Ao fim de dois anos de luta prolongada e crescente, que a dada altura chegou a mobilizar a quase totalidade dos professores portugueses, apenas cerca de vinte por cento se terá recusado a definir e entregar os objectivos individuais e, provavelmente, se nada mudar até final de Julho, a totalidade entregará a respectiva ficha de auto-avaliação (o que é humanamente compreensível, já que as lutas dispensam mártires e ganham-se ou perdem-se colectivamente). No final, ninguém terá sido verdadeiramente avaliado, apenas participado numa bem urdida encenação, mas o governo terá alcançado o seu objectivo: poder proclamar que avaliou os professores.
Uma luta que haveria de culminar nas duas maiores manifestações alguma vez feitas por uma classe profissional e numa greve participada em mais de 90%, que obteve o apoio de todos os partidos da Oposição e até de algumas individualidades do partido governamental, que suscitou a solidariedade da Igreja, a compreensão de algumas organizações de pais e o destaque esclarecedor de boa parte da comunicação social, que, apesar de rotulada de corporativa pelo Governo, ultrapassou largamente a dimensão profissional, assumindo um carácter nacional, com a defesa da qualidade do ensino e da Escola Pública, uma luta assim, jamais deveria acabar deste modo, sob a forma "duma austera, apagada e vil tristeza".
Talvez os professores venham a perder o combate. Talvez… Mas o prejuízo maior não será deles. Será dos jovens e do país. Disso podemos estar certos.
Sem comentários:
Enviar um comentário