segunda-feira, novembro 14, 2005

Também eu acredito nos portugueses

É ou não verdade que, no seu longo consulado de dez anos, Cavaco beneficiou de condições absolutamente excepcionais, algumas das quais irrepetíveis — avultados fundos comunitários, receitas chorudas da venda de empresas públicas, petróleo a baixo preço, dólar barato, economia internacional em expansão?

É ou não verdade que, Cavaco governou a maior parte do tempo com maiorias absolutas, o que constitui uma inegável vantagem para uma governação eficaz?

É ou não verdade que o betão e o asfalto foram os principais legados do "milagre cavaquista", ficando o CCB para a história como um monumento ao despesismo e à derrapagem orçamental?

É ou não verdade que Cavaco nada fez para combater a corrupção, designadamente no que se refere ao roubo — porque de roubo se tratou! — dos fundos comunitários?

É ou não verdade que, enquanto os fundos comunitários se "evaporaram", as pescas, a agricultura e a indústria (particularmente a têxtil) levaram o "golpe de misericórdia", enfraquecendo seriamente a economia nacional e lançando milhares de trabalhadores no desemprego?

É ou não verdade que o "mago das finanças públicas e do rigor orçamental" nunca conseguiu conter as despesas do Estado e reduzir o défice e, apesar disso, a reforma da Administração e a modernização dos Serviços Públicos ficou por fazer?

É ou não verdade que Cavaco, apesar de ter gozado de condições de governabilidade excepcionais, foi incapaz de colocar o país na rota do desenvolvimento (tendo antes aberto o caminho para o seu irremediável afundamento na cauda da Europa) enquanto outros (Irlanda, Espanha), quiçá com condições menos favoráveis, conseguiram desenvolver-se?

Claro que tudo isto é inquestionavelmente verdade!

É por isso que, tal como Cavaco, também eu “Acredito que os portugueses saberão distinguir um dos candidatos. Perante a situação difícil que Portugal atravessa, eles vão ter o bom senso e sabedoria para escolher aquele que consideram o candidato mais adequado para ajudar a resolver os problemas do país.

Só que, por tudo o que fez (e também pelo que não fez), não pode ser Cavaco o escolhido!…

2 comentários:

  1. Metadiálogos de Boliqueime (XI)

    -- Ó, avó, por que é que o avô não é um político profissional?...

    -- Meu amor, a avó explica: o avô não é um político profissional, porque um político profissional é uma pessoa sem princípios, que só vai para a Política para se encher à custa dos dinheiros do Estado, para dar golpes que só favorecem os amigos, para traficar influências, para vender o que não é dele, para se meter no tráfico da Droga, das Armas e dos Escravos, para comprar a Justiça, para fazer obras de fachada, para criar empresas fantasma, para fazer fraudes com I.V.A., facturas e despesas, para não pagar impostos, para comprar diplomas e ser tratado por "senhor doutor", para comprar grandes casas e carros, ou utilizar os automóveis, e os helicópteros e os aviões do Estado como se fossem dele, e, pior do que isso tudo, para tentar ficar no Poder para sempre!...

    -- E o avô?...

    -- Querido, o avô não enriqueceu na política, estes móveis que tu vês aqui foram todos comprados com um salário miserável na Universitólica Caquética, e com umas bainhas que a avó ia levantando todos os dias, por fora, de umas calças e saias... Isso é uma coisa que tu podes dizer a todos os teus amigos, lá no colégio: o avô nunca roubou nada a ninguém!...

    -- Ó, vó, e o avô tem amigos que são políticos profissionais?...

    -- Claro, querido, o teu vovô tem muitos amigos que são políticos profissionais, que tu até conheces, porque têm vindo muito cá a casa nos últimos meses.

    -- E eles são mesmo amigos do avô?

    -- Claro que sim, e o avô também é muito amigo deles, e é por causa de serem todos muito amigos que eles vêm cá todos os dias apoiar o avô para ser Presidente da República, e eles poderem voltar à política profissional, com a protecção do avô, como acontecia quando tu ainda não eras nascido.

    (Cai o pano - Copyright das bainhas "Mary, modesty and modisty, S.A., Boliqueime-upon-Avon, U.K.")

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  2. Esperemos que a maioria dos eleitores também pense da mesma forma...

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