a Escola Pública e pôr em causa o futuro dos estudantes.

terça-feira, maio 26, 2009

Adeus, Maria!

Com uma Ministra da "Educação" que tudo tem feito para vilipendiar e humilhar a classe docente, desautorizando-a sistematicamente perante alunos e pais, dividindo-a artificialmente em categorias, desvalorizando a sua participação na gestão das escolas com a imposição de um modelo autocrático e submetendo-a a uma palhaçada avaliação de desempenho eivada de ilegalidades, atropelos, remendos e injustiças, dificilmente os professores poderão vencer a guerra sem quartel que, particularmente nos últimos dois anos, lhe foi movida pelo governo de Sócrates.
A descrença, o desânimo, a resignação, têm vindo a instalar-se mas, até ao lavar dos cestos, é vindima.
Quem esteve entre os 25 000, no Rossio, os 100 000, no Terreiro do Paço, e outros tantos, no Marquês, não deixará de estar presente uma última vez. E quem nunca esteve, não deverá perder a derradeira oportunidade de o fazer. Pela defesa da Escola Pública, pela dignificação da profissão docente, por uma política educativa… decente.
No sábado, 30 de Maio, os professores vão dizer o adeus definitivo a Maria — não à Senhora de Fátima, mas à bruxa da 5 de Outubro, o demo em figura de gente. Vade retro, Satanás!
E nas eleições, se tiverem um resto de memória e de respeito próprio, ajustarão contas com Sócrates.

A escola está, hoje, pior

António Barreto
OLHEMOS para as imagens na televisão e nos jornais. Visitemos algumas escolas. Ouçamos os professores. Conversemos com os pais. Falemos com os estudantes. Toda a gente está cansada. A ministra e os dirigentes do ministério também. Os responsáveis governamentais já só têm uma ideia em mente: persistir, mesmo que seja no erro, e esperar sofridamente pelas eleições. Os professores procuram soluções para a desmoralização. Uns pedem a reforma ou tentam mudar de profissão. Outros solicitam transferência para novas escolas, na esperança de que uma mudança qualquer engane a angústia. Há muitos professores para quem o início de um dia de aulas é um momento de pura ansiedade. Foram milhares de horas perdidas em reuniões. Quilómetros de caminho para as manifestações. Dias passados a preencher formulários absurdos. Foram semanas ocupadas a ler directivas e despachos redigidos por déspotas loucos. Pais inquietos, mas sem meios de intervenção, lêem todos os dias notícias sobre as escolas transformadas em terrenos de batalha. Há alunos que ameaçam ou agridem os professores. E há docentes que batem em alunos. Como existem estudantes que gravam ou fotografam as aulas para poderem denunciar o que lá se passa. O ministério fez tudo o que podia para virar a opinião pública contra os professores. Os administradores regionais de educação não distinguem as suas funções das dos informadores. As autarquias deixaram de se preocupar com as escolas dos seus munícipes porque são impotentes: não sabem e não têm meios. Todos estão exaustos. Todos sentem que o ano foi em grande parte perdido. Pior: todos sabem que a escola está, hoje, pior do que há um ano.

Votar no P"S" ou na Direita é a mesma coisa

Vital Moreira afirma que votar no PSD ou no CDS é a mesma coisa. De certa forma, é verdade. Porém, votar no P"S" ou na Direita também não é assim tão diferente.
Na realidade, o P"S" não só foi capaz de governar coligado com o CDS (1978) e com o PSD (1983-1985) como, em trinta anos de alternância governativa com o partido laranja, ajudou decisivamente a fazer de Portugal a desgraça que hoje é: um dos países mais pobres e o mais desigual e injusto da União Europeia.
O PS é um partido com uma matriz ideológica e histórica de Esquerda mas encerra dentro de si uma insanável contradição: só é (ou finge ser?) de Esquerda quando está na oposição; no poder, governa à Direita, com políticas anti-populares e anti-sociais.
Corrigindo o Dr. Vital, portanto, entendo que votar no P"S" ou na Direita é a mesma coisa. Porque, infelizmente, conduz aos mesmos dramáticos resultados. Que os portugueses vêem e sentem na pele.

segunda-feira, maio 25, 2009

Comecem por dar o exemplo

Quaisquer que sejam os objectivos que presidam à realização de testes e ao fabrico de armas, nucleares - guerra, dissuasão, chantagem - tais práticas são de todo inaceitáveis, por constituírem uma séria ameaça à segurança da humanidade.
Porém, enquanto as grandes potências se arrogarem o direito de desenvolver e possuir arsenais nucleares, pouca legitimidade terão, se terão alguma, para impedir os outros de fazer o mesmo. Ainda que os acusem de não serem regimes democráticos (como se os países acusadores o fossem, verdadeiramente). E a Coreia do Norte não o é (nem, tampouco, socialista, do meu ponto de vista).
Se querem acabar com a ameça nuclear comecem por dar exemplo. E depois, se preciso for, intervenham. A humanidade agradecerá. Os norte-coreanos, esfomeados, também.

