Maria de Lurdes Rodrigues anda há mais de um ano a tentar impôr às escolas um modelo de avaliação de docentes que ela antecipadamente sabia não ir facilitar nem melhorar o desempenho profissional dos professores, nem tampouco contribuir para um verdadeiro progresso das aprendizagens dos alunos. Alicerçado num ECD que dividiu artificiosamente a carreira docente em duas categorias e no estabelecimento de quotas para as menções classificativas de Excelente e Muito Bom que impedem mais de dois terços dos professores de chegar ao topo da carreira, tornou-se, desde cedo, evidente que o objectivo principal do seu burocrático modelo de avaliação seria o emagrecimento das despesas públicas com a Educação, em particular a massa salarial da classe docente. Quanto ao propalado sucesso educativo, lá se haveria de chegar através da redução da exigência e da adopção de uma cultura de facilitismo da escola inclusiva, da associação da avaliação docente com os resultados escolares dos alunos e, por que não?, da diminuição do grau de dificuldade dos exames. Perfeito.
Para este diabólico plano, que está a minar por completo a Escola Pública, a ministra contava com uma classe profissional adormecida e desunida e uma verdadeira pulverização das organizações sindicais que lhes retirava capacidade negocial. Mas o tiro saiu-lhe pela culatra. Cansados de serem desautorizados, desrespeitados e humilhados, os professores despertam finalmente para a luta, unem-se e organizam-se até em movimentos independentes. Entretanto, os sindicatos fazem o que até aí parecera impossível: criam uma plataforma sindical aumentando a sua força reivindicativa.
MLR percebe finalmente — tarde demais — que tem de mudar alguma coisa para que tudo continue na mesma e, numa operação de cosmética sobre o modelo inicial, cria o simplex.
Claro que a quotas continuam. A divisão da carreira docente, em duas categorias, também. E a divisão dos professores é mesmo, intencionalmente, agravada — dividir para reinar — através de avaliações diferenciadas para avaliados, avaliadores e PCE's (estes, aliás, cada vez mais, transformados em correias de transmissão do ministério).
Fica-se com a impressão que MLR ensandeceu! Não percebe que nunca conseguirá apagar o incêndio que ela própria ateou à Escola Pública, atirando mais gasolina para a fogueira. Desta forma, que alternativa oferece ela aos professores? Apenas uma: continuarem a lutar, unidos, até conseguirem acabar com este pesadelo. A bem da Educação.
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