A Inspecção-Geral de Saúde descobriu que, no Hospital de S. João, no Porto, estavam a ser feitas cirurgias estéticas às mamas de funcionárias do próprio hospital. Algumas estavam mesmo inscritas como doentes na lista de espera do serviço, enquanto outras eram chamadas para a cirurgia quando faltava um doente para outra operação.
É uma situação de descarado oportunismo e manifesto aproveitamento, tanto mais inaceitável por se verificar num país em que muitos doentes chegam a esperar durante largos meses, quiçá anos, por uma cirurgia, na maioria dos casos, bem mais importante do que as que a notícia refere.
E não adianta o senhor Bastonário da Ordem dos Médicos, tão pressuroso na crítica aos autarcas que têm recorrido a Cuba para resolver rapidamente os problemas oftalmológicos dos seus munícipes, vir agora defender que cabe a cada médico ou, em última análise, ao director de serviço, decidir o que se faz. Não quero acreditar que seja por se tratar de um caso de mamas…
Certo é que estamos perante a utilização de um serviço público, que é de todos, em benefício de alguns, de uma situação de intolerável e abjecta imoralidade, de um verdadeiro atentado à deontologia profissional. Que a Ordem dos Médicos, mais do que todos, deveria condenar.
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