sábado, novembro 26, 2005

Neo-liberalismo e apocalipse *

Baptista Bastos

"A crise do capitalismo é uma evidência, que nem os seus turiferários já ocultam. A lex mercatoria, levada aos extremos a que assistimos, regula unilateralmente. E os mercados alargaram a sua influência e estenderam o seu domínio aos Governos. Estes, pondo de parte o princípio de que o direito privado é dependente do direito público, tripudiam sobre as próprias Constituições e, despudoradamente, acedem às exigências, cada vez mais inclementes, das transnacionais.

Os Estados Unidos funcionam como sede do Império. E quem se lhe opõe, timidamente que seja, é esmagado. São alarmantes as recentes informações, segundo as quais a CIA tem usado aeroportos, um pouco por todo o lado, para transportar presumíveis «terroristas» e interná-los em campos de concentração, onde a prática de sevícias e de torturas as mais aprimoradas se tornou num desporto requintado.

É evidente que esta situação não se pode eternizar. O mal-estar generalizado alastra, com reacções amiúde tumultuosas, e de consequências imprevisíveis porque larvares - mesmo que pareçam atenuadas ou definitivamente aplacadas. Se o Estado Social está agonizante, o que nos apontam como alternativa é assustador. Num segundo nível a crise (longe de ser passageira) inspira uma noção mais substancial de autoritarismo e introduz elementos não apenas conservadores, como, sobretudo, criptofascistas.

A disputa Presidencial no nosso país permite-nos, com um mínimo de seriedade e de lucidez, fazer aproximações ideológicas. O terreno apresenta-se fértil para soluções «musculadas». E muitos portugueses anseiam por isso. É difícil especificar, minuciosamente, as condições que tornaram possível este cenário. Porém, não andaremos afastados da realidade histórica se verificarmos que, no contexto actual, a representação política nega a oportunidade de todos e estimula o privilégio de alguns, poucos." (Ler mais aqui)

* Título nosso

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