Aparição da Virgem ao Teixeira

"O ministro das Finanças viu sinais de alívio na economia, com Portugal perto de um ponto de viragem da crise. Em ano de eleições, o ministro inaugurou a luz ao fundo do túnel." (João Paulo Guerra, Diário Económico, 25-5-09, via Público, A Frase)
Ou então, como estamos em Maio, T S deve ter visto Nossa Senhora de Fátima à sombra em cima duma azinheira que já não sabia a idade... oops! onde fui eu buscar o Grândola? na Cova da Iria. Com um túnel tão comprido e uma luz tão ténue, só ela lhe pode alumiar o caminho. Para o olho da rua, espero.

Quando Pinho analisa um processo...

Assessores do secretário de Estado da Indústria garantiram que o Ministério da Economia está a analisar o processo da empresa Platex/IFM, de Tomar.
O Pinho não é aquele rapaz ministro que disse que faria tudo para salvar a Quimonda?
Eu, se fosse aos trabalhadores da Platex, se "ele está a analisar o processo", ficaria de pé atrás...

domingo, maio 24, 2009

Vais levar poucas, vais!…

Com o Vital a jogar em casa e a presença do "grande líder europeu, Sapateiro Zapatero", Pinócrates Sócrates, com todo o jeito que se lhe reconhece para mistificar a realidade, afirmou que fez um grande comício de abertura da campanha.
Só se na foi montagem televisiva porque o facto é que não conseguiu encher o modesto pavilhão.
Porreiro, pá! Vais levar poucas, vais!…

sexta-feira, maio 22, 2009

A negligência compensa

Só os governadores do banco central de Hong Kong e do banco central de Itália são mais bem pagos que Vítor Constâncio. O governador do Banco de Portugal, no cargo desde 2000, recebe cerca de 250 mil euros por ano. Ou seja, quase o dobro dos 140 mil euros que aufere o presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, Ben Bernanke, […] e 18 vezes o rendimento per capita de Portugal […].
A remuneração de Constâncio é, portanto, 39,7 vezes maior que o salário mínimo nacional.
Em qualquer país decente e desenvolvido dificilmente isto aconteceria. Em Portugal, um dos países mais pobres e atrasados da União Europeia e, mais precisamente, aquele onde se verifica a pior distribuição do rendimento, com um banco central cuja actuação na regulação do funcionamento da Banca tem sido verdadeiramente passiva e complacente, como o atestam as fraudes ocorridas no BCP, BPN e BPP, assume foros de vergonhosa imoralidade.
Para ficar de bem com a consciência, se a tem, o governador do Banco de Portugal diz-que-tem-dito "que deveria haver uma redução". O Ministro das Finanças encolhe os ombros como se não fosse o responsável-mor do escândalo.
Em Portugal nem só o crime compensa. Como se vê, a negligência também.

Quem semeia ventos…

… (mais tarde ou mais cedo) colhe tempestades!

Então não é que agora até um simples projecto de requalificação de uma escola de artes, antes mesmo de a obra sequer começar, também tem de ser inaugurado? e logo por três artistas membros do governo? A propaganda eleitoral do P"S" não tem limites.

Os genes pidescos não se extinguiram

Os efeitos colaterais do choque tecnológico aí estão, chocantes: delação e bufaria por via electrónica. Os genes pidescos não se extinguiram em definitivo. Adaptaram-se à sociedade digital.

Afinal ainda há democracia

Afinal ainda há democracia. Mas não é cá. Acredite se quiser.

O país e a justiça que temos

Num país em que a Justiça actuasse de forma expedita, seis meses seria tempo mais do que suficiente para deduzir a acusação de um arguido, por mais "excepcional" que fosse a "complexidade" do processo em questão. De resto, num país assim seria impensável, ao fim de tanto tempo, haver apenas um único arguido (???…) em prisão preventiva, tratando-se, afinal, de um processo excepcionalmente tão complexo.
Mas este é o país e a justiça que temos. Por isso a corrupção grassa como a erva daninha.

O primeiro prémio já tem dono

Sócrates é, indubitavelmente, um especialista em castelos de areia: o Magalhães (também conhecido por Cegalhães), a Avaliação-faz-de-conta, os Diplomas-CNO-para-contagem-estatística, sem esquecer as obras-primas — o TGV e o aeroporto do "Deserto".
Se o Primeiro-ministro concorrer à maior exposição de esculturas em areia do mundo, o primeiro prémio já tem dono.

quinta-feira, maio 21, 2009

Dar o sangue e a pele

Até há bem pouco tempo, apesar da crise interna com que a nossa economia já se debatia, a Auto-Europa era apontada como um modelo de concertação social entre administração e trabalhadores. Agora, com a recessão internacional definitivamente instalada e o desemprego a subir em flecha, pedem mais competitividade às empresas.

