Certezas e utopias

"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar" Eduardo Galeano

Federar a esquerda, promovendo o diálogo aberto, o debate de ideias, a convergência de todos os que dela verdadeiramente se reclamam, com um partido comunista que, por maior que seja o respeito de que seja credor, que é muito, persiste em auto-proclamar-se vanguarda do proletariado e defensor exclusivo dos trabalhadores, e um partido socialista dilacerado pela luta de classes que o atravessa e descaracterizado pela conciliação impossível do seu antagonismo de interesses, mesmo contando com a força emergente e a disponibilidade do Bloco de Esquerda e o anseio de milhares de cidadãos independentes, não é tarefa fácil. É, até, certamente, uma utopia. Cujo caminho é marcado por hesitações, silêncios, revezes. Mas que só pode ser percorrido por pessoas de carácter.

Depois há os que nunca ziguezagueiam e não conhecem a ambiguidade. Sabem sempre qual é o seu lugar e o seu papel: estarem ao lado do poder e tratarem da sua vida. Mesmo que passe por injusta e vergonhosamente acusarem os que lutam por ideais mais generosos, da falta daquilo que nunca tiveram: carácter.