Os especialistas consideram que os aumentos dos custos energéticos e as falhas de abastecimento podem levar a economia mundial a uma recessão sem precedentes, cujos primeiros sintomas se estão tornando cada vez mais evidentes, assim como a uma escalada nas tensões entre as grandes potências do planeta motivada pelo controlo das escassas reservas.
Há cerca de cem anos, a humanidade encontrou um recurso único, o petróleo, que lhe deu a possibilidade de dispor de uma fonte de energia muito eficiente, fácil de extrair, transportar e utilizar, assim como de obter uma grande variedade de materiais a partir do mesmo. A disponibilidade de petróleo permitiu boa parte das profundas mudanças que a humanidade experimentou no último século, até chegar ao estado de enorme dependência do “ouro negro” em que se encontra o mundo actual, pois está presente em quase tudo o que utilizamos nas nossas vidas e é a fonte de energia que move 95 % dos transportes mundiais. O petróleo foi também determinante no incremento da capacidade de produzir e distribuir alimentos e nos avanços conseguidos na medicina, contribuindo dessa maneira para a multiplicação da população mundial, desde os mil milhões de seres humanos, em meados do século XIX, até aos seis mil e quinhentos milhões, na actualidade.
Os geólogos estimam que a humanidade consumiu, em apenas cem anos, aproximadamente metade do petróleo que se havia formado ao longo de milhões de anos no subsolo do nosso planeta. Os especialistas em geologia e recursos energéticos há décadas que vêm advertindo que a geração do começo do século XXI haveria de enfrentar o momento em que se alcançaria o zénite da produção mundial de petróleo, a partir do qual a sua disponibilidade começaria a decair. Este facto constitui um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta nos nossos dias, pois não existe nenhum outro recurso conhecido com as qualidades e prestações do petróleo e, apesar das mudanças realizadas, não se dispõe de alternativas que permitam substitui-lo a tempo no indispensável fornecimento de energia, em especial para os transportes, nem tampouco como matéria-prima para os mais de 3.000 produtos de uso comum que dele se obtêm.
Nos últimos anos vem-se detectando uma progressiva redução da capacidade de produção excedentária de petróleo, devido às dificuldades para incrementar a oferta ao forte ritmo exigido pela procura, de forma que o preço do crude sofreu uma subida notável. Nos próximos anos, em consequência da continuação do aumento da procura, espera-se que este processo se acentue, em especial a partir do momento em que a produção de crude comece a decair. Os especialistas consideram que os aumentos dos custos energéticos e as falhas de abastecimento podem levar a economia mundial a uma recessão sem precedentes, cujos primeiros sintomas se estão tornando cada vez mais evidentes, assim como a uma escalada nas tensões entre as grandes potências do planeta motivada pelo controlo das escassas reservas.
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