Numa tentativa clara de desvalorização do lamentável acontecimento ocorrido na Escola Secundária de Carolina Michaelis, no Porto, que foi amplamente noticiado pelas televisões e pelos jornais mas está longe de ser um caso isolado — basta pesquisarmos no You Tube e contaremos por dezenas os vídeos sobre casos de indisciplina e violência nas salas de aula e noutros espaços das nossas escolas — o senhor Primeiro-Ministro e a Ministra da Tutela remetem-se ao silêncio e resguardam-se atrás do secretário de Estado da Educação.
E o que faz Valter Lemos? Tenta sacudir a água do capote afirmando, sem qualquer pudor, a maior das mentiras: que "o Governo, ao fazer aprovar o novo Estatuto do Aluno, deu às escolas um instrumento para reforçar a autoridade dos professores" e combater os casos de violência escolar! "Esquece" o senhor secretário de Estado que todos sabemos (ele também) que o que o Ministério da Educação fez foi desautorizar e humilhar a classe docente, que se vê, cada vez mais, impotente e desprotegida para conter o mau comportamento dos alunos e, o que é mais grave, para defender a sua integridade física e moral das agressões não apenas de alunos mas, pior ainda, de pessoas que, de pais e encarregados de educação, apenas têm o nome.
Bem pode o Governo tentar, irresponsavelmente, varrer o lixo para baixo do tapete que não vai consegui-lo. É lixo a mais!
O que é já claro é que esta política educativa, assente numa sanha reformista que privilegia o número em vez da pessoa, a estatística em vez da realidade, o produto em vez do processo, não vai dar certo. Pelo contrário, causará danos de tal monta e de tal forma irreversíveis na actual geração jovem que os alicerces da nossa futura sociedade ficarão irremediavelmente minados.
Esta é uma das mais graves heranças que Sócrates nos vai legar. Maldito seja, por isso!
A aplicação do Estatuto do Aluno ao caso da professora agredida por uma aluna e humilhada pela maioria da turma resultaria no seguinte:
ResponderEliminar1. A aluna seria suspensa por uma ou duas semanas, e os colegas por uns dias.
2. Regressados à escola, teriam actividades de recuperação nas diversas disciplinas.
3. Mas como são alunos problemáticos, não beneficiarão nada dessas actividades, antes passarão a faltar mais do que já faltavam, até porque estão protegidos pelo novo estatuto.
4. No final, seriam contemplados com uma prova (exame) de recuperação, para poderem transitar de ano.
Pergunta-se: Como é que tudo isto reforça a autoridade dos professores?