quarta-feira, dezembro 03, 2008

Greve, cambalhotas e faz-de-conta

1. A greve de professores de hoje foi mesmo a maior de sempre. De resto, a paralisação atingiu tal magnitude que mesmo a comunicação social mais alinhada com o Governo ou por ele controlada não pôde desvalorizá-la.
Em escolas como esta, onde os níveis de participação em anteriores greves nunca foram muito expressivos, desta vez, 95% dos professores em serviço fizeram greve. Parecem-me, por isso, perfeitamente verosímeis os 94% de adesão a nível nacional, declarados pela Plataforma Sindical. Muito mais do que os 61% propagandeados pelo Governo, os quais, mesmo assim, obrigaram o Ministério da Educação a dizer que a greve dos professores teve uma “adesão significativa”. Para não ter que admitir o óbvio: que, praticamente em todo o país, as escolas — como nós entendemos a Escola — não funcionaram.

2. Com as eleições no horizonte, a principal preocupação do Ministério da Educação e de José Sócrates já não é — alguma vez o foi? — a implementação de uma verdadeira e construtiva avaliação dos professores mas, tão somente, poder afirmar, no fim do mandato, que os docentes foram avaliados de qualquer forma, desde que, segundo o modelo ministerial. Nem que para isso tenham de, pateticamente, prometer que estão "disponíveis para estender a aplicação [do simplex] — talvez na versão 5 ou 6 — por mais algum tempo, para o próximo ano lectivo ou até mais". O que não querem, por falta de humildade democrática, é, simplesmente, admitir que erraram e, muito menos, pedir desculpa pelos danos que a sua obstinação está a causar à Escola Pública e ao país.

3. De resto, para o Governo Sócrates, os professores não têm qualquer importância na sua política educativa, tal a forma persecutória e humilhante como por ele foram tratados, desde o começo — imposição unilateral de um estatuto profissional perverso, divisão artificiosa da carreira docente em duas categorias, estatuto do aluno fomentador da desautorização do professor, avaliação burocrática e limitadora do direito de progressão na carreira. Para o actual Governo, a educação e a aprendizagem dos alunos é uma questão de somenos importância. As escolas podem até funcionar mesmo sem professores, bastando, para isso, estarem abertas e os alunos lá dentro. Mesmo que, fazendo coisa nenhuma.

3 comentários:

  1. Os leitores devem recordar que os professores desempenham um papel fundamental na sociedade... Eles não só guardam as crianças e jovens no período em que estão na escola como os formam, os educam, os preparam para a vida em sociedade.
    Ao Governo lembramos uma velha máxima: “Se a educação é cara, experimentem a ignorância”.
    Aos pais dizemos simplesmente: Os vossos filho precisam de nós!... Somos a garantia do futuro.
    Se a Educação dos vossos filhos não é importante, deixem que a educação vá pelo caminho que vai! Deixem que os profissionais sejam cada vez mais desmoralizados, enxovalhados, desmotivados... Depois, não se queixem! Se agora dizem que não vêem ninguém que possa ser alternativa ao Governo (o que de modo algum subscrevemos!) em breve terão ainda mais dificuldade em descobrir alguém que possa ser alternativa. A solução será, obviamente, importar governantes da Finlandia!

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  2. Ao destruir o “Estatuto da Carreira Docente”, elaborado e aprovado por Cavaco Silva quando era Primeiro-Ministro (agora conivente com um governo que, indirecta e, nalguns caso, directa e explicitamente, acaba por passar um atestado de incompetência a Cavaco!...), José Sócrates não visava resolver os problemas da Educação. De facto, se houvesse problemas com a educação teríamos pais na rua a manifestar-se, não é verdade? O facto é que não havia problemas significativos e os pais também não se manifestavam porque a educação dos seus filos decorria com a maior das normalidades.
    Porém, havia que criar alarido na opinião pública para justificar o “genocídio de carreiras” e começou o governo a mexer com os juízes e os tribunais (e recuou, ou porque lhes tem respeito ou porque lhes tem medo!); depois com os militares (e recuou, ou porque lhes tem respeito ou porque lhes tem medo!); depois com a polícia (e recuou, ou porque lhes tem respeito ou porque lhes tem medo!).

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  3. Juntos venceremos este Governo e os Incompetentes que nomeou para op Ministério da Educação... Porque, em fidelidade ao LEMA DO NOSSO BLOG, "Não Calarei A Minha Voz... Até Que O Teclado Se Rompa!". Espero que todo aquele leitor que tiver tempo para se informar (e assim, só assim, ficar esclarecido!) possa juntar-se dando uma cada vez mais forte Voz à Indignação... Por mim, n↕o me cansarei de apelar a que nas Legislativas e Europeias próximas, votem todos, à Esquerda ou à Direita... Mas no PS... NUNCA MAIS!

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