domingo, abril 26, 2009

A maioria desencantada

Segundo uma sondagem Expresso, 77 % dos portugueses não se revêm nos partidos.
Partindo do pressuposto da reduzida margem de erro e da fiabilidade da sondagem, este resultado sugere-nos diversas hipóteses:
  • a abstenção nos próximos actos eleitorais pode vir a ser elevada o que, a verificar-se, pode significar o desencantamento com a democracia e o despertar do ancestral sentimento sebastianista de que os problemas do país se resolvem através de um salvador-da-pátria;
  • uma grande maioria de portugueses (influenciada pela leitura de Ensaio sobre a Lucidez, de José Saramago?), mantendo a crença nas virtudes da democracia, pode votar em branco, decidindo tão só castigar os actuais partidos pela sua inoperância política;
  • para muitos, a responsabilidade pela situação que vivemos é do actual sistema partidário, metendo no mesmo saco, injustamente, os partidos que apenas estiveram na oposição e aqueles que foram responsáveis pela governação;
  • os portugueses parecem não perceber/ admitir ser co-responsáveis pela situação a que chegaram, ao terem confiado há demasiados anos numa suposta alternância governativa que outra coisa não tem feito senão distribuir benesses e mordomias às respectivas clientelas ao mesmo tempo que tem vindo a adiar o desenvolvimento do país;
  • a maioria aparenta descrer na política — como se houvesse outra forma de solucionar os nossos problemas — raramente fazendo uso, na generalidade, dos direitos que a Lei lhes confere.
Veremos o que esta maioria desencantada irá fazer. Receio bem que nada de substancialmente muito diferente do que tem feito há quase 35 anos, ou seja, dar os seus votos ao centrão que, mais do que resolver os problemas dos portugueses, tem vindo a governar-se à custa deles.
É por estas e por outras que somos considerados um "povo de brandos costumes".

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