Apesar do autêntico euromilhões proveniente de duas décadas de fundos comunitários, trinta anos de alternância democrática do P"SD" e do P"S" na governação não fizeram melhor do que manter Portugal no pelotão dos países mais pobres e menos desenvolvidos da União Europeia. Os dois milhões de portugueses a viver abaixo do limiar da pobreza e o nosso afundamento no 17.º lugar da UE27, infelizmente, aí estão para atestá-lo.
Mas, se esta situação é já de si deveras grave, é absolutamente inaceitável que, enquanto a maioria da população é flagelada pela crise, uma minoria dela se aproveite para locupletar-se imoralmente com o suor alheio, fazendo de Portugal um dos países com pior repartição do rendimento da UE27, tendo apenas abaixo de si a Letónia!
A crise está aí, sem dúvida, mas não atinge a maior parte dos políticos, mais expeditos e preocupados em tratar das suas vidas e governar para quem os recompensa.
A crise está aí, sem dúvida, mas não afecta os oligarcas da alta finança e os empresários dos grandes grupos económicos.
A crise está aí, sim, para os trabalhadores, os pequenos e médios empresários, a classe média (ou o que dela resta), para quem os sonhos e as promessas da Revolução dos Cravos se esvaneceram quase completamente.
Com o consentimento, porventura ingénuo, de muitos de nós, o bloco central matou Abril e arrumou as suas conquistas nas prateleiras da História. Por isso, só nos restam duas alternativas: carpir a memória do ente querido ou ressuscitá-lo. A escolha parece-me óbvia e há situações em que devemos ser crentes!…
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