sábado, novembro 19, 2005

Profissões e azares

Azar! Estar à hora errada no sítio errado, foi “apenas” o que aconteceu, pela última vez, ao militar português que prestava serviço no Afeganistão, depois do carro patrulha em que seguia com mais três camaradas ter feito detonar uma mina.

É esta, sem dúvida, uma profissão de alto risco. Uma profissão que, no entanto, compete a cada um decidir (ou não) abraçar, um risco que cada um é livre de correr (ou não). Mas é, por isso mesmo, uma profissão bem paga. E, quando a morte acontece, a vítima é elevada à condição de herói nacional, com direito a cerimónias protocolares e discurso de Estado.

Já o mesmo não acontece com outras, igualmente dignas, respeitosas e, quiçá, mais úteis, profissões. Quando um agricultor morre dilacerado por uma charrua mecânica, um pedreiro se desfaz no chão após a queda de um andaime ou um pescador é tragado pela fúria inesperada do mar, por muito que estejam a contribuir para a riqueza nacional, ninguém dá qualquer destaque à sua desdita. São enterrados no mais humilde anonimato e… ponto final. Não se fala mais nisso!

4 comentários:

  1. A morte não escolhe condição, mas quem cá fica escolhe. O que aqui relata como sabe é consequência da exposição mediática, e do "patrão" para quem se trabalha. É que trabalhar para o estado tem estas "regalias". É como aquelas procissões de urgência em que os "ministros" atravessam o trânsito escoltados de polícia e o "país-trânsito" quase tem de parar para os deixar passar. Porque é que quando tenho uma reunião importante não tenho uma escolta de polícia a abrir-me o caminho. É que tb estou a contribuir para o infeliz PIB. Para mim mais do que na morte é na vida que precisamos que nos "abram" o espaço, ou nos dêem condições para isso.

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  2. Completamente de acordo!…

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  3. Zapatero azarento

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