Já todos sabemos as ilações que o ME tirou da esmagadora greve do passado dia 3: foi apenas significativa, não encerrou a maioria das escolas e, como tal, prossiga o simplex (mesmo que esteja parado um pouco por toda a parte). Apesar disso, eles foram de tal forma encostados às cordas que, no próprio dia da paralisação, Pedreira já admitia que a versão 'simplificada' também fosse aplicada nos próximos anos e Lurdes Rodrigues, no dia seguinte, na Assembleia da República, falava pela primeira vez na possibilidade de substituição do seu modelo, mas só em 2009/ 2010 (!). O ministério cambaleava mas não ia ao tapete e esperava ansiosamente por uma contagem de protecção que evitasse o assalto seguinte, as greves regionais. E ela veio, na quinta-feira ao fim do dia, com a marcação de uma reunião para 15 de Dezembro com a Plataforma Sindical que, em troca, suspendeu as greves agendadas.
Percebo o ponto de vista dos sindicatos: passar uma imagem de abertura ao diálogo e à negociação, no pressuposto de que a agenda da reunião seria aberta, suspensão do actual modelo de avaliação incluída.
Porém, imediatamente a seguir, logo que se sentiu livre da pressão dos professores, o ME voltou a apregoar que o seu modelo de avaliação não está suspenso — ainda que os factos demonstrem o contrário — e que não admite, sequer, negociar a sua suspensão. Pior do que isso, de então pra cá, tem recrudescido de autoritarismo e prepotência, antecipando de forma unilateral a data da reunião com a Plataforma Sindical e intimidando disciplinarmente os Presidentes dos Conselhos Executivos, coagindo-os a declarar que o processo de avaliação não está, de facto, suspenso e a fazê-lo avançar de qualquer forma.
Por tudo isto, embora perceba que o objectivo do Ministério da Provocação é procurar provocar professores e sindicatos para uma radicalização que se considera vantajosa em termos de opinião pública, a verdade é que a trégua favoreceu o monstro da 5 de Outubro, que reaparece agora mais brutal e ameaçador.
Mais do que nunca, a nossa unidade e o nosso querer vão ser postos à prova: na mesa das negociações e nas nossas escolas.
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