Obviamente não estão a sugerir a contenção das remunerações chorudas nem a supressão das mordomias escandalosas dos administradores. O que eufemisticamente querem dizer é que o único direito que os trabalhadores têm é o de dar o sangue e a pele em troca do posto de trabalho. E, se for preciso, passam a comer enquanto são comidos trabalham, como caricaturou o genial Charlie Chaplin no sempre actual "Tempos Modernos".
Maldito capitalismo sem escrúpulos!

Em política, o que parece é

Por estas e por outras é que Portugal é um país eternamente adiado e enterrado nos fundos do quintal europeu.
Chamar reforma ao ambiente envenenado que se instalou nas escolas à conta de uma farsa a que a ministra sabe-se lá de quê insiste em chamar de avaliação, já é uma redonda mentira. Dizer que a dita avaliação é uma reforma ganha (???!!!) é, de facto, um caso de cegueira incurável. Ou de discurso em circuito fechado.
Creio mesmo que, para este governo, uma mentira mil vezes repetida passa a ser verdade, o que é muito mais grave. Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, já assim pensava e fazia. E Salazar, que um dia afirmou que "em política, o que parece é", também.

quarta-feira, maio 20, 2009

Em nome da "ética" e da "transparência"

Lopes da Mota, representante de Portugal no Eurojust e presidente desta instituição da União Europeia, criada em 2002 para aumentar a eficácia da investigação e acção judicial nos Estados-membros, terá feito exactamente o contrário no caso Freeport, ou seja, terá, alegadamente, pressionado os seus colegas encarregados da investigação no sentido de arquivarem o processo.
Perante a gravidade da denúncia, feita pelo Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, e o mal-estar criado, o Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, acabou por ser obrigado a abrir, tarde e a más horas, um processo disciplinar ao presidente do Eurojust.
Entretanto, a PGR que, de imediato, deveria ter procedido à suspensão de funções de Lopes da Mota, ou até proposto a sua demissão ao governo, decidiu, em vez disso, excluir o Eurojust das diligências relacionadas com a investigação do caso Freeport.
O governo, escudado na sua obediente carneirada maioria, escusa-se, uma vez mais, a prestar contas à Assembleia.
Tudo em nome da "ética" e da "transparência".

terça-feira, maio 19, 2009

Salvemos a Democracia, Salvemos a Escola!

"Pode-se utilizar uma gravação áudio de parte de uma aula para suspender uma professora mas não se pode utilizar uma gravação vídeo, incriminatória, do ing.º Socas para nada?" [in Educação SA] Veja-se ainda o caso do Procurador Lopes da Mota. Continua em funções mesmo depois do resultado do inquérito e enquanto corre o processo disciplinar que lhe foi movido. Ah, dirão os leitores, mas é muito diferente! Claro que é. Num caso temos uma simples professora e no outro um importante Procurador Geral Adjunto da República.

O comportamento da professora e as expressões que utilizou perante alunos de doze anos, ainda que reveladores de alguém que, provavelmente, não se encontra nas melhores condições psíquicas e emocionais para o desempenho da profissão docente, são de todo reprováveis, inaceitáveis e, depois do competente processo disciplinar, certamente, puníveis. Ainda que, a acusação acabe por se basear em provas obtidas ilegalmente e não aceites pela justiça portuguesa, diz-se.
Porém, a Constituição da República Portuguesa, no seu Artigo 13.º, garante que "todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei" mas estes factos revelam que alguns são mais "iguais" do que outros. Sobretudo quando detêm o poder, seja ele económico, político ou ambas as coisas.
Como o lince da Malcata, Democracia e Escola são espécies em vias de extinção. Salvêmo-las, pois!


Notícias:

Maioria absoluta? Não, obrigado.

PS rejeita audição no Parlamento de Lopes da Mota, presidente do Eurojust.

PS inviabiliza ida do presidente do Instituto do Emprego à Assembleia da República para esclarecer o "apagão" de 15 mil desempregados dos registos oficiais.

Três casos entre, muitos outros, que nos sugerem a seguinte pergunta:
Para que serve uma carneirada maioria absoluta?
Pretendem uns quantos propagandistas fazer-nos crer que é para que seja assegurada a estabilidade política e a resolução dos problemas nacionais. Ora, se tal fosse verdade, há muito Portugal teria deixado de ser o país mais pobre, desigual e um dos mais corruptos, da União Europeia.
Sucede que não só nada disso aconteceu, como a democracia está hoje mais ameaçada que nunca, nos últimos trinta anos.
Maioria absoluta? Não, obrigado.


