E, erguendo-se Jesus, disse-lhe: “Mulher, onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou?”
E ela disse: “Ninguém, Senhor.” E disse-lhe Jesus: “Nem eu te condeno; vai e não tornes a pecar.”
João, 8, 10-11
A inviolabilidade da vida humana é um princípio sagrado para os católicos. Mas há mais doutrina cristã para além das Tábuas de Moisés. E mais, os valores do cristianismo procederam sobretudo da palavra e da existência carismática de Cristo.
A compaixão e a humildade, por exemplo, estão entre os valores pregados por Jesus. O primeiro deve manifestar-se na solidariedade para com o sofrimento da mulher ou da adolescente, que tendo incorrido numa gravidez não desejada, se sentem incapacitadas para a levar até ao fim, e abortam. O segundo implica o dever de aceitar pontos de vista diferentes sobre a evolução da vida intra-uterina e o significado do feto.
Perante os elementos contraditórios do nosso sistema civilizacional de valores, portanto, não vejo como seja possível encontrar uma solução objectiva – ou seja, independente das convicções de cada um – para a questão do aborto. Por ser um problema da consciência (e da crença) do indivíduo.
Quem se atreverá então, como pretendiam os fariseus fazer à adúltera, a atirar a primeira pedra à mulher que o cometa?
Sem comentários:
Enviar um comentário