sexta-feira, março 02, 2007

Professores humilhados, Educação comprometida

O novo Estatuto da Carreira Docente dos professores do Ensino Básico e Secundário, imposto pelo governo de forma unilateral, prepotente e autoritária, depois de um processo negocial com os sindicatos que não passou de uma farsa, prevê, entre outros "mimos", que os docentes possam ser avaliados pelos encarregados de educação dos seus alunos.
Vai daí, muitos dos encarregados de educação (seguramente, encarregados de qualquer coisa menos de educação…), não têm perdido tempo e têm treinado afincadamente para a sua novel condição de futuros "avaliadores". Que o diga a professora da Escola Primária do Cerco, no Porto, que depois de "avaliada" pela mãe de uma aluna, à porta da escola, teve de receber tratamento hospitalar. Que o diga o professor da Escola Básica do 1º ciclo de Campinas, no Porto, que também não passou sem assistência hospitalar devido ao "entusiasmo" com que o avô de um aluno resolveu "avaliá-lo". Que o digam os 390 professores que no passado ano lectivo foram "avaliados" por esse país fora, em muitos casos, seguramente, por alunos.
Apesar do Código Penal prever o agravamento da pena a quem "avalia" os professores de forma tão "simpática", curiosamente não há memória da aplicação de uma pena de prisão a um encarregado de educação, por exemplo, que tenha "avaliado" um professor dentro da escola ou nas suas imediações.

Em França, o Ministério da Educação Nacional promoveu uma campanha de reabilitação da classe docente subordinada ao lema "Todos devemos algo a um professor".
Ao contrário, por cá, a ministra Maria de Lurdes Rodrigues afirmou "Perdi os professores mas ganhei a população".
Os resultados, esses, começam a estar à vista: o respeito pelos professores bateu no fundo, a sua imagem e a sua dignidade foram irremediavelmente atingidas, e desta forma, a Educação em Portugal ficará seriamente comprometida.

1 comentário:

  1. É verdade. Esta "avaliação" imposta pelo Sinistério da Educação só podia dar estes resultados. Aliás, o Sinistério e seus responsáveis são co-autores morais de tudo isto que está a acontecer aos professores. E assim vai este país...

    ResponderEliminar