segunda-feira, maio 18, 2009

Um ano para descobrir o que já sabíamos

Com preços de electricidade que chegam a ser superiores em 22% aos da UE15, os lucros da EDP já atingiam € 962,4 milhões, no 1.º semestre de 2008, e no fim do ano, cifraram-se em € 1 090 milhões.
A operar em regime de monopólio, perante a passividade do governo e o silêncio da entidade reguladora (ERSE), é evidente que a EDP só pode ter lucros astronómicos. De resto, não admira que a ERSE, que até teve o descaramento de propor que as dívidas incobráveis da EDP fossem pagas pelos clientes, tenha demorado mais de um ano a concluir que a EDP há muito tempo nos anda a extorquir . Por aqui se vê o tipo de fiscalização que existe actualmente em Portugal em relação aos grandes grupos económicos!…

Ministério precisa de manual de instruções

"Agora vou distribuir as provas. Deixem as provas com as capas para baixo", "Podem voltar as provas. Escrevam o vosso nome no espaço destinado ao nome", "Querem perguntar alguma coisa?", "Podem começar. Bom trabalho!", "Ainda têm 15 minutos", "Acabou o tempo", "Estejam à porta da sala às 11 horas e 20 minutos em ponto", "Podem sair. Obrigado pela vossa colaboração!", são frases que todos os papagaios professores deverão ler em voz alta aos alunos que hoje começam as provas nacionais de aferição do 4.º e 6.º anos da escolaridade e que constam do chamado Manual do Aplicador elaborado pelo Ministério dito da Educação.

Nada tenho contra qualquer manual de instruções, enquanto conjunto de normas de procedimento que vise garantir, tanto quanto possível, a igualdade de tratamento e de circunstâncias. Agora ir ao extremo de se exigir que os professores papagueiem as instruções (e até algumas simples expressões de cortesia) literalmente da mesma forma é que já me parece um perfeito absurdo, um completo disparate, uma estúpida inutilidade que outra coisa não representa senão pretender passar mais um atestado de menoridade intelectual aos docentes. Ora, pela sua incompetência e falta de ética, esta é justamente a equipa ministerial que menos autoridade tem para o fazer. Se alguém precisa de manual de instruções, é a ministra e os seus secretários de Estado. Embora acredite que isso nada adiante.

domingo, maio 17, 2009

Mudar o sistema, mudar o ensino

Negligenciar a formação integral não prepara os alunos para mais tarde enfrentarem o imprevisto e a mudança.
Temos a necessidade de reformar radicalmente o actual modelo de ensino nas universidades e escolas secundárias […] porque actualmente o conhecimento está desintegrado em fragmentos disjuntos no interior das disciplinas, que não estão interligadas entre si e entre as quais não existe diálogo. Conhecer apenas fragmentos desagregados da realidade faz de nós cegos e impede-nos de enfrentar e compreender problemas fundamentais do nosso mundo enquanto humanos e cidadãos, e isto é uma ameaça para a nossa sobrevivência
. Edgar Morin, filósofo
Ora aí está, preto no branco, a razão da confrangedora iliteracia, ignorância e imprepração das novas gerações, vítimas de um sistema de ensino assente no paradigma da especialização cega e da competitividade desenfreada, mais preocupado com a produção de mão-de-obra descartável e acrítica do que com a formação de cidadãos conscientes e responsáveis.
Mas isto não acontecerá por acaso. É uma exigência de um sistema social onde impera a selvajaria económica e a lei do mais forte. Que tem de ser combatido e modificado. Urgentemente. Porque "é uma ameaça para a nossa sobrevivência".

A inutilidade do Bloco Central

Com o humor corrosivo que o caracteriza, RAP demonstra a inutilidade do Bloco Central. Na verdade, os partidos do centrão, para além do nome, pouco diferem.
A recentralização do problema do Bloco Central passa pela explicação da impossibilidade do Bloco Central. Uma tarefa, apesar de tudo, fácil: o leitor que conte os casos de militantes que trocaram o PCP pelo PS, e de militantes do CDS que se juntaram ao PSD. São inúmeros. Mas são muito mais raros aqueles que trocaram o PSD pelo PS e vice-versa: de facto, são os partidos mais distantes um do outro, justamente porque acabam por estar no mesmo sítio. Não faz sentido trocar um pelo outro. É como trocar o nosso carro por um exactamente igual, com o mesmo número de quilómetros e o mesmo barulho na panela de escape. É evidente que aquela gente não se pode ver. Eles têm exactamente a mesma visão do País e as mesmas soluções. A razão pela qual uns são poder e os outros oposição é realmente incompreensível, e eles revezam-se a invejarem-se e a lamentar a própria sorte. Ricardo Araújo Pereira, Visão

sábado, maio 16, 2009

Correr com a cambada!

