domingo, junho 10, 2012

Teimosia irresponsável e criminosa

Logo no início da crise, quando se verificou que a dívida externa irlandesa atingia a cifra incomportável de 30 por cento do PIB, em grande parte devido à exposição da banca ao investimento em produtos tóxicos, a Irlanda solicitou e recebeu apoio financeiro do BCE.
A Grécia, como todos sabemos, já aplicou o primeiro plano de resgate, que não resultou — como não resultará nenhum plano que não tenha por objectivo o fomento do investimento produtivo, o aumento do emprego e o crescimento económico — e luta desesperadamente, apesar das ignóbeis chantagens da União Europeia e do FMI, pela continuação no Euro e por um novo auxílio que privilegie o desenvolvimento e a solidariedade social, única forma de os gregos honrarem os seus compromissos.
Agora é a Espanha que, a braços com a maior taxa de desemprego da UE e o sistema bancário fortemente descapitalizado, solicita ajuda financeira.
Em Portugal, com mais de um milhão de pessoas no desemprego (que não pára de aumentar devido à queda vertical do investimento e à falência ininterrupta de empresas), um trambolhão do crescimento económico de cerca de 3 por cento do PIB, 2 milhões de portugueses a passarem fome e a viverem abaixo do limiar da pobreza, e a maioria a sobreviver como pode, com salários e pensões de miséria (ou congelados) e gastos com a alimentação, a energia, os transportes, a saúde e a educação cada vez mais insuportáveis, o Primeiro-ministro garante que não vai pedir renegociação das condições do empréstimo e que não há razão para pedir novas condições para Portugal.


Sejamos claros:
Num país em que a esmagadora maioria da sua população está a ser vítima de tamanha austeridade, de tanta malfeitoria — ao ponto de, provavelmente, haver quem já tenha pago com a vida por tal desumanidade! — a teimosia de Passos Coelho é  absolutamente irresponsável e criminosa. Num país decente ele não seria apenas julgado políticamente! Num país decente não se livraria de prestar contas à Justiça! 

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