Tudo serve para desviar a nossa atenção da crise em que estamos mergulhados, da qual seguramente não sairemos tão cedo, se não viermos a afogar-nos nela.
Como se não bastassem a Selecção e as vuvuzelas para nos anestesiarem, temos também o 'patriótico' apelo do Senhor Presidente da República que, enquanto pouco ou nada fez para contrariar o estúpido esbanjamento de biliões de euros na banca privada e a política recessiva do governo que tem atirado centenas de empresas para a falência e condenado milhares de famílias à penúria, vem agora sugerir aos portugueses que façam férias 'cá dentro' para não aumentar o endividamento nacional, porque segundo o economista Cavaco Silva, as 'férias passadas no estrangeiro são importações e aumentam a dívida externa portuguesa'.
O Presidente da República sabe que a maioria dos portugueses, neste momento, não tem sequer meios para passar férias em Portugal e, muito menos, no estrangeiro.
O Presidente da República sabe que os portugueses que ainda conseguem passar férias no estrangeiro são cada vez menos e um número residual.
Mas o economista Cavaco Silva também sabe que a balança de turismo portuguesa regista sempre um saldo muito positivo (em 2009, por exemplo, foi superior a 4,2 biliões de euros), justamente porque a entrada de divisas resultante dos fluxos turísticos internacionais, no nosso caso, é sempre largamente superior à saída. E o professor Cavaco Silva sabe ainda que o proteccionismo, seja no comércio externo, seja no turismo internacional, só prejudica os países que têm vantagens, como é o caso de Portugal, no sector do turismo.
O Senhor Presidente da República percebe que os outros chefes de Estado têm o mesmo direito de fazer este tipo de apelo aos seus cidadãos e que, se tal acontecesse, seríamos nós quem ficaria a perder. E muito.
Senhor Presidente da República, faça o que lhe compete.
Professor Cavaco Silva, basta de demagogia!
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