Se o Partido [dito] Socialista tivesse uma nova maioria absoluta iria fazer doer a dobrar, no plano dos salários, dos direitos. Porque eles não encontram outra solução.
Os grande tubarões e as grandes fortunas vão dizendo que é preciso baixar os salários, retirar direitos, alterar os horários e que os portugueses estão a viver acima das suas responsabilidades.
É conversa. Eles querem é resolver a crise através do aumento da exploração dos trabalhadores, dos que menos têm e menos podem.
Independentemente da minha opção de voto, da qual, neste momento, apenas sei que será, como sempre foi, à Esquerda, concordo plenamente com o discurso anterior.
É tempo de correr com a cambada que fez de Portugal o país mais desigual e um dos mais corruptos, da Europa. A decisão é nossa. Se não o fizermos, ninguém o fará por nós. Depois não nos queixemos…

Alegre apoiará Sócrates? Veremos…

Manuel Alegre negou hoje, em absoluto, que tenha negociado, com José Sócrates, nomes da sua corrente para integrarem a lista de candidatos a deputados do P"S" nas próximas eleições legislativas.
A ser verdade, retiro parte do que aqui escrevi.
Fico apenas na expectativa de saber se Alegre irá estar ao lado de Sócrates na "luta eleitoral contra a Direita", para usar uma expressão sua. Seria um equívoco lamentável e inaceitável pois as políticas de direita não se combatem com quem as defende e implementa.
Aguardemos os próximos desenvolvimentos.

Alegre & Sócrates: divergências… ultrapassadas

Que não criaria um novo partido e continuaria no PS, sabia-se. Que não integraria as listas do partido para as legislativas era praticamente certo. Agora fica a saber-se que os seus apoiantes continuarão no PS como tendência organizada. Tudo isto pode ser positivo para que o partido não perca definitivamente a sua matriz de esquerda. Admito.

a provável inclusão de três "alegristas" nas listas do P"S" é que me parece uma inaceitável caução à política anti-social do governo, para mais, vinda de quem declara ter divergências insanáveis com José Sócrates. Como significativa é a afirmação tonitruante de Alegre de que estará sempre ao lado dos socialistas numa luta eleitoral contra a direita, sintomática de que o veremos na campanha de Sócrates que, por sinal, governa à direita e de socialista só tem o cartão partidário.
Por mais que me esforce, não vejo aqui, por isso, um caso de coerência raríssima. O que vejo é a tentativa desesperada do P"S" de obter nova maioria absoluta que, mesmo com o apoio camuflado ou expresso de Manuel Alegre, não há-de ter. Pelo menos com o meu voto.

sexta-feira, maio 15, 2009

No país da ficção

Em comparação com o primeiro trimestre de 2008, a economia portuguesa caiu 3,7 por cento no primeiro trimestre deste ano, registando o pior resultado de há 30 anos a esta parte.
Porém, não deve ser caso para alarme porque o senhor primeiro-ministro, embora reconheça que o abrandamento da economia “é preocupante”, lembra-nos que Portugal regista um abrandamento inferior ao de outros países da União Europeia.
De resto, a situação é de tal modo normal que o senhor ministro das Finanças, que garante que as despesas públicas estão controladas e não é necessário um orçamento rectificativo, afirma que a recuperação económica poderá iniciar-se no final do corrente ano e manter-se de forma gradual durante o ano de 2010.
Não. Não se riam. Eles sabem o que dizem e o que fazem. É gente séria e competente. Podemos, portanto ficar descansados porque os 500 mil desempregados, os 2 milhões de precários, os 2 milhões de pobres, a gigantesca dívida pública e o imparável défice orçamental, é tudo ficção.

Avaliação do governo-Sócrates

No próximo dia 30, é a vez dos professores, por respeito à sua dignidade, avaliarem José Sócrates e as malfeitorias do seu "governo".

E em Junho e em Outubro, vamos ao ajuste de contas. Sócrates? Não, obrigado.

Lutar até ao fim

Lutar até ao fim. Com dignidade. Pelo direito à dignidade.

Utopias (ou talvez não…)

Amanhã, Manuel Alegre irá finalmente desfazer o seu tabu mas é já praticamente certo que não abandonará o PS e não caucionará, portanto, a criação de um novo partido.
Em nome de uma difícil mas não impossível federação da Esquerda, penso que é a decisão certa, contanto que resista à tentação de integrar as listas de Sócrates para as legislativas. E isso é o mínimo que dele se espera. Sobretudo depois de ter exigido a revogação do código laboral, a suspensão do modelo de avaliação dos professores, a abolição das taxas moderadoras, e não ter obtido qualquer resposta do governo. E ainda, depois das ofensas soezes de que foi vítima por parte dos lacaios do secretário-geral do P"S".
Só assim pode continuar a ser uma referência da Esquerda e contribuir para que o PS possa vir a recuperar a sua matriz socialista.
Só assim pode aspirar a ser o próximo Presidente da República. Com os votos da Esquerda.
A decisão é dele.

quinta-feira, maio 14, 2009

Palavras sábias e justas (desta vez)

