Numa sociedade livre e democrática, não é, de forma alguma, aceitável que uma parte dos indivíduos se queira servir do Estado e da Lei para impor as suas convicções morais a todos os que delas não partilham.
Por esse facto, entendo até que o direito à interrupção voluntária da gravidez, em termos razoáveis e equilibrados, e na base de uma decisão informada e apoiada, não deveria ser sujeito a referendo, mas sim, à semelhança de outros direitos fundamentais, aprovado e constitucionalmente consagrado pelo Estado, através do seu poder legislativo.
Porém, uma vez que fomos chamados a pronunciar-nos, teremos que respeitar o resultado que se vier a verificar. E a verdade é que se o "não" ganhar, a lei ficará como está, com as consequências que todos conhecemos: o julgamento, a punição e a humilhação de quem abortar e a continuação da chaga social do aborto clandestino.
Se tal acontecer, serão estas as dramáticas consequências com cuja responsabilidade moral os votantes no "não" irão ter de arcar! Queiram ou não queiram!…
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