Ainda que às vezes, muitos homens se comportem de forma estúpida e perigosamente irracional, como de resto está a acontecer no actual conflito, que os extremistas ocidentais e islâmicos pretendem civilizacional, o Homem não é um animal irracional e, portanto, a "lei da selva" não se lhe aplica.
O Homem, animal inteligente e racional, tem princípios, acredita em valores, constrói uma Moral, qualquer que ela seja. E a Moral está subjacente a toda a actividade humana, quer se trate da Economia, da Política ou da Arte. Ou da Religião. E é, tem de ser, fonte de inspiração da Lei, não a da selva, mas a que é feita para assegurar o bem comum e a dignidade humana.
Quando tal não acontece, estamos perante um regime imoral, o regresso à selva!
Infelizmente, é o que acontece não só nas ditaduras, mas em muitas plutocracias neo-liberais onde o homem não é irmão mas lobo do homem!
"O Homem (...) constrói uma Moral."
ResponderEliminarPorquê?
Ó meu caro, o meu texto é límpido como a água que brota da nascente, modéstia à parte. Está lá tudo…
ResponderEliminarPorquê? Por que razão o Homem constrói uma Moral? Porque é um ser inteligente, tem princípios, acredita em valores.
E já agora… para quê? Para que toda a actividade humana possa ser ajuizada, avaliada, moralizada. E regulamentada através da Lei, que deve inspirar-se na Moral.
Por isso digo, sem Moral regressávamos à selva, da qual, por vezes, nos tempos que correm, não andamos muito longe.
Não acha tudo isto tão transparente?
Se não concorda, contraponha.
Abraço.
Maio
talvez a minha pergunta esteja pouco precisa
ResponderEliminarse é o homem que constrói a moral porque razão a moral é válida
ex.: se a moral humana disser que todos os homens se devem ajudar mas se existirem circunstâcias específicas em que seja mais útil que eles não se ajudem, porque razão essa moral é válida?
um abraço
Timshel
ResponderEliminarJulgo finalmente perceber onde quer chegar.
A sua dúvida em relação à valia da Moral parece resultar da minha afirmação de que é o Homem que a constrói. Será? Bem, acerca disto, pergunto-lhe: mas não é o Homem que tudo constrói (ou destrói), incluindo a Religião, iluminado ou não (dependendo da crença de cada qual) por Deus? Eu entendo que sim.
E eu — deformação minha? — só entendo uma Moral assente na bondade, na solidariedade, na dignidade, da pessoa humana, mesmo que tantas vezes, alguns homens tenham um comportamento amoral ou, pior ainda, imoral.
Finalmente, a hipótese que me coloca de "existirem circunstâcias específicas em que seja mais útil que eles (homens) não se ajudem", vinda de si, com formação humanista e cristã, considero-a meramente académica.
Com isto, quero dizer que só um adepto do neo-liberalismo e do "cada um por si e… Deus por todos", que tanta miséria e injustiça traz à humanidade, pode defender tal hipótese.
Um abraço
a hipótese que coloquei não diz a quem é que pode ser mais útil :)
ResponderEliminarmas repare que uma Moral assente na bondade, na solidariedade, na dignidade, da pessoa humana que seja verdadeiramente moral, isto é, cujos valores (que refere) sejam sempre absolutos, precisa de um fundamento transcendental
senão é simples utilitarismo
uma moral construída pelos homens, que não represente portanto uma emanação de uma vontade divina, terá sempre como únicos alicerces "eu faço isto para que tu (agora ou depois) me faças aquilo"
qualquer moral, como a moral cristã, que considere os valores que referiu (bondade, solidariedade e dignidade da pessoa humana) como sendo absolutos, imperativos éticos pelos quais o homem se deve guiar independentemente das circunstâncias, é uma moral "irracional" (pois racionalmente não existe fundamento para uma moral absoluta)
é por isso que penso que o socialismo só pode ser cristão :)
Timshel
ResponderEliminarNa minha opinião, "uma Moral assente na bondade, na solidariedade, na dignidade, da pessoa humana", cujos valores sejam, não apenas absolutos mas universais, é possível tendo apenas por base um fundamento racional, humano.
É essa Moral, construída pela Razão, que permite avaliar objectivamente o comportamento de todos os seres humanos sem excepção, sejam eles ateus, agnósticos ou crentes, e dentro destes, cristãos, islamitas, budistas, taoístas, hinduístas, panteístas ou outros, apesar das suas diferentes posições perante a transcendência e o divino.
Claro que a Moral, como eu a concebo, sem ser "simples utilitarismo", tem de ser útil à Humanidade, tem de se traduzir em consequências positivas para os milhões de seres humanos, não pode apenas ficar na consciência individual de cada um mas deve inspirar a feitura da Lei.
A finalizar, facilmente se conclui das minhas palavras que, por muita simpatia e solidariedade que nutra pelo seu socialismo cristão, entendo que o socialismo vale por si mesmo — e vale muito — tanto podendo ser cristão, utópico ou marxista. Desde que seja… socialismo!
Abraço
Maio
PS — Nesta troca de opiniões, obviamente, para mim, não está em discussão a existência de Deus: aí trata-se de uma questão de Fé…
Mano Trakinas :))
ResponderEliminarBem vindo a esta humilde casinha!
Um caloroso abraço
Maio
trakinas
ResponderEliminarregras de entreajuda não penso que seja moral
por definição, as regras de entreajuda são instrumentos utilitários destinados a conseguir ganhos para todos os membros de um dado grupo
os lobos quando caçam em alcateia também têm entre si regras de cooperação
mas penso que a moral é, por definição, algo de absoluto, isto é, contém comandos e valores que não dependem das circunstâncias do momento (uma moral que se resumisse a isto seria uma "moral" oportunista que estaria nos antípodas da definição comummente aceite de moral).
e o mandamento do cristianismo "ama os teus inimigos" é, de um ponto de vista de "moral" utilitarista, uma rematada tolice