terça-feira, outubro 23, 2012

O regresso ao salazarismo


Não deixa de ser curioso e paradoxal que o FMI, apesar de ser habitualmente o elemento da Troika mais odiado pelos manifestantes, ao contrário do silêncio da Comissão Europeia e do BCE, dominados pela Alemanha, seja a única organização a reconhecer a dificuldade de aplicação dos "programas de ajustamento", tendo mesmo a sua presidente Christine Lagarde afirmado que é preciso pôr um travão na austeridade.
Cavaco Silva, em quem ninguém tem posto a vista em cima, por ter-se esquecido que ainda é o Presidente da República, ou por medo de enfrentar a contestação popular, lembrou-se  que tem uma conta no Facebook e, aproveitando as palavras de Lagarde, foi lá deixar um recadinho, afirmando "esperar que a orientação do FMI chegue aos ouvidos dos políticos europeus dos chamados países credores e de outras organizações internacionais".


Concluindo, quando tanto precisamos de um Presidente da República que utilizasse todos os poderes que a Constituição lhe confere para confrontar o "governo" com a realidade e responsabilizá-lo pela tragédia que está a incubar, parece que voltámos aos tempos do salazarismo: o Ministro das Finanças (foi por aí que Salazar começou antes de ser Presidente do Conselho) manda e o Presidente da República corta fitas ou (com medo) nem isso.

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