Durante pouco mais de quatro anos, a governação de José Sócrates deu uma decisiva contribuição para a situação calamitosa a que o país chegou (quer ao nível das finanças e da economia quer ao nível social) e para a degradação da actividade política e dos direitos dos cidadãos. Mas mais do que tudo isto, que não é pouco, a imagem que Sócrates tem vindo a revelar ao longo dos anos, através do alegado e sistemático envolvimento nas mais diversas irregularidades e atropelos à lei, a que agora se junta o seu anunciado envolvimento num plano para controlar a comunicação social, é a de alguém com uma gritante falta de ética e de seriedade para ocupar o cargo de Primeiro-ministro, alguém em quem os cidadãos anónimos têm certamente fundadas dúvidas em confiar.
Por isso, a sua urgente demissão seria o melhor serviço que se poderia prestar ao país. Mas podemos ter a certeza de que ele não o fará. E o Presidente da República, que nada diz, também não.
Resta então a Assembleia da República que, através da aprovação de uma moção de censura por maioria absoluta, pode levar à demissão do governo, abrindo a porta à possibilidade do Presidente da República indigitar outro elemento do partido mais votado a formar um novo governo.
Não seria difícil, nem moroso, nem custoso. Porque não seria preciso (nem conveniente, na actual situação de crise) ir de novo a votos.
Se os partidos da oposição têm a maioria, por que não avançam então? Por receio? Por calculismo? Por agenda? Não acham que o interesse colectivo deve ser posto em primeiro lugar?
Canção da Paciência, Como Se Fora Seu Filho (1983), José Afonso
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