Um Estado e uma pátria independente para os palestinianos, o abate do muro de segurança construído por Israel, o fim do bloqueio a Gaza e a recusa do terrorismo — e certamente o Papa não estava apenas e principalmente a referir-se aos bombistas suicidas e aos rockets artesanais do Hamas, mas também aos massacres perpetrados pela máquina de guerra sionista —, tudo isto defendeu Bento XVI na visita que está a efectuar à Palestina, em contraste com o alheamento e a inoperância da maioria dos líderes políticos e organismos internacionais. E insistiu que só o diálogo pode levar à paz. Desta vez, as suas palavras são sábias e justas. O problema será passar das palavras aos actos. Mas, para isso, talvez não cheguem os seus veementes apelos…

quarta-feira, maio 13, 2009

Sócrates devia era sentir remorsos…

Antes da crise global, a economia portuguesa já crescia muito abaixo da média europeia.
Depois, quando já era previsível o trambolhão que iríamos dar, em vez de prevenir os acontecimentos, o Governo tentou camuflar a situação com um orçamento tão irrealista que, passados quinze dias, estava desactualizado.
Agora, com mais de meio milhão de pessoas no desemprego e a respectiva taxa a caminhar para os 10 por cento, mais de dois milhões de trabalhadores precários, cerca de dois milhões de portugueses a viver abaixo do limiar da pobreza, a dívida pública a aproximar-se dos 90 por cento do PIB, o défice orçamental a regressar à casa dos 6 por cento, a que se acrescenta a eliminação de boa parte dos direitos sociais e laborais, a liquidação da agricultura e das pescas, o vergonhoso alastramento da corrupção e o aumento da criminalidade, não há propaganda nem manipulação de informação que possa esconder esta dramática situação em que a irresponsabilidade do Primeiro-ministro e da sua fiel maioria mergulharam o país.
É caso para insónias, sem dúvida, mas da maioria da população, que a cada dia tem mais dificuldades de sobreviver. Sócrates devia era sentir remorsos e vergonha. E tirar daí as devidas consequências…

terça-feira, maio 12, 2009

Uma austera, apagada e vil tristeza

Ao fim de dois anos de luta prolongada e crescente, que a dada altura chegou a mobilizar a quase totalidade dos professores portugueses, apenas cerca de vinte por cento se terá recusado a definir e entregar os objectivos individuais e, provavelmente, se nada mudar até final de Julho, a totalidade entregará a respectiva ficha de auto-avaliação (o que é humanamente compreensível, já que as lutas dispensam mártires e ganham-se ou perdem-se colectivamente). No final, ninguém terá sido verdadeiramente avaliado, apenas participado numa bem urdida encenação, mas o governo terá alcançado o seu objectivo: poder proclamar que avaliou os professores.
Uma luta que haveria de culminar nas duas maiores manifestações alguma vez feitas por uma classe profissional e numa greve participada em mais de 90%, que obteve o apoio de todos os partidos da Oposição e até de algumas individualidades do partido governamental, que suscitou a solidariedade da Igreja, a compreensão de algumas organizações de pais e o destaque esclarecedor de boa parte da comunicação social, que, apesar de rotulada de corporativa pelo Governo, ultrapassou largamente a dimensão profissional, assumindo um carácter nacional, com a defesa da qualidade do ensino e da Escola Pública, uma luta assim, jamais deveria acabar deste modo, sob a forma "duma austera, apagada e vil tristeza".
Talvez os professores venham a perder o combate. Talvez… Mas o prejuízo maior não será deles. Será dos jovens e do país. Disso podemos estar certos.

O Magalhães e o choque oftalmológico

Segundo a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, a utilização do computador Magalhães pode fazer disparar os casos de miopia entre as crianças devido ao tamanho do portátil e às letras muito pequenas.
Depois das barracas com o software e das demoras na entrega, só faltava mais esta. É no que dá a miopia política do governo-Sócrates. O propalado choque tecnológico pode, assim, estar seriamente comprometido e dar lugar a um preocupante choque… oftalmológico.

FAQ's sobre o Bloco "Central"

em actualização

segunda-feira, maio 11, 2009

A certificação do faz-de-conta

A empresa Energie, da Póvoa de Varzim, apadrinhada por José Sócrates e Manuel Pinho, perdeu a certificação para a produção de equipamentos solares térmicos, apurou o PÚBLICO. O laboratório alemão, que tinha certificado os seus produtos, retirou-lhe essa classificação por estar em causa o facto de os painéis da Energie usarem a energia eléctrica não de forma subsidiária, mas como fonte principal, o que leva ao agravamento da factura de electricidade.
Afinal, o que se poderia esperar de um Primeiro-ministro que tirou uma licenciatura por processos duvidosos numa universidade que o prório governo teve de encerrar, tantas eram as irregularidades? que monta um sistema de atribuição de diplomas do 12.º ano que mais parece uma fábrica de chouriços? e que ilude o insucesso escolar através do facilitismo e das estatísticas?
A certificação do faz-de-conta.

