domingo, novembro 06, 2005

Cantiga de maio (2)

Que amor não me engana

Que amor não me engana
Com a sua brandura
Se de antiga chama
Mal vive a amargura

Duma mancha negra
Duma pedra fria
Que amor não se entrega
Na noite vazia

E as vozes embarcam
Num silêncio aflito
Quanto mais se apartam
Mais se ouve o seu grito

Muito à flor das águas
Noite marinheira
Vem devagarinho
Para a minha beira

Em novas coutadas
Junto de uma hera
Nascem flores vermelhas
Pela Primavera

Assim tu souberas
Irmã cotovia
Dizer-me se esperas
O nascer do dia

Zeca Afonso, Venham mais cinco, 1973

3 comentários:

  1. ganda Maio!
    tá bonito o blogue,pá!
    e com muiitas referências estético-culturais - óptimo!
    um abraço,,, e força!
    dá-lhes forte!

    e como estás numa de rimas, aqui vai esta, dum poeta popular alentejano:

    Longos caminhos andei
    Com carga bem pesada
    Foi dificil mas cheguei
    De cabeça levantada

    ResponderEliminar
  2. Obrigado xatoo, pelas tuas palavras, pela força!
    Pela Esquerda é que vamos, companheiro!
    Abraço
    Maio

    ResponderEliminar