"O PS, que já não sabia o que fazer com o socialismo, apanha agora com a maçada do Manuel Alegre. A reunião da comissão política resultou no emocionante facto de que ninguém se sente bem consigo próprio. As interrogações circulavam, mudas, persistentes e atormentadas: Alegre é mais ou menos socialista do que Soares?; expulsamos o réprobo ou ignoramo-lo? Entreolhando-se, confinaram os pungentes pensamentos ao dilema trágico, que separa «socialistas modernos» de «socialistas antigos».
«Socialistas modernos» são aqueles cujo vocabulário possui contornos preciosos. Não dizem: miséria, dizem: fragilidade social; não dizem: despedimentos colectivos, dizem: rescisões amigáveis de contratos; apagaram a palavra: trabalhadores, preferem: classe média. «Socialistas antigos» são os rudes representantes de uma agonia interminável, anacrónicos defensores da igualdade possível, aferrados sequazes da abertura ao universo das liberdades. Mas será que alguma vez houve socialistas deste molde?"
Baptista Bastos (Jornal de Negócios On line)
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