Terra da fraternidade

Para José Afonso, a Galiza sempre foi "terra da fraternidade".
Por isso os galegos o homenagearam ontem em Santiago de Compostela, dando o seu nome a um dos parques da cidade e cantando emocionadamente "Grândola, Vila Morena".
Em Portugal, ao contrário, o nosso maior cantor popular é quase votado ao esquecimento!…

sexta-feira, maio 08, 2009

Corrupção: É fartar, vilanagem!

Nunca tanto se falou da necessidade de regulação e bem precisa ela seria num país onde muitos dos agentes económicos nem sempre primam pela seriedade no seu comportamento.
Entidades reguladoras existem mas, para além dos ordenados milionários que pagam aos seus dirigentes, o que têm feito para garantir a transparência dos mercados?
O Banco de Portugal fecha os olhos às negociatas especulativas e criminosas da Banca. A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos deixa a Galp e a EDP à rédea solta, fixando os preços dos combustíveis e da electricidade a seu bel-prazer e arrecadando lucros astronómicos à custa dos consumidores.

O mesmo acontece com a corrupção. Todos (ou quase todos) falam da necessidade de a combater. Existe até um orgão pomposamente chamado Conselho de Prevenção da Corrupção mas, provavelmente, não é para ser levado a sério. E os resultados da actuação da Justiça são o que se (não) vê. Por isso o polvo cresce cada vez mais — segundo a Transparency International, em 2004, Portugal já ocupava um modesto 27.º lugar no ranking da corrupção, mas de então até 2008, caiu para o 32.º. É fartar, vilanagem!

quarta-feira, maio 06, 2009

Vergonha para a democracia

Como já é habitual, Maria de Lurdes Rodrigues não vai ter de ir à Assembleia da República prestar contas pela forma pidesca como a DGS Inspecção-Geral da Educação foi a Fafe interrogar os alunos sobre a organização da manifestação contra a ministra da "educação" e os acontecimentos então ocorridos.
Chefiada por alguém que, provavelmente, já não se lembrará do papel que desempenhou na liderança da contestação estudantil, no final da década de sessenta, a carneirada maioria governamental não o permitiu, perpetrando, deste modo, mais um atentado à democracia e às liberdades individuais.
Uma "vergonha para a democracia", como diria o Primeiro-ministro.

Senhor Secretário de Estado, cale-se, se faz favor!

O Ministério dito da Educação que, para não variar, mais uma vez não chegou a acordo com os sindicatos dos professores, desta vez, para a Revisão do Estatuto da Carreira Docente, pela voz do secretário de Estado Jorge Pedreira, veio dizer que a manifestação de professores, uma semana antes de eleições, é "insólita" e "pouco adequada".
Se tivesse aprendido alguma coisa quando foi (?) sindicalista, Jorge Pedreira devia saber que, acerca do agendamento das acções de protesto, os sindicatos só têm que dar satisfação aos profissionais que representam, cumpridas as formalidades legais.
Além disso, se ainda lhe restasse um pingo de vergonha, depois da desgraçada política educativa que o seu ministério tem prosseguido e da sistemática perseguição que tem movido aos professores, essas sim, muito mais do que insólitas e pouco adequadas, verdadeiramente criminosas, calava-se. E, de caminho, prestava um grande serviço ao país: demitia-se. De outro modo, vamos ter de correr com ele.

Todos contra Sócrates

A luta dos professores poderá entrar pela campanha para as legislativas. E nós defendemos: tem de entrar!
Quem tiver memória e ainda lhe sobrar um resto de dignidade só pode votar contra o Partido de Sócrates. Independentemente da opção que fizer — Nós aqui vamos pela Esquerda. Por convicção e porque da Direita, há 30 anos, nada de novo.

segunda-feira, maio 04, 2009

Povo de brandos costumes: até quando?

Infelizmente, conhecemos bem as consequências dos trinta anos de alternância governativa entre o P"S" e o P"SD" (por vezes com a participação do CDS/ PP) e dos dois anos (1983-1985) do governo de coligação do P"S" com o P"SD": pobreza extrema, injustiça social, desemprego crescente e emprego precário para a maioria dos trabalhadores, enquanto alastra a prosmiscuidade entre a governança e a finança, grassa a corrupção e florescem as negociatas obscuras, perante a passividade ou impotência da Justiça.
É esta a estabilidade em nome da qual Jorge Sampaio considera ser necessária, mais uma vez, a formação de um governo do bloco central? Que, por estranha coincidência, Francisco Van Zeller, o patrão da CIP, também defende? Será que estes senhores ainda não se aperceberam do barril de pólvora social que pode estar a ser criado com a governação insensível e desumana do eterno centrão?
Por enquanto, a indignação e a revolta não têm dado lugar a mais do que umas bocas e uns empurrões inofensivos, uma vergonha para a democracia, dizem os democratas de pacotilha. Mas não sei até quando os portugueses, cada vez mais desesperados e maltratados pelas políticas do P"S" e do P"SD", estão dispostos a ser "um povo de brandos costumes" e a suportar a vergonhosa liquidação da democracia pelos plutocratas e cleptocratas que se têm governado à sua custa!

