Primeiro foi o caso nunca devidamente esclarecido duma licenciatura obtida por processos, no mínimo, pouco ortodoxos que incluíram exames "feitos" ao domingo, provas entregues por fax e outros expedientes duvidosos, numa universidade dita independente que de independente pouco tinha e de universidade ainda menos e que acabou, de resto, por ser encerrada pelo próprio governo.
Agora, apesar de os factos terem ocorrido em 2002, as autoridades de um parceiro comunitário com um governo da mesma família política, as quais não estão certamente empenhadas em montar uma cabala contra o Primeiro Ministro português, consideram que Sócrates é suspeito de ter «solicitado, recebido, ou facilitado pagamentos» no âmbito do licenciamento do Freeport, em Alcochete. Certo é que o empreendimento foi licenciado, numa zona ambiental sensível, de forma invulgarmente rápida e, em nossa opinião, pouco legítima, uma vez que a decisão foi tomada na última reunião de um governo, além do mais, de gestão corrente. Mas parece não haver obstáculos que luvas de quatro milhões de euros não possam remover e, mesmo que elas se tenham esfumado em nebulosos paraísos fiscais sem deixar qualquer rasto, impõe-se averiguar exaustivamente se o "gato", na ânsia de se "esconder", não terá deixado "o rabo de fora" em qualquer e-mail ou conta bancária.
E podíamos ainda acrescentar a tudo isto, actos duvidosos ou politicamente inaceitáveis como as já longínquas "assinaturas de favor" de projectos de habitações do senhor "engenheiro" ou a passividade silenciosa perante as escandalosas negociatas da Banca, do senhor Primeiro-Ministro. Sem esquecer a generosa distribuição de mordomias pelos seus correlegionários na Administração e nas empresas públicas.
José Sócrates, Primeiro-Ministro de Portugal, tão parco em ética e transparência, tão forte com os fracos e tão fraco com os fortes, pretende avaliar os professores, os médicos, os funcionários públicos e extorquir os contribuintes até ao último cêntimo, mas tem pouca legitimidade, se é que tem alguma, e muito menos qualquer superioridade moral, para fazê-lo.
Quem tem todos os motivos para o avaliar de forma profundamente negativa são os portugueses. E, em nome da sua sobrevivência, é urgente deixarem de ser um povo de brandos costumes. De uma vez por todas.
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