domingo, abril 13, 2008

Ó Portugal Oculto, de que é que tu estás à espera?

O Portugal Oculto é, também, aquele cujos contornos permitem a promiscuidade entre a política e os grandes empresários.
[…]
O que vai restando das nossas esperanças de uma sociedade mais justa está a ser seriamente danificado. Não é de mais repeti-lo. E as frases bem boleadas, as declarações de princípio cheias de bons sentimentos não chegam para ocultar o que exalta, indigna e fere o […] outro Portugal.
[…]
[“] Creio que o estado a que as coisas chegaram é assustador. A fragmentação social indica-nos que a experiência do “mercado” não contém, em si, a panaceia para resolver a pobreza, nem é o único processo de desenvolvimento. Nunca o mundo possuiu tamanho grau de conhecimento. Nunca o conhecimento consentiu tamanho grau de miséria, desolação e sofrimento. O “mercado”, ao contrário do que proclamam os seus turiferários, não estruturou uma economia pública, nem estimulou um crescimento mais aberto. No caso português, então, a soma é pavorosa, e chega, até, à degradação.
O Portugal Oculto existe como uma chaga dos desamados e cresce com o ressentimento dos excluídos contra aqueles que só têm criado obstruções e alimentado um clima de violência – que deixou de ser latente para constituir uma ameaça e uma desafronta.

excerto de O Portugal da desafronta, de Baptista Bastos

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