Há sempre alguém que diz não

Sílvio Berlusconi, considerado o homem mais rico da Itália e o 15.º mais rico do mundo, acusado diversas vezes de corrupção e ligações com a Máfia, representa o que há de mais promíscuo e asqueroso na relação dos negócios, as mais das vezes sujos, com a política, tendo criado os próprios partidos, ou melhor, as máquinas de propaganda, que lhe permitiram, por três vezes, conquistar o poder.
Seja como for, a verdade é que, por outras tantas vezes, o eleitorado italiano se deixou enganar, se apenas de um engano se tratou, por um refinado neo-fascista e populista, à beira do qual, Alberto João Jardim até poderia ser considerado um excelso democrata.
Mas, como diz o poeta, "há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não". E às vezes é quem menos se espera.
Ao fim de 19 anos de casamento, Veronica Lario, a segunda mulher de Berlusconi, vai pedir o divórcio, porque quer voltar a ser uma pessoa normal e respeitável.
Ainda bem que nem todos os italianos se deixam levar por Berlusco!

sábado, maio 02, 2009

Senhor Primeiro-ministro, tenha vergonha!

Quando alguém obteve a sua licenciatura em engenharia por processos engenhosos, assinou projectos de moradias feitos por outros, comprou a sua casa por quase metade do preço real e a da senhora sua mãe num paraíso fiscal, tem demasiadas telhas de vidro para atirar pedras aos telhados alheios.
Quando esse alguém, como governante, licenciou um gigantesco empreendimento, numa área protegida, em tempo relâmpago, alegadamente, a troco de luvas, então perde toda a autoridade moral para acusar as pessoas de comportamentos, porventura, menos próprios, mas que são o resultado do desespero a que a sua actuação, como primeiro-ministro, as conduziu.
Apesar de todo o foguetório e propaganda, ao fim de quatro anos de mandato, é hoje claro o drama em que José Sócrates mergulhou Portugal: a maior injustiça social e a pior repartição de rendimento da União Europeia, cerca de dois milhões de pobres, mais de meio milhão de desempregados e dois milhões de trabalhadores precários, enquanto a corrupção tem crescido e alimentado obscuros e milionários negócios, e salários chorudos e reformas douradas de gestores e políticos sem escrúpulos.

sexta-feira, maio 01, 2009

Sócrates não tem desculpa

O professor Vital, que há vinte anos saiu do PCP e é hoje a cara do P"S" nas eleições para o Parlamento Europeu, em vez de se dirigir ao Marquês, onde começava o desfile dos seus actuais correligionários da UGT, resolveu ir para o Martim Moniz, ponto de partida da manifestação da CGTP, onde, provavelmente, encontraria alguns antigos camaradas comunistas, e seguramente, largos milhares de pessoas descontentes com o governo do Partido de Sócrates.
Enganou-se, portanto, ou foi fazer campanha em seara alheia, o que é mais grave. Não tem, por isso, de que se queixar e muito menos de esperar um pedido formal de desculpas da CGTP e do PCP, como pretende o Dr. Vitalino. Primeiro, porque o PCP nada teve a ver com a organização. Segundo, porque, apesar de Carvalho da Silva até ter lamentado o sucedido, a CGTP não pode, obviamente, responder pelo comportamento individual de cada um dos manifestantes. Terceiro, porque não era difícil de imaginar que, entre os largos milhares que lá estavam, muitos dos quais a viver momentos de grande angústia e sofrimento devido às políticas anti-populares e anti-sociais do governo, pudesse haver meia dúzia que não fosse capaz de conter a sua justa indignação dentro dos limites do aceitável.
E a propósito de desculpa: quem não a tem é José Sócrates e o seu governo, pelas malfeitorias que têm causado aos trabalhadores, aos pequenos e médios empresários, aos jovens, aos reformados e ao povo em geral!

A Galiza não esquece o Zeca

Os galegos são nossos irmãos. Pese embora o centralismo e a castelhanização a que têm sido submetidos ao longo do tempo, a sua ancestral afinidade linguística e cultural com os portugueses mantém-se de tal modo viva que chegam a tratar melhor do que nós alguns dos nomes da nossa cultura.
Assim acontece com José Afonso, desde sempre considerado na Galiza uma referência cimeira da música popular.
Não admira, por isso, que ainda hoje, vinte e dois anos após o seu falecimento, os galegos lhe prestem homenagens como esta, em Santiago de Compostela.