sexta-feira, fevereiro 20, 2009

P"S", do lado errado da história

António Arnault, socialista convicto (uma espécie em vias de extinção, como já aqui referi) que ainda mantém o vínculo ao partido que ajudou a criar e fundador (e utente, como orgulhosamente confessa) do Serviço Nacional de Saúde, defendeu ontem à noite na SIC Notícias, com a frontalidade que o caracteriza, a extinção das taxas moderadoras:
"Faço um apelo veemente à direcção do grupo parlamentar do PS e a todos os deputados para que votem a eliminação das taxas moderadoras respeitantes a cirurgias e internamento [porque] não constituem, verdadeiramente, taxas moderadoras [mas antes] uma forma de co-pagamento, interdito pela Constituição da República."
E acrescentou:
"Não gostaria de ver o meu partido ficar do lado errado da história, num tempo de tantas dificuldades para a grande maioria dos portugueses e quando se aproxima o 30.º aniversário do SNS, de cuja criação se deve orgulhar."

As reacções não se fizeram esperar.
O líder do rebanho parlamentar do P"S", dando uma no cravo e outra na ferradura, admitiu a necessidade de discutir a questão das taxas moderadoras, mas classifica as propostas da oposição para a sua revogação como "medidas políticas para criar dificuldades ao Governo". Alberto Martins, que certamente não é utente do SNS, esquece que as taxas moderadoras são, elas sim, medidas políticas que criam dificuldades à população.
Já a Ministra da Saúde, seguindo a táctica habitual do governo de ignorar as críticas e os protestos, não comenta o apelo de Arnaut e insiste que "os portugueses têm que perceber que a saúde é muito cara". Como se os mais pobres, que são cada vez em maior número e não suportam o pagamento das taxas, o não tivessem já percebido há muito tempo!
Enfim, tenho muitas dúvidas que as palavras de António Arnault encontrem eco em políticos desta estirpe. Este P"S" há muito que está "do lado errado da história"!

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