segunda-feira, junho 18, 2012

A utopia é amanhã!

Se eu pudesse riscava a palavra utopia dos dicionários. Mas claro não posso, não devo e nem o faria. Eu penso que nós, e há que reconhecer que os jovens são muito sensíveis à idéia da utopia. Mas como toda a gente sabe, digamos, a utopia é alguma coisa que não se sabe onde está. O próprio termo está a dizê- lo: U e topos. Portanto, algo que não se sabe onde está. Que se supõe que existe mas não se sabe onde está. Repara: há uma contradição interna no conceito de utopia, sobretudo no uso que se faz dele como algo que, de repente, toda a gente diz ou diz-se muitas vezes, todos nós precisamos de uma utopia. Eu acho que não precisamos de uma utopia. Então, quando digo que riscaria a palavra utopia e [....] se eu tivesse que substituí-la, então, enfim, substitui-la-ía por uma palavra que já existe: esta palavra é simplesmente amanhã. É para amanhã o trabalho que hoje se faz. Portanto, coloquemos aquilo que é utopia, aquilo que é o conceito, não o coloquemos em lugar nenhum. Coloquemos no amanhã e no aqui. Porque o amanhã é a única utopia [...]. fragmento de entrevista de José Saramago ao programa de rádio Mundo do Fórum, em 2005


José Saramago faleceu fez hoje dois anos. Mas, quem assim fala não morre! As suas ideias, as suas convicções, a sua luz, continuam connosco. 

1 comentário:

  1. Agostinha da Silva dizia algo muito parecido. Mais ou menos: utopia é tudo aquilo que ainda não aconteceu. :-)

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